Série: Babá por acaso. ---- Uma invasão. Uma escolha. Um contrato de trabalho. Uma babá. Um pai solteiro. O nascimento de um amor e a resposta de uma vida. Cassandra Hall, ou só Cass, como prefere ser chamada. Foi abandonada em um orfanato assim que nasceu e sua vida não foi fácil, tudo piorou após a morte de sua mãe adotiva. Sem rumo, e persuadida por seus amigos, tinha apenas um objetivo: Invadir a casa de Isaac Jhonson, mas como nem tudo está em nosso controle, jamais imaginou que ao ser capturada, receberia uma proposta inusitada. Ou, vira babá do filho de Isaac, ou é entregue a polícia. Ser babá nunca esteve em seus planos, menos ainda dos filhos do dono da casa ao qual invadiu. Porém, quando Pietro vê a invasora, se apaixona na mesma hora, a lançando em um emaranhado de confusão e descobrimento. Sem opções, aceita esse desafio que tem prazo determinado. Ao contrário do que a menina imaginava, esse giro de 360° graus em sua vida, não vai ser tão ruim assim. Vai ser bem divertido, um grande aprendizado e revelador. Além de trazer uma maior maturidade e compreensão para a vida da garota, que nunca pensou que a felicidade um dia poderia sorrir para ela. A vida tem meios de nos pregar certas peças e nos fazer viver coisas antes inimagináveis. Cassandra não imaginava que essa invasão seria uma porta para tudo que jamais imaginou ter em sua vida. Ela entra na mansão como uma garota perdida e tem a chance de se tornar uma linda mulher ao aprender muitas coisas novas. 'A existência é feita de tal maneira que, muitas vezes, os pequeninos acasos trazem as grandes catástrofes. -Albert Delpit'
Leer más•
•Vinte e quatro anos atrás••— Tem certeza que estamos fazendo o correto? – A mulher olhou para o marido bem apreensiva. — Acho que podemos lidar com isso. É só um bebê. – Aponta.— Como lidaremos com isso? Ela é uma criança e acabou de gerar outra criança. – O homem disse ríspido, deixando transparecer a fúria em seus olhos cinzentos. — O pai ao menos teve a decência de ficar e assumir, foi embora na primeira oportunidade que teve.— Vicente, se ela descobrir, jamais nos perdoará pelo que fizemos. – Argumentou chorosa pouco antes do portão do grande orfanato que vivia sempre aberto. — Acha que essa é a melhor alternativa?— Ela tem apenas dezesseis anos. Nos desrespeitou, se entregou para aquele homem e foi abandonada. – Apesar da fúria na voz, a mágoa estava estampada no olhar do homem. Ele sempre confiou na filha e se dedicou ao máximo para dar o melhor, e se sentia traído com essa gravidez não planejada. — Ela vai terminar os estudos, vai ser alguém na vida. Como sempre planejamos e vamos viver em paz. Sairemos daqui, seremos felizes!— Isso é desumano! – Disse chorando.— Isso é necessário! – Rebateu convicto.— Nem sempre o necessário é o que se deve fazer. – Continuou. — Ela vai sofrer.— Ela vai superar.O homem lá no fundo se sentia mal pela iniciativa que tomou, mas seu coração duro não fez com que qualquer tipo de arrependimento aparecesse. Por isso, se aproximou da porta pouco antes do amanhecer e deixou a pequena caixa. O bebê dentro dormia tranquilamente e as lágrimas que escaparam de seus olhos cinzas, limpou rapidamente.— Eu prometo que você vai ter uma vida melhor aqui. – Sussurrou se aproximando da porta grande. — Eles vão cuidar de você e vai ficar tudo bem. – As palavras eram mais para si do que para a criança, afinal, ela não entendia nada ainda.O homem bateu na porta e se afastou, correu até a esposa, a puxando para longe dali. Só foram embora quando viram a porta abrir e alguém pegar a criança. A mulher procurou ao redor para ver se conseguia saber quem tinha deixado aquela pobre criança ali, mas foi em vão. Nenhuma identificação, apenas um nome em um papel.Se convencer de que fizera o certo ficou cada vez mais difícil para o homem. Mesmo que enviasse anualmente uma verba boa para o orfanato, sempre no dia do aniversário da neta que foi o anterior a seu abandono, mesmo com isso, começou a definhar ano após ano. Ficando cada vez mais doente e menos comunicativo, se perdendo em seu próprio mundo de acusações e arrependimentos. Pensou estar beneficiando a todos, mas essa escolha afetou não só a eles, mas a todos envolvidos nesse nascimento.••Vinte e dois anos depois••Nervoso ainda com o que leu no papel estirado na mesa em sua frente, o homem passa a mão em seus cabelos castanhos, retirando seus óculos em seguida. O ar sai de sua boca, ainda chocado e sem entender o que aquelas palavras significavam, ou melhor, querendo que aquelas palavras tivessem com algum erro. Que o que estava confirmando ali, fosse mentira, apenas um pesadelo e que fazia questão de acordar.Seus pensamentos foram interrompidos quando um galho da árvore bateu raivosamente contra a janela. O dia está frio e com uma potencial tempestade forte se formando. Engoliu seco mais uma vez, decidindo levantar e tomar um copo de sua bebida mais forte. Como ela pode fazer isso com ele? Depois de tudo que fez por ela, seu pagamento foi em uma traição que dilacerou o coração.— Acorda, acorda, acorda. – Sussurrou sentindo as lágrimas escapando de seus olhos.Nunca foi um homem que demonstrava muito, mas quando se tornou pai, seu mundo se alegrou e tudo passou a fazer sentido. Só que agora um balde de água fria foi jogado em sua cabeça, destruindo um pouco de sua felicidade.Ainda parado no meio do escritório, ouviu o bater alto de uma porta, que logo assimilou ser a de entrada. Isso o levou a sair a passos largos do cômodo, percebendo que a pessoa que saiu é acompanhada por um choro de bebê.Ao abrir a porta, pode perceber a cabeça da loira inclinada para dentro do carro. Parecia não se importar com a chuva caindo enquanto prendia o bebê em sua cadeira.— O que pensa que está fazendo? — Sua voz saiu alta e ao ouvir, a loira recebeu uma carga de tristeza atravessar seu corpo. Ele havia descoberto e ela queria ir embora o mais rápido possível. O exame de DNA deveria chegar para ela, mas infelizmente não obedeceram suas instruções e ele acabou recebendo em seu lugar.— Estou saindo da sua vida. Como sempre quis. – Disse batendo a porta do carro e encarando o homem ainda na varanda da mansão. — Com o meu filho!— Não quero saber o que aquele papel diz, ele é meu filho e você não vai me fazer aceitar o contrário. – Disse com firmeza enquanto começava a andar em direção a mulher.Por alguns segundos a mulher pensou, mas sua cabeça ainda estava meio confusa. Os pensamentos conflitantes acompanhavam ela com frequência desde essa última gravidez, estava tudo mais difícil de entender e o toque estridente do celular fez com que voltasse a si. Correu para dar a volta ao carro e conseguir entrar, querendo ir o mais rápido possível.Percebendo o que a mulher pretendia, o homem correu com rapidez e conseguiu abrir a porta de trás. Ela estava louca e sua insanidade não iria tirar seu filho, mesmo que o exame de DNA dissesse o contrário. Assim que abriu a porta, a mulher conseguiu avançar com o carro, fazendo com que o homem se jogasse para dentro.— Selene, pare o carro agora. – Gritou enquanto se jogava para frente, para conseguir que o carro parasse.— Eu não posso. – A mulher respondeu ainda mantendo seus olhos vidrados no portão enorme que se aproximava. — Você não vai me perdoar. Eu sou um monstro... – Acelerava mais à medida que falava. — Eu te trai, Isaac, preciso consertar isso. Precisamos ir embora!— Por Deus, não! – Disse em desespero. — Você vai nos matar, pare o carro. – Gritou e finalmente conseguiu empurrar a perna dela no freio.Isso acarretou em uma chacoalhada para frente, mas nada que fosse tão grave. Ainda bem que o bebê estava preso e não se machucou.— Eu te perdoo. Vamos entrar e ... – O bebê começou a chorar completamente irritado. — Vamos fazer o melhor para o nosso filho, não faz isso. – Tentou tranquilizá-la, mas não obteve resultado, já que o celular da mulher voltou a tocar e algo despertou nela.Percebendo que não conseguiria dialogar e chegar a um consenso, se apressou quando ela saiu decidida a abrir o portão. Aproveitando a deixa, conseguiu tirar o bebê do carro, saindo depressa e tentando proteger o pequeno das gotas de chuva.