Mundo ficciónIniciar sesiónPOV CATARINA
— Se veio aqui me destratar, eu já tô indo embora. José Eduardo entrou sem pedir licença, o olhar queimando de julgamento. — Embora? — riu com sarcasmo. — Conta outra, menina. Já está até de roupão, como se sempre tivesse vivido aqui. Meu coração acelerou quando ele fechou a porta atrás de si, bloqueando a saída. O corpo dele era uma muralha. Eu não teria como passar. — Eu já disse que vou partir ainda hoje! Ele caminhou até mim, lento, como um predador. A ponta dos dedos roçou a gola do meu roupão, quase tocando a pele do meu colo. Foi só um gesto, mas arrepiou meu corpo inteiro. — Coisa boa… — murmurou, o olhar demorando mais do que deveria. — Aposto que nunca sentiu algo tão macio na pele, não é? — Não. — Ergui o queixo, tentando esconder o efeito que ele tinha em mim. — Mas de onde eu venho, a honestidade basta. Luxo nenhum me compra. Ele arqueou um sorriso perigoso, como se tivesse se divertido. — Boa. Convincente até. Mas vigaristas da sua laia eu reconheço de longe. — Ah, José Eduardo… — soltei uma risada curta, encarando-o sem medo. — Não te conheço bem, mas já percebi que é arrogante e se acha esperto demais. O sorriso dele se desfez. O olhar, porém, cintilou com interesse. Acho que não esperava que eu revidasse. — Eu não me acho. Eu sou. — Pois não parece. — Cruzei os braços, firme. — Agora, se puder sair… Eu quero me trocar. Ele se aproximou ainda mais, ficando tão perto que senti o calor do corpo dele contra o meu. Minha respiração falhou. — Faz bem. Volte pro bordel de onde deve ter saído. Meu sangue ferveu. — Eu só não enfio a mão na sua cara por respeito ao tio Nestor! José Eduardo riu baixo, como se aquilo fosse uma promessa tentadora. — Enfia, é? O jeito como ele disse… foi como se estivesse pedindo. O olhar dele percorria meu rosto, minha boca… e por um instante, temi o que poderia acontecer se eu não o mandasse embora. — Saia daqui! — Essa casa é minha. — A voz dele ficou rouca, quase um sussurro. — Eu saio quando eu quiser. — Me respeite! — Quanto você tá recebendo, hein? — provocou, os olhos descendo devagar pelo meu corpo. — Eu pago o dobro e você desaparece. — Você não acredita que eu sou sua prima, não é? — Claro que não. Porque não é. Sorri com ironia, encarando-o como quem desafia um inimigo perigoso. — Então tá, primo. — Sentei na cama, de propósito, deixando claro que não ia ceder. — Agora decidi que vou ficar. Ele respirou fundo, os músculos tensos, como se estivesse prestes a explodir. — Você não vai. — Vou sim. E vou sugerir ao tio Nestor um teste de DNA. Aí tiramos a dúvida. Os olhos dele faiscavam. — Você não sabe com quem tá mexendo, garota. — E nem quero saber. — Cruzei as pernas, firme. — Agora saia ou eu chamo o tio Nestor. José Eduardo passou a mão pelos cabelos, sorrindo de canto. Os olhos dele, porém, desceram para minhas pernas expostas, demorados demais para serem inocentes. — Que vença o melhor. — A voz saiu baixa, quase rouca. — Mas eu não desmancharia as malas se fosse você. Quando ele saiu, minhas pernas tremiam. Eu soltei o ar, como se tivesse prendido a respiração o tempo todo para não me render àquele olhar. — Onde eu fui me meter? — sussurrei. — Mas não vou baixar a cabeça. Não diante dele. E eu não fazia ideia de que naquela noite José Eduardo mostraria até onde iria para me tirar do caminho. ———— AUTORA: eita que rolou um clima? É isso????






