Mayla e Adrian se odeiam com a mesma intensidade desde a adolescência. Ela acha que ele é um esnobe insuportável. Ele a culpa pela morte de sua avó. O que ambos têm em comum? Dois avôs teimosos, fofoqueiros, melhores amigos e metidos a cupido. Quando o avô de Mayla adoece gravemente, Adrian se vê arrastado para um plano absurdo: casar com a garota que ele jurou ignorar pelo resto da vida, pelo próprio avô que entra no time da chantagem emocional. Agora, unidos pelo afeto (dos avôs) e separados por décadas de birra mal resolvida, Mayla e Adrian vão descobrir que um casamento por obrigação pode render muito mais do que gritos e xingamentos. Talvez até… beijos inesperados. Ou algo pior: sentimentos que podem nascer de um casal que sempre se odiou.
Ler maisMayla abre os olhos e se espreguiça na cama, mas, ao esticar o braço, sente que tocou em algo quente. Ela se senta sem olhar para o lado. Fecha os olhos e respira, tentando controlar seu nervosismo. Devagar, ela se vira e abre os olhos, dando de cara com o Adrian pelado na mesma cama.Ela começa a gritar, ele acorda de supetão, no susto, cai da cama e grita junto com ela, totalmente pelado. Mayla pega um travesseiro e joga nele, ele segura no ar e tampa suas partes íntimas.— O que você está fazendo na minha casa? — Ela fala ainda tacando as coisas nele.— Sua casa? Aqui é a minha casa, olha ao redor. — Ele responde tentando desviar de tudo que ela joga nele. Porém, quando ambos olham para o ambiente, não reconhecem como o quarto de nenhum dos dois. — Aiii, Adrian, eu não acredito que você fez isso... — Ele levanta o lençol percebendo que está totalmente pelada também.— Eu fiz? Como eu faria isso sozinho? Nós fizemos, bolachinha, nós dois juntos. E se quer saber, eu nem me lembro de
Mayla fica fascinada com o jeito do dançarino, ele não é igual aos outros que rebola demais, ele tem um jeito mais sexy, mais durão de sensualizar. Ele se senta nas pernas dela, pega nas mãos da Mayla, e coloca sobre o seu abdômen. Ela acaricia subindo e descendo. Adrian sente o toque dela como se fosse uma brasa tocando seu corpo. Ambos ficam excitados com esse momento deles. — Você é casado? — Mayla pergunta, e Adrian nega com a cabeça sem falar nada. — Eu vou me casar amanhã, com um homem que me odeia. Mas tem nada não, é recíproco, sabe? Bebe comigo? Ela ergue a taça para ele e ele pega da sua mão, mas como está de máscara, não tem como ele beber.— Vai ter que tirar a máscara, me deixa ver o seu rosto? — Ela coloca a mão na máscara dele, mas ele nega com a cabeça, se levanta do colo dela, se vira de costas, levanta um pouco a máscara e bebe tudo em um gole só. — Assim não vale, eu queria ver você. Hoje eu vi um corpo do meu noivo, e ele é exatamente igual ao seu. Mayla fecha o
Adrian liga o carro e estaciona do outro lado da rua. Quer ver como a Mayla vai sair. Cerca de uma hora depois, um carro preto para em frente à casa dela e ela aparece, toda bonita, usando um vestido preto com brilho e um salto médio da mesma cor. Ela entra no carro, e Adrian observa de longe o veículo levando a sua noiva.Dentro do carro de aplicativo, Mayla liga para a Carol, sua colega dos tempos de escola. As duas combinam de se encontrar na boate Eclipse Club. Alguns minutos depois, o carro para, ela desce e encontra a Carol e mais duas meninas.— Nossa, de preto na sua despedida de solteira? — Carol fala rindo.— Sim, porque minha liberdade tá morrendo. Tô de luto. — As meninas caem na risada e entram na boate.Adrian, vendo tudo de longe, fica dividido entre entrar na boate e espionar a futura esposa ou ir embora pra festa do amigo, na despedida de solteiro dele.— Merda... por que tô me incomodando com isso mesmo? Se ela quiser se divertir com outro, que vá. Afinal, nem teremo
Adrian é o primeiro a tirar o presente da caixa e logo mostra para todo mundo.— Eu não vou usar essa camisa rosa nem a pau. Você nem passou na minha casa, né?— Passei sim, achei que seu closet tava precisando de um toque mais... feminino. Mas pelo visto você também não foi no meu, né? Eu nunca usaria um colar desse tamanho, cheio de pedrinhas brilhando pra todo lado.Os mais velhos trocam olhares e seguram o riso. Eles só seguiram a ideia da cerimonialista: comprar algo que o outro não tivesse no armário.— Acho bom vocês usarem, viu? Vai ser uma lembrança engraçada desse momento.— Vô, pelo amor de Deus, quando foi que o senhor me viu de camisa rosa? — Mayla até queria rir, mas a situação dela também não estava nada boa.— Tenho que concordar com o Adrian. Vou chegar no restaurante e todo mundo vai me notar só por causa desse colar. Mas valeu aí, noivo, pelo presente.— Já eu nem consigo te agradecer. — Ele joga a camisa no sofá, emburrado.— Vocês quiseram pregar uma peça um no ou
