POV CATARINAAcordei toda úmida depois de ter caído na piscina e desmaiado nos braços de José Eduardo. Não vi como fui parar no sofá da sala — só abri os olhos e me deparei com José Eduardo… me beijando.Corine e tio Nestor se aproximaram depois que esbofeteei meu primo no rosto.Na hora, eu estava com raiva, mas em seguida me arrependi, pensando se não havia exagerado.— Você está bem? Tá sentindo alguma coisa? — perguntou Corine, preocupada.— Não, eu tô melhor — respondi, ainda meio zonza.— Graças a Deus, minha filha! — disse tio Nestor, aliviado.— O que houve? — perguntei, sem graça. Eu ia completar com “… pra José Eduardo me beijar”, mas me calei. Acho que Corine e meu tio subentenderam.— José estava apenas fazendo respiração boca a boca. Nós que pedimos a ele — explicou meu tio.— Sim, ele ficou receoso. Não imaginávamos que você ficaria zangada. O pobre só tentou ajudar! — disse Corine, sorrindo.Fiquei vermelha de vergonha.— Meu Deus, como fui estúpida!— Não foi, menina.
POV CATARINA José Eduardo estava vestindo apenas uma toalha. Os cabelos estavam úmidos e bagunçados e no tórax firme dele escorriam gotas de água. Não tinha se secado direito.Também consegui ver o restante da musculatura do tronco, definida, com veias saltando levemente por baixo da pele. Seu cheiro era de algum sabonete cítrico… ou erva doce. — Que foi? — Disse ele tirando os olhos de mim e olhando pra si mesmo — Tem algo de errado comigo, garota? Fala aí o que você quer!Eu engoli em seco lutando pra tirar os olhos do abdome dele. — É… bem… — Hum… Tô te ouvindo. — Sei lá, eu vim pedir desculpas por ter te dado o tapa. José Eduardo deixou a porta e caminhou pra dentro do quarto. Nesse momento pude ver as costas largas, igualmente definidas. — Entra aí. Travei. Eu não ia entrar no quarto dele. — Não precisa. Só vim te pedir desculpas mesmo. Já vou pra cama. — Larga de ser otaria só uma vez e entra no quarto, caramba! O corredor estava vazio. Após pensar alguns segundos eu
*Nota da autora: Gente, adiciona o livro na biblioteca. Adoro vocês! ——- POV JOSÉ EDUARDODois anos antesEu não sabia por que a Júlia não me respondia. Já havíamos combinado de sair para jantar e seria o dia em que eu a pediria em noivado. Apesar de ter apenas 21 anos na época, não achava que era algo precipitado. A gente se amava. Ou melhor dizendo: eu a amava.— Mas eu já estou aqui, pô! Onde você está, Júlia? — falei ao telefone, desligando o carro.Eu já estava no estacionamento do restaurante.— Benzinho, deu um imprevisto aqui no escritório. Sabe o projeto daquela casa da famosa do TikTok de que te falei?…— Acho que lembro… O que foi? — respondi, tentando segurar minha ansiedade e impaciência.— Ela quis mudar tudo. Fiquei presa aqui. Vai se importar se a gente remarcar esse jantar?Meu estômago afundou. Senti as lágrimas querendo se formar nos cantos dos olhos, mas espremei as pálpebras e engoli a saliva espessa. Seria muito perturbador um homem do meu tamanho chorar por ca
Mudanças — Não vá, mãe. Não me deixe só! — Eu disse debruçado sobre o leito de morte da minha mãe. — Filha, faça o que te disse — A voz era cansada — ligue para o seu tio. Ligue para ele — mamãe tossia — eu sempre vou te amar. Após me olhar com os olhos marejados e acariciar meu rosto, mamãe deu o último suspiro e fechou os olhos. Fiquei apenas eu com aquele corpo frio tomado de silêncio. ~*~Meu nome é Catarina. Depois que meu pai nos abandonou, ficamos apenas mamãe e eu. Nós recuperamos e vivíamos bem, até ela ter uma doença grave e morrer. Eu tinha acabado de completar dezoito anos e planejava entrar pra faculdade muito em breve. Mas após ficar sozinha, talvez esse sonho devesse ser adiado .Após o velório da mame eu cheguei em casa e peguei o pedaço de papel onde ela anotou o número de telefone do meu tio distante. Ela nunca gostava de falar desse meu tio ou dos parentes dela. Eu não os conheci. Parece que mamãe fugiu para casar com meu pai e a família dela era contra. Mas
