As mãos dele deslizaram devagar pelas costas dela, explorando cada curva como se decorasse um mapa.
Francine se arrepiou inteira, mas não entregaria isso tão fácil. — Você tem mãos perigosas... Deveria avisar seus convidados. — E você tem uma boca que devia vir com aviso de incêndio. Ela riu, enquanto deixava ele abrir lentamente o zíper do vestido. Cada segundo era mais quente que o anterior. — Vai devagar. Esse vestido não foi feito pra ser rasgado. — Eu sou um homem cuidadoso. — É mesmo? Cuidado é a última coisa que eu esperava de você. Ele colou o corpo ao dela, já sentindo o calor da pele por baixo do tecido. — Então talvez eu esteja prestes a te surpreender. A mão dele deslizou pela fenda do vestido, subindo sem pressa. Quando chegou à cintura e descobriu que não havia nada entre o tecido e a pele, parou por um instante — como se o ar tivesse mudado. Ele aproximou a boca do ouvido dela. — Isso é traiçoeiro — sussurrou, rouco. Ela sorriu, maliciosa. — Pelo visto, eu que te surpreendi. Ele não resistiu. Queria perguntar quem ela era. Quase. Mas antes que a pergunta escapasse, ela pressionou o dedo contra os lábios dele, e fez um “shhhh”. Palavras foram banidas. O desejo, não. O olhar de Dorian queimava. Ele abaixou lentamente a alça do vestido, os lábios seguindo o caminho até o pescoço dela. A boca explorava como se marcasse território. A cada centímetro, um arrepio. A cada toque, uma resposta silenciosa. Quando o vestido caiu no chão e os seios ficaram expostos, ele deslizou a língua até eles — faminto, firme, devoto. Mas antes que pudesse saborear mais, Francine o empurrou com força sutil e o jogou na cama, subindo imediatamente sobre ele como uma deusa tomando posse de seu altar. Sem pressa, com os olhos vidrados nos dele, ela começou a abrir os botões da camisa — um por um. Ele a tocava enquanto ela fazia isso, com as mãos firmes no quadril, depois na cintura, e por fim apenas observando, como se a visão fosse sagrada. "Como ela pode ser tão perfeita?" — pensou. Mas nem ousou dizer em voz alta. Ali, palavras não tinham mais espaço. Quando ela finalmente abriu a camisa e retirou o cinto dele, ele agarrou a oportunidade. Inverteu as posições com um só movimento, a colocando de costas para a cama. Usou o próprio cinto para prender os pulsos dela acima da cabeça, sem força, sem pressão — apenas como símbolo de que agora ele conduzia a dança. Se ela quisesse sair dali, poderia. Mas não quis. Ele beijou o pescoço, os ombros, o centro do colo, a linha da cintura… cada curva foi descoberta com a boca, como se esculpisse nela uma memória. Ela arfava, o corpo arqueando sob ele, prestes a implodir com o toque. Mas antes que ele a fizesse perder o juízo só com aquilo, ela soltou os pulsos com um puxão ágil, se ergueu e tomou o controle de volta. Ela cavalgou com elegância e fome. Retirou o que restava de roupa dele com os dedos impacientes e dançou em seu colo no ritmo da música que tocava — um batimento sensual e insistente. O prazer crescia sem que nenhum dos dois dissesse nada. O mundo inteiro era aquele quarto, aquela cama, aquela guerra de vontades. E quando enfim o silêncio se quebrou com os gemidos, suspiros pesados e os corpos exaustos, eles sabiam: aquilo não era seria uma noite qualquer. Ela foi dele, com tanta entrega quanto controle. E ele... bom, ele não estava preparado para o que aconteceria depois daquela noite. Pela manhã, o quarto estava banhado por uma luz suave quando Dorian acordou. Virou-se na cama, ainda envolto no calor da noite anterior. Mas o outro lado estava vazio. Ela havia ido embora. A única coisa que restava era a máscara escarlate, deixada cuidadosamente sobre o travesseiro. E ao lado dela, um bilhete em letras pequenas e seguras: “Pra você guardar de lembrança. Mas não se acostume. Não sou do tipo que repete histórias.” Dorian leu uma vez. Duas. Três. Sorriu. E sussurrou: — Senhorita Escarlate... você ainda vai dançar muito no meu colo. Dorian se trocou com calma, como se ainda tivesse esperanças que a mulher misteriosa voltasse. Vestiu uma camisa social escura, pôs o relógio no pulso, deixou o cabelo perfeitamente alinhado. Desceu as escadas como fazia todos os dias. Postura reta. Silencioso. Entrou na sala de refeições da ala principal e se sentou à longa mesa de madeira nobre, como um rei solitário no trono. O café já estava servido — como sempre. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ele não estava com pressa. Pegou a xícara de porcelana com uma lentidão incomum. E, enquanto tomava o primeiro gole, deixou o pensamento voltar para a noite anterior. O beijo. O vestido. A boca cínica. A máscara sobre o travesseiro. E ele, tão rendido ao cansaço — ou à maneira como ela o desmontou — sequer notou quando ela saiu. Um sorriso discreto escapou. Dorian Villeneuve sorrindo. Às oito da manhã. Durante o café da manhã. Malu, que entrava com uma bandeja extra, quase deixou a jarra de suco cair. Parou por um segundo perto da porta, o olhar fixo na figura de Dorian sentado à mesa. Ele estava calmo. Lento. Com um leve sorriso no rosto. Era quase imperceptível, mas para alguém como Malu — que trabalhava naquela casa há tempo suficiente para decifrar o humor do patrão só pelo som dos passos — aquele pequeno detalhe era uma explosão de significado. Ela depositou a bandeja na ponta da mesa com o cuidado de quem não queria interromper o que quer que estivesse acontecendo ali. Dorian não a olhou. Não agradeceu. Não disse nada. Continuou tomando o café como se estivesse sozinho no mundo. Frio. Rígido. Comedido. Mas... com um sorriso. Malu terminou de organizar as frutas, ajeitou os guardanapos e saiu da sala como entrou: sem uma palavra. “Francine precisa saber disso…”