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Capítulo 3 – Estou grávida… e ele vai se casar de novo

POV Amara

Acordei em um quarto de hospital.

A luz fluorescente ofuscando meus olhos. A dor latejava na minha cabeça, e ao tocar o canto do meu olho, senti o corte que me lembrava do que havia acontecido. O cheiro de desinfetante e o som de monitores ao meu redor eram estranhos, mas havia algo reconfortante na presença de Sabrina ao meu lado.

— Você está acordada! — Sabrina suspirou, levando as mãos ao rosto em alívio. — Graças a Deus… eu estava tão preocupada!

Seu sorriso tremia, como se tivesse segurado o choro por horas.

— O que aconteceu? — minha voz soou rouca, estranha até para mim.

As lembranças vieram de uma vez: os homens, as risadas sujas, o estilhaço da garrafa. O pânico queimou em meu peito de novo, e senti meu coração disparar.

Sabrina apertou minha mão.

— Você me salvou, Kamala. — Sua voz quebrou. — Eles eram perigosos, eu… eu não sei o que teria acontecido comigo. Mas você… você ficou na frente deles. — Uma pausa, o olhar marejado. — Nunca mais faça isso, ouviu?

Engoli seco, tentando disfarçar o tremor na minha voz:

— E queria que eu ficasse parada? Assistindo eles encostar em você? Não deixo!

Foi quando a expressão dela mudou. O alívio deu lugar a algo mais sério, quase solene.

— Não.. É que você precisa se cuidar mais, não pode se descuidar dessa forma. Tem que pensar no seu bebê!  

As palavras dela atingiram-me como um soco no estômago. 

— Bebê?! — murmurei, a voz falhando. — Como assim, eu não tenho filhos! Vocêestá enganada!— Não? Mas o médico acabou de sair e disse que você precisa de repouso e foi um milagre o bebê estar bem, já que está no início da gravidez… 

A realidade da situação começou a se instalar, e eu me senti como se estivesse prestes a desmoronar novamente. Com certeza foi aquela noite com Killian... Eu não tive nenhum outro homem nesses meses. 

O chão pareceu sumir. O ar me faltava. Eu, grávida do homem que havia destruído minha vida. Acabei engravidando dele... depois de tudo o que aconteceu.

Sabrina estreitou os olhos, percebendo meu desespero

— Ei… calma. — Sua voz estava cautelosa. — Não me diga que engravidou sem querer? Você não… não ficou com algum CEO depois de beber demais e sem se proteger, ficou?

— Não! Não… essa criança é minha e do meu marido. — Ao dizer aquela palavra, travei por um segundo e corrigi, — Ex-marido.

— Você… você era casada? Você nunca me contou…

— Sim, há três meses. — minha voz saiu fraca, mas continuei, mesmo sentindo a garganta arder. — Me desculpa, Sabrina… eu escondi uma coisa de você. Na verdade… não, não é só uma. Eu escondi tudo.

Ela me olhava com aquela atenção silenciosa que só aumentava a pressão sobre o meu peito. Eu respirei fundo, tentando criar coragem.

— O meu nome… — engasguei. — O meu nome não é Kamala.

Os segundos pareceram eternos. O ar no quarto ficou mais denso, quase impossível de respirar.

— O meu verdadeiro nome é… Amara Castellari.

Sabrina piscou. O choque pintou seu rosto em silêncio, como se tivesse ouvido um tiro. Seus lábios se entreabriram, mas nenhuma palavra saiu. O nome pairou entre nós como uma sentença, como uma sombra impossível de apagar.

Meu coração martelava, esperando o pior: o riso debochado, a acusação, o desprezo. Já estava pronta para ouvi-la me mandar embora, como todos os outros.

Mas então, inesperadamente, ela se inclinou e me envolveu num abraço firme.

— Amara… — sua voz saiu embargada. — Na internet dizem que você e seu pai enganaram pessoas, que até seu ex-marido não aguentou mais… — ela fez uma pausa, como se tivesse medo de machucar ainda mais — …mas eu não acredito nisso. Não olhando para você agora. Isso não pode ser a verdade.

