Inicio / Romance / Entrelaçados pelo Destino / Primeiro Capítulo - A Entevista
Entrelaçados pelo Destino
Entrelaçados pelo Destino
Por: Lys Barsani
Primeiro Capítulo - A Entevista

Melanie

O som estridente do despertador me atingiu como um choque. Atrasada de novo. Minha cabeça ainda latejava com a insônia da noite passada, cortesia da eterna preocupação com as contas – e, claro, a lembrança irritante do meu último relacionamento fracassado. Mais um “pé na bunda” para a lista.

Ao pensar nisso, quase me deixei levar pela emoção mais uma vez, sentindo a lágrima escorrer. Mas não. Hoje eu não tinha tempo para crises.

Hoje eu tinha que ser a Melanie Profissional.

A chance de ouro me esperava: uma entrevista para secretária executiva na Palace Real Hotels, um império internacional que eu só via nas revistas. Finalmente, o primeiro emprego na área em que acabei de me formar. O luxo e o poder daquela empresa eram a única ponte entre o meu desespero financeiro e a estabilidade.

Minhas contas no final do mês me esperam, e a Melanie de 21 anos não pode se dar ao luxo de ter mais um fracasso.

Comecei a me arrumar e já sabia o que vestir. Vesti um terninho azul-marinho que comprei na liquidação, mas que tinha um corte de alfaiataria de boa qualidade. Foi um achado conseguir adquiri-lo e, por baixo, uma blusa branca não muito decotada. Eu precisava transmitir responsabilidade; apesar da idade, era crucial passar uma boa impressão.

Como sabia que teria pouco tempo hoje, já tinha lavado meus cabelos cacheados ontem. Só precisei fazer uma última finalização para deixá-los volumosos como eu gosto e sei que favorece meu rosto. Apliquei uma maquiagem leve, pois precisava parecer séria e não que estava indo para uma boate.

Isso. Estou pronta.

Gosto do que vejo no espelho, mas não do que vejo no relógio. Céus! Estou quase atrasada. Terei que ir de metrô, porque não posso sair gastando dinheiro com aplicativo a torto e a direito – não ainda. Mas, depois que conseguir esse emprego... O pensamento da estabilidade me deu um pequeno sorriso. Quero pelo menos conseguir comprar uma moto.

Volta o foco, Melanie, pare de sonhar.

Vamos lá. O metrô, a essa hora em Recife, não é muito lotado, para minha sorte, pois estou indo no meio da manhã. É rapidinho e estarei de frente para o mar, onde fica o hotel e a minha entrevista dos sonhos.

Corri para o metrô, o terninho me apertando ligeiramente. Por sorte, o vagão estava relativamente vazio. Fiquei perto da porta, checando o relógio a cada minuto. Dez minutos de atraso significam a porta fechada, Melanie.

Quando finalmente saí da estação, a luz do sol de Recife me cegou. E lá estava ele.

O Palace Real Hotels.

Um gigante de vidro espelhado, erguido à beira-mar. Sua fachada luxuosa brilhava contra o azul do Atlântico, e parecia mais um templo do que um hotel. Em comparação, meu terninho de liquidação e eu éramos apenas poeira. A cada passo que eu dava em direção à porta automática – que parecia maior e mais pesada que o normal – a ansiedade misturava-se a uma adrenalina.

Respiro fundo e entro.

Ao entrar, deparo-me com uma recepção estonteante. Não sei o que me admira mais: se o pé-direito altíssimo ou o lustre enorme, cheio de cristais, que desce dele. Por ali, vejo vários ambientes com sofás, poltronas e mesinhas, onde alguns hóspedes conversam, enquanto outros olham o celular. Outros estão no balcão, sendo atendidos por funcionários super bem-vestidos e sorridentes.

À minha esquerda, vejo portas que devem ser saídas para restaurantes e, à minha direita, outras saídas que deduzo serem para a parte interna de funcionários, pois somente eles entram e saem por ali, com o enorme balcão na frente delas.

Do outro lado do salão, à minha frente, estão os elevadores e uma imponente escadaria. Fico me perguntando se ela está ali só para causar boa impressão, porque não é possível que alguém use escadas quando existe elevador.

Apesar do vai e vem, sinto-me muito bem no ambiente, e o cheiro maravilhoso que está no ar – que deduzo ser uma marca do hotel – é realmente perfeito.

Depois do susto inicial com todo esse luxo, dirijo-me a um recepcionista que me recebe com o mesmo sorriso com o qual atendia os clientes. Explico o meu motivo de estar ali e pergunto: "Quem eu deveria procurar?"

“Sim, claro," ele respondeu, a hesitação sutil em sua voz me incomodando. Seu sorriso profissional vacilou por um instante. "Deixe-me ligar para o setor Administrativo para me certificar."

Ele pegou o telefone, o movimento suave contrastando com a minha tensão crescente. Enquanto discava, evitei olhar nos olhos dos hóspedes ao redor, focando apenas no perfil dele.

“Setor Administrativo, por favor," ele disse, e em seguida, com um tom mais baixo: "Aqui é da recepção. Gostaria de confirmar a entrevista da senhorita Melanie Borges. Ela está aqui. A Sra. Joana do RH irá recebê-la, correto?"

Ele fez uma pausa, os olhos franzindo ligeiramente ao ouvir a resposta do outro lado da linha, uma expressão que traduzia surpresa misturada com... talvez confusão?

Tentei ler os lábios dele enquanto a voz da pessoa do outro lado, um murmúrio distante, preenchia a linha. Será que marquei o dia errado? Será que a vaga foi preenchida? O nervosismo começou a me sufocar.

“Ah, sim. Entendi," o recepcionista finalizou, o tom voltando à sua polidez inicial, mas com um toque extra de formalidade. "Ela será recebida. Tudo bem."

Ele desligou e se virou para mim. "Senhorita Borges, a senhora será acompanhada até o andar executivo. Por favor, sente-se. Um funcionário virá em instantes."

Ele apontou para uma das poltronas de veludo na área de espera, perto de uma grande jardineira.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP