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3. EU NÃO VOU BAIXAR A CABEÇA PARA ELE!

POV CATARINA

— Se veio aqui me destratar, eu já tô indo embora.

José Eduardo entrou sem pedir licença, o olhar queimando de julgamento.

— Embora? — riu com sarcasmo. — Conta outra, menina. Já está até de roupão, como se sempre tivesse vivido aqui.

Meu coração acelerou quando ele fechou a porta atrás de si, bloqueando a saída. O corpo dele era uma muralha. Eu não teria como passar.

— Eu já disse que vou partir ainda hoje!

Ele caminhou até mim, lento, como um predador. A ponta dos dedos roçou a gola do meu roupão, quase tocando a pele do meu colo. Foi só um gesto, mas arrepiou meu corpo inteiro.

— Coisa boa… — murmurou, o olhar demorando mais do que deveria. — Aposto que nunca sentiu algo tão macio na pele, não é?

— Não. — Ergui o queixo, tentando esconder o efeito que ele tinha em mim. — Mas de onde eu venho, a honestidade basta. Luxo nenhum me compra.

Ele arqueou um sorriso perigoso, como se tivesse se divertido.

— Boa. Convincente até. Mas vigaristas da sua laia eu reconheço de longe.

— Ah, José Eduardo… — soltei uma risada curta, encarando-o sem medo. — Não te conheço bem, mas já percebi que é arrogante e se acha esperto demais.

O sorriso dele se desfez. O olhar, porém, cintilou com interesse. Acho que não esperava que eu revidasse.

— Eu não me acho. Eu sou.

— Pois não parece. — Cruzei os braços, firme. — Agora, se puder sair… Eu quero me trocar.

Ele se aproximou ainda mais, ficando tão perto que senti o calor do corpo dele contra o meu. Minha respiração falhou.

— Faz bem. Volte pro bordel de onde deve ter saído.

Meu sangue ferveu.

— Eu só não enfio a mão na sua cara por respeito ao tio Nestor!

José Eduardo riu baixo, como se aquilo fosse uma promessa tentadora.

— Enfia, é?

O jeito como ele disse… foi como se estivesse pedindo. O olhar dele percorria meu rosto, minha boca… e por um instante, temi o que poderia acontecer se eu não o mandasse embora.

— Saia daqui!

— Essa casa é minha. — A voz dele ficou rouca, quase um sussurro. — Eu saio quando eu quiser.

— Me respeite!

— Quanto você tá recebendo, hein? — provocou, os olhos descendo devagar pelo meu corpo. — Eu pago o dobro e você desaparece.

— Você não acredita que eu sou sua prima, não é?

— Claro que não. Porque não é.

Sorri com ironia, encarando-o como quem desafia um inimigo perigoso.

— Então tá, primo. — Sentei na cama, de propósito, deixando claro que não ia ceder. — Agora decidi que vou ficar.

Ele respirou fundo, os músculos tensos, como se estivesse prestes a explodir.

— Você não vai.

— Vou sim. E vou sugerir ao tio Nestor um teste de DNA. Aí tiramos a dúvida.

Os olhos dele faiscavam.

— Você não sabe com quem tá mexendo, garota.

— E nem quero saber. — Cruzei as pernas, firme. — Agora saia ou eu chamo o tio Nestor.

José Eduardo passou a mão pelos cabelos, sorrindo de canto. Os olhos dele, porém, desceram para minhas pernas expostas, demorados demais para serem inocentes.

— Que vença o melhor. — A voz saiu baixa, quase rouca. — Mas eu não desmancharia as malas se fosse você.

Quando ele saiu, minhas pernas tremiam. Eu soltei o ar, como se tivesse prendido a respiração o tempo todo para não me render àquele olhar.

— Onde eu fui me meter? — sussurrei. — Mas não vou baixar a cabeça. Não diante dele.

E eu não fazia ideia de que naquela noite José Eduardo mostraria até onde iria para me tirar do caminho.

————

AUTORA: eita que rolou um clima? É isso????

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