Mundo ficciónIniciar sesión— Killian, eu te amo. — Eu sei. — Você sabe o que eu quero ouvir… — Dorme, Amara. Naquela noite, mesmo sem ouvir um “eu também te amo”, Amara Castellari ainda tinha tudo: riqueza, família, amor... Ela acreditava firmemente que o pai, acusado de fraude comercial, era inocente e que todos superariam aquela crise para seguir rumo a um futuro mais brilhante. Porém, no tribunal, o testemunho de seu marido, Killian Navarro, destruiu tudo: — Eu testemunho que o senhor Samuel Castellari realmente participou de atividades ilegais de fraude. O pai foi preso, a mãe fugiu, os bens foram confiscados, o casamento foi anulado à força… Afinal, sua riqueza era suja. Afinal, sua família era culpada, o pai tinha destruído a empresa do avô de Killian usando métodos desprezíveis. Afinal, seu amor não passava de um miragem, o marido nunca a amava. Em um piscar de olhos, ela caiu do paraíso ao inferno. A vida de luxo foi trocada por dívidas, um apartamento úmido e dois trabalhos exaustivos. Ainda assim, no inferno, ela se recusava a deixar de lutar. Mas o inferno não era o fim da queda: Ela estava grávida, mas ele estava noivo de uma herdeira bilionária. Quando Killian descobre a gravidez, impõe um contrato frio: ela terá o filho, ele pagará por isso. Nenhum romance. Nenhuma reconciliação. Apenas posse. Agora, presa em uma mansão dourada, Amara se tornou a amante secreta do seu ex-marido. Mas segredos, como amores mal enterrados, sempre voltam à tona. E quando isso acontecer, ninguém sairá ileso…
Leer másPOV Amara Castellari
Naquela noite, três anos depois do nosso casamento, o sexo tinha sido ainda mais intenso do que na primeira vez da lua de mel.
A chuva forte batia contra os vitrais da mansão, um ritmo intenso e enlouquecido, como o bater dos nossos corpos.
Killian, meu marido, meu amor.
Ele tinha sido o homem que eu amava desde a juventude. Anos atrás, a empresa da família dele passou por uma crise terrível, quase à beira da falência. Foi meu pai quem comprou a companhia deles, ajudando-os a sobreviver. Depois disso, nossas famílias ficaram cada vez mais próximas, e o casamento aconteceu exatamente como eu sempre sonhara.
O quarto estava mergulhado em sombras, iluminado apenas pelo brilho tênue das velas, que lançavam danças de luz sobre a pele de Killian dourada, suada, tensa.
Ele estava acima de mim, cada embalo mais profundo que o anterior.
Eu me arqueava, minhas unhas cravando-se em suas costas, deixando marcas vermelhas que ele merecia carregar.
— Amara… — Ele sussurrou meu nome com um rosnado baixo, animal, como se estivesse perdendo o controle, algo tão raro nele, seus lábios encontrando meu pescoço.
Mordendo, sugando, marcando.
Eu me contorci, minhas pernas envolvendo seus quadris, puxando-o mais para dentro, querendo sentir cada centímetro dele. Seus dedos entrelaçaram-se nos meus cabelos, puxando minha cabeça para trás, e ele me beijou com uma fúria que quase doía.
Era um beijo de posse.
— Você é minha — ele rosnou contra minha boca.
E eu era.
Ele mudou o ângulo, e eu arquei as costas, um grito sufocado escapando quando ele me atingiu de um jeito que fez estrelas explodirem atrás das minhas pálpebras. Seus olhos, tão frios normalmente, agora ardiam com uma intensidade que me deixava sem ar.
— Killian… — Gemi, minhas pernas tremendo, meu corpo à beira do abismo.
Meu orgasmo me atingiu como uma onda, violento, incontrolável, arrancando gritos que ele abafou com outro beijo voraz. Ele não parou, continuou se movendo, prolongando a agonia do prazer até eu estar sensível demais.
Só então ele permitiu a si mesmo ceder.
Seu corpo enrijeceu, seus músculos tensionando, e ele enterrou o rosto no meu pescoço, um gemido rouco escapando quando ele chegou ao próprio limite. Eu senti cada pulsação dele dentro de mim.
Ele desabou ao meu lado, a respiração pesada, os olhos fechados.
Por um momento, ficamos assim, envoltos no silêncio pesado, apenas o som da chuva e dos nossos corpos ainda tremendo.
— Foi o melhor da nossa vida — murmurei, sorrindo.
Ele não respondeu. Apenas abriu os olhos e olhou para o teto, a expressão dele fechando-se novamente.
