Mundo de ficçãoIniciar sessãoEm "Entrelaçados pelo Destino", Melanie, uma jovem de 21 anos cheia de sonhos, busca um futuro promissor ao se candidatar à vaga de secretária executiva em uma renomada rede de hotéis internacional. Contratada pelo carismático casal bilionário, Susan e Ethan, ela se vê imersa em um universo de luxo e poder. Mas o que Melanie não esperava é que essa oportunidade transformaria sua vida de maneiras inimagináveis, redefinindo os limites do amor e do desejo. À medida que os laços entre eles se aprofundam, segredos e paixões inesperadas vêm à tona, desafiando todas as convenções e os levando por um caminho de descoberta e autoconhecimento. Prepare-se para uma história onde o destino é apenas o começo.
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O som estridente do despertador me atingiu como um choque. Atrasada de novo. Minha cabeça ainda latejava com a insônia da noite passada, cortesia da eterna preocupação com as contas – e, claro, a lembrança irritante do meu último relacionamento fracassado. Mais um “pé na bunda” para a lista. Ao pensar nisso, quase me deixei levar pela emoção mais uma vez, sentindo a lágrima escorrer. Mas não. Hoje eu não tinha tempo para crises. Hoje eu tinha que ser a Melanie Profissional. A chance de ouro me esperava: uma entrevista para secretária executiva na Palace Real Hotels, um império internacional que eu só via nas revistas. Finalmente, o primeiro emprego na área em que acabei de me formar. O luxo e o poder daquela empresa eram a única ponte entre o meu desespero financeiro e a estabilidade. Minhas contas no final do mês me esperam, e a Melanie de 21 anos não pode se dar ao luxo de ter mais um fracasso. Comecei a me arrumar e já sabia o que vestir. Vesti um terninho azul-marinho que comprei na liquidação, mas que tinha um corte de alfaiataria de boa qualidade. Foi um achado conseguir adquiri-lo e, por baixo, uma blusa branca não muito decotada. Eu precisava transmitir responsabilidade; apesar da idade, era crucial passar uma boa impressão. Como sabia que teria pouco tempo hoje, já tinha lavado meus cabelos cacheados ontem. Só precisei fazer uma última finalização para deixá-los volumosos como eu gosto e sei que favorece meu rosto. Apliquei uma maquiagem leve, pois precisava parecer séria e não que estava indo para uma boate. Isso. Estou pronta. Gosto do que vejo no espelho, mas não do que vejo no relógio. Céus! Estou quase atrasada. Terei que ir de metrô, porque não posso sair gastando dinheiro com aplicativo a torto e a direito – não ainda. Mas, depois que conseguir esse emprego... O pensamento da estabilidade me deu um pequeno sorriso. Quero pelo menos conseguir comprar uma moto. Volta o foco, Melanie, pare de sonhar. Vamos lá. O metrô, a essa hora em Recife, não é muito lotado, para minha sorte, pois estou indo no meio da manhã. É rapidinho e estarei de frente para o mar, onde fica o hotel e a minha entrevista dos sonhos. Corri para o metrô, o terninho me apertando ligeiramente. Por sorte, o vagão estava relativamente vazio. Fiquei perto da porta, checando o relógio a cada minuto. Dez minutos de atraso significam a porta fechada, Melanie. Quando finalmente saí da estação, a luz do sol de Recife me cegou. E lá estava ele. O Palace Real Hotels. Um gigante de vidro espelhado, erguido à beira-mar. Sua fachada luxuosa brilhava contra o azul do Atlântico, e parecia mais um templo do que um hotel. Em comparação, meu terninho de liquidação e eu éramos apenas poeira. A cada passo que eu dava em direção à porta automática – que parecia maior e mais pesada que o normal – a ansiedade misturava-se a uma adrenalina. Respiro fundo e entro. Ao entrar, deparo-me com uma recepção estonteante. Não sei o que me admira mais: se o pé-direito altíssimo ou o lustre enorme, cheio de cristais, que desce dele. Por ali, vejo vários ambientes com sofás, poltronas e mesinhas, onde alguns hóspedes conversam, enquanto outros olham o celular. Outros estão no balcão, sendo atendidos por funcionários super bem-vestidos e sorridentes. À minha esquerda, vejo portas que devem ser