Mundo ficciónIniciar sesiónAo descer do carro, fui pego de surpresa.
Esperava encontrar uma mulher feita, maquiada demais, ou até vulgar.
Era apenas uma garota baixa, de corpo frágil, e com um olhar assustado… como o de um cão abandonado.
Meu coração disparou, como se um tambor tivesse explodido dentro do peito.
Meu corpo inteiro reagiu ao vê-la, trazendo de volta memórias que eu jurava ter enterrado.
Mas foi inútil.
Eu deveria atacá-la, manter distância, ser frio.
“Merda…”
E vacilei. Por apenas um segundo.
Não ia deixar que um rostinho doce e frágil me desmontasse.
O perfume chegou antes dele.
E então, José Eduardo.
Alto, presença forte, olhos profundos que me atravessaram como uma lâmina.
— José Eduardo, essa é sua prima, Catarina.
— Eu sei, pai. O senhor já tinha mandado mensagem.
Ele me examinou de cima a baixo. Senti que demorou mais do que devia no meu colo… mas talvez fosse só impressão.
Meu coração acelerou, ignorado na conversa como se eu não estivesse ali.
— Então trate-a como ela merece — disse tio Nestor, firme.
José Eduardo riu, uma risada seca, cruel.
— Tá de brincadeira? A gente nem sabe se essa garota é quem diz ser.
Engoli em seco, a indignação queimando.
— Como é que é? — retruquei, a voz falhando. — Acha que eu inventei isso tudo?
Ele se aproximou devagar, como quem saboreia cada segundo do confronto. O calor do corpo dele, o perfume, tudo me cercou.
— Nunca se sabe, princesa. Aparece do nada, dizendo ser sobrinha de um milionário… conveniente demais. Quero ver provar.
— José Eduardo, basta! — a voz do meu tio cortou o ar.
Mas ele não parou.
— O senhor devia pensar melhor antes de trazer uma estranha pra dentro de casa. Vai que ela é uma golpista.
— Eu nunca roubei ninguém! — protestei, as lágrimas ardendo. — Isso é injusto!
Tio Nestor me puxou para um abraço protetor.
— Não escute ele, Catarina.
Mas as palavras já tinham ferido fundo.
— Talvez ele tenha razão… talvez eu devesse voltar pra casa.
— De jeito nenhum! — retrucou meu tio. — Você fica.
José Eduardo arqueou a sobrancelha, com um sorriso torto entre desdém e algo que eu não consegui decifrar.
— Essa carinha fofa não me engana. Só meu pai mesmo pra cair na sua historinha de mocinha indefesa. — Ele se inclinou, perto demais, o olhar queimando sobre o meu rosto. — Eu reconheço vigaristas de longe.
Meu corpo reagiu antes da razão. Raiva, medo… e algo que eu não queria sentir.
— Corine! — chamou meu tio.
A governanta apareceu, elegante, sorridente.
— Leve Catarina até o quarto dela — ordenou.
— Vamos, querida — disse Corine, doce.
— Eu… eu vou embora. Isso foi um erro.
— Primeiro entre. Depois conversamos com calma — insistiu meu tio para mim — E quanto a você, José Eduardo, venha comigo. Vamos conversar sério sobre o que aconteceu aqui!
— Com todo prazer, pai. Alguém precisa colocar juízo nessa sua cabeça — murmurou José Eduardo, passando por mim como um furacão. O ombro dele quase roçou no meu. Prendi a respiração.
O cheiro dele ficou no ar, junto com a certeza cruel: eu não era bem-vinda.
Corine me conduziu pelos corredores dourados da mansão, tentando disfarçar o peso que esmagava meu peito.
O ambiente era imenso, luxuoso… mas frio. Nada ali tinha meu cheiro, minha história, minha vida.
— Vai adorar o seu quarto — disse ela, carinhosa.
Assenti em silêncio. Ela me deixou no quarto, sozinha. Croine foi carinhosa.
Depois de um banho longo, envolta no roupão macio, finalmente pude respirar. A água levou parte da dor, mas não a sensação de estar perdida.
Foi então que bateram à porta.
Achei que fosse Corine. Ou meu tio.
Mas não.
O mesmo perfume amadeirado chegou primeiro.
José Eduardo.
Encostado no batente, braços cruzados, olhar carregado de reprovação… e algo mais.
— Podemos conversar, garota? — disse baixo, firme, como se eu não tivesse escolha.
Meu coração disparou diante dos olhos negros deles me envolvendo. Sua presença quase que me devorava.
✨ Nota da autora: Se você achou que ia parar por aqui… está enganada. Esse é só o começo! 😏🔥