Foi nesse instante que meu corpo desmoronou. Pela primeira vez em anos, eu não precisei me defender.

Como se uma represa tivesse se rompido, as lágrimas escorriam e eu comecei a contar a ela sobre Killian, sobre a vingança que ele havia tomado contra mim, sobre como tudo o que eu amava havia sido arrancado de mim. 

Sabrina me ouvia atentamente, segurando minha mão. Eu pude ver a indignação em seu olhar.

— Isso é horrível, Amara. Você não tem culpa nenhuma, você não merece isso. Ninguém merece ser tratado assim.

— Eu sei, mas… — minha voz falhou novamente. — Eu não sei o que fazer. Estou sozinha, sem dinheiro, e agora com um bebê a caminho. Eu não posso ter um filho agora, Sabrina…— A dor em meu peito era insuportável. — Killian… Ele não vai querer saber de mim, e muito menos do filho. Ele me odeia.

Na TV do quarto, a imagem de Killian apareceu de repente.  Era como um soco no estômago. 

Ele estava radiante, com um sorriso que eu conhecia tão bem, mas que agora parecia tão distante. Ao seu lado, uma mulher elegante exibia um anel de noivado que brilhava como se estivesse zombando da minha dor. 

— O empresário promissor Killian Navarro e a herdeira Beatriz Argento anunciaram seu noivado, com casamento marcado para daqui a três meses — dizia a repórter, enquanto imagens do casal em eventos sociais passavam na tela. — O que muitos consideram uma união perfeita, unindo duas das famílias mais influentes da cidade.

Ouvi alguém no quarto do hospital suspirar:

— Nossa, que casal perfeito, que Deus os abençoe.

— O Senhor Navarro finalmente se livrou daquela mulher malvada e da família trapaceira.

As palavras deles ecoavam em minha mente, e eu não conseguia desviar o olhar. 

Do meu lado, Sabrina arregalou os olhos, completamente atônita.  A fúria subiu no rosto dela como fogo. — Desgraçado!

A dor da traição se misturava com a sensação de perda, e eu me perguntei como ele poderia seguir em frente tão facilmente, enquanto eu estava presa em um pesadelo. A vida que eu sonhei, a família que eu desejava, agora parecia tão distante, tão impossível.

A ideia de ter um filho de Killian queimava dentro de mim como ácido. Eu não queria. Não podia. Assim que o médico entrou no quarto, ainda com a prancheta na mão, eu disparei sem pensar:

— Eu quero tirar esse bebê!

Ele me olhou por cima dos óculos, medindo minhas palavras como quem analisa uma ferida aberta.

— No seu estado atual, isso é impossível — disse, com uma calma que me irritou. — O seu corpo ainda está muito debilitado pelo ferimento. Qualquer procedimento agora colocaria sua vida em risco.

Senti o ar escapar dos meus pulmões. Eu não sabia se era medo, raiva ou desespero. Talvez fosse tudo junto. 

— Amara, essa criança não tem culpa do monstro que ele é. Não faça isso.

Eu fechei os olhos, tentando afastar a imagem de Killian sorrindo ao lado de outra mulher.

— Eu não sei se consigo, Sabrina. Eu não tenho nada… não tenho ninguém…

Ela segurou minha mão com força, como se quisesse me prender ali, me impedir de despencar.

— Então vem morar comigo. Eu cuido de você. Não vai faltar nada. Você vai lutar, Amara. Você não está sozinha. Vamos encontrar uma maneira de lidar com isso. Você é mais forte do que pensa! Pode contar comigo. 

Uma parte de mim queria dizer não. Queria continuar me escondendo, me afundando. Mas outra parte… uma parte pequena e tímida… sentiu um fio de esperança se acender. 

Talvez, só talvez, esse bebê não fosse o fim da minha vida. 

Talvez fosse o começo de uma nova. 

Mas uma coisa eu sabia: Killian nunca vai saber da existência deste filho.. 

Nunca.

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