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Capítulo 4 — “Sua baleia, nem sabe limpar o chão!”

POV Amara

Desde que me mudei para o apartamento da Sabrina, minha vida ficou mais aconchegante. Passamos os dias dormindo, passeando no parque ou assistindo a filmes, e as noites trabalhando juntas.

Mas o alívio de ter um teto durou pouco, meu corpo não me deixava esquecer da realidade.

A gravidez já começava a marcar sua presença em cada detalhe: as roupas ficavam mais justas, meu quadril parecia se alargar a cada semana, e às vezes eu me pegava olhando no espelho sem reconhecer a mulher que encarava de volta.

O enjoo vinha sem avisar. Um dia, depois de eu vomitar no banheiro, Sabrina acariciou minhas costas com pena e disse, — Amara, você não pode mais sair para trabalhar, seu corpo não vai aguentar.

— Está tudo bem, isso é uma reação normal. Muitas mulheres ainda trabalham até pouco antes do parto.

— Mas...

— E precisamos de dinheiro, não é? O que ganhamos agora mal dá para comer, sustentar uma criança é outra coisa. — O dinheiro que eu ganhava à noite no bar estava muito longe de ser suficiente para garantir o futuro que eu queria dar ao meu bebê.

No fim, consegui convencê-la, e ela aceitou que eu continuasse trabalhando por mais três meses.

Eu prometi, só que o que ela não imaginava era que já consegui um emprego de faxineira em uma grande empresa com a identidade falsa.

Durante o dia, enquanto ela dormia depois do plantão, eu me transformava. Uniforme simples, cabelos presos e um crachá com o nome falso: Kamala.

O trabalho drenava minhas forças. A gravidez tornava tudo mais pesado: os passos eram lentos, as costas doíam, e o cansaço se acumulava como um peso preso aos meus ossos.

Dois meses depois, até respirar parecia exigir mais energia.

Naquela manhã, o erro aconteceu.

O corredor estava silencioso. Eu havia acabado de passar o pano, e a superfície brilhava sob as luzes frias do teto. Estava distraída, e esqueci de colocar a placa de “Cuidado, piso molhado”, pensando na lista de coisas que ainda precisava comprar para o bebê, quando senti meus pés escorregarem levemente.

Consegui me equilibrar, mas, no mesmo instante, Beatriz Argento passou por mim e não teve a mesma sorte.

O salto alto dela deslizou. O som da queda ecoou no corredor, seguido de um grito estridente. A bolsa voou para um lado, o celular para o outro. O corpo dela caiu de forma espalhafatosa, como se estivesse no palco de uma peça.

— Aiiii! Sua baleia, nem sabe limpar o chão! — cuspiu, com a voz carregada de desprezo, erguendo a mão de unhas vermelhas para me apontar. — Essa desgraçada me agrediu!

Vejo ela se esticar até onde o seu celular caiu e mexer nele de forma rápida e o levando ao ouvido. Poucos segundos depois, ela faz uma careta e começa a falar de forma chorosa.

— Bebê! Aconteceu uma tragédia comigo! Uma faxineira gorda e inútil me derrubou e eu estou muito machucada, eu preciso que venha me socorrer!

Ela desliga e todo o teatro se dissipou e só restou ódio no seu olhar refletido em mim.

O burburinho explodiu. Portas se abriram, rostos apareceram. Em segundos, havia um círculo de gente ao redor.

Eu levantei as mãos em sinal de defesa. — Foi um acidente, eu… — minha voz sumiu sob os murmúrios.

Beatriz se contorcia no chão como se estivesse quebrada ao meio. Uma ou duas pessoas se abaixaram para ajudá-la, mas ela afastou as mãos dramática, como se fosse intocável.

E então o som mudou.

Passos firmes, cadenciados, ecoaram pelo corredor. As conversas cessaram. Uma mão afastou um funcionário, depois outro, até que ele surgiu.

Killian.

Terno impecável, postura ereta, olhar que congelava o ar. Ele não precisou dizer nada para que todos se afastassem um pouco mais.

Seus olhos azuis varreram o ambiente, e pararam em mim.

Esse olhar pareceu durar um século.

Meu estômago se revirou.

Ainda bem que a máscara de limpeza que eu usava cobria metade do meu rosto.

— Killian!!! Olha o que essa mulher fez comigo! — Beatriz choramingou, estendendo o braço para ele como uma donzela em apuros.

Ele não respondeu. Apenas a pegou nos braços, e ela se aninhou como se fosse seu lugar por direito. Fingi que não me importava, mas o aperto no peito queimava. Era como se cada passo dele com ela me empurrasse para mais longe do que um dia eu já fui.

O círculo de espectadores começou a se dispersar, mas não sem antes me lançar olhares de julgamento. Alguns cochichavam, outros sorriam de canto, como se fossem espectadores de uma novela barata.

O supervisor do setor de limpeza surgiu com expressão dura.

— Kamala, olha só o que você fez! Ela é a esposa do CEO!

Tentei argumentar, — Foi um acidente… — mas minha voz tremeu.

— Está demitida!

Eu sabia que já não tinha mais chances, — Então, meu sa...

— Salário? Você ainda tem a coragem de falar em salário? Já é um favor eu não te obrigar a pagar indenização! Não pense que vai receber um centavo!

O ar parecia pesado, difícil de respirar.

Juntei minhas coisas, sentindo cada par de olhos me acompanhar até a porta. O barulho dos meus passos ecoava no corredor vazio, misturado ao som distante do elevador levando Killian e Beatriz para longe.

Quando saí do prédio, o vento frio da rua me atingiu, mas, junto dele, veio um alívio inesperado: ele não tinha me reconhecido.

Não havia olhado para mim como quem vê um fantasma do passado. E isso, por um instante, me permitiu respirar de novo.

A cidade seguia seu ritmo, indiferente à minha demissão. Mas, enquanto caminhava, a verdade caiu sobre mim como uma lâmina afiada: Killian não era apenas um nome no meu passado. Ele era o CEO daquela empresa. O chefe de todos.

Meu coração acelerou, não de desespero, mas de instinto.

Se ele estava no topo daquele prédio, eu precisava estar o mais longe possível dele. Não importava o salário, não importava o futuro instável. Melhor recomeçar do zero do que correr o risco de ser arrastada para a órbita de Killian outra vez. 

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