5 - Sorriso discreto

As mãos dele deslizaram devagar pelas costas dela, explorando cada curva como se decorasse um mapa.

Francine se arrepiou inteira, mas não entregaria isso tão fácil.

— Você tem mãos perigosas... Deveria avisar seus convidados.

— E você tem uma boca que devia vir com aviso de incêndio.

Ela riu, enquanto deixava ele abrir lentamente o zíper do vestido. Cada segundo era mais quente que o anterior.

— Vai devagar. Esse vestido não foi feito pra ser rasgado.

— Eu sou um homem cuidadoso.

— É mesmo? Cuidado é a última coisa que eu esperava de você.

Ele colou o corpo ao dela, já sentindo o calor da pele por baixo do tecido.

— Então talvez eu esteja prestes a te surpreender.

A mão dele deslizou pela fenda do vestido, subindo sem pressa.

Quando chegou à cintura e descobriu que não havia nada entre o tecido e a pele, parou por um instante — como se o ar tivesse mudado.

Ele aproximou a boca do ouvido dela.

— Isso é traiçoeiro — sussurrou, rouco.

Ela sorriu, maliciosa.

— Pelo visto, eu que te surpreendi.

Ele não resistiu. Queria perguntar quem ela era. Quase.

Mas antes que a pergunta escapasse, ela pressionou o dedo contra os lábios dele, e fez um “shhhh”.

Palavras foram banidas. O desejo, não.

O olhar de Dorian queimava.

Ele abaixou lentamente a alça do vestido, os lábios seguindo o caminho até o pescoço dela. A boca explorava como se marcasse território.

A cada centímetro, um arrepio. A cada toque, uma resposta silenciosa.

Quando o vestido caiu no chão e os seios ficaram expostos, ele deslizou a língua até eles — faminto, firme, devoto.

Mas antes que pudesse saborear mais, Francine o empurrou com força sutil e o jogou na cama, subindo imediatamente sobre ele como uma deusa tomando posse de seu altar.

Sem pressa, com os olhos vidrados nos dele, ela começou a abrir os botões da camisa — um por um.

Ele a tocava enquanto ela fazia isso, com as mãos firmes no quadril, depois na cintura, e por fim apenas observando, como se a visão fosse sagrada.

"Como ela pode ser tão perfeita?" — pensou. Mas nem ousou dizer em voz alta. Ali, palavras não tinham mais espaço.

Quando ela finalmente abriu a camisa e retirou o cinto dele, ele agarrou a oportunidade.

Inverteu as posições com um só movimento, a colocando de costas para a cama.

Usou o próprio cinto para prender os pulsos dela acima da cabeça, sem força, sem pressão — apenas como símbolo de que agora ele conduzia a dança.

Se ela quisesse sair dali, poderia.

Mas não quis.

Ele beijou o pescoço, os ombros, o centro do colo, a linha da cintura… cada curva foi descoberta com a boca, como se esculpisse nela uma memória.

Ela arfava, o corpo arqueando sob ele, prestes a implodir com o toque.

Mas antes que ele a fizesse perder o juízo só com aquilo, ela soltou os pulsos com um puxão ágil, se ergueu e tomou o controle de volta.

Ela cavalgou com elegância e fome.

Retirou o que restava de roupa dele com os dedos impacientes e dançou em seu colo no ritmo da música que tocava — um batimento sensual e insistente.

O prazer crescia sem que nenhum dos dois dissesse nada.

O mundo inteiro era aquele quarto, aquela cama, aquela guerra de vontades.

E quando enfim o silêncio se quebrou com os gemidos, suspiros pesados e os corpos exaustos, eles sabiam: aquilo não era seria uma noite qualquer.

Ela foi dele, com tanta entrega quanto controle.

E ele... bom, ele não estava preparado para o que aconteceria depois daquela noite.

Pela manhã, o quarto estava banhado por uma luz suave quando Dorian acordou.

Virou-se na cama, ainda envolto no calor da noite anterior.

Mas o outro lado estava vazio.

Ela havia ido embora.

A única coisa que restava era a máscara escarlate, deixada cuidadosamente sobre o travesseiro.

E ao lado dela, um bilhete em letras pequenas e seguras:

“Pra você guardar de lembrança. Mas não se acostume. Não sou do tipo que repete histórias.”

Dorian leu uma vez. Duas. Três.

Sorriu.

E sussurrou:

— Senhorita Escarlate... você ainda vai dançar muito no meu colo.

Dorian se trocou com calma, como se ainda tivesse esperanças que a mulher misteriosa voltasse.

Vestiu uma camisa social escura, pôs o relógio no pulso, deixou o cabelo perfeitamente alinhado.

Desceu as escadas como fazia todos os dias.

Postura reta. Silencioso.

Entrou na sala de refeições da ala principal e se sentou à longa mesa de madeira nobre, como um rei solitário no trono.

O café já estava servido — como sempre. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele não estava com pressa.

Pegou a xícara de porcelana com uma lentidão incomum. E, enquanto tomava o primeiro gole, deixou o pensamento voltar para a noite anterior.

O beijo. O vestido. A boca cínica. A máscara sobre o travesseiro.

E ele, tão rendido ao cansaço — ou à maneira como ela o desmontou — sequer notou quando ela saiu.

Um sorriso discreto escapou.

Dorian Villeneuve sorrindo. Às oito da manhã. Durante o café da manhã.

Malu, que entrava com uma bandeja extra, quase deixou a jarra de suco cair.

Parou por um segundo perto da porta, o olhar fixo na figura de Dorian sentado à mesa.

Ele estava calmo. Lento. Com um leve sorriso no rosto.

Era quase imperceptível, mas para alguém como Malu — que trabalhava naquela casa há tempo suficiente para decifrar o humor do patrão só pelo som dos passos — aquele pequeno detalhe era uma explosão de significado.

Ela depositou a bandeja na ponta da mesa com o cuidado de quem não queria interromper o que quer que estivesse acontecendo ali.

Dorian não a olhou. Não agradeceu. Não disse nada.

Continuou tomando o café como se estivesse sozinho no mundo.

Frio. Rígido. Comedido. Mas... com um sorriso.

Malu terminou de organizar as frutas, ajeitou os guardanapos e saiu da sala como entrou: sem uma palavra.

“Francine precisa saber disso…”

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