— Três anos… — murmurei, os dedos brincando com os fios dourados do seu cabelo. — Três anos desde que disse que me amava na frente de todos. Acho que é hora de pensarmos em um filho, não acha? Se for menina, quero chamá-la de Íris… e se for menino, talvez Mateo? Quero um quartinho pintado de amarelo-claro, sabe? Uma varanda com flores, e a nossa criança correndo pela casa…
O silêncio dele foi um soco invisível.
Killian ergueu os olhos para mim e, por um instante, vi algo quebrar lá dentro.
Meu coração apertou.
Eu sabia que ele estava preocupado com o julgamento do meu pai no dia seguinte. Quem não estaria? Meu pai, um homem tão honesto e bondoso, tinha sido acusado de fraude. Mas depois de me aliviar daquela forma, já me senti muito melhor, e eu acreditava cegamente na inocência do meu pai.
— Vai ficar tudo bem, Killian. — Sussurrei. — Meu pai nunca mentiu para mim. E com você como testemunha, com certeza isso vai passar.
A expressão dele mudou por um segundo... uma mistura de ironia amarga e dor, antes de ele se inclinar e me beijar.
Mas não era o beijo de um marido apaixonado. Era o beijo de um homem se despedindo, mesmo que o corpo ainda estivesse ali.
— Eu amo você… — murmurei contra seus lábios.
Ele fechou os olhos, respondeu num tom quase imperceptível:
— Eu sei.
Essas duas palavras… tão simples. Ele nunca dizia “eu também te amo”. Antes, eu não ligava, mas esta noite… parecia que eu sentia algo no ar, e queria desesperadamente ouvir.
— Você sabe qual é a frase que eu quero ouvir…
— Dorme, Amara.
Fiquei um pouco desapontada, mas não muito triste.
Afinal, nós vamos ficar juntos para sempre.
***
No dia seguinte
A sala do tribunal estava repleta de murmúrios e olhares curiosos que quase me sufocavam.
Mas o que realmente importava era Killian
Ele estava sentado no banco das testemunhas, com uma expressão fria, distante, como se fosse apenas um espectador. Para ele, aquele julgamento que destruiria minha família parecia nada mais do que uma peça de teatro sem importância.
Quando ele se levantou, meu coração disparou.
Diga, Killian, ajude meu pai a provar sua inocência.
Mas no instante em que ele abriu a boca, todas as minhas esperanças foram esmagadas.
— É verdade que o senhor Samuel Castellari estava envolvido em atividades ilegais
A sala ficou em silêncio, e eu senti o mundo desmoronar ao meu redor. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Ele o acusou.
Meu marido, acusou, meu pai…
O homem que eu amava tanto, tanto, naquele momento decisivo, tinha me traído.
A raiva e a dor se misturaram em mim, e eu não consegui me conter.
— Killian…? Papai…
O burburinho explosivo no tribunal abafou a minha voz, chocada e quebrada.
— Filha… — Meu pai me olhou com desespero.
— Silêncio! — o juiz bateu o martelo.
— POR QUÊ? POR QUE FEZ ISSO? — Meu grito desesperado atraiu o olhar gelado dele…
E o silêncio.
Ele virou a cabeça, impiedoso, para o juiz.
— Essa é toda a verdade.
— MENTIRA! — minha voz explodiu na sala. — VOCÊ DESTRUIU A MINHA FAMÍLIA! Killian!! Você me usou! Traiu meu pai! Meu pai sempre foi tão bom pra você… TRAIDOR!!!
Os seguranças se aproximaram, e eu me vi sendo puxada para fora da sala, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. A indignação e a dor eram insuportáveis.
Como ele pôde? Como ele pôde me fazer isso?
A imagem do nosso momento na noite anterior, quando eu acreditava que éramos um só, agora parecia uma cruel ilusão.
Fui levada para fora.
Eu precisava de respostas, precisava entender por que Killian havia feito isso. Ele não era o homem que eu conhecia. O homem que amava. O homem que me prometeu que sempre estaria ao meu lado.
***
No meio da tempestade, as portas do tribunal se abriram com estrondo.
Killian saiu como um guerreiro vitorioso.
Eu estava encharcada, mas a chuva não conseguiu apagar minha fúria.
Avancei e dei um tapa nele com toda a força.
Mil perguntas entaladas na minha garganta, mas nenhuma saiu. Eu me engasguei ainda mais, sem saber se no meu rosto escorriam gotas de chuva ou lágrimas, olhando fixamente para ele.
Ele levantou a mão, limpou o sangue no canto da boca e me estendeu o guarda-chuva.
— Não! — gritei, derrubando o guarda-chuva no chão.
