“O que acontece no baile, fica no baile.” Pelo menos, era o que Francine esperava… Ex-modelo e agora empregada na mansão de Dorian Villeneuve — um CEO rico, frio e absurdamente charmoso — Francine sempre sonhou em voltar ao mundo da moda. E naquela noite, ela teria a chance perfeita. Com um plano ousado, um vestido vermelho escandaloso e a esperança de chamar a atenção de um olheiro da poderosa Agência Montblanc, ela se infiltra no baile de máscaras promovido por seu chefe. O que ela não esperava era ser beijada por ele. E o que Dorian não esperava era se apaixonar pela mulher misteriosa que o abandonou antes do amanhecer. Agora, ele está determinado a encontrá-la. O problema? Ela trabalha pra ele. Todos os dias. E ele não faz ideia. Entre encontros suspeitos, investigações, jogos de sedução e farpas hilárias, Francine será capaz de manter a identidade secreta por quanto tempo?
Ler mais— O baile de máscaras anual do senhor Dorian. — Francine olhava para as unhas bem feitas — Faltam poucas horas.
Apesar de ter abandonado a carreira de modelo e agora ser apenas uma empregada comum na enorme mansão de Dorian Villeneuve, Francine ainda não tinha desistido do sonho de desfilar na semana de moda em Paris. Ela sabia que o olheiro da Agência Montblanc — um nome poderoso no mundo da moda — estaria presente no baile promovido por seu chefe, e não desperdiçaria essa chance por nada. — Você é louca, Francine. — Malu balançou a cabeça negativamente — Você vai mesmo? Você nem tem um convite! — Meu amor, eu trabalho nessa mansão. Quem precisa de convite é quem tá lá fora. Eu só preciso de um vestido e uma máscara. Malu, a colega de quarto, cruzou os braços. — Ah, tá. E onde você vai arrumar isso, espertinha? Francine abriu o próprio guarda-roupa como quem revela um segredo de Estado. De lá, puxou um vestido vermelho escarlate, longo, com uma fenda escandalosa e um decote de tirar o fôlego. — Meus anos naquela agência de modelos estúpida serviram pra alguma coisa, vai... Ganhei isso num ensaio. Nunca tive lugar pra usar. Até hoje. — E a máscara? — Essa eu arrumo durante a festa. Dou meus pulos. — Você pretende roubar uma máscara?! — Roubar, não. Pegar emprestado. Temporariamente. Em nome do meu sonho. Malu arregalou os olhos, sussurrando: — Se o senhor Dorian descobrir, você vai ser demitida. Francine sorriu, travessa. — Como ele mesmo gosta de dizer… o que acontece no baile de máscaras fica no baile de máscaras. Ela colocou o vestido de volta no guarda-roupa com cuidado e sumiu no banheiro. Malu ficou parada, olhando para a porta fechada. — Você é maluca, Francine... Por volta das dez da noite o salão de festas da mansão começou a encher. Francine circulava entre os convidados, devidamente uniformizada, o olhar atento. Ela não queria uma pessoa. Queria uma máscara. E precisava ser perfeita. Foi quando viu. Vermelha. Brilhante. Um toque de renda nas bordas e penas negras saindo do canto direito. — Aquela, com certeza — sussurrou para si mesma. Virou nos calcanhares e correu até a porta de entrada, onde o segurança Otávio vigiava com cara de poucos amigos. — Otávio, você sabe que eu te amo, né? — Fala logo o que você quer — ele nem disfarçou o tédio. — Sabe que o senhor Dorian não gosta de ver os empregados batendo papo. Ainda mais hoje. — Você sabe que eu te amo porque é o único que embarca nas minhas loucuras. — Francine... — Preciso que você recolha as máscaras de quem for embora. Diz que é exigência do patrão, que é padrão da casa... inventa qualquer desculpa. Só recolhe. Otávio fechou os olhos, respirando fundo. — Mulher, o que você vai aprontar? — Nada. Só faz o que eu pedi. Preciso voltar lá pra dentro. — Vai logo. Não quero ser demitido por causa das suas ideias. Aquele homem é imprevisível. Francine voltou pro salão. Rápido. Focada. Parou no bar. O bartender olhou de canto para ela. — Flávio, a mulher de máscara vermelha ali pediu o drink mais escuro que você tiver. — Ah tá. E você acha mesmo que alguém nesse baile não sabe o nome de um drink escuro? — Só faz o que eu tô pedindo. Dois copos, por favor. — Vai sobrar pra mim? — Prometo que não vai sobrar nada pra você. — Olha lá, hein... — Flávio já preparava os drinks. — É por isso que eu te amo! — Ela piscou e saiu dançando entre os convidados, vigiando