Mirella 20 anos, nasceu e foi criada na Rocinha. Determinada a mudar de vida deixou para trás sua família pai, mãe e irmão para seguir seu grande sonho. Estudar nos Estados Unidos e se tornar uma médica de sucesso. Antes de partir trabalhou como técnica de enfermagem no postinho da comunidade mas sabia que aquilo não era o que realmente a fazia feliz. O que ela não esperava era que o destino guardava uma reviravolta surpreendente de filha de um sub do morro ela se tornaria a esposa de um mafioso. Vincent 34 anos, é um homem misterioso, decidido e herdeiro direto da máfia italiana. Apesar de sua origem criminosa ele tem um interesse peculiar. Também sonha em ser médico. Tanto por afinidade com a profissão quanto como estratégia para despistar as investigações que o cercam. Ao conhecer Mirella ele se encanta imediatamente por sua força e beleza. Com uma carta na manga e um plano ousado ele propõe um desafio. Conquistar o coração dela em apenas 30 dias .
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É um desafio diário morar em outro país, longe de toda a minha família. Um país totalmente diferente, com outra cultura, outro ritmo ,até o sono aqui é diferente! E, principalmente... a comida. Sempre fui muito regrada, mas morando nos Estados Unidos não dá pra manter esse ritmo. A maioria dos lugares só serve lanche. Café da manhã com hambúrguer e batata frita... essas coisas. Comida brasileira mesmo, a gente só encontra em poucos lugares e, quando encontra, não tem aquele sabor gostoso de comida de mãe. Nossa, estou sentindo tanta falta da comida da minha mãe! O que tem me salvado são umas marmitinhas que encontro prontas no supermercado saladas, carne, peixe, frutas... tudo embalado, só pegar e comer. Vida de estudante não está nada fácil. Quando não estou estudando, estou dormindo. Quando não estou dormindo, estou estudando [risos]. A correria tá grande, a rotina mais louca da minha vida. Nem quando eu fazia curso e trabalhava era desse jeito. Aqui, eu tenho que me desdobrar para prestar atenção nas aulas e não dormir, porque, vou te contar, ainda não me acostumei com o fuso horário. Em meio ao caos da minha vida de estudante, conheci Lilian Durlan uma querida! Por incrível que pareça, ela é prima do mala do Williams Durlan. Ele é um veterano insuportável que, por algum motivo, encasquetou comigo. Cara chato! Nem parece estar na faculdade, parece aluno do fundamental. Tá difícil pra mim... tenho sofrido com esse idiota que decidiu pegar no meu pé só porque sou novata e, provavelmente, também por eu ser mulher em meio a tantos homens. Uns setenta por cento da turma são homens. E pior: a maioria são imigrantes, justamente os que ele mais persegue. A exceção é um cara que senta lá no fundo. Está sempre de preto, não fala com ninguém. De vez em quando, flagro ele me olhando. Seus olhos são negros, intensos, intimidadores... me deram medo logo de cara. Enfim, estou em um flat. Mudança de planos a ideia inicial era procurar um internato quando chegasse aqui, mas descartei totalmente essa hipótese. Primeiro, porque os idiotas vivem fazendo festinhas e não deixam ninguém em paz. Segundo, porque aqui eu vivo tranquila, tenho minha privacidade e não preciso dividir quarto com ninguém. Lilian tem sido uma amiga de verdade. Ela sempre me ajuda a me livrar do primo idiota. Infelizmente, na maioria das vezes, ela não está por perto quando ele resolve me encher o saco. Muitos novatos ficam à mercê desse cafajeste. Ele resolveu me pegar pra Cristo. É insuportável e mimado. Lilian e ele não se dão bem. Ela me contou que os pais dele têm boa influência na faculdade e isso me preocupa. Tenho medo de ele tentar me prejudicar. Ainda mais porque sou imigrante... e isso complica tudo. O pessoal aqui não é caloroso, nem amoroso. As pessoas são frias umas com as outras. E tem o tal cara da minha turma... o dos olhos intensos. Muitas vezes, quando estou distraída, olho e ele está me encarando como um lobo feroz, pronto pra atacar. Ele é bem misterioso, sempre vestido de preto, coturno estilo gótico. Seu olhar intimida. Ele