Mundo ficciónIniciar sesiónSentei-me na poltrona de veludo, tentando parecer calma. A sala de espera era tão imponente quanto o lobby; a diferença é que aqui não havia movimento. Apenas eu e a batida frenética do meu coração. O andar executivo. O que o recepcionista queria dizer? Eu havia me preparado para a Sra. Joana do RH, para questões sobre experiência e salário, não para uma mudança de planos.
Fechei a bolsa sobre o colo, forçando-me a respirar no ritmo lento dos hóspedes que conversavam distraidamente ali perto. Eu não podia deixar a ansiedade me dominar e me fazer parecer uma recém-formada nervosa. Essa oportunidade era grande demais. Minhas contas, minha moto dos sonhos... tudo dependia de como eu me sairia nos próximos minutos. Não demorou muito. Uma figura surgiu da ala dos funcionários, e soube imediatamente que era alguém importante. A Sra. Joana. Jovem, de cabelos longos e loiros, com uma postura tão calma e serena que parecia flutuar sobre o mármore. Ela vestia um terninho impecável que gritava exclusividade. “Senhorita Borges? Sou Joana, do Recursos Humanos. Peço desculpas pela espera," ela disse, com um sorriso educado que não demonstrava a menor pressa, apesar da confusão anterior. "Por favor, me acompanhe. Iremos para o escritório executivo." Eu me levantei e a segui em direção aos elevadores, lutando para manter o mesmo ritmo tranquilo. Joana acionou o painel e entramos em um elevador de vidro: o elevador panorâmico. “Que sorte a sua," Joana começou, com a voz suave, enquanto o elevador subia rapidamente. Eu estava totalmente distraída pela vista: a Praia de Boa Viagem se estendia abaixo, e o azul profundo do Atlântico se abria à nossa frente, ofuscando o brilho dos cristais no lobby. "O que houve na recepção... Houve uma pequena alteração," ela explicou, sem me dar tempo de perguntar. "Nossos CEOs, a proprietária Sra. Fontaine e seu marido, o Sr. Fontaine, por uma feliz coincidência, estão no hotel hoje. Eles gostaram particularmente do seu currículo e decidiram tratar pessoalmente desta seleção." Eu engoli em seco. Sra. Fontaine e Sr. Fontaine. O nome ressoava com poder. "Trata-se de Susan e Ethan," ela esclareceu com um sorriso mais leve. "Eles querem te conhecer agora. Não se preocupe, é apenas uma conversa informal," Joana tranquilizou, mas a palavra "informal" soou como uma mentira ensaiada. O elevador parou. As portas se abriram para um ambiente ainda mais luxuoso, silencioso e imponente do que o lobby. Era ali. O Andar Executivo. Saímos do elevador, e o silêncio do lugar me atingiu. Era um silêncio que parecia caro. O único som era o eco suave dos nossos saltos no piso de mármore polido – o meu click-clack apressado, e o de Joana, um sussurro medido. Enquanto caminhávamos, meus olhos esquadrinhavam o corredor. Havia três portas imponentes, que deviam dar acesso a diversas salas, mas todas estavam fechadas. No espaço entre as portas, a decoração era minimalista e chocante: uma escultura moderna e um quadro belíssimo que, notadamente, devia custar mais que o prédio inteiro onde eu morava. A visão era interrompida por uma mesa curva de madeira escura, atrás da qual estava uma secretária impecável. Belíssima, com cabelos ondulados em um corte curto e moderno, e um vestido elegante que nem parecia uma farda. Ela usava óculos finos que, ao nos ver, retirou, e sorriu com uma cordialidade profissional. Joana acenou para a secretária, que respondeu com a cabeça. “A senhorita Borges está aqui para a reunião," Joana informou, a voz quase um sussurro no ambiente. A secretária se levantou, indicando a última porta à direita. "Eles estão aguardando. Por favor, entre, Senhorita Borges. A Sra. Joana pode esperar aqui." A secretária abriu a porta para mim, revelando uma sala que parecia engolir todo o luxo do andar. Minhas pernas ficaram subitamente gelatinosas. A sala era enorme, de frente para janelões que iam do chão ao teto e que permitiam a entrada total do sol, trazendo toda a vista da praia para dentro do ambiente. No centro, em frente às janelas, havia uma antessala com sofás e poltronas, e uma mesa de centro decorada com outra escultura. De cada lado desse espaço central, havia mesas enormes com cadeiras suntuosas. Do lado direito, a sala ganhava um toque levemente mais feminino, com flores frescas sobre a mesa e, claro, com a figura deslumbrante de Susan Fontaine. Ela estava sentada, elegantíssima em um vestido preto, com um paletó jogado sobre os ombros — um toque casual que, eu sabia, não tinha sido colocado ali despretensiosamente. Ela era jovem, deveria ter no máximo 30 anos. Fico pensando como alguém pode ser tão rica assim tão nova, mas tento não divagar em meus pensamentos neste momento. Do lado esquerdo, estava Ethan Fontaine. Ele vestia um terno preto perfeito e totalmente ajustado. Tinha o cabelo loiro cortado de maneira impecável e uma barba por fazer, que também não estava ali por desleixo, sendo notório que havia sido desenhada com precisão. Acredito que para dar um ar mais sério, pois ele também era muito jovem, devendo ter no máximo 32. Fiquei impactada e sem jeito. O casal exalava poder e beleza de uma maneira quase ofensiva. Minhas primeiras palavras, quando consegui formulá-las, saíram mais vacilantes do que eu gostaria: "Onde... onde devo me sentar?"






