Mirella 20 anos, nasceu e foi criada na Rocinha. Determinada a mudar de vida deixou para trás sua família pai, mãe e irmão para seguir seu grande sonho. Estudar nos Estados Unidos e se tornar uma médica de sucesso. Antes de partir trabalhou como técnica de enfermagem no postinho da comunidade mas sabia que aquilo não era o que realmente a fazia feliz. O que ela não esperava era que o destino guardava uma reviravolta surpreendente de filha de um sub do morro ela se tornaria a esposa de um mafioso. Vincent 34 anos, é um homem misterioso, decidido e herdeiro direto da máfia italiana. Apesar de sua origem criminosa ele tem um interesse peculiar. Também sonha em ser médico. Tanto por afinidade com a profissão quanto como estratégia para despistar as investigações que o cercam. Ao conhecer Mirella ele se encanta imediatamente por sua força e beleza. Com uma carta na manga e um plano ousado ele propõe um desafio. Conquistar o coração dela em apenas 30 dias .
Leer másO fim de tarde mergulhava Savoca, uma pequena e charmosa comuna italiana localizada nas colinas da Sicília, na província de Messina, em um espetáculo de tons dourados e âmbar, enquanto o sol se despedia lentamente no horizonte.
A cidade respira a primavera em cada sopro de vento, o ar exala um perfume sutil de flor de laranjeira e alecrim selvagem, aromas que se entrelaçam como velhos segredos no coração das colinas sicilianas.
Na luxuosa mansão da família De Angelis, o movimento é constante. Empregados correm de um lado para o outro, apressados, atentos a cada capricho do Don e de seus familiares.
Em um dos quartos mais suntuosos da casa, cercada por cortinas de linho e móveis entalhados à mão, Vittoria observa seu reflexo no espelho com olhar sereno, mas atento.
O vestido branco cai com perfeição sobre seu corpo, moldando cada curva com sutileza e elegância.
Os longos cabelos, meticulosamente penteados, emolduram um rosto de traços nobres e postura imperturbável.
No reflexo, não há hesitação, somente um olhar firme, calculado. Mais do que beleza ou vaidade, Vittoria exala controle.
Dizem que o casamento deve ser o dia mais feliz na vida de uma mulher.
Então, por que, ao encarar a própria imagem no espelho, tudo que ela sente é um vazio que nem o luxo ao redor consegue preencher?
— Você está deslumbrante, ragazza mia. — A voz grave de Don Alfonso surge atrás dela com a imponência de quem comanda mais do que uma casa, comanda um império.
Ela pisca devagar, como se despertasse de um pensamento profundo, mas não se vira de imediato.
Por um instante, permanece ali, contemplando o reflexo de uma noiva que não se sente dona do próprio destino.
— Você não parece feliz. — Comenta, com a voz baixa, mas firme, enquanto se aproxima da filha e a observa através do espelho.
— Isso me parece precipitado. — Vittoria responde, por fim virando-se lentamente para encarar o pai.
Seu olhar encontra o dele com firmeza, sem desrespeito, mas sem submissão. Havia coragem ali, a de quem aprendeu a se calar por anos, mas não a se curvar.
— Ragazza, por que isso agora? — Pergunta, tocando levemente o rosto da filha, o gesto suave contrastando com o peso da cobrança em sua voz. — Vocês estão juntos há seis meses e você concordou com o noivado.
As palavras não soam como uma acusação, mas como uma lembrança fria, inegável, impossível de contestar.
Um lembrete de que, mesmo sob o peso das expectativas, foi ela quem disse “sim”.
Uma prisão feita de silêncio, aparência e obediência, construída por ele e aceita por ela.
— Mas quando disse sim, não imaginei que estaria casada três semanas depois. — Retruca, com calma, sem elevar a voz, mas deixando claro o desconforto.
Ela estende a mão e pega a coroa que sustenta o véu, com movimentos precisos, quase mecânicos, como quem cumpre um ritual do qual não sente parte.
— Mia principessa. — Murmura, a voz baixa e envolvente, carregada daquela doçura calculada que só os homens perigosos sabem usar bem.
Ele pega a coroa com reverência, a mesma que um dia repousou sobre a cabeça da mãe de Vittoria, como se segurasse uma relíquia sagrada, símbolo de um império e não de um casamento.
— Esta união. — Continua, enquanto a segura diante dela. — Não é somente um compromisso. É a consagração do teu legado.
Com cuidado, ele a conduz de volta ao espelho e posiciona-se atrás da filha, pousando a coroa sobre os cabelos meticulosamente penteados.
Suas mãos descansam firmes sobre os ombros dela, como um lembrete silencioso de quem a moldou até ali.
— A partir de hoje, você estará sob a proteção das duas famílias mais poderosas de Savoca. E quando falarem seu nome, não será com ternura, será com respeito.
— O senhor quis dizer medo. — Corrige, com a voz contida, mas cortante como lâmina polida.
Ela mantém os olhos fixos no próprio reflexo, sem desviar, sem vacilar. Não havia ingenuidade ali, apenas a lucidez amarga de quem conhece os bastidores da própria linhagem.
— Lembre-se de uma coisa, ragazza. — Aconselha, virando-a abruptamente de frente para si, o olhar firme como pedra, perfurando o dela sem hesitação. — É melhor ser temido do que temer.
Ele deixa o silêncio se alongar por um instante, como se suas palavras devessem ecoar dentro dela como uma sentença sem argumentos, definitiva, indiscutível.
Então, sem pressa, inclina-se e beija sua testa com delicadeza, um gesto de carinho que mais parece uma marca.
— Então, levante a cabeça e agradeça a posição que ocupa. — Finaliza, com a tranquilidade de quem não sugere, mas ordena.
Vittoria somente assente com a cabeça, em silêncio, como se aceitasse mais uma peça colocada no tabuleiro.
Mas por dentro, algo se contrai, se tivesse a chance, desapareceria sem olhar para trás.
Ela permanece imóvel, o olhar fixo no espelho, observando seu reflexo em silêncio, até que a porta se fecha suavemente atrás de Don Alfonso.
Só então, o peso da solidão a invade por completo e, com ele, a certeza de que o nome que carrega é tanto uma coroa quanto uma prisão.
— Por que estou surtando? — Sussurra, encarando o próprio reflexo com um olhar perdido.
Mas as palavras mal deixam seus lábios antes que um sorriso amargo os substitua, torto, involuntário, quase cruel.
Uma risada incrédula escapa em seguida, seca e vazia, como se ela mesma não conseguisse sustentar a mentira que insiste em repetir.
Assim que o sino toca duas vezes nos jardins da mansão, Vittoria soube: era hora de partir.
Não para um conto de fadas, mas para selar um destino escrito por mãos que não são as suas.
Durante todo o trajeto até a residência dos Moretti, cada quilômetro é um golpe seco contra a pouca convicção que ainda tenta sustentar.
O vestido branco, impecável aos olhos do mundo, pesa como uma armadura feita de expectativas.
A ansiedade se acumula no peito, espessa, sufocante, e a vontade de abrir a porta do automóvel e desaparecer cresce a cada curva.
Ela aperta as mãos no colo, tentando conter o impulso de gritar. Está prestes a se tornar o símbolo de uma aliança poderosa, mas tudo que sente é que está sendo conduzida, lentamente, ao próprio cativeiro.
Vittoria vive cada instante como se não estivesse ali, como se fosse somente uma espectadora silenciosa, assistindo à própria vida de fora do corpo.
O mundo ao seu redor desfoca enquanto é conduzida pelo extenso tapete vermelho até o altar.
As flores, as luzes, os sorrisos, tudo parece parte de um cenário encenado para uma história que não lhe pertence mais.
Nem mesmo o sorriso largo de Enzo Moretti, seu noivo, consegue arrancar qualquer reação de seus lábios.
Ela o encara, vazia, enquanto os aplausos ecoam ao fundo como ruído distante.
Quando Don Alfonso entrega sua mão à de Enzo, o gesto é firme, solene. E naquele toque final, ela entende: ali termina o que restava de suas próprias escolhas.
A partir daquele instante, seu corpo pertence à aliança. Sua vida, ao pacto. E sua vontade ao silêncio.
A cerimônia segue com precisão impecável, elegante, comovente aos olhos dos convidados e fiel a cada tradição ancestral das famílias envolvidas.
Tudo acontece como deve acontecer: o sacerdote entoa suas palavras com reverência, os votos são trocados sob olhares atentos, e o silêncio respeitoso da multidão esconde os segredos enterrados sob aquele altar.
— Se alguém aqui presente tiver algo a dizer que impeça esta união, fale agora ou cale-se para sempre. — O sacerdote pergunta, sua entonação solene ecoando sob os arcos dourados do altar, elegantemente montado no centro do jardim.
— Tenho algo a dizer. — Diz uma voz firme, profunda e carregada de autoridade, fazendo o ar no jardim parecer parar por um instante.
E então, como se obedecessem a um comando invisível, todos se voltam na direção de quem ousou interromper.
MirellaA brisa do mar invadia a casa com um perfume que só o Rio tem o Sal, sol e liberdade. Estávamos na casa de praia, onde tudo sempre parece mais leve, como se a vida nos desse uma trégua. Ou talvez seja o amor que mora aqui. O nosso amor.Vincent estava no terraço com Domenico, os dois na rede tirando um cochilo da tarde . Era bonito de ver. Aquele homem que já foi temido por tantos, agora paciente, com o filho. Às vezes, me pego olhando e penso que só quem conhece a guerra valoriza a paz assim.E hoje... hoje meu coração estava diferente. Batendo mais forte, mais rápido. Carregando um segredo que pulsava junto comigo. Peguei a xícara de café e subi devagar. Precisei respirar fundo antes de encarar ele e dar a notícia. Me olhei no espelho e vi a mulher que me tornei. Ainda sou aquela garota do subúrbio, nascida em meio ao barulho do morro e às gírias da rua. Mas agora... agora sou mãe. Sou esposa. E, hoje, sou mais.Vincent despertou na hora , ao ouvir meus passos , sorriu com Do
Vincent A vida ta seguindo . Não como uma promessa de finais felizes, mas como um silêncio que não dói mais. Estamos em nossa casa de praia no Brasil de férias . Um lugar que conheci entre uma das vezes que viemos ao Brasil, a casa é a beira do mar , onde a paz envolve todo o lugar , o mar beija as encostas como se nunca tivesse conhecido a violência dos homens. Acordei com o cheiro do café fresco e o som de risadas vindo do andar de baixo. Mirella está com Domenico na sala ensinando a montar uma pipa. Ela não tem medo do vento nunca teve. Nem das tempestades. Olhei pela janela e percebi que aqui e o nosso refúgio , o lugar onde ouco o sorriso dela , o dele e que quando estamos aqui ela fica bem mais relaxada , afinal Rio de janeiro e o lugar onde ela nasceu e foi criadoa . Aprendi gostar desse lugar e gosto de tirar eles um pouco do nosso mundo obscuro , Domenico ja esta com seus 4 aninhos, esperto que só ,curioso, cheio de perguntas sobre tudo. E ela tem uma paciência que me de