parece esconder algo. Provavelmente é uma pessoa muito importante, porque só anda com seguranças. Ou talvez venha de uma família muito rica. Enfim... o tanto que ele tem de bonito, ele tem de assustador. Sinceramente? Acho que guarda um segredo dos mais cabulosos. Na minha cabeça, já criei mil teorias. Mais um dia de aula finalizado, graças a Deus. Caminho devagar, de cabeça baixa, rumo à saída. Só quero chegar em casa, tomar um banho quentinho e me enfiar debaixo das cobertas. Hoje, aqui em Massachusetts, está um frio intenso. E minha companhia não veio. Antes que eu cruze a saída, o idiota do Williams me puxa pelo braço. — Me larga, idiota! falo em inglês. — Tá com pressa, gata? Tava pensando... a gente podia ir até o meu quarto... você sabe, né... — Claro que não, escroto! Ele segura meu braço com força e tenta me puxar. Me b**e um desespero. Então ouço uma voz estrondosa, que arrepia a minha alma. Quando olho... vejo o homem de preto caminhando em nossa direção. Seu olhar é sombrio. Ele se aproxima como se fosse esquartejar o Williams em várias partes. — Solta ela, maldito! — a voz grave e rouca faz arrepiar até o último fio de cabelo do meu corpo. Em um piscar de olhos, Williams é arremessado para longe de mim com um impacto surpreendente. Meu corpo cambaleia, mas sinto uma das mãos dele me segurar firme pela cintura. Nossos olhos se cruzam. Estamos tão próximos que consigo sentir seu ar quente se misturar ao meu, e uma tensão toma conta de mim. Os olhos dele estão negros e indecifráveis. — Você está bem? ele pergunta, ajeitando delicadamente a nossa postura. — Sim! Obrigada... Vejo Williams sendo arrastado para a lateral pelos seguranças do homem misterioso. — Prazer, me chamo Mirella. estendo a mão em cumprimento, mas sou surpreendida por um beijo suave no dorso. — Vincent. Aposto que estou completamente vermelha... sinto meu rosto em chamas. — Fica mais linda corada. ele comenta, sorrindo .Desvio o olhar, sem saber onde enfiar a cara. Me despeço, ansiosa para chegar logo em casa. Seu olhar intimidador me desestabiliza. — Muito obrigada por me ajudar. Eu preciso ir. — Eu te levo. ele diz prontamente. — Não se incomode. Eu moro aqui perto e rapidinho chego em casa.Seu sotaque italiano o denuncia, mas a conversa flui naturalmente em inglês. — Incomodo nenhum. Será um prazer acompanhá-la até sua residência. sua voz firme não deixa espaço para negação. Concordo com um aceno e explico onde moro. Como é bem perto da faculdade, vamos caminhando a passos lentos. Ele anda com as mãos nos bolsos, puxando conversa sobre a faculdade e tentando saber mais sobre mim. Parece um investigador. Dou poucas informações, tento mudar de assunto, mas ele sempre volta a perguntar mais. — Agora me fale mais de você. Só eu falei praticamente tudo! — Já chegamos. ele diz e reconheço a fachada do prédio de quatro andares onde estou hospedada. — Sim! Nossa, nem percebi. ele ri.— Tenho a impressão de que está fugindo da conversa. — Eu não sou de fugir de nada. As pessoas é que fogem de mim. diz com frieza. — Janta comigo hoje. Te pego às oito. Antes que eu possa responder, ele se vira e sai. Um dos seguranças o acompanha, enquanto outro já está com a porta do carro aberta, parado bem em frente ao meu prédio. E eu nem tinha percebido. Meu Deus... o que foi isso? Na minha cabeça, mil pontos de interrogação. Será que devo aceitar? Ele nem me deu opção de sim ou não. Nem número, nada. Mas agora sabe onde moro... e foi tão decisivo ao me convidar para jantar. Estou tão insegura. O que devo fazer? Estou em uma luta entre a curiosidade e o medo. Preciso me decidir. Passei a tarde debaixo das cobertas. Liguei para minha mãe e para Liz. Contei para Liz sobre Vincent e ela disse: "Se você não aceitar, nunca vai descobrir quem ele é." Tentei pesquisar sobre ele na internet e nada. Absolutamente nada. Decido tomar outro banho quente, faço minha rotina de cuidados e, trinta minutos depois, estou enrolada na toalha procurando uma roupa que combine com a ocasião e, claro, me mantenha aquecida. Opto por um vestido preto tubinho, um