A família Calderón construiu um império de poder e influência, mas por trás de sua fachada imbatível, esconde-se um mundo de segredos, traições e escolhas difíceis. Cada membro da família carrega suas próprias lutas internas, movidos por lealdade, ambição e, por vezes, pelo desejo de proteger aqueles que amam. Entre negócios obscuros e alianças arriscadas, os Calderón enfrentam desafios que testam não só seu controle sobre o império, mas também seus corações. O amor, muitas vezes proibido, se mistura com o ódio e a vingança, criando um jogo perigoso onde, por mais que tentem, ninguém sai ileso. Em um mundo onde a confiança é um luxo e a lealdade é sempre colocada à prova, os membros da família Calderón precisam decidir até onde iriam para proteger os que amam e, acima de tudo, se são capazes de manter sua humanidade em meio ao caos. São homens fortes, mas que desejam o prêmio maior. Amor!
Leer másParte 1...
Camila
Eu tinha acabado de chegar de uma consulta na clínica de sempre, mas era só uma rotina. Como minha perna estava me incomodado um pouco, eu achei melhor falar com o médico.
Eu ainda sentia o eco das palavras do médico na consulta, enquanto o carro percorria as ruas que levavam de volta à nossa casa.
A dor na perna era incômoda, mas suportável. O doutor, como sempre, reforçava que eu precisava manter os exercícios de fisioterapia. Às vezes, eu me perguntava se ele achava que eu era menos teimosa do que realmente sou.
Eu só parei com a terapia, tempos atrás, porque não estava me incomodando. Acho que esses dias eu exagerei na natação.
Assim que entrei na sala de estar, minha mãe estava sentada no sofá, bordando alguma peça de roupa como fazia quando queria distrair a mente. Ela ergueu os olhos e sorriu com ternura, mas não parou o bordado.
— Como foi no médico, querida? - ela perguntou, sem desviar as mãos do trabalho.
— Nada demais. Ele só reclamou da minha falta de paciência com os exercícios - respondi com um meio sorriso, indo até ela para um beijo rápido na testa.
Antes que eu pudesse subir para o meu quarto, a voz grave do meu pai ecoou do escritório. Ele abriu a porta e me chamou.
— Camila, venha até aqui. Precisamos conversar.
Havia algo no tom dele que me fez hesitar por um instante. Minha mãe levantou os olhos novamente, mas não disse nada. Soltei um suspiro, ajeitei a alça da bolsa no ombro e caminhei até a porta entreaberta do escritório.
Ao entrar, vi meu pai em pé ao lado da grande janela, as mãos cruzadas atrás das costas. Seu semblante estava sério, mas não frio, como de costume. Ele parecia estar medindo as palavras que diria.
— Pai? Aconteceu alguma coisa? - eu tentei lembrar se fiz algo de errado.
Ele se virou lentamente, cruzando o olhar com o meu. Minha mãe entrou logo depois, ficando ao meu lado, como se pressentisse que eu precisaria de apoio.
— Camila, você sabe que nossa família sempre teve inimigos. Isso faz parte do que somos, do mundo em que vivemos — começou ele, direto.
Eu senti um frio subir pela espinha. Ele sempre falava sobre a máfia de forma velada, mas naquele momento havia algo mais definitivo na escolha das palavras.
— Sei, pai. Mas... Por que isso agora?
Ele respirou fundo, como quem se prepara para um salto de um penhasco.
— Fiz um acordo com os Calderón. Alejandro Calderón, para ser mais específico.
O nome não me era estranho, mas eu o conhecia mais pelos rumores do que por encontros reais. Nunca o vi realmente.
Ele era o líder de um dos grupos mais poderosos da máfia em Valência, e sua reputação era tão fria quanto perigosa. Não sei se isso vai ser algo bom pra mim.
Olhei para baixo, para meus sapatos de salto baixo que eram confortáveis.
— Um acordo? - repeti, sentindo a tensão se acumular no peito.
Meu pai assentiu.
— Um acordo de união. Um casamento. Entre você e Alejandro.
As palavras pareciam pesadas demais para caberem na sala. Minhas mãos tremiam ligeiramente, mas cruzei os braços, tentando parecer firme. Eu só tenho dezoito anos. Nunca pensei em me casar.
— Pai... Eu só tenho dezoito anos. Não acha cedo demais para falar de casamento?
Minha mãe colocou uma mão leve no meu ombro, mas não disse nada. Meu pai, por sua vez, parecia preparado para o confronto.
— Camila, esse casamento não é apenas uma questão de conveniência. É sobre proteger você e toda a nossa família. Alejandro é um homem poderoso, e com ele ao nosso lado, teremos aliados que nos manterão seguros.
Eu sabia que ele falava a verdade, mas isso não tornava as palavras menos difíceis de ouvir.
— Eu entendo, pai. Sei que você está pensando no melhor para a família, mas... - respirei fundo antes de continuar. — Não posso me casar agora. Preciso de tempo.
Meu pai franziu a testa, mas não interrompeu. Eu aproveitei.
