— Killian, eu te amo. — Eu sei. — Você sabe o que eu quero ouvir… — Dorme, Amara. Naquela noite, mesmo sem ouvir um “eu também te amo”, Amara Castellari ainda tinha tudo: riqueza, família, amor... Ela acreditava firmemente que o pai, acusado de fraude comercial, era inocente e que todos superariam aquela crise para seguir rumo a um futuro mais brilhante. Porém, no tribunal, o testemunho de seu marido, Killian Navarro, destruiu tudo: — Eu testemunho que o senhor Samuel Castellari realmente participou de atividades ilegais de fraude. O pai foi preso, a mãe fugiu, os bens foram confiscados, o casamento foi anulado à força… Afinal, sua riqueza era suja. Afinal, sua família era culpada, o pai tinha destruído a empresa do avô de Killian usando métodos desprezíveis. Afinal, seu amor não passava de um miragem, o marido nunca a amava. Em um piscar de olhos, ela caiu do paraíso ao inferno. A vida de luxo foi trocada por dívidas, um apartamento úmido e dois trabalhos exaustivos. Ainda assim, no inferno, ela se recusava a deixar de lutar. Mas o inferno não era o fim da queda: Ela estava grávida, mas ele estava noivo de uma herdeira bilionária. Quando Killian descobre a gravidez, impõe um contrato frio: ela terá o filho, ele pagará por isso. Nenhum romance. Nenhuma reconciliação. Apenas posse. Agora, presa em uma mansão dourada, Amara se tornou a amante secreta do seu ex-marido. Mas segredos, como amores mal enterrados, sempre voltam à tona. E quando isso acontecer, ninguém sairá ileso…
Leer másPOV Amara Castellari
A chuva forte batia contra os vitrais da mansão, um ritmo intenso e enlouquecido, como o bater dos nossos corpos naquela noite.
O quarto estava mergulhado em sombras, iluminado apenas pelo brilho tênue das velas, que lançavam danças de luz sobre a pele de Killian dourada, suada, tensa.
Killian, meu marido, meu amor.
Ele estava acima de mim, seus músculos definidos contraindo a cada movimento, cada embalo mais profundo que o anterior.
Eu me arqueava, minhas unhas cravando-se em suas costas, deixando marcas vermelhas que ele merecia carregar.
— Amara… — Ele sussurrou meu nome com um rosnado baixo, animal, como se estivesse perdendo o controle, algo tão raro nele, seus lábios encontrando meu pescoço.
Mordendo, sugando, marcando.
Eu me contorci, minhas pernas envolvendo seus quadris, puxando-o mais para dentro, querendo sentir cada centímetro dele. Seus dedos entrelaçaram-se nos meus cabelos, puxando minha cabeça para trás, e ele me beijou com uma fúria que quase doía.
Era um beijo de posse.
— Você é minha — ele rosnou contra minha boca.
E eu era.
Ele mudou o ângulo, e eu arquei as costas, um grito sufocado escapando quando ele me atingiu de um jeito que fez estrelas explodirem atrás das minhas pálpebras. Seus olhos, tão frios normalmente, agora ardiam com uma intensidade que me deixava sem ar.
— Killian… — Gemi, minhas pernas tremendo, meu corpo à beira do abismo.
Meu orgasmo me atingiu como uma onda, violento, incontrolável, arrancando gritos que ele abafou com outro beijo voraz. Ele não parou, continuou se movendo, prolongando a agonia do prazer até eu estar sensível demais.
Só então ele permitiu a si mesmo ceder.
Seu corpo enrijeceu, seus músculos tensionando, e ele enterrou o rosto no meu pescoço, um gemido rouco escapando quando ele chegou ao próprio limite. Eu senti cada pulsação dele dentro de mim.
Ele desabou ao meu lado, a respiração pesada, os olhos fechados.
Por um momento, ficamos assim, envoltos no silêncio pesado, apenas o som da chuva e dos nossos corpos ainda tremendo.
— Foi o melhor da nossa vida — murmurei, sorrindo, meus dedos traçando círculos em sua pele.
Ele não respondeu. Apenas abriu os olhos e olhou para o teto, a expressão dele fechando-se novamente, como se um véu tivesse caído.
— Três anos… — murmurei, os dedos brincando com os fios dourados do seu cabelo. — Três anos desde que disse que me amava na frente de todos. Acho que é hora de pensarmos em um filho… Quero um quarto pintado de amarelo-claro, sabe? Uma varanda com flores, e a nossa criança correndo pela casa…
O silêncio dele foi um soco invisível.