palmo acima do joelho, com manga princesa longa. Conjunto de lingerie na mesma cor, meia-calça e uma bota de salto com cano longo. Finalizo com um sobretudo vermelho longo para quebrar o preto do look. Hidrato meu corpo, me visto em frente ao espelho e gosto do resultado. Faço uma maquiagem básica, porque sinceramente... é o que sei fazer. Com tempo de sobra, decido fazer ondas leves nas pontas do cabelo e finalizo com meu perfume Coco Chanel. Olho para o relógio do micro-ondas: faltam vinte minutos para as oito. E, nesse exato momento, o telefone toca. Um número desconhecido. Atendo com certo receio. — Alô? — Estou à sua espera. reconheço a voz imediatamente. — Como conseguiu meu número? — Consigo tudo o que quiser. sua voz soa misteriosa. Corro até a janela e o vejo, encostado no carro, celular no ouvido, olhando para cima direto pra mim. Como sempre, está todo de preto, o que o deixa ainda mais charmoso.Meu coração quase sai pela boca. Ouço sua respiração do outro lado da linha. — Não tenha medo de mim, baby. Só estava ansioso para jantar com você. Por isso cheguei mais cedo. — Ok... só um minuto. Já estou descendo. Baby? Ansioso? Suas palavras ainda estão se processando na minha mente. Pego minha bolsinha e pertences, tranco a porta e desço devagar pelas escadas, tentando não tropeçar nas minhas próprias pernas de tanto nervosismo. Ao chegar no último degrau, lá está ele, parado, me olhando dos pés à cabeça. — Maravilhosa...Sorrio, tímida. — Obrigada. é a única palavra que consigo dizer.Mais uma vez, ele beija minha mão, segura-a com firmeza e me guia para fora do prédio. Há dois carros estacionados: uma Lamborghini preta e outro que não reconheço a marca. Ele abre a porta para mim e entro com cuidado, sentindo seu olhar sobre mim o tempo todo. Em seguida, dá a volta e entra pelo lado do motorista. Coloca o cinto, assim como eu, e dá partida. O silêncio é quebrado pela sua pergunta: — Tem preferência por algum restaurante? — Eu não conheço muito aqui, então... — Certo, baby. Vou te levar em um dos meus favorito espero que goste. Acelera suavemente. Pelo retrovisor, vejo o outro carro nos seguindo. Provavelmente seus seguranças.MirellaA brisa do mar invadia a casa com um perfume que só o Rio tem o Sal, sol e liberdade. Estávamos na casa de praia, onde tudo sempre parece mais leve, como se a vida nos desse uma trégua. Ou talvez seja o amor que mora aqui. O nosso amor.Vincent estava no terraço com Domenico, os dois na rede tirando um cochilo da tarde . Era bonito de ver. Aquele homem que já foi temido por tantos, agora paciente, com o filho. Às vezes, me pego olhando e penso que só quem conhece a guerra valoriza a paz assim.E hoje... hoje meu coração estava diferente. Batendo mais forte, mais rápido. Carregando um segredo que pulsava junto comigo. Peguei a xícara de café e subi devagar. Precisei respirar fundo antes de encarar ele e dar a notícia. Me olhei no espelho e vi a mulher que me tornei. Ainda sou aquela garota do subúrbio, nascida em meio ao barulho do morro e às gírias da rua. Mas agora... agora sou mãe. Sou esposa. E, hoje, sou mais.Vincent despertou na hora , ao ouvir meus passos , sorriu com Do
Vincent A vida ta seguindo . Não como uma promessa de finais felizes, mas como um silêncio que não dói mais. Estamos em nossa casa de praia no Brasil de férias . Um lugar que conheci entre uma das vezes que viemos ao Brasil, a casa é a beira do mar , onde a paz envolve todo o lugar , o mar beija as encostas como se nunca tivesse conhecido a violência dos homens. Acordei com o cheiro do café fresco e o som de risadas vindo do andar de baixo. Mirella está com Domenico na sala ensinando a montar uma pipa. Ela não tem medo do vento nunca teve. Nem das tempestades. Olhei pela janela e percebi que aqui e o nosso refúgio , o lugar onde ouco o sorriso dela , o dele e que quando estamos aqui ela fica bem mais relaxada , afinal Rio de janeiro e o lugar onde ela nasceu e foi criadoa . Aprendi gostar desse lugar e gosto de tirar eles um pouco do nosso mundo obscuro , Domenico ja esta com seus 4 aninhos, esperto que só ,curioso, cheio de perguntas sobre tudo. E ela tem uma paciência que me de