a mulher de vestido creme. Quando voltou ao bar, os dois copos já estavam prontos sobre a bandeja. Francine os pegou, inspirou fundo e seguiu direto. — Seu vestido é maravilhoso, moça... mas eu preciso mesmo é da sua máscara — sussurrou pra si, já chegando perto. Mais três passos. Ela tropeçou propositalmente na borda de uma mesa e jogou os dois drinks sobre o vestido de seda. — MAS QUE...?! VOCÊ TÁ LOUCA?! — a mulher gritou. — Olha o que você fez com meu vestido! Você sabe quanto ele custou?! Francine fingia desespero. — Me desculpe, moça! Foi sem querer! Deixa que eu limpo... — Tira as mãos de mim! Suas mãos imundas nem mereciam tocar esse tecido! Ela saiu bufando, acompanhada por um homem com cara de poucos amigos. Francine suspirou, segurando o riso. Voltou pra cozinha, saiu pelos fundos da mansão e correu até Otávio. — Conseguiu pegar as máscaras? — Sim... — Ele estendeu uma sacola com quatro delas. — O que você vai fazer com isso? — A ignorância é uma benção. Tem certeza que quer saber? — Toma isso aqui e some da minha frente — ele empurrou a sacola. — Antes que eu me arrependa. Francine abriu, vasculhou com cuidado e sorriu quando a encontrou. A máscara vermelha. Ainda molhada nas bordas. — Perfeita. Ela se virou e voltou para a mansão, pronta para o próximo passo. Francine correu até o quarto como se o mundo fosse acabar em cinco minutos. Arrancou o uniforme de empregada e abriu o guarda-roupa com reverência. Ali estava ele. O vestido vermelho escarlate. Ela o vestiu como quem já tinha ensaiado aquela cena mil vezes. O tecido colou no corpo. A fenda subiu quase até a alma. O decote... uma ousadia que nem ela sabia que tinha guardado. Calçou um salto preto, alto o bastante pra fazer barulho ao entrar. Pegou a máscara vermelha, ainda úmida, mas perfeita. Um retoque de base, um blush discreto... E o batom vermelho, claro. Era a assinatura. Ela se olhou no espelho, com a máscara já no rosto, e sorriu. — Quem não se apaixonar por esse sorriso... ou é cego, ou gosta de banguela. Deu meia-volta, saiu novamente pelos fundos da mansão e correu até Otávio. Ele arregalou os olhos quando a viu. — Eu não vou nem perguntar. Vai. Antes que eu me arrependa. Ela piscou, segurou o riso e entrou pela porta da frente do salão. Como uma convidada. A música estava mais intensa agora. O salão, lotado. Francine andava devagar, os olhos brilhando enquanto tentava identificar quem poderia ser o olheiro entre tantos homens mascarados. Ninguém ali sabia quem ela era. Mas era como se ela tivesse nascido pra estar ali. E então, ela sentiu. Um olhar. Firme. Parado nela.Uma limusine preta deslizou suavemente até a entrada do prédio. O burburinho dos convidados que aguardavam do lado de fora se dissipou, substituído pelo clique frenético das câmeras. Os fotógrafos se inclinaram à frente, já esperando que alguma celebridade surgisse. Mas antes que Chloé pudesse mover a perna para fora do carro, uma mão masculina segurou a dela com firmeza. O homem que a acompanhava, um senhor grisalho, de terno preto impecável e ar contido, inclinou-se levemente na direção dela e disse, num tom baixo, porém cortante: — Lembre-se: o convidado sou eu, e você é apenas a acompanhante. Não quero ver meu nome nas colunas de fofoca amanhã. Chloé ergueu o queixo e sorriu, um sorriso doce, ensaiado. — Claro, querido. Ela deslizou para fora da limusine com a leveza de quem ensaia há anos para um momento como aquele. Assim que seus saltos finos tocaram o tapete vermelho, ergueu levemente o queixo e deixou que os flashes a envolvessem. O vestido vermelho de cetim, justo
Dorian ajeitava a gravata pela terceira vez diante do espelho, a mandíbula rígida, os olhos frios, tentando disfarçar o turbilhão que se agitava por dentro. Separou três ternos sobre a cama, mas não havia dúvidas: escolheu o de corte impecável em azul-marinho, alinhado milimetricamente ao corpo. Pegou o estojo de veludo preto e abriu com calma, revelando as abotoaduras de prata. Segurou-as na palma da mão por alguns segundos, como se aquelas pequenas peças fossem talismãs, e então as fixou nos punhos com gestos calculados. — Perfeição ou nada — murmurou, quase como um mantra. A gravata escolhida não era qualquer uma: seda italiana, azul profundo, discreta e imponente. O tipo de detalhe que falava sem precisar de palavras. Um sinal silencioso de que estava ali para reconquistar o que lhe pertencia, e ninguém o impediria. Endireitou os ombros diante do espelho e viu refletida a mistura contraditória de orgulho e medo. Estava preparado, mas também ciente de que aquela noite p