— Me dê até eu completar vinte e um anos. Quero terminar minha faculdade, quero... Ainda viver um pouco antes de me comprometer para o resto da vida.
Ele ficou em silêncio por alguns instantes, e a sala parecia ter parado no tempo. Finalmente, ele assentiu.
— Três anos, Camila. Nada mais do que isso. Aos vinte e um, você será esposa de Alejandro Calderón.
Minha mãe apertou meu ombro com mais força, como se quisesse transmitir apoio. Eu mantive a cabeça erguida, mesmo que meu coração estivesse acelerado.
— Obrigada, pai. Prometo que farei minha parte. - não tive muito prazer em concordar.
Ele assentiu novamente, voltando o olhar para a janela, mas não antes de dizer:
— Aproveite esses anos, filha. Mas não se esqueça do que está em jogo.
Saí do escritório com minha mãe, o peso daquela conversa ainda pairando sobre mim. Eu sabia que a decisão estava tomada, mas pelo menos tinha conseguido um tempo.
Agora, só restava descobrir como viver plenamente esses três anos antes de meu destino ser selado.
********* ***
— Mas como assim, Mila - minha melhor amiga, Malena, estava do outro lado do celular, em uma chamada de vídeo.
— Você sabe como é... - respondi um pouco desanimada — Esse tipo de... Bom, trabalho, que nossas famílias fazem, sempre exige muito.
— Eu sei, mas agora está exigindo mais ainda de você, amiga. Como assim você ter que se casar agora. Pelo amor de Deus, amiga... Você é muito nova ainda.
— É eu sei... - suspirei e me deitei na cama, olhando o lustre bonito em meu teto — Mas pelo menos meu pai não foi totalmente exigente. Ele me deu ainda um tempo.
— Ainda assim... Eu acho que três anos passam muito rápido. E quem é o noivo?
— Alejandro Calderón.
— Não! - ela se expressou com surpresa.
— O que tem ele? - me sentei, preocupada.
— Bom, eu não sei muito, mas ouço às vezes algumas coisas que meu pai conversa com os homens dele... Parece que esse Alejandro é daqueles Don no estilo de antes.
Estilo de antes não me diz muito.
— Você já o viu? - perguntei curiosa.
— Eu não, mas sei que meu pai já fez negócios com a família dele.
— Será que não tem como você descobrir algo sobre ele, com seu pai? - houve um momento de silêncio — Malena? Você travou.
— Ah, não amiga... - ela ajeitou o cabelo meio sem jeito — É que eu estava pensando aqui... Lembro que meu pai disse uma vez que ele era um homem muito inteligente, mas frio e calculista.
— Era só o que me faltava - torci a boca.
— Quantos anos ele tem?
— Não sei, mas é mais velho do que eu.
— Será que é um velho?
Eu franzi os olhos e fiz uma careta. Espero que não. Seria péssimo passar o resto de minha vida ao lado de um homem velho que poderia até ser meu pai.
— Agora você me deixou curiosa.
— Por que não faz uma pesquisa na internet sobre ele?
— E será que tem algo sobre ele?
— Deve ter - ela deu de ombro — Sabe que uma das coisas que mais eles usam, é se passarem por empresários.
— Ok... - soltei o ar desanimada — Depois a gente se fala mais.
— Está bem. Se eu souber de algo, eu te aviso. Melhora essa cara - eu fingi um sorriso e ela riu — Você tem três anos para cair fora desse acordo - piscou o olho.
Autora Ninha Cardoso.
Venha conhecer os membros da família Calderón. Para cada um deles, um amor!
Parte 139...CamilaMeu Deus, nunca senti tanta dor assim. Agora estou morrendo de medo. Não sei se isso é normal ou se é porque eu tive meu problema com o quadril.As contrações estavam vindo mais fortes e em um intervalo menor. Me sinto muito ansiosa. Quero logo que isso passe. Tanto porque quero ver os meus filhos ao meu lado e também porque quero que essas dores acabem.Finalmente o médico veio me ver. Com Alejandro ao meu lado, ele fez o exame e disse que eu já estava com oito centímetros de dilatação. Logo eu poderia fazer o parto.— Já vamos preparar a sala de parto para receber você, Camila. Quando ele saiu, Alejandro se inclinou e alisou minha testa suada.— Está doendo muito?— Está sim - soprei o ar e engoli em seco — Estou com medo, Alejandro - senti lágrimas na bochecha.— Não fique, vai dar tudo certo - ele mexia em meu cabelo.Senti outra contração e apertei a mão dele, mordendo o lábio.— Ai... Merda, Alejandro... A culpa é sua.— Minha? - apertei mais sua mão — Ok...
