Domenica pensou que manter distância de seu passado pudesse deixar seus filhos seguros. Mas não foi bem isso que aconteceu. Enquanto ela fugia, pessoas a estavam vigiando. E na primeira oportunidade levaram seus filhos. A única saída que ela vê, é pedir ajuda para Valentim! A pessoa que ela mais queria distante.
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Trabalhar servindo as pessoas nunca foi um problema para Domenica, ser garçonete é o trabalho que sustenta seus filhos.
Se dependesse apenas do seu leite, eles não ficariam satisfeitos. Estão o tempo todo com fome e precisam sempre de mais, e duas crianças gasta muito. O dinheiro que as irmãs mandam do orfanato é o complemento perfeito de sua renda.
Mesmo com toda a dificuldade de sua vida, ela conseguiu acabar a escola, começar em um cursinho que ficava perto do orfanato e enfim se formar como auxiliar administrativo.
Em seguida, a oportunidade de entrar em uma empresa que é o sonho de qualquer jovem apareceu em sua frente. Estava em um momento da vida que era só felicidade, mas precisava se manter fora dos radares de qualquer forma possível. E a solução seria largar todo aquele sonho.
O início do dia em seu trabalho é como qualquer outro, a cafeteria abre sempre um pouco mais cedo para os trabalhadores que querem tomar um café. Domenica faz todo o serviço ali, limpa, serve, faz lanches, o que o patrão mandar. O vizinho da cafeteria, sr. Child, não trabalha, vive sozinho e pelo mesmo motivo vai lá todos os dias ter companhia para sua manhã.
Como sempre, Domenica cumprimenta e anota seu pedido. Ele pede o mesmo, pão de queijo e um cafézinho. Enquanto ela coloca o pedido na bandeja, seu telefone toca, ela atende com apenas uma mão e com a outra pega o copo.O nome da diretora da creche onde ficam os pequenos aparece em letras grandes na tela do celular.
Seu primeiro pensamento é:
"Aconteceu alguma coisa? Acabei de deixá-los lá!"
A notícia que recebeu a faz deixar o copo cair de sua mão, espatifando-se no chão. A diretora está desesperada e chorando, contando que homens violentos entraram e levaram os gêmeos. Apenas eles.
Suas pernas tremem com a possibilidade de perdê-los. Um arrepio de desespero percorre sua espinha. Ela não sabe para onde ir, o que fazer, quem procurar. E o mais importante, quem teria coragem e por que fazer isso com crianças.
Conforme lhe foi ordenado, ela se distanciou de qualquer um e de qualquer coisa que pudesse prejudicá-los. A seu ver, ali, a tantos quilômetros de distância, eles estariam seguros.
O que Domenica poderia fazer naquele momento seria ir até a delegacia e aguardar o que a polícia estava fazendo para encontrá-los.
***Na delegacia, eles sabiam o que ela sabia... NADA. As imagens da câmera de segurança mostram exatamente o que a diretora disse ao telefone. Todos mascarados, e foram direto para seus filhos. Como se alguém tivesse pedido por eles. Os policiais fazem o que podem com os recursos que têm, mas não é o suficiente para encontrá-los.Os dias passam e a angústia de Domenica aumenta a cada segundo, ela não come, nem dorme. E nenhuma notícia sobre eles é encontrada.
A única solução que Domenica vê à sua frente é procurá-lo.
Seu instinto não quer, mas sua relutância não pode ser maior que seu amor pelos filhos. É o que ela faz, com as mãos trêmulas, pega o celular e procura o número de Valentim, que não teve coragem de deletar.
Chama uma vez...
Duas vezes e nada.
A terceira chamada...
"Espero que Valentim não tenha mudado de número!"
— Olá?! - ele responde.
"Sua voz continua a mesma."
--Olá?!! Quem é? - ele insiste.
— Valentim?!
— Sou eu, Domenica! - ela fica alguns segundos esperando a reação dele. — Domenica? Quanto tempo! Como vai você? - ouvindo a voz de Valentim, todas as memórias que Domenica deixou trancadas dentro de seu coração sem acessá-las voltaram com força. Apenas por sua voz, a alegria preenche o vazio em seu coração.
— Estou bem. - por um momento ela havia esquecido o motivo de sua ligação.
— Desculpe. Mas eu não liguei para falar sobre nós. Eu tenho algo importante a dizer.
— Mas que... - ele tenta falar, mas ela o interrompe.
— Logo depois que terminamos eu...
"Eu preciso fazer isso, pelo bem dos meus filhos!"
- descobri que estava grávida. Eu não queria te contar e atrapalhar sua vida e seu relacionamento com Nádia.
Do outro lado da linha, Valentim escuta em silêncio. Assimilando tudo o que ela disse.
— Eu mantive a gravidez. E de qualquer maneira... eu tive dois bebês. Mas o que me fez ligar... é que... eles foram sequestrados!!! E os policiais não sabem mais o que fazer ou quem pode ter feito isso. E infelizmente você é a única pessoa que pode me ajudar e a quem posso recorrer agora.
- Espere!!! O que você acabou de dizer? Você estava grávida? Eu… eu… tenho dois filhos e você não me contou nada?
Sua indignação era clara. A mulher que ele amou escondeu que lhe deu dois filhos.
— Eu posso responder o que você quiser. Mas agora não! Preciso de ajuda para encontrar meus filhos!! Por favor?!
Ela implora por ajuda, o que ela não precisava fazer, Valentim prontamente solicitou seu jato e partiu em direção ao endereço que Domenica havia dado. Tudo o que ela fez para manter seus lobinhos longe dele estava falhando. “Apenas pense que é melhor para eles, Domenica!”