Adrian sorriu ao ver o jeito nervosinho dela. Mayla estava tão perto que os narizes quase se tocavam.— Já cansei das suas ironias. Sério, isso aqui não vai dar certo. Quer saber? Eu posso até estar sendo obrigada a casar com você, mas escutar suas piadinhas, não sou. E também não quero você como sócio da minha empresa.— Por mim, tanto faz. Essa espelunca não merece meu dinheiro mesmo. Isso aqui nem parece uma empresa, tá mais pra uma boate. Todo mundo se divertindo e ninguém trabalhando. Vender pra alguém que coloque ordem nisso tudo talvez seja a melhor ideia.Mayla, sem pensar, levanta a mão pra dar um tapa na cara dele, mas Adrian segura no ar antes que ela consiga. Aperta de leve o pulso dela e a puxa ainda mais pra perto.— Não parece que você quer me dar um tapa na cara, Mayla… parece mais que você quer me beijar.Ela puxa o braço com força e se afasta, indo pro outro canto do elevador.— Calma, tô só brincando, nervosinha.Mayla fecha os olhos e conta até dez mentalmente. Er
Mayla coloca a primeira colher na boca e não dá pra negar: tá uma delícia. Mas ela não quer ficar devendo nada para ele, então pega um copo d’água e bebe um gole.— Tá com muita pimenta — diz, colocando o copo de volta na mesa e limpando a boca com o guardanapo.— Será que eu botei mais pimenta no seu prato do que no dos outros? Isso seria engraçado, né?— De você eu não duvido nada — ela responde, enquanto Adrian se encosta na cadeira e fica a encarando, já sabendo que ela tá mentindo. — Vou comer assim mesmo, tô com fome.— Ah, claro! — ele solta um sorriso sarcástico, vendo ela se acabar no prato que ele preparou. Ela come tudo até raspar o fundo e só depois percebe que talvez tenha exagerado. Olha para ele e vê aquele sorrisinho malicioso ainda ali.Depois do jantar, os dois vão até o quarto do Júlio. Mayla ajeita direitinho as máquinas, coloca a máscara de oxigênio no rosto do avô, vai até a cozinha, pega uma garrafa de água e um copo, separa os remédios e dá pra ele.Adrian obse
Adrian e seu avô entram no carro e seguem para casa, mas assim que chegam, só o Leone desce. Ele olha para a bolsa da Mayla e fica indeciso se mexe ou não. Decide pegar no colo e olha pros lados, para ter certeza que não vai ser pego pelo avô.— Vamos ver o que tem na bolsa da chatinha. — Ele abre e tira uma carteira, uma caixinha de lenço, alguns remédios e um frasquinho de perfume. Abre a tampa e sente o cheiro dela.Ele fecha os olhos e vê o rosto dela na mente. Por um instante, sorri só de lembrar. Mas logo abre os olhos, espantando essa imagem. Ele não pode pensar na mulher que matou a avó dele. Coloca tudo de volta na bolsa e joga no banco de trás. Depois, desce do carro e entra em casa, indo direto pro quarto.No hospital, Mayla fica sentada na poltrona ao lado do Júlio, rezando baixinho para Deus não levar seu avôzinho. Ele é tudo que ela tem. Sem ele, ela nem sabe como vai ser sua vida.Como ele tá sedado, ela não consegue nem perguntar o que ele tá sentindo, e se arrepende d
Mayla segue andando até o carro do Adrian, mas olha para trás e vê que ele não está a seguindo. Ela se vira e vai andando de volta pra casa a pé, já que a bolsa com o dinheiro e o celular estão dentro do carro dele, e ela não voltaria lá só pra pedir pra ele abrir o carro.Ela vai caminhando devagar e agora entende por que o Adrian implicava tanto com ela na adolescência. Na infância ele era um menino chato, mas depois da morte da avó dele e dos pais dela, ele ficou insuportável.Mas que culpa ela tinha? Nem o pai dela teve culpa, já que foi um caminhão que bateu de frente com o carro deles. Isso podia ter acontecido com qualquer um. O clube fica um pouco longe da casa dela, o que faz com que ela ande por uma hora. E assim que ela abre a porta, Adrian tá sentado do lado do avô dela.— Onde você estava, Mayla? — Júlio pergunta, tirando a máscara de oxigênio do rosto.— Não vai ter mais casamento. Adrian me culpa pela morte da avó dele. — Ele nem sequer olha pra ela, mas os dois velhos
O clima ficou tenso. Eles estavam dando mais trabalho do que os velhos imaginavam. Mas se tem uma coisa que eles sabem fazer bem, é insistir.— Calma, calma. É só um casamento, sem pressão. Sem bebê. Por enquanto — disse Júlio, lançando um olhar cheio de segundas intenções pro amigo cúmplice, tentando acalmar a situação.Adrian se jogou no sofá e encarou Mayla.— Olha, se for pra deixar meu avô feliz… tô dentro. Mas já aviso: se me provocar, eu devolvo em dobro.Mayla sorriu, cheia de desafio.— E se me irritar, eu escondo suas cuecas.— Isso seria um golpe baixo demais.— Bem-vindo ao meu mundo, Adrian Leone.Os velhos sorriram, satisfeitos. Já os dois ali... se entreolhavam como se o jogo tivesse acabado de começar. Que vença o mais esperto.— Vamos fazer uma festa linda! Vai ter gente da alta sociedade, repórteres, fotógrafos… o mundo inteiro vai saber que nossos netos vão se casar!— Não, vô — Mayla cortou rápido. — Vai ser só no civil. Nada de exagero. — O velho começou a tossir,