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Capítulo 2 – Do paraíso ao inferno em um instante

 POV Amara

Fui acordada pelo estrondo da porta sendo arrombada.

Ainda escuro, o quarto mal iluminado pelo primeiro raio de sol. Desci as escadas num tranco.

— Parem! Isso é minha casa! — gritei ao ver os homens de uniforme arrastando nossos móveis.

Um deles me empurrou com o cotovelo.

— Ordem judicial, senhora. Todos os bens estão sendo confiscados.

Meus olhos arderam. Vi nossa cristaleira de casamento sendo jogada no caminhão como lixo. O piano onde Killian compôs para mim. As fotografias...

Enquanto eu estava na porta de casa, observando os policiais levarem os móveis, uma sensação de desespero tomou conta de mim. Cada peça que saía representava uma parte da minha vida, uma lembrança que eu não poderia levar.

E então, como se a vida quisesse me dar um último golpe, meu celular vibrou no bolso. Olhei para a tela e vi o nome de Killian. Um frio percorreu minha espinha.

Atendi.

— Amara — a voz dele soou firme, impessoal. — Fiz uma transferência pra você. Um milhão de dólares.

Pisquei, confusa. — Pra quê?

— Compensação pelos dez sexos que tivemos em três anos. — A frase veio seca, quase entediada. — Estamos quitados.

Senti o estômago revirar. Um milhão de dólares? Ele estava me pagando como se eu fosse… uma prostituta? Como ele podia reduzir tudo a um cálculo nojento?

— Você é um… — comecei, mas a linha já estava muda. Ele tinha desligado antes que eu terminasse.

Cada número na conta bancária era uma humilhação para mim.

Eu não queria gastar um único centavo dele, mas, além de um coração partido e uma alma dilacerada, eu não tinha mais nada.

A vida que eu conhecia havia desaparecido.

***

Os três meses seguintes foram um verdadeiro pesadelo.

Eu troquei de endereço várias vezes, tentando me esconder dos credores que pareciam ter um faro aguçado para me encontrar.

A cada nova mudança, a esperança de que finalmente conseguiria escapar da sombra de Killian e da vida que eu deixara para trás se esvaía.

O dinheiro que ele me enviou, que eu inicialmente recusei, acabou sendo usado para pagar dívidas acumuladas, mas mesmo assim foi insuficiente.

A cada dia, a pressão aumentava, e eu me sentia cada vez mais encurralada.

Para tentar me proteger, tomei uma decisão drástica: tingi meu cabelo de preto, escondendo o ruivo natural que sempre fora uma parte de mim. Mas, mesmo com a nova aparência, a sensação de estar sendo observada nunca me abandonou.

Finalmente, consegui um lugar onde poderia me esconder, um pequeno apartamento em um bairro afastado, onde as pessoas não se importavam com quem você era ou de onde vinha.

Mas a liberdade tinha seu preço.

Eu estava sem um centavo, e a realidade de que precisava trabalhar para sobreviver se impôs de forma brutal. Apesar de ter um mestrado em administração e passar em entrevistas de grandes empresas não seja um problema, isso revelaria meu nome verdadeiro, Amara Castellari, um nome que já apareceu milhões de vezes na mídia..

A ideia de revelar minha identidade, de ser reconhecida como a ex-esposa de Killian Navarro e a filha de Samuel Castellari, era aterrorizante. Eu não queria que ninguém soubesse quem eu era, o que havia acontecido, ou o que eu havia perdido.

Assim, as opções se tornaram limitadas, e eu me vi forçada a aceitar um emprego em um bar clandestino.

O bar era um lugar escuro e sujo, frequentado por pessoas que buscavam escapar de suas próprias realidades. O cheiro de álcool e fumaça impregnava o ar, e a música alta abafava as conversas.

Eu me tornei uma garçonete, servindo bebidas e ouvindo histórias de vidas quebradas, enquanto tentava manter a minha própria dor em segredo. A cada noite, eu me sentia mais distante da mulher que um dia fui.

O trabalho era exaustivo, e as horas se arrastavam, mas era tudo o que eu tinha. O dinheiro que ganhava mal cobria as despesas básicas, mas era melhor do que nada. Eu me agarrava a essa pequena vitória, mesmo que a vida no bar fosse uma luta constante.

As lembranças de Killian e da vida que eu deixara para trás ainda me assombravam. Alguns membros da alta sociedade, que vinham aqui de propósito em busca de diversão vulgar, comentavam que a carreira dele estava de vento em popa.

Às vezes, me pegava pensando em como tudo poderia ter sido diferente.

A vida havia me derrubado, mas eu não estava disposta a ficar no chão, eu lutaria para me reerguer. Entre copos e risadas forçadas, eu tentava encontrar um caminho de volta para a luz.

***

Era uma madrugada fria e chuvosa quando eu estava levando o lixo para o beco atrás do bar.

Quando olhei para o fundo do beco, meu coração disparou.

Vi minha colega Sabrina cercada por um grupo de marginais, seus rostos distorcidos em sorrisos cruéis.

A cena era aterrorizante, e uma onda de adrenalina percorreu meu corpo.

Sem pensar, me coloquei na frente dela, segurando uma garrafa de vidro que encontrei no chão, como se isso pudesse protegê-la.

— Saia daqui! — gritei, tentando soar mais corajosa do que realmente me sentia. — Deixem ela em paz!

Os homens se viraram para mim, e a zombaria em seus rostos era palpável.

Um deles deu um passo à frente, rindo.

— Olha só, a lixeirinha quer ser heroína! — ele disse, com um tom de desprezo. — Você tem cheiro de lixo e nem como prostituta serve!

As palavras dele cortaram como facas, mas eu não podia recuar. Sabrina precisava de mim, e eu não poderia deixá-la sozinha.

Mas antes que eu pudesse reagir, o homem avançou, arrancou a garrafa da minha mão e, com um movimento rápido, quebrou-a contra a minha cabeça.

A dor explodiu em minha mente.

Eu cambaleei para trás, sentindo o sangue escorrer pela minha testa. O mundo ao meu redor começou a girar, e a visão se tornava turva. Eu sabia que precisava me manter consciente, mas a escuridão estava se aproximando rapidamente.

Então, como se o universo estivesse respondendo ao meu desespero, ouvi a sirene da polícia ao longe.

Os homens, percebendo o que estava prestes a acontecer, começaram a fugir, deixando-me ali, ferida.

Sabrina gritou meu nome, mas a voz dela parecia distante, como se estivesse vindo de um lugar muito longe.

As luzes da cidade começaram a se apagar,. A última coisa que ouvi foi a voz de Sabrina, desesperada, chamando por mim.

— Kamala!

Nem pelo meu verdadeiro eu.

A escuridão me envolveu, e eu me perguntei se essa seria a última vez que eu veria a luz.

Se este fosse o último dia da minha vida, eu preferiria que ele tivesse chegado antes, antes, na última vez em que adormeci sorrindo nos braços de Killian. 

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