saídas para restaurantes e, à minha direita, outras saídas que deduzo serem para a parte interna de funcionários, pois somente eles entram e saem por ali, com o enorme balcão na frente delas. Do outro lado do salão, à minha frente, estão os elevadores e uma imponente escadaria. Fico me perguntando se ela está ali só para causar boa impressão, porque não é possível que alguém use escadas quando existe elevador. Apesar do vai e vem, sinto-me muito bem no ambiente, e o cheiro maravilhoso que está no ar – que deduzo ser uma marca do hotel – é realmente perfeito. Depois do susto inicial com todo esse luxo, dirijo-me a um recepcionista que me recebe com o mesmo sorriso com o qual atendia os clientes. Explico o meu motivo de estar ali e pergunto: "Quem eu deveria procurar?" “Sim, claro," ele respondeu, a hesitação sutil em sua voz me incomodando. Seu sorriso profissional vacilou por um instante. "Deixe-me ligar para o setor Administrativo para me certificar." Ele pegou o telefone, o movimento suave contrastando com a minha tensão crescente. Enquanto discava, evitei olhar nos olhos dos hóspedes ao redor, focando apenas no perfil dele. “Setor Administrativo, por favor," ele disse, e em seguida, com um tom mais baixo: "Aqui é da recepção. Gostaria de confirmar a entrevista da senhorita Melanie Borges. Ela está aqui. A Sra. Joana do RH irá recebê-la, correto?" Ele fez uma pausa, os olhos franzindo ligeiramente ao ouvir a resposta do outro lado da linha, uma expressão que traduzia surpresa misturada com... talvez confusão? Tentei ler os lábios dele enquanto a voz da pessoa do outro lado, um murmúrio distante, preenchia a linha. Será que marquei o dia errado? Será que a vaga foi preenchida? O nervosismo começou a me sufocar. “Ah, sim. Entendi," o recepcionista finalizou, o tom voltando à sua polidez inicial, mas com um toque extra de formalidade. "Ela será recebida. Tudo bem." Ele desligou e se virou para mim. "Senhorita Borges, a senhora será acompanhada até o andar executivo. Por favor, sente-se. Um funcionário virá em instantes." Ele apontou para uma das poltronas de veludo na área de espera, perto de uma grande jardineira.Eu estava exausta, física e moralmente. A adrenalina de ter resgatado Daniel competia com o alívio da ameaça contida. Eu queria apenas dormir, mas a frase de Susan me manteve em alerta total. Precisamos contar o nosso último segredo. Eu encarei Susan, depois Ethan. Eles estavam na penumbra do corredor, em frente ao quarto onde Daniel dormia. "O que poderia ser maior do que o assassinato de Peter e o acobertamento de Daniel?" perguntei, minha voz um sussurro rouco. Susan olhou para a porta de Daniel. Ela estava apavorada que o filho pudesse ouvir qualquer palavra. Ela gesticulou para a nossa suíte master. "Não aqui," sussurrou, a voz trêmula. "Vamos para a suíte. Ele não pode nos ouvir." Nós nos movemos em silêncio. A suíte master, o palco de tantos encontros de prazer e negociações frias, agora parecia um campo de batalha vazio. Não havia luxo, apenas a tensão e a dor. Susan deu um passo para frente, sua postura despojada de toda a armadura corporativa. Ela estava apenas Susan,
A intervenção foi rápida e limpa. A segurança camuflada, sob ordens de Patrícia, neutralizou Marcus e Elizabeth em segundos. O pânico de Elizabeth se transformou em fúria ao perceber que o "Fundo de Bolsas" e o pagamento de Vargus eram uma farsa. "Sua cadela de luxo! O Vargus tem a prova! Ele tem o testamento que liga o seu marido ao assassinato!" Elizabeth gritou, sendo contida. Marcus, no entanto, era mais calculista. Ele havia soltado a caixa de madeira no momento da contenção. Eu a peguei. O peso dos documentos de guarda e da certidão de nascimento original era o peso do passado de Susan. "A Fonteine lida com chantagistas em particular," eu disse a eles, fria. "Vocês serão entregues às autoridades por fraude. E Vargus será entregue por cumplicidade em extorsão, e talvez, cumplicidade em crime hediondo. Sua chance de silêncio acabou." Eu deixei a equipe de segurança e os advogados de fachada da Fonteine lidarem com o rescaldo e voltei imediatamente para a cobertura. A caixa d
