Mundo de ficçãoIniciar sessãoEu estava à beira de explodir. Não só pela insolência daquela garota… mas porque não conseguia apagar da mente a imagem dela no roupão.
Minha cabeça logo foi longe demais. Catarina nua.
“Não, caralho, você se controla”, murmurei pra mim mesmo.
— Posso ajudar? — a voz suave de uma empregada me tirou do transe.
Ela me olhava de um jeito insinuante antes. Eu já tinha reparado.
— Tá tudo certo, pode ir.
— Jura? — ela sorriu de canto, deslizando a mão sobre o volume da minha calça.
Não precisei pensar duas vezes.
Enquanto me vestia, a ideia martelava: eu devia ir embora.
Seria tolice ficar.
O telefone tocou, cortando meus pensamentos.
— Desça aqui, minha sobrinha.
— Claro, tio. Aconteceu alguma coisa?
— Não, apenas quero vê-la. Saber como está.
— Ah… já estou indo.
Respirei fundo. Talvez ele entendesse se eu dissesse que iria partir. Não queria ser um peso, nem a causa de brigas entre ele e José Eduardo.
Demorei a achar o escritório. A mansão era grande demais, intimidante. Quando finalmente encontrei a porta certa, senti um alívio súbito… junto com o medo de cruzar com meu primo.
— Pois não, tio? — falei ao entrar.
Nestor estava sentado atrás de uma mesa imponente, rodeado por estantes cheias de livros e uma lareira acesa. O ar tinha um cheiro acolhedor, mistura de madeira e fumaça suave.
— Ah, você aí! — sorriu, afastando papéis. — Venha, sente-se.
Obedeci, ainda hesitante.
— Tio… eu acho que vou precisar ir embora.
— Não ligue para José Eduardo. Ele tem o gênio forte, mas também tem um bom coração. Essa tensão vai passar.
— Eu entendo… mas não acho justo causar desconforto. Talvez seja melhor eu voltar pra casa.
— Se for, vou ficar profundamente chateado. Você é a lembrança viva da minha irmã Eugênia, o tempo que o destino me roubou.
Ele pousou a mão sobre a minha, quase suplicante.
— Eu sinto muito, tio… Mas, de todo modo, o senhor nem sabe se eu sou quem digo ser.
— Eu não preciso de provas, Catarina. Sinto no coração. Além disso, você é parecida demais com a sua mãe. Mas, se quiser, basta mostrar a certidão de nascimento.
— Isso é fácil… mas sei que José Eduardo vai contestar. Vai dizer que fraudei.
— Não dê ouvidos a ele. Fique.
O olhar dele era terno, quase de cortar o coração.
— Eu… não sei.
— Confie no seu tio. Não volte para aquela solidão.
As palavras mexeram comigo.
— Tá bom… eu fico.
— Ah, que maravilha, meu doce! Você não sabe como me faz feliz.
— Mas só até fazermos o teste de DNA.
— Não precisamos disso.
— Mas eu quero, tio. Vai evitar dores de cabeça.
Ele suspirou, rendido.
— Está bem, se isso vai deixá-la em paz.
— Obrigada, tio. De verdade. Tenho sorte de ter te encontrado.
Ele sorriu, emocionado.
— Eu tenho mais sorte. Depois de perder Eugênia para sempre, sinto que Deus me trouxe você como um consolo.
As palavras dele aqueceram meu coração. Talvez ficar um tempo ali fosse o que eu precisava para superar o luto da mamãe.
— Agora vá se arrumar, minha filha…
— Arrumar?
— Sim! Convidei alguns amigos. Vamos comemorar sua chegada.
— O quê? Tio, eu não tenho nem roupa pra isso!
— Será algo íntimo, não se preocupe. Apenas vista-se como se sentir confortável.
— Mas eu…
— Chega de desculpas. Quero apresentar ao mundo a minha sobrinha.
O brilho de alegria nos olhos dele me calou.
— Ok… às oito, certo?
— Em ponto.
— Certo. Até lá.
POV JOSE EDUARDO
De volta ao meu quarto, agora com o corpo relaxado, ouvi vozes vindas do escritório do meu pai. Ele falava com a vigarista que dizia ser minha prima.
Coquetel de boas-vindas.
Sorri torto.
— Hum… coquetel simplesinho? Vai ser divertido mostrar pra ela onde se meteu.
Peguei o celular e digitei no grupo da galera:
“Prepara, pessoal. Hoje tem jantar importante aqui em casa. Quero todo mundo arrumado, oito horas em ponto. Vai ser memorável.”
Bloqueei a tela, satisfeito.
— Vamos ver quem manda de verdade, priminha.