Killian ergueu os olhos para mim e, por um instante, vi algo quebrar lá dentro.
Meu coração apertou.
Eu sabia que ele estava preocupado com o julgamento do meu pai no dia seguinte. Quem não estaria? Mas depois de me aliviar daquela forma, já me senti muito melhor, e eu acreditava cegamente na inocência do meu pai.
— Vai ficar tudo bem, Killian. — Sussurrei. — Meu pai nunca mentiu para mim. Ele é um homem honesto. E com você como testemunha, com certeza isso vai passar.
A expressão dele mudou por um segundo... uma mistura de ironia amarga e dor, antes de ele se inclinar e me beijar.
Mas não era o beijo de um marido apaixonado. Era o beijo de um homem se despedindo, mesmo que o corpo ainda estivesse ali.
— Eu amo você… — murmurei contra seus lábios.
Ele fechou os olhos, respirou fundo e respondeu num tom quase imperceptível:
— Eu sei.
Essas duas palavras… tão simples. Essa era a maneira como ele me respondia nos últimos três anos. Ele nunca dizia “eu também te amo”. Antes, eu não ligava, mas esta noite… parecia que eu sentia algo no ar, e queria desesperadamente ouvir.
— Você sabe qual é a frase que eu quero ouvir…
— Dorme, Amara.
Fiquei um pouco desapontada, mas não muito triste.
Afinal, nós vamos ficar juntos para sempre.
***
No dia seguinte
A sala do tribunal estava repleta de murmúrios e olhares curiosos.
Mas o que realmente importava era Killian, sentado ali, com a expressão impassível, como se estivesse assistindo a um filme em vez de participar de um drama que mudaria nossas vidas para sempre.
Quando ele se levantou para testemunhar, meu coração disparou.
— É verdade que o senhor Samuel Castellari estava envolvido em atividades ilegais — disse Killian, suas palavras cortaram como uma faca.
A sala ficou em silêncio, e eu senti o mundo desmoronar ao meu redor. Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
Ele o acusou.
Meu marido, acusou, meu pai…
Meu pai, um homem que sempre me ensinou a ser honesta e a lutar pelo que era certo, estava sendo arrastado para o fundo do poço por alguém que eu amava. A raiva e a dor se misturaram em mim, e eu não consegui me conter.
— Killian…? Papai…
O burburinho explosivo no tribunal abafou a minha voz, chocada e quebrada.
— Filha… — Meu pai me olhou com desespero.
— Silêncio! — o juiz bateu o martelo.
— POR QUÊ? POR QUE FEZ ISSO? — Meu grito desesperado atraiu o olhar gelado dele…
E o silêncio.
Ele virou a cabeça, impiedoso, para o juiz.
— Essa é toda a verdade.
— MENTIRA! — minha voz explodiu na sala. — VOCÊ DESTRUIU A MINHA FAMÍLIA! Killian! ! Você me usou! Traiu meu pai! Meu pai sempre foi tão bom pra você… TRAIDOR!!!
Os seguranças se aproximaram, e eu me vi sendo puxada para fora da sala, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. A indignação e a dor eram insuportáveis.
Como ele pôde? Como ele pôde me fazer isso?
A imagem do nosso momento na noite anterior, quando eu acreditava que éramos um só, agora parecia uma cruel ilusão.
Fui levada para fora.
Eu precisava de respostas, precisava entender por que Killian havia feito isso. Ele não era o homem que eu conhecia. O homem que amava. O homem que me prometeu que sempre estaria ao meu lado.
***
No meio da tempestade, as portas do tribunal se abriram com estrondo.
Killian saiu como um guerreiro vitorioso.
Eu estava encharcada, mas a chuva não conseguiu apagar minha fúria.
Avancei e dei um tapa nele com toda a força.
Mil perguntas entaladas na minha garganta, mas nenhuma saiu. Eu me engasguei ainda mais, sem saber se no meu rosto escorriam gotas de chuva ou lágrimas, olhando fixamente para ele.
Ele levantou a mão, limpou o sangue no canto da boca e me estendeu o guarda-chuva.
— Não… não quero isso! — gritei, derrubando o guarda-chuva no chão.