Os flashes das câmeras iluminavam a escuridão da tempestade. A cena estava sendo registrada por jornalistas. Eu podia ouvir os murmúrios de zombaria..
A tragédia se tornou um espetáculo público, e eu era a protagonista de um drama que não escolhi viver.
Killian respirou fundo.
Eu esperava que ele se aproximasse, que tentasse me consolar, dizendo “Acorda, Amara, você só teve um pesadelo.”
Mas, em vez disso, ele se afastou.
— Amara, isso acaba aqui — a voz dele era firme, igual à sentença de prisão perpétua que o juiz acabara de dar ao meu pai — Eu nunca te amei. Tudo não passou de uma vingança.
Vingança? O que ele queria dizer com isso?
— Aquele que destruiu tudo o que meu avô construiu, foi o seu pai. Foi ele quem arruinou minha família, quem nos deixou sem nada. Minha avó faleceu porquê não tínhamos dinheiro para bancar as despesas médicas. O que ele está passando agora é o que merece.
— Você está mentindo! Foi o meu pai quem salvou você!
— Isso foi apenas uma esmola hipócrita.
— Você não é o homem que eu conheço! — gritei, a dor transbordando em cada sílaba. — O que fez com o meu marido? O que fez com o homem que eu amo? Qu…Quem é você?
Ele balançou a cabeça, como se estivesse se libertando de um fardo.
— Não, Amara. Você criou uma imagem minha que nunca existiu. O tribunal já aprovou meu pedido de divórcio. Acabou, tudo isso.
— Então é isso? — perguntei, a voz trêmula. — Você vai me deixar assim, sem nada?
Ele hesitou, e por um breve momento, vi uma fração de dúvida em seus olhos. Mas logo se foi, substituída por uma frieza.
— É o melhor para nós dois. — Ele se virou, começando a se afastar.
— KILLIAN! — gritei, mas ele não olhou para trás.
A chuva continuava a cair, e eu me vi sozinha, encharcada e desolada, enquanto a realidade se instalava. Os jornalistas continuavam a registrar a cena, ainda queriam me fazer perguntas, mas eu não me importava mais.
Corri para casa. Nossa casa. Mas Killian nunca mais voltaria.
Joguei-me na cama. Nossa cama. Mas o homem com quem dormi ao lado por três anos era um inimigo. O casamento que eu acreditava ser um laço inquebrável agora se tornara uma corda que me estrangulava. Três anos, uma vingança.
Se tudo isso for verdade, se meu pai for culpado, se meu marido for inimigo, então… qual é meu pecado?
Chorei até desmaiar, até que um estrondo na porta de casa me acordou…
POV Beatriz A ligação do meu pai não devia me abalar. Mas abalou.Cada palavra. Cada ordem. Cada sílaba cuspida como se eu fosse uma criança desobediente e não a mulher que ele mesmo treinou para destruir quem fosse inconveniente.Eu sempre achei que nada poderia me humilhar. Nada. Mas hoje? Hoje eu descobri o gosto da humilhação."— Beatriz, você vai se afastar dele — meu pai disse, com aquela voz grave que sempre silenciou salas inteiras.Eu me sentei na cama do hotel, porque eu não aguentei voltar para casa e encarar o silêncio vazio e apertei o lençol com tanta força que minhas unhas quase rasgaram o tecido.— Pai… — tentei argumentar, mas ele me cortou como uma lâmina.— Você ultrapassou limites. Sua interferência colocou nosso acordo em risco. Você NÃO tocará em Killian e NÃO tocará na outra."A outra.Ele nem usou o nome dela. Como se ela não fosse nada. Como se fosse apenas… um obstáculo. O problema é que ela NÃO é nada. Ela é a ameaça real. A pedra no meu salto Louboutin. A
POV Killian NavarroLevo Amara até seu quarto, onde a mesma murmura que precisa descansar e sigo para o meu quarto. Fecho a porta devagar.... devagar demais para um homem que quer explodir o mundo.Mas eu precisava ver ela entrar. Precisava ver que ela estava ali, naquele quarto, no meu teto, no meu alcance, no meu território.Eu precisava ter certeza de que Dominic não podia tocá-la. Que Beatriz não podia encostá-la.Que ninguém… absolutamente ninguém, poderia machucar o que é meu. E então, quando a porta clicou atrás de mim, algo dentro de mim simplesmente… alinhou.Não era calma. Não era paz. Era o oposto. Era estratégia. Era guerra. Eu precisava de um plano. Caminho até meu quarto enquanto tiro o paletó, jogo-o na poltrona, afrouxo a gravata e vou até o armário onde guardo o que realmente importa: documentos, contratos, dossiês e munição política.Sim... Você não dorme sendo um Navarro. Você descansa com as armas ao alcance.A primeira coisa que faço é abrir o cofre. O código gi
