Narrado por Zalea
O céu daquela manhã parecia lavado. Um azul frio, quase melancólico, como se o mundo tivesse chorado conosco e agora se vestisse de esperança com certo cuidado — ainda com medo de acreditar.
Receber alta.
Duas palavras simples, mas que pareciam inalcançáveis há semanas atrás. Eu ouvi tantas vezes o som das máquinas apitando, os passos apressados dos enfermeiros, os sussurros sobre chances, sobre estatísticas. Me acostumei ao medo. Me tornei íntima dele.
Mas naquele dia, os fios foram removidos, o monitor desligado, e minhas mãos puderam tocar o mundo sem a fragilidade da espera. Nazar e Anya estavam prontos também — não para o mundo em sua totalidade, mas para a nossa casa, para os braços que prometeram protegê-los do que vier.
Leonid segurava minha mão com tanta firmeza que por um segundo achei que ele também temia que tudo aquilo fosse um sonho. Mas não era.
Era real.
Era real e doía — não como uma ferida aberta, mas como uma cicatriz que pulsa toda vez que a lembr