Mirella Vincent Mangano era uma tempestade disfarçada de homem. O olhar dele carregava séculos de orgulho e promessas que só os mortos poderiam cobrar. Eu sabia que me envolver com ele era como dançar sobre vidro. E mesmo assim, fiquei.Hoje, ele não é mais o mesmo homem. Ainda é forte. Ainda é temido. Mas agora... agora ele sangra onde só eu posso ver.Ele sorri para Domenico com os olhos marejados. Finge que não chora quando segura a velha foto do pai. Mas eu vejo. Eu vejo tudo.E escolho ficar.Porque é isso que mulheres como eu fazem quando amam de verdade sustentam o que o mundo inteiro tenta derrubar.Vi Vincent voltar do inferno. Vi os fantasmas da família Giulietta caírem um a um. Marco morreu, e com ele, um ciclo maldito. Mas também vi algo em Vincent morrer naquele momento a necessidade de vingar.Agora ele vive. E viver, para um homem como ele, é o maior ato de coragem.Eu sou a única que ele permite entrar no silêncio. A única que ele escuta mesmo quando não digo nada. Às v
Vincent Eu enterrei meu pai com as mãos sujas de sangue e o coração partido em mil pedaços.O velho sempre dizia que morreria em guerra. Que o descanso não era pra homens como ele, forjados no fogo da máfia, moldados pela dor, pelo instinto, pelo sangue. Mas por mais que eu tenha escutado essas palavras a vida inteira, nada me preparou para vê-lo cair.Dom Mangano. O último dos gigantes. Meu pai. Ele morreu como viveu lutando. Protegendo o que amava. Defendendo a honra até o último fio de voz. E eu estava lá. Eu ouvi sua última palavra. Lute.Mas como se luta com um buraco no peito?Domenico ainda não entende. Ele sorri com a inocência de quem carrega um nome maior do que pode suportar. Olho pra ele e vejo o futuro... mas também vejo meu pai. A expressão séria, o queixo firme, a faísca nos olhos. Ele é um Mangano. E isso é uma bênção. E uma maldição.Mirella segura minha mão nas madrugadas em que acordo suando frio, os olhos buscando por um vulto que não está mais aqui. Ela é forte.
Dom ManganoEu não envelheci por sorte. Envelheci porque fui mais esperto do que os homens que tentaram me derrubar.Marco achou que podia voltar dos mortos. Que a poeira do tempo apagaria as dívidas de sangue. Mas no jogo da honra, o relógio não perdoa. O que se deve, se paga com juros.Ele reapareceu. Mexeu nos negócios em Milão, matou um dos meus homens e deixou um recado. Acha que isso me assusta?Eu sou Dom Mangano. Fundador de um império. Criador de monstros. Pai de um herdeiro que agora segura o próprio filho nos braços. Isso me torna mais perigoso do que jamais fui. Agora, é a hora de matar o fantasma.Cheguei em Marselha, França, sob identidade falsa. Trouxe comigo apenas dois homens Dante e Bellini. Fiéis como cães treinados. Não precisávamos de mais. O plano era simples. Rápido. E fatal.Lúcia morava num apartamento discreto, dois andares acima de uma floricultura. Cabelos curtos agora. Olhos cansados. Mas a mesma intensidade de quem já foi amada e traída pelo mesmo homem.
Vincent Nunca fui bom com palavras. Nem com gestos. Meu mundo sempre foi o do silêncio, das ordens dadas com o olhar, das decisões tomadas na ponta da faca ou na ponta da arma. Mas ali, naquela sala, com meu sogro segurando meu filho nos braços... eu entendi que algumas guerras são vencidas no silêncio. — Ele é forte — meu sogro disse, ainda com Domenico no colo. — Tem o olhar firme. Igual ao pai. Assenti. Não por orgulho. Mas porque sabia que aquele olhar vinha muito mais da mãe. Da força dela. Do que ela enfrentou pra estar aqui hoje. Meu sogro não era o homem mais fácil de se conviver. Sempre reto, dono da verdade, justiça nas mãos, orgulho nos olhos. E mesmo assim... ali estávamos. Ele, eu, e esse pequeno entre nós dois. Unindo mundos que jamais pensei que se encontrariam. — O senhor já pensou em como isso tudo é doido? — perguntei, quebrando o silêncio. — Qual era a probabilidade da gente Agora ser ... somos o que? Parceiros? Família? Ele sorriu de lado. Um daqueles so
Último capítulo