Pov AmaraEu não deveria estar aqui.Nem no hospital. Nem nos braços dele quando ele me puxou pelo corredor. Nem dentro desse carro que parece pequeno, demais para duas pessoas que carregam um mundo inteiro quebrado entre elas.Killian dirige como se o volante estivesse ligado ao coração dele... firme, tenso, perigoso. O casaco do terno aberto, a camisa impecável, o olhar duro… nada nele mostra que esteve desmaiado uns dias atrás.Mas eu sei. Eu vi. Eu senti o peso do corpo dele no colchão, ao meu lado, antes do mundo dele desabar. E agora… a mandíbula travada, o nariz afilado sob a luz da manhã, o silêncio que poderia cortar vidro, tudo isso grita mais do que qualquer palavra.Ele está furioso. E não comigo, necessariamente.Mas saber que um furacão está solto não muda o fato de que eu estou bem no olho dele.O carro freia diante da mansão, o portão se abrindo com um rugido metálico. Eu aperto o cinto sem perceber, como se pudesse me proteger de algo maior que metal e concreto.Killi
POV Killian NavarroA porta bate.Beatriz desaparece no corredor branco do hospital com o salto ecoando como se cada passo fosse um aviso do destino: acabou a paz.Eu fico ali. Sentado na cama.Com o soro pendurado, o monitor apitando irritado, e o corpo doendo como se eu tivesse sido atropelado por um caminhão, mas nada disso chega perto do estrago que eu sinto dentro do peito.Amara está parada ao lado da cama. Pálida. Tremendo. Os olhos vermelhos de quem chorou, de quem segurou tudo sozinha por tempo demais.E ela não olha pra mim. Isso me destrói mais do que qualquer colapso físico. Eu arrasto a voz para fora, rompendo o silêncio cortante:— Amara… como ela descobriu?Ela fecha os olhos por um segundo, como se isso doesse até de lembrar.Quando abre de novo, as pupilas brilham. Não de medo. De exaustão.— Dominic contou. — diz, baixo. — Sem querer. Mas contou.Meu estômago aperta. Forte.— Como assim, “sem querer”? — minha voz sai baixa, mas afiada.Ela engole seco, respirando ráp
POV AmaraA madrugada passou arrastada.bDominic dorme no quarto ao lado, ou finge dormir. Eu não sei.Desde que ele chegou, bêbado, arrasado, confessando que contou a Beatriz… o ar nesse apartamento pesa como chumbo.Passei a noite em claro, sentada no sofá, observando as luzes da cidade pelas janelas imensas. Cada farol que passa lá embaixo me parece um aviso: você precisa agir, agora.Mas como? Como se enfrenta uma mulher como Beatriz Argento?A lembrança da expressão dela na casa de Killian me atravessa: o olhar afiado, o controle perfeito de cada palavra. O tipo de mulher que não perdoa.bQue destrói primeiro, pergunta depois.Eu passo a mão sobre a barriga, o gesto que virou hábito, consolo e medo. O bebê se mexe levemente, como se sentisse a inquietação da mãe.— Eu sei… — sussurro, baixinho. — A gente vai ficar bem. Eu prometo.Levanto do sofá antes que o peso das promessas me esmague. O relógio marca pouco mais de seis da manhã. A claridade tímida invade o apartamento, dourando
POV BeatrizO barulho do salto ecoa pela calçada molhada como um aviso.Cada passo meu é um golpe no chão. Cada respiração, um lembrete de que estou viva e de que o mundo, por algum motivo, ainda não desabou sobre a cabeça de quem me feriu.A chuva fina apaga metade das luzes da rua, mas o que me guia agora não é visão. É raiva. Pura. Crua. Antiga.Abro a porta do carro e me jogo no banco de trás. O motorista me encara pelo espelho com medo, como se sentisse o perigo. Ele devia sentir mesmo.— Pra casa, senhora Argento? — pergunta, cauteloso.Penso por um segundo. Casa.bAquela mansão vazia, feita de mármore e aparências, onde o amor morreu há muito tempo.— Não. — respondo, fria. — Me leve para o hotel.Ele engole em seco, liga o carro e segue. Encosto a cabeça no vidro e deixo a cidade desfilar em borrões de luz.Minhas mãos tremem. Ainda posso ouvir a voz dele, Dominic, repetindo as palavras que agora queimam na minha mente como ácido: “O filho é do Killian.”Por alguns segundos, eu
Último capítulo