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Capítulo 3 – Estou grávida… e ele vai se casar de novo

POV: Amara

Acordei em um quarto de hospital.

A luz fluorescente ofuscando meus olhos. A dor latejava na minha cabeça, e ao tocar o canto do meu olho, senti o corte que me lembrava do que havia acontecido. O cheiro de desinfetante e o som de monitores ao meu redor eram estranhos, mas havia algo reconfortante na presença de Sabrina ao meu lado.

— Você está acordada! — ela exclamou, um sorriso aliviado no rosto. — Eu estava tão preocupada!

— O que aconteceu? — perguntei, tentando me lembrar dos eventos da noite anterior. A imagem dos homens no beco e a garrafa quebrada vieram à mente, e a sensação de pânico voltou.

— Você salvou minha vida, Kamala! . Aqueles caras eram perigosos, e você se colocou na frente deles. — ela fez uma pausa, — Mas, por favor, nunca mais faça isso.

— Por quê? Eu não posso ficar de braços cruzados vendo eles te maltratarem.

A expressão dela mudando para uma mais séria. — O médico acabou de me informar que você está grávida! Parabéns!

As palavras dela atingiram-me como um soco no estômago.

— Grávida?! — murmurei, a voz falhando. — Isso não pode ser verdade…

A realidade da situação começou a se instalar, e eu me senti como se estivesse prestes a desmoronar novamente. Com certeza foi aquela noite com Killian... Eu não tive nenhum outro homem nesses meses.

Acabei engravidando dele... depois de tudo o que aconteceu.

— Eu sei que é muito para processar. O médico disse que você deve fazer exames e se cuidar. — Sabrina percebeu meu colapso, o sorriso sumiu, — Kamala, o que aconteceu? Por que você está tão abalada? Não me diga que engravidou sem querer? Você não… não ficou com algum CEO depois de beber demais e sem se proteger, ficou?

— Não, não… essa criança é minha e do meu marido. — Ao dizer aquela palavra, travei por um segundo e corrigi, — Ex-marido.

— Você acabou de se divorciar?

— Sim, há três meses. Me desculpa, Sabrina… preciso confessar. Eu escondi uma coisa… não, várias coisas. Na verdade, meu verdadeiro nome é Amara Castellari…

Sabrina repetiu meu nome, atônita. Mas, ao invés do riso debochado que eu temia, ela se inclinou e me abraçou.

— Na internet dizem que você e seu pai enganaram muita gente para roubar dinheiro, e que até o seu ex-marido não aguentou mais… mas eu sei que não foi a verdade, não é?

Depois de tanto tempo, esta foi a primeira vez que encontrei alguém do meu lado.

Como se uma represa tivesse se rompido, as lágrimas escorriam e eu comecei a contar a ela sobre Killian, sobre a vingança que ele havia tomado contra mim, sobre como tudo o que eu amava havia sido arrancado de mim.

Sabrina me ouvia atentamente, segurando minha mão. Eu pude ver a indignação em seu olhar.

— Isso é horrível, Amara. Você não tem culpa nenhuma, você não merece isso. Ninguém merece ser tratado assim.

— Eu sei, mas… — minha voz falhou novamente. — Eu não sei o que fazer. Estou sozinha, sem dinheiro, e agora com um bebê a caminho. Eu não posso ter um filho agora, Sabrina…— A dor em meu peito era insuportável. — Killian… Ele não vai querer saber de mim, e muito menos do filho. Ele me odeia.

Na TV do quarto, a imagem de Killian apareceu de repente. Era como um soco no estômago.

Ele estava radiante, com um sorriso que eu conhecia tão bem, mas que agora parecia tão distante. Ao seu lado, uma mulher elegante exibia um anel de noivado que brilhava como se estivesse zombando da minha dor.

— O empresário promissor Killian Navarro e a herdeira Beatriz Argento anunciaram seu noivado, com casamento marcado para daqui a três meses — dizia a repórter, enquanto imagens do casal em eventos sociais passavam na tela. — O que muitos consideram uma união perfeita, unindo duas das famílias mais influentes da cidade.

As palavras dela ecoavam em minha mente, e eu não conseguia desviar o olhar.

Do meu lado, Sabrina arregalou os olhos, completamente atônita. A fúria subiu no rosto dela como fogo. — Desgraçado!

A dor da traição se misturava com a sensação de perda, e eu me perguntei como ele poderia seguir em frente tão facilmente, enquanto eu estava presa em um pesadelo. A vida que eu sonhei, a família que eu desejava, agora parecia tão distante, tão impossível.

A ideia de ter um filho de Killian queimava dentro de mim como ácido. Eu não queria. Não podia. Assim que o médico entrou no quarto, ainda com a prancheta na mão, eu disparei sem pensar:

— Eu quero tirar esse bebê!

Ele me olhou por cima dos óculos, medindo minhas palavras como quem analisa uma ferida aberta.

— No seu estado atual, isso é impossível — disse, com uma calma que me irritou. — O seu corpo ainda está muito debilitado pelo ferimento. Qualquer procedimento agora colocaria sua vida em risco.

Senti o ar escapar dos meus pulmões. Eu não sabia se era medo, raiva ou desespero. Talvez fosse tudo junto.

— Amara, essa criança não tem culpa do monstro que ele é. Não faça isso.

Eu fechei os olhos, tentando afastar a imagem de Killian sorrindo ao lado de outra mulher.

— Eu não sei se consigo, Sabrina. Eu não tenho nada… não tenho ninguém…

Ela segurou minha mão com força, como se quisesse me prender ali, me impedir de despencar.

— Então vem morar comigo. Eu cuido de você. Não vai faltar nada. Você vai lutar, Amara. Você não está sozinha. Vamos encontrar uma maneira de lidar com isso. Você é mais forte do que pensa!

Uma parte de mim queria dizer não. Queria continuar me escondendo, me afundando. Mas outra parte… uma parte pequena e tímida… sentiu um fio de esperança se acender.

Talvez, só talvez, esse bebê não fosse o fim da minha vida.

Talvez fosse o começo de uma nova.

Mas uma coisa eu sabia: Killian nunca poderia descobrir.

Nunca. 

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