A armadilha estava montada. Em menos de doze horas, a máquina da Fonteine havia orquestrado a mentira: um comunicado de imprensa falso, uma conta bancária de caridade aberta para o "Fundo Daniel Silva de Bolsas" e um escritório de advocacia de fachada em Manhattan, pronto para receber a "avó" do garoto. Patrícia, no comando de seu arsenal digital, era a nossa vigilante. “Senhora Fonteine," Patrícia relatou, sua voz calma vindo pelo intercomunicador da Sala de Crise. "Elizabeth (mãe de Peter) deixou a residência dela há três horas. Ela está em um carro alugado, rastreando a rota para Manhattan. Não está sozinha." "Vargus está com ela," Ethan concluiu, tenso. "O rastreamento via satélite não indica Vargus no carro," Patrícia corrigiu. "Mas há um segundo carro, seguindo-a com precisão tática. É a marca de Marcus. O intermediário está agindo como segurança e escolta, garantindo que Elizabeth chegue ao destino com a caixa." "E a caixa," eu disse. "Vargus vai querer a caixa na sala d
A Sala de Crise estava novamente sob nosso comando, mas a atmosfera havia mudado. Não havia mais a barreira de gelo entre mim e Susan; a maternidade e a ameaça haviam queimado a complacência. Ethan observava do canto, um cúmplice silencioso, enquanto Susan e eu operávamos como a dupla central da Fonteine. “O fundo fiduciário de Peter tem um valor considerável, mas está legalmente vinculado a Daniel. Vargus e a mãe de Peter precisam ativá-lo para chantagear o Conselho de Ética," expliquei, puxando o extrato bancário do fundo. "Se o dinheiro for o alvo, vamos usá-lo como isca." “Como?" perguntou Susan, com a mente de CEO totalmente focada. "Não podemos simplesmente transferir a quantia para Vargus. Ele vai sumir de novo." “Não, mas podemos criar uma miragem," eu disse, sorrindo. "Precisamos fazer com que a mãe de Peter pense que é a única que pode reclamar a herança para garantir o futuro do neto. Isso dá a ela o motivo. Vargus fará o trabalho sujo de rastreamento." “O nome dela é E
O voo de volta para Nova York foi tenso, mas estranhamente silencioso. Daniel, o garoto de treze anos com o fardo de um segredo de pouco mais de uma década, sentou-se na poltrona do helicóptero da Fonteine, observando a paisagem urbana com a mesma calma que demonstrou ao deixar para trás a única casa que conhecera. Eu o observei de longe. Ele não perguntou sobre sua "tutela corporativa", nem sobre o homem de terno. Ele parecia ter aceitado que sua vida havia se transformado em um drama de alto risco, e que eu era a nova protagonista. Liguei para a cobertura assim que o helicóptero decolou, mantendo a comunicação restrita. “Consegui. Daniel está comigo," eu disse a Ethan, concisa. A respiração dele veio pesada pelo telefone. "Graças a Deus. E Vargus? Ele sabe?" “Marcus estava lá, com a caixa. Eu menti para o orfanato e forjei uma 'tutela corporativa' de emergência para retirá-lo de lá. Vargus tem a documentação, mas perdeu a isca. Ele vai mandar outra mensagem." “Susan... Susan es
Não havia tempo para ligar para Patrícia, nem para Susan ou Ethan. A ameaça, antes um fantasma digital, estava agora materializada, a 50 metros de mim. Marcus, o intermediário do assassinato de Peter, estava se aproximando com a caixa de madeira que continha a certidão de nascimento original de Daniel e a transferência de guarda. Minha única vantagem era o meu novo título e sobrenome. “Irmã Clara," eu disse, voltando-me para a freira com uma urgência que não podia ser disfarçada. "Eu preciso de um minuto. Aquele homem que está entrando, de terno, ele não é um benfeitor. Ele é um agente de risco de um processo legal que a Fonteine está tentando resolver." A Irmã Clara empalideceu. "Um processo legal?" “Sim. Envolve a documentação fraudulenta de um dos seus protegidos. Eu recebi relatórios de que ele está tentando usar documentos falsos para uma ação de custódia hoje. Eu sou a Diretora de Gestão de Risco e tenho autoridade para intervir." Eu não estava mentindo totalmente; a docume





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