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Capítulo 4 — “Sua baleia, nem sabe limpar o chão!”

POV Amara

Desde que me mudei para o apartamento da Sabrina, minha vida ficou mais aconchegante. Passamos os dias dormindo, passeando no parque ou assistindo a filmes, e as noites trabalhando juntas.

Enquanto me maquiava, fiquei olhando para meu reflexo no espelho. O vidro quebrado havia deixado uma cicatriz no canto do meu olho.

— Amara, estamos atrasadas! — Sabrina se aproximou.

— Tô feia? — passei os dedos pelo canto do olho.

— Como! Isso é a prova de que te devo a vida! Você é a segunda mulher mais bonita do mundo!

— A primeira é você? — perguntei sorrindo..

— É minha mãe! Agora vem, vou fazer uma maquiagem de olho com borboleta para você!

Mas o alívio de ter um teto durou pouco, meu corpo não me deixava esquecer da realidade. 

A gravidez já começava a marcar sua presença em cada detalhe: as roupas ficavam mais justas, meu quadril parecia se alargar a cada semana, e às vezes eu me pegava olhando no espelho sem reconhecer a mulher que encarava de volta. 

O enjoo vinha sem avisar. Um dia, depois de eu vomitar no banheiro, Sabrina acariciou minhas costas com pena e disse, — Amara, você não pode mais sair para trabalhar, seu corpo não vai aguentar.

— Está tudo bem, isso é uma reação normal. Muitas mulheres ainda trabalham até pouco antes do parto. 

— Mas...

— E precisamos de dinheiro, não é? O que ganhamos agora mal dá para comer, sustentar uma criança é outra coisa. — O dinheiro que eu ganhava à noite no bar estava muito longe de ser suficiente para garantir o futuro que eu queria dar ao meu bebê.

No fim, consegui convencê-la, e ela aceitou que eu continuasse trabalhando por mais três meses.

Eu prometi, só que o que ela não imaginava era que já consegui um emprego de faxineira em uma grande empresa de joias com a identidade falsa.

Durante o dia, enquanto ela dormia depois do plantão, eu me transformava. Uniforme simples, cabelos presos e um crachá com o nome falso: Kamala

O supervisor queria que o piso brilhasse como diamante, e isso drenava minhas forças. A gravidez tornava tudo mais pesado: os passos eram lentos, as costas doíam, e o cansaço se acumulava como um peso preso aos meus ossos. 

Dois meses depois, até respirar parecia exigir mais energia.

Naquela manhã, o erro aconteceu.

O corredor estava silencioso. Eu havia acabado de passar o pano, e a superfície brilhava sob as luzes frias do teto. Estava distraída, e esqueci de colocar a placa de “Cuidado, piso molhado”, pensando na lista de coisas que ainda precisava comprar para o bebê, quando senti meus pés escorregarem levemente. 

Consegui me equilibrar, mas, no mesmo instante, Beatriz Argento passou por mim e não teve a mesma sorte.

O salto alto dela deslizou. O som da queda ecoou no corredor, seguido de um grito estridente. A bolsa voou para um lado, o celular para o outro. O corpo dela caiu de forma espalhafatosa, como se estivesse no palco de uma peça.

— Aiiii! Sua baleia, nem sabe limpar o chão! — cuspiu, com a voz carregada de desprezo, erguendo a mão de unhas vermelhas para me apontar. — Essa desgraçada me agrediu! 

Vejo ela se esticar até onde o seu celular caiu e mexer nele de forma rápida e o levando ao ouvido. Poucos segundos depois, ela faz uma careta e começa a falar de forma chorosa. 

— Bebê! Aconteceu uma tragédia comigo! Uma faxineira gorda e inútil me derrubou e eu estou muito machucada, eu preciso que venha me socorrer! 

Ela desliga e todo o teatro se dissipou e só  restou ódio no seu olhar refletido em mim. 

O burburinho explodiu. Portas se abriram, rostos apareceram. Em segundos, havia um círculo de gente ao redor. 

Eu levantei as mãos em sinal de defesa. — Foi um acidente, eu… — minha voz sumiu sob os murmúrios.

Beatriz se contorcia no chão como se estivesse quebrada ao meio. Uma ou duas pessoas se abaixaram para ajudá-la, mas ela afastou as mãos dramática, como se fosse intocável.

E então o som mudou.

Passos firmes, cadenciados, ecoaram pelo corredor. As conversas cessaram. Uma mão afastou um funcionário, depois outro, até que ele surgiu.

Killian.

Essa empresa era dele!

Terno impecável, postura ereta, olhar que congelava o ar. Ele não precisou dizer nada para que todos se afastassem um pouco mais. 

Seus olhos azuis varreram o ambiente, e pararam em mim. 

Esse olhar pareceu durar um século.

Meu estômago se revirou. 

Ainda bem que a máscara de limpeza que eu usava cobria metade do meu rosto.

— Killian!!! Amor! Olha o que essa mulher fez comigo! — Beatriz choramingou, estendendo o braço para ele como uma donzela em apuros.

Ele não respondeu. Apenas a pegou nos braços, e ela se aninhou como se fosse seu lugar por direito. Fingi que não me importava, mas o aperto no peito queimava. Era como se cada passo dele com ela me empurrasse para mais longe do que um dia eu já fui.

O círculo de espectadores começou a se dispersar, mas não sem antes me lançar olhares de julgamento. Alguns cochichavam, outros sorriam de canto, como se fossem espectadores de uma novela barata.

O supervisor do setor de limpeza surgiu com expressão dura.

— Kamala, olha só o que você fez! Ela é a esposa do CEO! 

Tentei argumentar, — Foi um acidente… — mas minha voz tremeu.

— Está demitida! 

Eu sabia que já não tinha mais chances, — Então, meu sa...

— Salário? Você ainda tem a coragem de falar em salário? Já é um favor eu não te obrigar a pagar indenização! Não pense que vai receber um centavo!

O ar parecia pesado, difícil de respirar. 

Juntei minhas coisas, sentindo cada par de olhos me acompanhar até a porta. O barulho dos meus passos ecoava no corredor vazio, misturado ao som distante do elevador levando Killian e Beatriz para longe.

Quando saí do prédio, o vento frio da rua me atingiu, mas, junto dele, veio um alívio inesperado: ele não tinha me reconhecido. 

E já que ele era o CEO daquela empresa, ser demitida não era totalmente ruim.

Eu precisava estar o mais longe possível dele. Não importava o salário, não importava o futuro instável. Melhor recomeçar do zero do que correr o risco de ser arrastada para a órbita de Killian outra vez.

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