POV NATHALIA
O quarto parecia um mausoléu dourado.
As cortinas de seda pesada fechavam a janela, abafando o som da cidade. O carpete persa era tão macio que meus pés afundavam, mas, para mim, tudo parecia áspero. Eu estava ali, no quarto que deveria ser a noite de núpcias, cercada de luxo, e me sentia como prisioneira.
Álvaro tirava os sapatos devagar, o paletó jogado numa cadeira, e o perfume forte dele — sempre aquele cheiro enjoativo de riqueza — impregnava o ar. Eu, na ponta da cama, com a camisola cara que ele mandou trazer de Paris, respirava como quem tenta arrancar um nó da garganta.
— Você está tensa. — ele disse, passando a mão pelo cabelo engomado. — É normal. Amanhã viajamos, e as coisas entram nos eixos.
Engoli em seco, olhando para as próprias mãos, os dedos ainda marcados pelo peso da aliança.
— Álvaro… — murmurei. — Eu preciso falar.
Ele ergueu uma sobrancelha, o tom carregado de tédio.
— Falar o quê?
Respirei fundo. Era agora ou nunca.
— Agradeço tudo, o esforço, o cu