O som do impacto ecoou como um estalo em meu coração. Os flashes das câmeras iluminavam a escuridão da tempestade, e eu podia ouvir os murmúrios de zombaria. Eu sabia que a cena estava sendo registrada por jornalistas, que se aglomeravam nas proximidades, prontos para transformar meu desespero em espetáculo.
A situação se tornara uma tragédia pública, e eu era a protagonista de um drama que não escolhi viver.
Killian respirou fundo.
Eu esperava que ele se aproximasse, que tentasse me consolar, dizendo “Acorda, Amara, você só teve um pesadelo.”
Mas, em vez disso, ele se afastou..
— Amara, isso acaba aqui — a voz dele era firme, igual à sentença de prisão perpétua que o juiz acabara de dar ao meu pai — Eu nunca te amei. Tudo não passou de uma vingança.
Vingança? O que ele queria dizer com isso?
— Seu pai destruiu tudo do meu avô, minha família perdeu tudo. Minha avó faleceu porquê não tínhamos dinheiro para bancar as despesas médicas. O que ele está passando agora é o que merece.
— Você está mentindo! — gritei, a dor transbordando em cada sílaba. — Você não é Killian, não é o marido que eu amava… quem é você?
Ele balançou a cabeça, como se estivesse se libertando de um fardo.
— Não, Amara. Eu nunca fui o homem que você pensou que eu era.
— Então é isso? — perguntei, a voz trêmula. — Você vai me deixar assim, sem nada?
Ele hesitou, e por um breve momento, vi uma fração de dúvida em seus olhos. Mas logo se foi, substituída por uma frieza.
— É o melhor para nós dois. — Ele se virou, começando a se afastar.
— Killian! — gritei, mas ele não olhou para trás.
A chuva continuava a cair, e eu me vi sozinha, encharcada e desolada, enquanto a realidade se instalava. Os jornalistas continuavam a registrar a cena, ainda queriam me fazer perguntas, mas eu não me importava mais.
Corri para casa. Nossa casa. Mas Killian nunca mais voltaria...
Joguei-me na cama. Nossa cama. Mas o homem com quem dormi ao lado por três anos era um inimigo. O casamento que eu acreditava ser um laço inquebrável agora se tornara uma corda que me estrangulava. Três anos, uma vingança.
Se tudo isso for verdade, se meu pai for culpado, se meu marido for inimigo, então… qual é meu pecado?
Chorei até desmaiar, até que um estrondo na porta de casa me acordou…
POV AmaraO segundo dia de trabalho não foi diferente do primeiro. Exceto…— Oi, K… Amara. — Quando encontrei Leo no elevador, ele me cumprimentou de forma constrangida.Olhei para meu crachá, e perguntei — Você sabe por quê?Leo fez um gesto de silêncio com o dedo nos lábios — Não pergunte ao chefe! Ele diz como você deve se chamar, e é assim que você se chama.Graças a eu ainda estar usando máscara, nenhum colega veio falar comigo. Passei boa parte da manhã sentada em minha mesa, esperando alguma função ou ordem de Killian, mas parece que ele não estava muito interessado em me designar a algo. Eu até abri um jogo de propósito quando ele passou, e ele nem se mexeu.Enquanto lia e pesquisava mais sobre a empresa, me vi pensando sobre o nome ao qual Killian quer que eu seja chamada na empresa. Por quê Amara? Sempre pensei que meu nome fosse um passado escandaloso para ele. Será que ele queria me tratar como saco de pancadas? Mas ele não me dava nenhuma dificuldade?Tentei organizar
POV AmaraAntes que Killian pudesse tirar minha máscara, um impulso desesperado me fez tossir, forçando uma expressão de desconforto. — Desculpe, estou… estou gripada! — menti, afastando-me rapidamente, como se a distância pudesse me proteger de sua presença avassaladora.O olhar dele não se desviou, e eu podia sentir a intensidade de sua atenção como um peso sobre mim. Mesmo odiando-o por tudo o que ele representava, havia algo inegável em sua proximidade que me deixava perturbada. Era como se uma parte de mim quisesse se aproximar, enquanto a outra gritava para que eu fugisse.— Pinte o cabelo de vermelho, — ele disse, como se estivesse fazendo uma proposta casual. — Seja minha secretária. A proposta me pegou de surpresa. — O… o quê?— Você se encaixaria perfeitamente no meu escritório.— Você está brincando? — A incredulidade escapou dos meus lábios. O que ele queria de mim? Era uma armadilha ou uma oferta genuína?— Você tem algo que eu preciso, e eu posso oferecer algo em tr
