Inicio / Romance / Dominada pela paixão / 1 . ELE ME ODIOU NO PRIMEIRO OLHAR
Dominada pela paixão
Dominada pela paixão
Por: Anitta Ortiz
1 . ELE ME ODIOU NO PRIMEIRO OLHAR

PRÓLOGO

"Se eu soubesse que o ódio dele por mim seria tanto, eu nunca teria aceitado ir para aquela mansão”

***********************

POV CATARINA

— Não vá, mãe. Não me deixa sozinha! — supliquei, debruçada sobre o leito de morte da minha mãe.

— Filha... faça o que eu te pedi — a voz dela era fraca, embargada — liga pro seu tio... ele vai cuidar de você... — mamãe tossiu, com esforço — eu sempre vou te amar...

Ela me lançou um último olhar marejado, acariciou meu rosto e então... fechou os olhos para sempre.

Fiquei ali, sozinha. Apenas eu e aquele corpo frio, envolto num silêncio que doía.

*

Me chamo Catarina. Depois que meu pai nos abandonou, éramos só mamãe e eu. Com o tempo, a dor virou saudade, e a vida seguiu — até que a doença dela chegou. Rápida, cruel.

Eu tinha acabado de fazer dezoito anos e estava pronta para entrar na faculdade. Mas, sozinha, talvez esse plano tivesse que esperar.

Depois do velório, voltei pra casa e peguei o pedaço de papel onde mamãe havia anotado o telefone de um tio distante.

Ela evitava falar da própria família. Nunca conheci nenhum parente do lado dela. Segundo mamãe, fugiu pra casar com meu pai — e os Dalagnol nunca perdoaram. Mesmo assim, antes de morrer, ela deixou o orgulho de lado.

— Nestor, meu irmão, tem um bom coração. Ele vai te ajudar, filha — disse, poucos dias antes de partir.

Com mãos trêmulas, disquei o número. Chamou várias vezes. Já ia desligar quando uma voz rouca atendeu:

— Alô?

— Oi...

— Quem fala?

— É o senhor Nestor Dalagnol?

— Sou eu. Quem deseja?

— O senhor conhecia Eugenia Dalagnol?

Houve um silêncio. Um suspiro longo.

— Minha irmã... minha querida irmã. Mas ela sumiu faz anos. Tem notícias dela?

— Tenho... — engoli o choro — ela faleceu.

Outro silêncio. Mais pesado.

— Isso é um trote?

— Não! Não é! — respondi, firme.

— Quem é você?

Hesitei.

— Eu sou... sou filha dela. Sua sobrinha.

*

Depois disso, tio Nestor confirmou que eu dizia a verdade. Quando teve certeza, ordenou:

— Fique onde está. Estou indo te buscar.

Achei que fosse só conversa. Mas menos de uma hora depois, dois carros pretos e luxuosos pararam em frente à nossa casa simples. De um deles desceu um homem de óculos escuros, cabelos e barba grisalhos. Imponente. Parecia saído de um filme.

Abri a porta, meio sem jeito. Mas assim que ele tirou os óculos, vi um olhar doce. Gentil.

Sem dizer nada, ele me abraçou forte — como se estivesse matando uma saudade antiga.

— Eu sinto muito, minha filha.

— Está tudo bem...

Ele segurou meu rosto entre as mãos.

— Você se parece tanto com Eugenia. Tão linda quanto ela.

— Obrigada... e me desculpa ligar assim...

— Desculpar? Não! Você devia ter ligado antes. Vive aqui sozinha?

— Agora sim. Desde que mamãe se foi...

— Certo... junte suas coisas. Ou venha como está. Vai comigo pra fazenda.

— Mas... eu não posso sair daqui agora...

— Não é seguro, Catarina. Vocês aí — chamou dois homens do outro carro — ajudem minha sobrinha com o que for preciso. Eu não tenho tempo.

Quis argumentar, mas talvez ele estivesse certo. O bairro não era seguro.

— Tio Nestor, eu não quero incomodar...

— Incomodar? Você é sangue do meu sangue. Agora é minha responsabilidade. Mostre o que vai levar — disse, firme, mas com ternura.

E eu obedeci.

*

A viagem até a fazenda durou uma hora. Aos poucos, o cenário urbano deu lugar a árvores, campo e um ar fresco que eu nem lembrava que existia. O sol se punha, tingindo o céu com tons alaranjados.

— Vou cuidar de você, minha sobrinha — disse ele, enquanto dirigia. — E acho que vai se dar bem com José Eduardo.

— Quem é José Eduardo?

— Meu filho adotivo. Seu primo. Um pouco mais velho que você. Vai ser bom pra ele conviver com alguém da mesma idade.

Um arrepio subiu pela minha espinha. Algo ali me deixou inquieta.

— Ah... quero conhecê-lo.

Paramos diante de uma mansão digna de novela. Algumas empregadas uniformizadas saíram apressadas para ajudar.

— Mostrem o quarto da Catarina. Está tudo pronto como pedi?

— Só falta colocar as flores, senhor — respondeu uma delas.

— O quê? Eu mandei isso há mais de uma hora! Liguei pessoalmente!

Silêncio. Olhares baixos.

— Vamos resolver, senhor Nestor — disse outra.

Ele não disse nada, mas o olhar bastava.

— Não se assuste, minha sobrinha. Se eu não for firme, nada funciona.

— Eu entendi, tio...

Antes que entrássemos, um motor potente ecoou no ar. Um carro esportivo vermelho, reluzente, parou atrás do nosso. Parecia uma Ferrari.

Dele saiu um homem alto, cabelo impecável, barba por fazer, óculos escuros, camiseta branca e jeans bem ajustado. Mascava um chiclete, o que curiosamente só aumentava seu charme.

Ele se aproximou.

— Esse é meu filho, Catarina. José Eduardo.

— Ah... seu pai falou de você! — sorri, estendendo a mão.

José Eduardo tirou os óculos, me mediu de cima a baixo... e não retribuiu o sorriso.

— Pai, podemos conversar no escritório?

Senti minha barriga embrulhar. Meu rosto queimou.

Não precisava ser gênio pra perceber:

José Eduardo me desprezou no primeiro olhar.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP