Ele é o sheik mais temido do Oriente Médio. Ela é uma tradutora brasileira em busca de uma chance. Zayn Al-Rashid é frio, implacável e acostumado a comandar. CEO de um império automotivo e herdeiro de uma das famílias mais poderosas da península, Zayn vive entre salas de reunião e sessões secretas onde domina tudo — e todos. Amor não faz parte do seu vocabulário. Ele não se apega, não repete, não sente. Isabela Vasquez é inteligente, teimosa e está com a conta no vermelho. Quando recebe uma proposta para trabalhar como intérprete por uma semana, tudo o que ela espera é um cliente exigente. O que ela encontra é um homem que exala poder, desejo e perigo em cada palavra. Um contrato. Uma semana. Um jogo de vontades. Ela fala línguas. Ele comanda silêncios. Ela obedece… até onde o orgulho permite. Ele domina… até onde o coração resiste. Prepare-se para uma história intensa, sensual e viciante entre dois mundos que jamais deveriam se cruzar — mas que, ao colidirem, despertam um desejo impossível de ser contido.
Ler maisO alarme tocou às 5h45, mas Isabela já estava acordada antes do som ecoar no quarto minúsculo. Não era insônia. Era sobrevivência. Há muito tempo aprendera que o mundo não esperava por quem dormia demais.
Levantou devagar, tentando não fazer barulho. Enzo Vasquez, seu irmão mais novo de nove anos, ainda dormia no colchão ao lado. A luz fraca da lâmpada da cozinha revelava a pia com dois pratos empilhados e as xícaras de ontem ainda para lavar. Esquentou a água no fogão, esfarelou o último pão francês e passou manteiga com os dedos. O rádio ligado baixinho preenchia o silêncio com alguma canção antiga. O cheiro de café requentado parecia melhor que o sabor. — Isa...? — a voz fraca de sua mãe chegou do quarto. — Já tô indo, mãe — ela respondeu rapidamente, pegando a bandeja com água, os comprimidos e um pedacinho de mamão amassado. — Dormiu melhor? Disse assim que chegou no quarto ao lado do dela. Dona Amélia, de 53 anos, estava ainda mais magra. Os olhos fundos, os cabelos grisalhos presos num coque frouxo. A pele, pálida e seca, denunciava o cansaço da doença — fibrose pulmonar idiopática. Silenciosa, progressiva e agressiva, sem cura. Só tratamento para retardar. — Passei mal de novo de madrugada, achei que fosse sufocar... — Você devia ter me chamado — Isabela se sentou na beirada da cama e ajeitou o travesseiro. — Hoje à tarde eu vou pegar seus remédios. A doutora disse que o antibiótico pode aliviar a tosse. — Tá tudo tão caro, filha... — a mulher murmurou, tocando o rosto da filha com os dedos finos. — Não sei como você tá dando conta disso tudo. — Dou conta, sim. A gente vai dar um jeito. Sempre dá. Mas precisa tomar os remédios direitinho, entendeu? Dona Amélia assentiu, engolindo os comprimidos com esforço. Quando Enzo entrou no quarto, esfregando os olhos, Isabela abriu os braços para o irmão mais novo. — Vai lá lavar o rosto, astronauta. E veste a blusa, hoje vai esfriar. — Eu posso faltar hoje? — ele perguntou num tom choroso. — De jeito nenhum. Tem leitura com a professora Luana, lembra? Você adora. — Mas o ônibus sempre atrasa... — Eu vou te levar até o ponto — ela piscou. — E se você for bonzinho, a gente compra um pastel na volta. — Eba! De frango? — Claro que sim. Enzo pulou de alegria foi até a mãe e deu um beijo em sua bochecha, saiu depois para o banheiro. O café da manhã foi silencioso, com o rádio sussurrando notícias enquanto Enzo devorava o pão com leite e Isabela separava moedas para as passagens. Na rua, o céu de São Paulo estava cinza. O vento gelado soprava folhas e esperança pela calçada rachada. No ponto de ônibus, Enzo se agarrou ao braço da irmã. — Você vai voltar cedo hoje? — Prometo. E vou te buscar. — Você