POV KillianO peso de Beatriz nos meus braços era mínimo, mas cada passo que eu dava pelo corredor parecia carregar o peso da minha irritação. Sabia muito bem que ela não estava machucada, reconheço uma atuação quando vejo uma. Assim que a porta do meu escritório se fechou, deixei-a cair de propósito, sem nenhuma cerimônia. Ela deu um pequeno grito surpreso, mais por drama do que por dor. — Killian! Você poderia ter mais cuidado!Ignorei o olhar reprovador dela enquanto me afastava para trás da minha mesa. — Poupe-me. Nem você acredita nisso.Ela se aproximou, fingindo uma claudicação que não existia, os dedos deslizando pela borda da mesa em minha direção.—Você não sente nada por mim? Eu, Beatriz Argento, sou a sua noiva!Ri baixinho, sem humor, — O nosso casamento é um contrato. Nada mais. Você cumpre seu papel em público, e eu tolero sua presença, mas não espere que isso vá além de uma aliança no papel.Seus olhos estreitaram, a máscara de inocência se desfazendo por um segundo
POV AmaraDesde que me mudei para o apartamento da Sabrina, minha vida ficou mais aconchegante. Passamos os dias dormindo, passeando no parque ou assistindo a filmes, e as noites trabalhando juntas.Mas o alívio de ter um teto durou pouco, meu corpo não me deixava esquecer da realidade. A gravidez já começava a marcar sua presença em cada detalhe: as roupas ficavam mais justas, meu quadril parecia se alargar a cada semana, e às vezes eu me pegava olhando no espelho sem reconhecer a mulher que encarava de volta. O enjoo vinha sem avisar. Um dia, depois de eu vomitar no banheiro, Sabrina acariciou minhas costas com pena e disse, — Amara, você não pode mais sair para trabalhar, seu corpo não vai aguentar.— Está tudo bem, isso é uma reação normal. Muitas mulheres ainda trabalham até pouco antes do parto. — Mas...— E precisamos de dinheiro, não é? O que ganhamos agora mal dá para comer, sustentar uma criança é outra coisa. — O dinheiro que eu ganhava à noite no bar estava muito longe
POV: AmaraAcordei em um quarto de hospital. A luz fluorescente ofuscando meus olhos. A dor latejava na minha cabeça, e ao tocar o canto do meu olho, senti o corte que me lembrava do que havia acontecido. O cheiro de desinfetante e o som de monitores ao meu redor eram estranhos, mas havia algo reconfortante na presença de Sabrina ao meu lado.— Você está acordada! — ela exclamou, um sorriso aliviado no rosto. — Eu estava tão preocupada!— O que aconteceu? — perguntei, tentando me lembrar dos eventos da noite anterior. A imagem dos homens no beco e a garrafa quebrada vieram à mente, e a sensação de pânico voltou.— Você salvou minha vida, Kamala! . Aqueles caras eram perigosos, e você se colocou na frente deles. — ela fez uma pausa, — Mas, por favor, nunca mais faça isso. — Por quê? Eu não posso ficar de braços cruzados vendo eles te maltratarem.A expressão dela mudando para uma mais séria. — O médico acabou de me informar que você está grávida! Parabéns!As palavras dela atingiram
POV AmaraFui acordada pelo estrondo da porta sendo arrombada.Ainda escuro, o quarto mal iluminado pelo primeiro raio de sol. Desci as escadas num tranco.— Parem! Isso é minha casa! — gritei ao ver os homens de uniforme arrastando nossos móveis.Um deles me empurrou com o cotovelo. — Ordem judicial, senhora. Todos os bens estão sendo confiscados.Meus olhos arderam. Vi nossa cristaleira de casamento sendo jogada no caminhão como lixo. O piano onde Killian compôs para mim. As fotografias...Enquanto eu estava na porta de casa, observando os policiais levarem os móveis, uma sensação de desespero tomou conta de mim. Cada peça que saía representava uma parte da minha vida, uma lembrança que eu não poderia levar. E então, como se a vida quisesse me dar um último golpe, meu celular vibrou no bolso. Olhei para a tela e vi o nome de Killian. Um frio percorreu minha espinha. Atendi.— Amara — a voz dele soou firme, impessoal. — Fiz uma transferência pra você. Um milhão de dólares.Pisque
Último capítulo