Parte 138...AlejandroSubi as escadas a passos firmes, ajeitando a camisa e pensando no paletó que parecia mais sufocante a cada segundo. Pela hora, talvez eu só use durante a cerimônia e depois me livro.As flores já estavam no lugar, o altar improvisado no jardim, comidas e tudo mais pronto. Só faltava minha mulher descer.Sorri de lado só de pensar. Minha mulher. Pela segunda vez iríamos nos casar. Passei a mão pelos cabelos, já imaginando como Camila ia ficar linda, mesmo bufando de irritação por causa da cerimônia que ela queria menor, mas minha mãe não abriu mão. Eu já a conhecia bem: ela ia reclamar, resmungar, ameaçar me matar e ainda assim, estaria mais bonita do que qualquer noiva de igreja de novela. Mesmo com o barrigão. Me aproximei do corredor que levava ao quarto e ouvi passos apressados.— Alejandro! - ouvi Malena gritar.Virei a cabeça e vi as duas descendo a escada quase correndo, segurando os vestidos.— Que porra é essa? - franzi a testa.— É a Camila! - Clara ar
Parte 137...CamilaAlguns meses depois...O sol se punha lentamente atrás dos muros altos da propriedade, tingindo o céu de laranja e dourado. A casa parecia mais viva do que nunca, com empregados correndo de um lado para o outro, flores sendo entregues, músicos testando seus instrumentos e a cozinha exalando aromas que deixavam até Zeus, deitado na varanda, com a língua de fora de tanta expectativa.A tão sonhada cerimônia que Celeste havia planejado com tanto fervor, finalmente aconteceria hoje à tarde, mesmo que contra a vontade dela, fosse uma celebração íntima em casa.Pra mim estava ótimo assim. Com o peso da minha barriga, eu nem queria ficar andando muito. Alejandro nem precisava mais ficar reclamando para que eu ficasse calma no quarto, em repouso. Eu mesmo já queria isso.Quando fomos fazer a ultrasonografia, descobrimos que não era apenas um, mas dois bebês que eu tinha comigo, o que me causou uma grande surpresa e mais ainda para Alejandro.Mas o médico já tinha me alerta
Parte 136...CamilaTrajano se espantou quando passamos por ele no corredor e andou apressado na frente, para abrir a porta, enquanto Alejandro corria comigo até o carro. As mãos dele tremiam quando abriu a porta e me acomodou no banco, colocando o cinto de segurança com uma delicadeza desesperada.— Aguenta, Camila... - repetia quase como uma oração, enquanto Zeus pulava para o banco de trás, sem ser mandado. — Trajano, avise aos outros. Estamos indo para o hospital.— Mas é claro que aviso, senhor.Vi quando os seguranças correram para o carro também, para nos seguir. O carro arrancou com um ronco forte, os pneus cantando na brita e saímos pelo portão já aberto.A cada solavanco, eu gemia baixinho, e via, pelo canto do olho, Alejandro apertar o volante com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos.— Fala comigo - pediu, rouco. — Qualquer coisa, Camila. Não dorme. Fala comigo.— Estou... Tentando... - sussurrei. — Mas não vou dormir com essa dor...Meu corpo parecia cada ve
Parte 135...CamilaEu sei que Alejandro anda desconfiado de tudo e todos, mas dessa vez, eu realmente acho que foi só um caso de confusão. O pobre homem saiu apressado com o rosto vermelho, depois do susto com os dois seguranças.E agora sei que estão atrás do coitado. Só espero que não façam nenhuma bobagem. Andei rápido, segurando a mão dele e desviando das meses. Alejandro seguia de cara fechada.Ainda olhei para trás e vi Malena falando com Gabriel. Parecia que ela tambem estava tentando explicar algo para ele.— Entra! - ele abriu a porta do carro para mim — Coloca o cinto!— Para de mandar em mim, Alejandro! - me chateei. — Eu sou sua esposa!— Eu sei disso! - ele bateu a porta e deu a volta no carro — Vamos para casa. Eu sabia que não deveria ter saído.— Que bobagem, Alejandro - coloquei a mão em sua perna e ele tirou. Decidi ficar quieta.Ele acelerou o carro e o tempo todo estava calado, de cara feia. Com certeza estava se controlando. Ainda em pra mim.Quando chegamos em c
Parte 134...CamilaAlguns dias depois...— O que acha da gente sair e comer fora hoje? - me virei de lado na cama — Eu estou querendo sair de casa um pouco.— Só se você não reclamar mais da companhia da enfermeira - Alejandro ergueu a sobrancelha — Ela me disse que você fica reclamando e sabe que ela só está fazendo o trabalho para o qual eu a pago.— Ah... - suspirei — Tudo bem, eu vou parar de reclamar, mas acho que já posso sair de casa - sentei — Eu já estou tempo demais aqui dentro, Alejandro... Só saio para ver o médico.— Então vamos comer fora - ele se inclinou e passou a mão em minha barriga — É impressão minha ou está maior?— Sim, estou maior - olhei para minha barriga, um pouco mais saliente mesmo. Já sinto até uma leve pressão — Acho que seu filho ou filha começou a se animar aqui dentro.— E eu fico feliz com isso... E preocupado também. Por isso que aumentei a segurança e quero que você pare de mandar a enfermeira sair.— Ok, eu prometo. - fiz uma careta — E agora, se
Último capítulo