é a melhor irmã do mundo. Ela sorriu, com lágrimas escondidas. — Vai, antes que a professora pense que eu sequestrei você. De volta pra casa, organizou o pouco que havia na geladeira. Lavou os pratos, recolheu a roupa do varal, e ligou para o posto de saúde perguntando se havia vaga para consulta de retorno. Sem sucesso. O celular vibrou. Era uma mensagem de texto: "Já pagou o aluguel? Está atrasado". Era dona Odete dona do pequeno e apertado apartamento de dois quartos no subúrbio da Mooca. Ela bufou, olhando para o teto. — Não bastava tudo, agora o aviso do aluguel... Na tarde, pegou um frila de digitação. Um conhecido de um antigo estágio precisava converter uns arquivos de P*F em Word com formatação. Pagariam R$ 110,00. Era pouco, mas já era o gás do mês. Enquanto digitava, ouviu a porta da cozinha ranger. Não deu muita atenção. Estava concentrada na tela até ouvir a voz que fez seu estômago gelar. — Bonita sua nova casinha. Isabela virou lentamente, e ali estava Diego, seu ex-namorado, que ela esperava nunca mais ver. Camisa preta, colar de prata, aquele mesmo olhar debochado. — Que merda você tá fazendo aqui? — ela se levantou de súbito, a voz firme e baixa, apesar do coração disparado. — Calma, Isa... Vim só conversar. Você anda me ignorando. — Porque não tenho mais nada pra falar. Sai da minha casa. — Ainda é sua casa? Com o aluguel atrasado? — ele sorriu, passando os olhos pelo ambiente. — Tava pensando em te dar uma força. Mas você sempre foi orgulhosa demais. — Eu não preciso de você. E não te dei endereço novo. — Sua mãe ainda tá doente? O moleque ainda tá na escola pública? Acha mesmo que vai dar conta sozinha? Ela cerrou os punhos. — Se você encostar um dedo aqui, eu chamo a polícia. Some da minha vida, Diego. — Não quero confusão — ele levantou as mãos. — Só vim avisar que eu tô precisando de um favor. Um pequeno valor... e a gente fica quites pelos anos quente aturei. — Sai daqui. — Vou voltar. A gente se fala, Isa. Pensa direitinho. Ele saiu pela porta dos fundos com a mesma arrogância de sempre. O cheiro barato do perfume ainda ficou no ar, sufocando. Isabela trancou a porta. Sentou-se no chão da cozinha. O peito arfava, mas nenhuma lágrima vinha mais. Como se seu corpo tivesse se acostumado a guardar tudo para si — a raiva, o medo, o amor mal curado. Respirou fundo e se obrigou a se levantar. No pequeno espelho pendurado ao lado do armário, observou o próprio reflexo com olhos cansados. Às vezes, até ela se esquecia de como era. Os dias corridos, a luta diária, tudo a fazia se sentir invisível. Mas ali estava. Uma mulher de vinte e cinco anos, Isabela Vasquez, com olhos escuros e profundos, marcados por olheiras. Cabelos castanhos escuros, volumosos, caindo em ondas desalinhadas. Pele morena clara, quase dourada, com sinais discretos de cansaço que o tempo havia deixado ali, silenciosamente. Herdara os traços do pai, que os abandonara quando ela era pequena demais para entender o que significava ausência. A mãe nunca falava muito sobre ele, apenas dizia com mágoa: "Seu pai era um homem com sonhos demais e responsabilidade de menos." Isabela se aproximou da janela e olhou para o céu nublado de São Paulo. Tentava afastar a imagem de Diego — mas ela voltava como uma sombra, sempre que ela fechava os olhos. Eles haviam se conhecido quando ela tinha dezoito anos. Ela fazia um curso técnico e trabalhava em uma papelaria. Ele era um pouco mais velho, bonito, falante, sedutor. Parecia encantado com ela — com sua timidez, sua força, seu corpo real. Fazia com que ela se sentisse vista pela primeira vez. Quis acreditar que era amor. Mas aos poucos, ele foi tomando tudo. Primeiro o tempo dela, depois a autoestima, depois o emprego. A