Sou indesejada — José Eduardo, essa é sua prima, Catarina.— Eu sei, pai. O senhor mandou por mensagem.Eu ainda morria de vergonha. Os dois conversavam como se eu nem estivesse ali.— Então a trate como ela merece.José Eduardo riu.— Tá de brincadeira, pai? A gente nem sabe se essa garota é quem diz ser.— Espera aí, tá achando que eu menti? — falei, levemente contrariada.— Nunca se sabe, garota. Você surgiu do nada. É fácil dizer que é sobrinha de um milionário. Só precisa provar primeiro.— José Eduardo, eu ordeno que pare! — disse meu tio, firme.— Eu paro quando o senhor tiver a razão de pensar antes de trazer uma estranha pra morar dentro de casa. Ela pode ser uma golpista que vai nos roubar!— Escuta aqui! Eu nunca roubei ninguém e nunca vou roubar! Isso é um absurdo! — falei, tentando não chorar.— Não ligue pra isso, Catarina — meu tio me abraçou.— Eu acho que seu filho tem razão… Eu vou voltar pra minha casa.— De jeito nenhum! Não vou permitir!José Eduardo riu.— Essa
— Se veio aqui me destratar, eu já tô indo embora.Sem pedir licença, ele entrou.— Embora? Ah, conta outra, menina. Já está até de roupão, como se sempre tivesse vivido aqui!Me afastei alguns passos quando José Eduardo fechou a porta atrás de si, obstruindo a saída. Ele parecia um armário de tão grande. Eu não conseguiria sair dali tão fácil.— Eu já disse que vou partir ainda hoje.José Eduardo se aproximou e alisou a gola do meu roupão de algodão, quase tocando a minha pele.— Coisa boa. Não deve estar acostumada com algo assim, né?— Não, não estou. Mas de onde eu venho, a honestidade basta. Essas coisas chiques não me compram! — falei com coragem, me afastando dele.— Olha, devo admitir: você é boa. Convincente. Mas vigaristas da sua laia eu conheço de longe.— Ah, José Eduardo… Não te conheço, mas já percebi que é arrogante e se acha muito esperto.Acho que ele não esperava minha ironia. Eu não ia bancar a coitada.— Eu não me acho. Eu sou.— Mas não parece. Agora, se puder sai
Enquanto me vestia, fiquei pensando que seria tolice permanecer ali. Nem tinham se passado algumas horas e eu já estava com dor de cabeça. Aquela ajuda não estava me dando paz. O certo seria partir dali.O telefone tocou, interrompendo meus pensamentos.— Desça aqui, minha sobrinha.— Claro, tio. Aconteceu algo?— Não, apenas quero vê-la. Saber como está.— Ah, sim. Um instante e já estou aí.Tio Nestor compreenderia meus motivos para ir embora. Eu não queria ser um peso naquela casa, nem motivo de conflito entre ele e José Eduardo.Levei algum tempo para encontrar o escritório. A casa era grande demais.Quando finalmente encontrei a porta certa, senti alívio. Estava com medo de esbarrar com meu primo.— Pois não, tio?Ele estava sentado atrás de sua mesa de madeira. Tudo ali dentro era suntuoso, com uma grande biblioteca atrás de si e até uma lareira. Havia um cheiro bom no ar, algo entre madeira e fumaça leve, defumado talvez.— Ah, você aí! — sorriu ele, tirando os olhos dos papéis
POV CATARINA— Ai, mãe, o que eu vou fazer sem a senhora? — dizia a mim mesma, deitada na cama do meu quarto.Eu olhava uma foto dela na galeria do meu celular. Chorei um pouco — a dor continuava ali. Eu não queria estar vivendo meu luto daquele jeito: sendo acusada de ser uma golpista por José Eduardo. Se havia uma coisa que minha mãe me ensinou, era ser honesta.Peguei no sono, mas durou pouco. Corine veio ao meu quarto perguntar se eu precisava de ajuda para me arrumar.— Posso fazer algum penteado. Não sou das melhores, mas dou um jeito.— Ah, Corine, obrigada. Mas meu tio disse que não vai ser nada muito grandioso. Então acho que só vou passar algum olhinho nas pontas do cabelo e uma maquiagem leve.— Uhum, faz bem então. E olha, fico feliz que tenha decidido ficar. Não sabe o quanto fará bem ao senhor Nestor.— Jura? Por quê?— Nada, menina. Tem coisas que você vai entender ao longo do tempo. Apenas fique mesmo. Você é luz, já deu pra perceber.Parece que foi Deus que mandou Cor