Sentei-me na poltrona de veludo, tentando parecer calma. A sala de espera era tão imponente quanto o lobby; a diferença é que aqui não havia movimento. Apenas eu e a batida frenética do meu coração. O andar executivo. O que o recepcionista queria dizer? Eu havia me preparado para a Sra. Joana do RH, para questões sobre experiência e salário, não para uma mudança de planos. Fechei a bolsa sobre o colo, forçando-me a respirar no ritmo lento dos hóspedes que conversavam distraidamente ali perto. Eu não podia deixar a ansiedade me dominar e me fazer parecer uma recém-formada nervosa. Essa oportunidade era grande demais. Minhas contas, minha moto dos sonhos... tudo dependia de como eu me sairia nos próximos minutos. Não demorou muito. Uma figura surgiu da ala dos funcionários, e soube imediatamente que era alguém importante. A Sra. Joana. Jovem, de cabelos longos e loiros, com uma postura tão calma e serena que parecia flutuar sobre o mármore. Ela vestia um terninho impecável que gritava

O ar na sala ficou rarefeito. O sorriso de Susan parecia congelado, e o olhar de Ethan, perfurando. A pergunta era uma armadilha, um ultimato que separava as sonhadoras das executoras. Passaporte válido, mala pronta, e viajar conosco amanhã? A voz da razão gritava: você não tem dinheiro para um guarda-roupa de Nova York. Você não tem bagagem de mão decente. Mas a voz da ambição, aquela que me fez sair do interior para a capital, era mais alta. O salário suntuoso era a chave para a estabilidade, e o desafio, a prova que eu desesperadamente precisava dar a mim mesma. Não hesitei. Não pisquei. "Sim, Sr. Fontaine," respondi, minha voz era agora uma lâmina, cortando a tensão. "Meu passaporte está válido. Minha disponibilidade é irrestrita. E estarei pronta para viajar com vocês amanhã." Um silêncio momentâneo seguiu minha resposta, e Susan e Ethan trocaram um olhar rápido e indecifrável. Não era surpresa, era... aprovação. Uma aprovação que valia milhões. Susan assentiu. "Excelen

Eu mal dormi. A noite foi uma confusão de alarmes de celular, checagens de passaporte e a paranoia de ter esquecido algo crucial. A mala nova, que antes era uma prova de luxo, agora parecia pesada com a responsabilidade de carregar meu futuro. A manhã passou como um borrão. Acordei cedo e usei o tempo para revisar as dez páginas de e-mails e a agenda caótica enviada por Patrícia. Compromissos, anotações, e-mails de confirmação— eu já estava imersa no trabalho deles, organizando e processando mentalmente a logística de Nova York. A organização da agenda dos Fontaine já havia começado. Às 16h30, vesti a roupa mais elegante que havia comprado: uma calça de alfaiataria preta, uma camisa de seda branca e meu novo sobretudo de lã, que, apesar do calor de Recife, me dava um ar de executiva internacional. Prendi meu cabelo cacheado em um coque baixo e elegante. O objetivo era parecer que eu já fazia aquilo há anos. Chamei o carro de aplicativo, desta vez com destino ao Aeroporto Internac

Com o e-mail de remarcação aprovado e enviado, o silêncio retornou à cabine, mas agora era um silêncio menos opressor. Eu tinha ganhado um pequeno espaço. Ethan e Susan se retiraram para uma parte mais reservada do avião, uma suíte de conferência, onde começaram uma reunião privada sobre os documentos que Ethan havia aberto em seu laptop. Fui deixada sozinha na área de estar, com o iPad e meu novo iPhone, que eu estava configurando com urgência. Aproveitei o tempo para estudar a fundo a agenda que me esperava. Os próximos sete dias em Nova York eram uma maratona de jantares, reuniões com a diretoria do Palace Real em Nova York, visitas a fundações de caridade e, o mais intrigante, um encontro com um xeique árabe em potencial de investimento. A complexidade do trabalho era avassaladora, mas a confiança de Ethan e Susan em me jogar no fogo me inflamava. Enquanto organizava mentalmente a logística de transporte (agora com o bônus de mais tempo), notei o comissário de bordo se aprox

O relógio do meu celular marcava 22h58 quando cheguei ao lobby. O Real Palace Hotels de NY à noite era uma mistura de elegância e poder financeiro. Homens em ternos de corte impecável e mulheres em alta costura circulavam com a calma de quem nunca precisou olhar etiquetas de preço. O hotel era ainda mais suntuoso que o do Brasil, mas com um requinte discreto que somente os muito ricos conseguem apreciar, era diferente, mas em nada deixava a desejar e o cheiro era o mesmo que senti no lobby do hotel no Brasil, sem dúvida algo marcante, eles pensavam em cada detalhe pra tornar a estadia de quem se hospedasse ali inesquecível. Respirei fundo, controlando o tremor nas mãos causado pela ansiedade e pela exaustão. Eu havia conseguido usar as quatro horas de folga para me reorganizar fisicamente e mentalmente. Agora era hora de provar que a minha eficiência não era afetada pela diferença de fuso ou pela falta de sono. Susan e Ethan não estavam no lobby. Eu me dirigi à recepção e perguntei