— Ele vai ficar. Você não vai tirar meu filho. – Continuou o homem, encarando a mulher. — Você não tem esse direito.— Ele não é seu filho. – Gritou enfurecida. — Eu vou tirar tudo de você e vai ser obrigado a dar ele para mim. — Os olhos vermelhos da mulher denunciavam sua volta ao mundo dos entorpecentes.— Selene, por favor. – Pediu ele calmamente. — Podemos resolver isso juntos. Vamos entrar, não cometa nenhuma loucura que possa se arrepender depois. – Apesar da fúria anterior, seu tom saiu calmo e quase gentil, tentando confortar e fazer a mulher mudar de ideia. — Não faz isso, é perigoso. Podemos conversar e resolver isso da melhor maneira.— Isso ainda não acabou. – Foi tudo que ela disse antes de entrar no carro e ir embora, acelerando como se estivesse em fuga.Essa também foi a última coisa que ele ouviu ela dizer naquele dia chuvoso. Os policiais chegaram em sua casa horas depois, relatando o acidente de sua companheira que estava acompanhada de um homem. Mesmo sendo socorridos, não conseguiram fazer muito por eles, pela gravidade da batida. Não havia mais o que fazer, ela tinha escolhido ir, mesmo quando ele implorou para ficar.Seu relacionamento com a mulher se iniciou de uma forma acidental quase cinco anos atrás, uma noite que resultou em uma gravidez. Mesmo tentando manter o relacionamento por um tempo e tentando ajudar a mulher, eles nunca chegaram a ter aquilo que muitos almejam em um relacionamento, o amor.O homem não conseguiu se perdoar, por isso, resolveu criar um muro ao redor de si, protegendo seu coração e também todos aqueles que amava.O segredo que foi revelado naquela noite, acabou sendo enterrado ali também. O elo entre pai e filho que se formou aquele dia, jamais poderia ser quebrado. Ele fez um juramento a si e ao bebê enquanto voltavam à mansão, que faria de tudo para manter aquele pequeno ser a salvo. Que se fosse preciso, daria sua vida para proteger aqueles a quem lhe foi confiada a paternidade. Ninguém poderia fazer mal a eles e que os protegeria independente de qualquer coisa, mesmo que isso o colocasse em perigo.Fazem exatos trinta e quatro minutos que fui desafiada. Claro que isso não é meia hora, mas é quase. Para cortar caminho, decido passar pela academia, que agora é uma mistura de academia pros adultos e uma área de recreação para as crianças. Confesso que fico mais na cama elástica deitada, do que nos outros aparelhos para malhar.Minha testa se franze quando minha avó entra rapidamente e fecha a porta de vidro, que está com uma cortina por fora, impedindo que eu veja o que tem lá atrás. Acabei indo até o leito de morte do meu avô e concedi o perdão a ele antes de morrer, três anos atrás e conheci minha avó. Ela me pediu tanto perdão, mas entendi que ela não tinha opção na época, tinha de obedecer cegamente seu marido.— Princesas. — Vem em nossa direção e vejo a venda. — Se papai está lá fora. — A velhinha diz e sou esquecida. Hope solta minha mão e corre para fora como um foguete. — Fique de costas. — Acabo franzindo a testa. — Ainda pode provar a ele que não demorou tanto. — Fico de
-Quatro anos depois.Estou exausta, e não sei o motivo. Dormi tanto essa noite, acordei tarde e ainda assim, estou cansada. Andrew está em uma colônia de férias, Pietro está viajando com os avós, só a pequena Hope que está conosco e ela é tão quietinha, não é arteira como os irmãos. O melhor de tudo, é que ela me acompanha em meus dias de preguiça.— Mamãe, quero dormir mais. — A pequena resmunga manhosa e joga a perna para cima de mim. Ela está com quatro anos, mas vive fugindo para nosso quarto pela noite. Somos agarradas até, mas quando Isaac chega, parece que eu não existo.— Tudo bem, dorme mais um pouco. — Beijo seu rosto e me sento, ela vira de lado enquanto assente.Fico de pé, mas sinto o mundo girar e preciso me segurar na cabeceira da cama para não cair. Faço careta e espero um pouco antes de tentar andar novamente. Não preciso nem esperar a visão ficar boa, pois logo uma quentura sobe pelo meu pescoço e preciso correr pro banheiro.Vomito tudo o que ainda não comi, por aco