Mirella Vincent Mangano era uma tempestade disfarçada de homem. O olhar dele carregava séculos de orgulho e promessas que só os mortos poderiam cobrar. Eu sabia que me envolver com ele era como dançar sobre vidro. E mesmo assim, fiquei.Hoje, ele não é mais o mesmo homem. Ainda é forte. Ainda é temido. Mas agora... agora ele sangra onde só eu posso ver.Ele sorri para Domenico com os olhos marejados. Finge que não chora quando segura a velha foto do pai. Mas eu vejo. Eu vejo tudo.E escolho ficar.Porque é isso que mulheres como eu fazem quando amam de verdade sustentam o que o mundo inteiro tenta derrubar.Vi Vincent voltar do inferno. Vi os fantasmas da família Giulietta caírem um a um. Marco morreu, e com ele, um ciclo maldito. Mas também vi algo em Vincent morrer naquele momento a necessidade de vingar.Agora ele vive. E viver, para um homem como ele, é o maior ato de coragem.Eu sou a única que ele permite entrar no silêncio. A única que ele escuta mesmo quando não digo nada. Às v
Vincent Eu enterrei meu pai com as mãos sujas de sangue e o coração partido em mil pedaços.O velho sempre dizia que morreria em guerra. Que o descanso não era pra homens como ele, forjados no fogo da máfia, moldados pela dor, pelo instinto, pelo sangue. Mas por mais que eu tenha escutado essas palavras a vida inteira, nada me preparou para vê-lo cair.Dom Mangano. O último dos gigantes. Meu pai. Ele morreu como viveu lutando. Protegendo o que amava. Defendendo a honra até o último fio de voz. E eu estava lá. Eu ouvi sua última palavra. Lute.Mas como se luta com um buraco no peito?Domenico ainda não entende. Ele sorri com a inocência de quem carrega um nome maior do que pode suportar. Olho pra ele e vejo o futuro... mas também vejo meu pai. A expressão séria, o queixo firme, a faísca nos olhos. Ele é um Mangano. E isso é uma bênção. E uma maldição.Mirella segura minha mão nas madrugadas em que acordo suando frio, os olhos buscando por um vulto que não está mais aqui. Ela é forte.
Dom ManganoEu não envelheci por sorte. Envelheci porque fui mais esperto do que os homens que tentaram me derrubar.Marco achou que podia voltar dos mortos. Que a poeira do tempo apagaria as dívidas de sangue. Mas no jogo da honra, o relógio não perdoa. O que se deve, se paga com juros.Ele reapareceu. Mexeu nos negócios em Milão, matou um dos meus homens e deixou um recado. Acha que isso me assusta?Eu sou Dom Mangano. Fundador de um império. Criador de monstros. Pai de um herdeiro que agora segura o próprio filho nos braços. Isso me torna mais perigoso do que jamais fui. Agora, é a hora de matar o fantasma.Cheguei em Marselha, França, sob identidade falsa. Trouxe comigo apenas dois homens Dante e Bellini. Fiéis como cães treinados. Não precisávamos de mais. O plano era simples. Rápido. E fatal.Lúcia morava num apartamento discreto, dois andares acima de uma floricultura. Cabelos curtos agora. Olhos cansados. Mas a mesma intensidade de quem já foi amada e traída pelo mesmo homem.
Vincent Nunca fui bom com palavras. Nem com gestos. Meu mundo sempre foi o do silêncio, das ordens dadas com o olhar, das decisões tomadas na ponta da faca ou na ponta da arma. Mas ali, naquela sala, com meu sogro segurando meu filho nos braços... eu entendi que algumas guerras são vencidas no silêncio. — Ele é forte — meu sogro disse, ainda com Domenico no colo. — Tem o olhar firme. Igual ao pai. Assenti. Não por orgulho. Mas porque sabia que aquele olhar vinha muito mais da mãe. Da força dela. Do que ela enfrentou pra estar aqui hoje. Meu sogro não era o homem mais fácil de se conviver. Sempre reto, dono da verdade, justiça nas mãos, orgulho nos olhos. E mesmo assim... ali estávamos. Ele, eu, e esse pequeno entre nós dois. Unindo mundos que jamais pensei que se encontrariam. — O senhor já pensou em como isso tudo é doido? — perguntei, quebrando o silêncio. — Qual era a probabilidade da gente Agora ser ... somos o que? Parceiros? Família? Ele sorriu de lado. Um daqueles so
Último capítulo