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Capítulo Cinco – A Corrida Contra o Tempo

A euforia na areia havia se transformado em uma ansiedade palpável. Eu precisava ser eficiente, a começar pelo cartão.

Lavei rapidamente os pés na ducha da orla, calcei os sapatos e, no caminho de volta para o hotel, tirei o cartão preto do bolso do terninho. A primeira coisa a fazer era torná-lo útil. Usando o Wi-Fi do lobby – sem ter a coragem de pedir informações a Patrícia –, consegui identificar o banco e, com alguma sorte e dedução de senhas (simplesmente tentei a data de hoje), cadastrei-o no meu aplicativo de banco. A tela piscou. Saldo Ilimitado. O termo me pareceu tão surreal quanto o jato executivo.

Ignorei o metrô. Chamei um carro de aplicativo, finalmente me permitindo o luxo de ir direto para casa sem o estresse de transporte público. Eu tinha apenas algumas horas antes que as lojas fechassem e, o mais importante, eu precisava falar com meus pais.

Chegando no meu pequeno apartamento, a primeira coisa que fiz foi tirar o terninho de combate e vesti um jeans e uma camiseta limpa. Olhei para o relógio: 14h. Em apenas algumas horas estarei em um fuso horário diferente.

Enquanto a chaleira esquentava para um café rápido, liguei para o interior. Minha mãe atendeu no segundo toque, a voz calorosa e preocupada.

"Melanie! E essa entrevista, minha filha? Como foi?"

Eu respirei fundo, buscando as palavras certas para transformar o pânico em orgulho.

“Mãe, eu consegui. É um cargo de assistente executiva para os donos do Palace Real. Susan e Ethan Fontaine." Falei os nomes com a pompa que eles mereciam. "Eles me querem lá, mas... eu preciso ir amanhã. Viagem de negócios, Nova York. É um teste de uma semana."

O silêncio do outro lado foi pesado. Eu sabia que a notícia era abrupta demais, mas não podia mentir.

“Nova York? Amanhã? Filha, e o dinheiro? Suas malas? Seu trabalho começa assim?" A preocupação dela era uma facada suave.

“Mãe, eu estou bem. Eles me deram um cartão para as emergências, e o salário, se eu passar no teste, é o que a gente sonhou. Eu te ligo de lá, tá? Preciso ir ao shopping agora. Eu te amo, amo o pai. Não se preocupe."

Desliguei antes que a preocupação dela me fizesse recuar. Não havia tempo para lágrimas ou despedidas longas; havia apenas a necessidade de agir.

Caderno e caneta em mãos, anotei a agenda que Patrícia havia enviado. Pensei que seria uma agenda de secretária comum, mas me enganei. Eram dez páginas de e-mails, números de contato, reservas de voos de terceiros, reuniões com investidores e fundações. Meu cérebro começou a processar informações em Inglês fluente. Era uma loucura logística.

Mas a loucura precisava de um guarda-roupa.

Fui direto para um shopping de luxo que mal me atrevia a olhar antes. Eu precisava de malas e roupas de inverno.

Entrei na loja mais sofisticada que encontrei e, pela primeira vez, a ansiedade deu lugar a uma determinação fria. Eu não estava comprando por luxo, mas por necessidade profissional. Eu não podia me apresentar aos Fontaine, ou a qualquer investidor em Nova York, com um casaco de liquidação.

Comprei um conjunto de malas de viagem discretas, mas caras. Depois, fui para a seção de casacos. Escolhi um sobretudo de lã que me faria parecer profissional e quente, um par de sapatos de couro confortáveis, mas elegantes, e algumas peças de roupas de reuniões.

Em seguida, veio o que era realmente essencial: três camisas sociais impecáveis e calças de alfaiataria que me vestiriam bem e me dariam a aparência de uma executiva competente. Enquanto passava por um corner de roupas íntimas, hesitei. Preciso mesmo disso?

Mas ali estava, uma seção de lingerie fina. Por um impulso, e lembrando-me do salário suntuoso que viria, me permiti um desvio. Escolhi um conjunto de renda preta com delicados detalhes em branco, nada muito extravagante, mas perfeitamente delicado e elegante. Nunca se sabe quando será necessário estar bem vestida por baixo também, pensei, e ri por dentro da minha própria ironia. A peça era um pequeno segredo, um conforto de luxo só meu.

Paguei por todas as compras com o cartão preto. Ele passou sem problemas, e o choque da facilidade foi quase tão grande quanto o preço das roupas. Senti um arrepio de poder e culpa.

Voltei para casa, o carro de aplicativo agora cheio de sacolas. Eram 18h. A essa hora, o jet executivo estaria partindo, mas eu estaria lá amanhã.

Abri a mala nova sobre a cama, ao lado da agenda caótica de Patrícia. A roupa da entrevista estava dobrada no canto. Eu tinha a faca e o queijo na mão.

Faltava apenas uma coisa: organizar a mente para o novo mundo.

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