O Tempo e o Perdão
Era uma sexta-feira tranquila, véspera do aniversário de um ano dos gêmeos. Adam estava em seu escritório, revisando relatórios e escolhendo as fotos que seriam exibidas no telão da festa, quando a secretária anunciou:
— Doutor, o seu pai está aqui.
Adam levantou os olhos, surpreso.
— Meu pai? — repetiu, descrente. — Manda entrar.
O homem entrou devagar, com os cabelos grisalhos e um semblante cansado. Parecia ter envelhecido em apenas um ano.
— O que o senhor quer? — perguntou Adam, direto.
— Quero conhecer meus netos — respondeu o pai, a voz firme, mas carregada de arrependimento. — Precisei levar muito chifre para entender que a vida passa e que eu não sou mais um garoto.
Adam cruzou os braços, cético.
— E o senhor ainda está casado?
O velho suspirou.
— Não, cansei de ser corno.
Adam soltou uma risada seca.
— Engraçado. O senhor nunca pensou nisso quando fazia minha mãe sofrer, não é?
— É — admitiu o pai, com os olhos marejados. — Perdi uma grande mulher. E, junt