Tivemos de ir até a delegacia prestar queixa, logo após tive de ir ao hospital para fazer alguns exames para anexar ao caso. Por sorte, a única coisa que machuquei foi o rosto e a mão, nada de tão grave. Agora, estamos chegando à casa de Isaac e me sinto mais calma. Antes estava uma pilha de nervos, quando vi Mattos acordado só piorou, tive de tomar calmante para ficar mais tranquila. Ainda sinto seu efeito sobre mim, me trazendo uma paz absurda. Sei que estou dopada, mas prefiro assim.— Como assim um bebê? De carne e osso? — Pergunto ainda tentando assimilar sua fala. Ele assente. — E é sua filha?— Ela disse que sim, mas não tive tempo de dialogar mais. — Encolhe os ombros. — Só tinha você na minha cabeça e onde você estava, por sorte tinha um investigador atrás dele e me informou a tempo. Se eu tivesse chegado um pouco mais tarde…— Eu teria matado ele. — Minha fala escorrega por meus lábios sem nem um remorso.— Exatamente, e por isso me sinto grato por chegar antes. Não sei se s
-Cassandra Hall.Ainda estou correndo de olhos fechados para acertar ao homem, mas, tudo acontece rápido demais e devido ao grito que ouço, abro os olhos rapidamente.— Isaac, cuidado. — Arregalo os olhos quando o homem se vira após o grito de Grandão.Estou tão rápido que não consigo parar, e só tem duas opções, ou bato nele ou caio no chão para findar meu ataque. Decido a segunda opção, e desvio dele, indo em direção a parede. Solto a barra de ferro e fecho os olhos, para não ver minha queda desastrosa.Mas isso não acontece, apenas sinto duas mãos agarrando com força minha cintura e me puxando para seu corpo. Solto o ar aliviada. E já viro logo abraçando a pessoa.— Você veio. — Choramingo sentindo o cheiro de Isaac acalmar todo o meu corpo trêmulo.— Claro que vim, mas parece que você já estava se virando bem sozinha. — Acabo sorrindo com sua fala. — Quase que saio daqui com um galo enorme na cabeça. — Me afasto e olho para ele, acabo olhando pro lado assim que ouço a sirene da po
-Isaac Jhonson. Desligo o telefone e olho em direção a porta. Não estou tão preocupado com o que Genevieve quer comigo, estou mais preocupado em saber o motivo que levou Cassandra a ir falar com o ex, não faz sentido nenhum. O que será que ele quer? Não gosto dele, mesmo sem conhecê-lo, vi uma vez quando estava indo para a casa dela e sua expressão fechada me fez odiá-lo sem nem conversar. Todo o meu conflito de pensamentos desaparece no momento em que Genevieve entra em meu escritório segurando um bebê conforto. Ok, isso sim não faz sentido nenhum. — Não tem como esse bebê ser meu. — É a primeira coisa que falo. Como irei explicar para Cassandra que acabou de aparecer um bebê em nossas vidas. — Isaac, precisamos conversar. — Seu tom de voz me assusta. — Tem cinco meses que nos separamos, não tem co… — Paro de falar ao fazer as contas mentalmente. Infelizmente, tem sim. Aponto para a cadeira, para que se sente. Tento olhar o bebê, mas está tudo fechado. Me sento para esperar pel
Tento não me desesperar, isso não me ajudaria em nada, só me meteria em maus lençóis. Preciso ficar calma e arrumar um jeito de sair, pois se isso não acontecer. Tenho certeza que Mattos vai conseguir me dominar e conseguir o que sempre quis, mas, enquanto eu puder, evitarei ao máximo.O cômodo está totalmente vazio, não tem nada além do colchão que antes estava. Mordo os lábios, enquanto tento pensar em um meio de fugir, mas acabo gemendo de dor. Aquele idiota abriu um corte em meu lábio. Toco o local e faço careta, minha vontade é de matá-lo. Como ele pôde fazer isso comigo? Pensei que apesar de tudo, gostava de mim.Tomara que Isaac estranhe minha demora e vá me procurar, só ele é inteligente o bastante para me encontrar. Bom, ele está bem ocupado agora lidando com Genevieve, talvez nem lembre de mim.Ando pelo local, chego próximo a janela e tento abrir, mas está trancada com cadeados. Ela é de alumínio, tem a parte que abre e fecha para cima e para baixo, do mesmo material, nessa
Último capítulo