A maquiadora baixou o spray, deu um passo para trás e disse com um sorriso satisfeito: — Terminamos. Aquela simples palavra foi suficiente para Francine sentir o coração acelerar. Por um instante, teve vontade de chorar, mas conteve-se para não borrar nada. Levantou-se devagar, os pés descalços tocando o chão de madeira, e se colocou diante do espelho de corpo inteiro. Ficou apenas olhando para si mesma por um momento. O reflexo que a encarava não parecia a garota de semanas atrás, perdida no meio de cafés e clientes habituais. Era uma mulher pronta para enfrentar o salão mais importante da sua carreira. Os cabelos, agora mais curtos, caíam em curvas suaves pelo pescoço, deixando um lado do rosto completamente à mostra e cobrindo levemente o outro, numa assimetria charmosa. Havia algo de quase cinematográfico na forma como uma mecha ondulada roçava a linha do maxilar, lembrando a sensualidade velada da Jessica Rabbit. O quarto de Francine, improvisado como camarim naquela no
Francine mantinha o ritmo da corrida ao lado de Adele, sentindo o ar fresco da tarde invadir os pulmões e despertar cada fibra do corpo. Quando passaram por um grupo de rapazes concentrados em exercícios de calistenia, Francine não pôde evitar o pensamento imediato em Dorian. A postura ereta, a intensidade dos movimentos, a disciplina estampada naqueles rostos, tudo lhe trazia à mente a figura dele. O coração apertou de leve, e ela sacudiu a cabeça como quem tenta espantar uma lembrança inconveniente. — Vou aumentar o ritmo um pouco — disse, forçando um sorriso para disfarçar. Adele riu, ajeitando a faixa que prendia o cabelo grisalho. — Não há necessidade disso, chérie. Você se esquece que eu não sou mais uma jovenzinha como você. Se acelerar demais, vou ficar para trás. A observação arrancou de Francine uma gargalhada sincera, daquelas que desarmavam qualquer tensão. As duas continuaram correndo lado a lado, rindo do exagero, sem perceber que acabavam de passar por D
O avião começou a perder altitude suavemente, e pelas janelas largas da primeira classe, Dorian podia ver Paris surgindo emoldurada pela manhã nublada. Seus olhos fixaram-se em algum ponto distante, como se pudessem adivinhar onde Francine estava naquele instante. A ideia de estar tão perto e ainda assim tão longe fez seu peito apertar. O pouso foi rápido, mas a espera no saguão do aeroporto o lembrou que, para certas coisas, o tempo parecia se arrastar. Enquanto aguardava o táxi, o cansaço que vinha sendo ignorado ao longo do voo finalmente se impôs. Assim que entrou no carro, deixou o silêncio dominar. Não havia espaço para pequenas conversas com o motorista, não naquela manhã. O hotel escolhido para a estadia era um dos mais renomados da cidade, com colunas imponentes na entrada e lustres de cristal que cintilavam no lobby. Funcionários impecavelmente vestidos o receberam com a deferência de quem já sabia exatamente quem ele era, levando suas malas até o quarto com
O burburinho tomou conta do salão assim que o leilão foi encerrado.Convidados cochichavam entre si, alguns impressionados com a ousadia de Dorian, outros calculando mentalmente quanto tempo levariam para juntar uma quantia sequer próxima da que ele havia acabado de oferecer. O nome Villeneuve circulava em sussurros, acompanhado de olhares curiosos e até um ou outro gesto de respeito disfarçado.Dorian, indiferente à comoção que causara, levou a taça de espumante aos lábios, tomou um último gole lento e repousou o cristal vazio sobre a bandeja de um garçom que passava.Em seguida, ergueu-se com a mesma tranquilidade de quem havia dado apenas um lance modesto. Malu, ainda com o coração disparado, levantou quase no mesmo instante, como se o instinto dissesse que seu lugar era seguir os passos dele.Cássio, claro, não perderia a oportunidade de se manter próximo. Ergueu-se também, ajeitando o paletó com ares de deboche.Os três seguiram juntos rumo à equipe de organização para acertar
Último capítulo