POV CATARINA
Não era a primeira vez. Desde que voltei para casa depois do sequestro, meu corpo andava estranho.
Tonturas repentinas, inchaço nos pés, dores de cabeça que surgiam sem motivo. O médico tinha dito que era “normal” em algumas gestações, que bastava repouso, hidratação, nada para me preocupar.
Só que, no fundo, eu sabia que havia algo errado. Meu corpo sempre foi sensível, e aquela gravidez parecia estar me pedindo sinais de atenção que eu tentava ignorar.
Naquela tarde, o alerta veio com força.
Eu lia um livro de capa gasta, tentando distrair a mente, quando a dor apertou na nuca como uma faixa de ferro. Era diferente das outras vezes: mais forte, mais persistente. A visão se embaralhou. As letras da página dançaram, borradas, e o quarto girou devagar, como se eu estivesse num carrossel maldito.
Levei a mão ao ventre, instintivamente. O bebê se mexeu. Isso me deu um fio de tranquilidade, mas ao mesmo tempo fez meu coração disparar. E se esse movimento fosse de incômodo? E