convenceu a pedir demissão dizendo que tinham planos melhores. Que ela o ajudaria a montar um negócio. Mentira. Ele precisava de alguém para sustentá-lo enquanto vagava atrás de promessas. Foram dois anos de manipulação disfarçada de romance. Quando ela percebeu, estava com as contas acumuladas, o nome sujo e o coração em ruínas. E mesmo depois de tudo, ele ainda voltava. Ele sempre voltava. “Você tem obrigação comigo, Isa. Foi você quem prometeu que estaríamos juntos até o fim. Não vai me virar as costas agora.” Ela já ouvira aquela frase mais vezes do que poderia contar. — Fui uma idiota — murmurou, encostando a testa no vidro da janela. Sabia que ele apareceria de novo nos próximos dias. Sempre que precisava de dinheiro, usava o passado como arma. Jogava palavras como algemas, como quem sabia exatamente onde apertar. E o pior é que ele sabia mesmo. Isabela voltou para o sofá com o velho notebook no colo. Tentou focar nas revisões, mas as palavras dançavam na tela. Sua mãe dormia no quarto ao lado, exausta. O irmão estava na escola ainda, nenhum dos dois viu aquela cena ainda bem. Ela era o alicerce. Mas mesmo as fundações racham com o tempo. Passou a mão no rosto, como se pudesse afastar o peso de tudo. Uma hora de trabalho. Depois talvez um banho. Depois mais um dia. E então outro. E, quem sabe, um milagre. Mas essa palavra já parecia tão distante quanto os castelos que ela imaginava nos livros de romance.O saguão de entrada da Al-Rashid Enterprises parecia mais uma ala de um palácio moderno. O mármore claro refletia a luz natural que atravessava as janelas altas, e as colunas douradas com inscrições em árabe contavam histórias de conquista e legado. Isabela caminhava ao lado de Zayn, com Kareem à direita e Hakim logo atrás. Vestia uma saia de alfaiataria elegante, um blazer em tom pérola e uma blusa de seda clara. Os cabelos estavam presos em um coque baixo e perfeccionista, como o dia pedia. Ela estava impecável.Zayn, em sua habitual compostura, trajava um terno escuro com detalhes bordados nos punhos e na gola, de maneira sutil, mas revelando sua origem real. Seu olhar firme e postura soberana eram complementados por sua presença imponente. Kareem, de olhar atento e discreto, mantinha-se sempre dois passos à frente em qualquer situação. Hakim, com um porte mais descontraído, mas não menos preparado, observava cada movimento nos arredores.Antes de entrarem na sala principal, Zayn s
Isabela manteve-se em silêncio, mas seu corpo suavizou.— Fui o filho da velhice. A última esperança. O respiro final de um império. E por isso, fui amado. Não apenas amado... venerado por meu pai. Mas essa adoração teve um preço. — Zayn passou a mão pelos cabelos, cansado. — Meus irmãos cresceram sendo forjados à imagem dele: frios, astutos, líderes naturais. Malik era o escolhido. O herdeiro. Aos dezessete anos já era comandante. E então... eu nasci.Isabela o observava, os olhos começando a brilhar com a sombra da empatia.— Ele dizia que perdeu o olhar do pai quando eu nasci. E talvez tenha perdido mesmo. Malik me odiava desde antes que eu aprendesse a andar. Tentou me matar diversas vezes. Envenenamento, sabotagens... meu pai interveio tantas vezes que perdi a conta. A segurança do palácio passou a ser meu segundo berço.Zayn apertou os olhos por um momento, a dor ainda pulsava como se fosse recente.— Aos dezoito, Malik cometeu a maior de suas traições. Vendeu armamentos secreto
O cheiro de fumaça de especiarias se misturava ao perfume rápido e cortante de couro e madeira que preenchia o escritório de Zayn. As portas ainda estavam entreabertas, resquício da saída abrupta de Malik, mas nenhum guarda ousou se aproximar. Zayn mantinha o olhar fixo no brasão dourado sobre a lareira, quando uma batida contida ecoou. Kareem entrou com passos medidos, mas não escondia o leve franzir de preocupação entre as sobrancelhas.— Malik estava aqui... — Zayn falou sem se virar, os olhos refletiam as chamas da lareira que ele agora estava olhando fixamente.— Eu vi o avião real dele no aeroporto, meu senhor. Zayn balançou a cabeça.— Também vi o carro da empresa na entrada do palácio. — Kareem falou, e Zayn se virou para ele.— Ele já sabe, sobre Isabela.Kareem cerrou os punhos discretamente.— Jahannam... (Inferno) Tivemos tanto cuidado no Brasil — disse ele. — Desde o início que o senhor propôs apresentar o contrato à senhorita Vasquez, trabalhamos com o submundo para nunc
O brasão dourado de Al-Qadar brilhava sobre o peito de Zayn, estampado no terno escuro que ele vestira ainda no avião. O calor seco do deserto não o afetava — o sangue árabe corria espesso demais para que ele sentisse desconforto ali. Seus passos ecoavam firmes pelos corredores de mármore polido do palácio, cada sombra familiar, cada tapeçaria carregada de história o lembrando de quem ele era.Não havia sorrisos. Ele não viu as empregadas na entrada. Não enxergava nada à sua frente.Não havia vestígios do homem que rira no avião, que sentira leveza no Brasil.O Sheik Zayn Al-Rashid estava de volta ao trono, e o mundo sentia o peso disso.Isabela ficara para trás, sob a proteção de Kareem. E era melhor assim. Se ele a olhasse naquele momento, se seus olhos encontrassem os dela com Malik por perto, talvez ela não sobrevivesse ao primeiro dia seguinte em Al-Qadar.Ele cruzou o grande salão de colunas de ônix, guardas reais abrindo caminho, e assim que chegou ao escritório empurrou com fo
O céu sobre Al-Qadar era de um azul profundo, limpo, onde o sol parecia brilhar com um fervor mais intenso, queimando sem piedade as dunas douradas que se estendiam até onde a vista podia alcançar. Ao longe, o espelho reluzente do Golfo Pérsico refletia o céu como uma miragem, uma promessa distante entre o deserto e o mar. O avião cortava as nuvens, descendo com precisão. Isabela, sentada perto da janela, ficou sem palavras.A areia parecia viva, em constante dança. Em meio ao dourado, torres brancas surgiam como esculturas fincadas no horizonte. Era um lugar saído de um conto antigo, de uma era dourada que ainda resistia.— Nossa.... É lindo... Ela disse admirada.Mas o que mais lhe chamou a atenção não foi a beleza mística do território, nem os palácios ao longe, nem o deserto em si.Foi ele.Zayn.O mesmo homem que lhe sorrira no avião, que sussurrara promessas ao pé do ouvido, agora estava com o rosto fechado. Os olhos, antes cheios de desejo e ternura, tornaram-se duas pedras esc
O relógio marcava 5:45 da manhã quando Zayn levantou, foi até o banheiro, tomou um banho demorado, sua roupa já estava arrumada ao lado da cama, vestiu arrumando cada detalhe de seu terno preto, com detalhes dourado e o brasão de Al-Qadar no peito como sempre esteve nos dias que chegou aí Brasil. Assim que saiu do quarto, Kareem já estava lá o esperando na ante sala.— Bom dia senhor.— Bom dia, mande organizar tudo nas malas, depois pode sair para buscar Isabela na sua casa.— Sim, senhor. Kareem saiu o deixando tomando seu café em silêncio, meia hora depois, as camareiras disponibilizadas para organizar as malas do Sheik já estavam trabalhando em silêncio, cada roupa foi colocada com o máximo de cuidado e atenção.Às 7:15, tudo estava arrumado e esperando para saírem, Zayn desceu e o embaixador o esperava.— Sheik Zayn Al- Rashid, queremos agradecer por tudo, sua visita foi de grande estima para o nosso país.— Senhor embaixador, em nome de Al-Qadar agradeço por sua hospitalidade e
Último capítulo