***
DOIS ANOS ATRÁS
WILORD
Diante do espelho, Domenica pensou em tudo o que a levara até ali. As noites mal dormidas, o tempo estudando, e que ela conseguiu se formar. Agora ela estava se preparando para começar seu primeiro dia de trabalho.
“Eles vão gostar de mim?”
"Meu arquivo não tinha nenhuma foto minha, eles não sabem como eu sou!” “Vai ser um grande choque para eles!"
Ela estava indo para a maior empresa de alimentos da cidade, KALUA. Exportadora, grande, tudo que um recém-formado deseja. A proximidade das horas deixa-a com dores no estômago, a possibilidade de trabalhar ao lado do presidente é uma oportunidade rara. Para não assustar tanto as pessoas com sua aparência, ela resolve fazer um coque com o cabelo e deixá-lo o mais discreto possível. O que não deu muito certo.
“Eles vão acabar me demitindo quando virem como eu pareço!”
—Você está pensando em sua aparência, mocinha? - entra irmã Dulce.
—Você tem razão! Tenho medo de que me rejeitem por ser assim.
— Filha. Se gostarem do seu trabalho, eles são boas pessoas. Mas se eles olharem apenas para a sua aparência, é ótimo que eles não aceitem você. Você não deve julgar ninguém pelo que vê por fora.
Valentim passou aquela angustiante noite no hospital, as esperadas horas para ver se seu pai sobreviveria, ali esperando noticias um pouco mais detalhadas de seu pai e de Nadia, pensando como aqueles dois foram parar lá no meio daquela floresta, sendo que ele pediu pra ela não sair de casa. "Minha mente fica entorpecida com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo." Valentim volta para a casa sedento por um banho, seu corpo está repleto de sangue seco. "Quero apenas me jogar em uma cama macia e esquecer desse dia." Entrando, Valentim escuta a conversa de Domenica e Nikolai sobre ir embora. — Nikolai, você está certo. Precisamos sair daqui quanto antes. — Mas você disse que seria melhor esperar toda a poeira baixar. Você está certa, está acontecendo muita coisa. -ele responde. — Não Nikolai, aqui é muito perigoso para mim e para as crianças, eu vou embora. Valentim não pode e não quer ficar sem ela e seus filhos. — Você vai embora Domenica? -ela se assusta com a chegada de Vale
-O que foi? Aconteceu alguma coisa? -Valentim pergunta desesperado.-Precisa vir comigo senhor. -a enfermeira diz.-Nikolai fique com eles por favor, eu já volto. Valentim não está bem para ficar sozinho.-Mas amor.. -Nikolai contesta.-Por favor, Nikolai, a mulher dele e seu pai estão em uma situação complicada, por favor.Ela sai seguindo Valentim."Até quando ela vai ficar correndo atrás deste homem? Eu a amo tanto e mesmo assim não sou visto."A enfermeira os leva até o médico.-Senhor, como eles estão?-Bem... a situação não é das melhores, eu não sei o que aconteceu com eles, mas quando chegaram aqui estavam muito machucados, como se foram atacados por um animal feroz. A mulher está com algumas lacerações pelo corpo, precisa de
A ideia de Nadia era ficar aguardando os capangas levarem as crianças até ela.“Mas se ficar aqui esperando perderei a parte mais legal!"Presenciar toda a experiência lhe dava um frio na barriga que a muito não sentia. Por um momento ela olha para a lua e contempla com carinho aquele momento. Seu sangue fervia só de imaginar suas mordidas nas crianças. Ela se transforma, sua pelagem é vermelha e laranja, um ponto de fogo em meio a escuridão; por isso, espera todos entrarem para fazer o mesmo. Em cada passo que Domenica dava mato adentro seu coração apertava, seus filhos estavam bem, com fome, assustados?? Olhou para Valentim e ele permanecia firme, forte, como se nada pudesse o derrubar. Ele se aproxima dela, como se dissesse "eu estou aqui, fique calma". Isso a deixa mais leve, menos apreensiva. Todos os lobos cercaram a cabana, com apenas dois homens nas laterais eles atacam, Valentim e Nikolai, cada um pegou um homem que guardava a cabana, sabendo de suas forças maiores sobre el
-Você não vai encostar um dedo neles Nádia! Não pode e não vai! -ele fala mais alto.-Como assim?-Fui eu quem pegou as crianças. Precisava tirá-las de perto daqueles dois. Tenho gente infiltrada nos vira-latas de Nikolai. Ele estava planejando pegar as crianças e chantagear Valentim para assumir tudo. Não poderia deixar isso acontecer, sei o quanto Valentim é fraco, ele com certeza cederia pelo bem dos filhos.-Mas você nem sabe se eles são realmente filhos dele.-Não seja inocente garota. Você está saindo muito boba para meu gosto. Neste tempo que estou com eles fiz os testes, e eles realmente são meus netos. Por isso não posso e não vou deixá-la tocar no fio de cabelos deles. Já que você não pode me dar nenhum herdeiro, nenhuma criança se quer, a vira-lata da Domenica pode fazer isso. Pelo menos uma coisa boa ela fez, quer dizer, duas coisas. Não ouse dizer uma palavra do que falamos para o Valentim, entendeu? Fique longe dos meus netos ou não ficará bom para você. Escutou? -ele sa
Nikolai tem uma ideia.-Você tem que dar uma alegria para ele. Algo que o faça esquecer das crianças.-O que você quer dizer com isso?-Um filho. Certeza que se você engravidar ele ficará muito feliz. E pode ser que ele dê uma pausa nessa procura pelas crianças.-Você acha que eu não tentei de tudo para engravidar neste tempo em que estamos casados? É o que eu mais tenho feito. Fiz todos os tipos de exames e não conseguem encontrar nada. Ainda mais agora neste momento, como vou engravidar se ele nem encosta em mim?-Talvez o problema seja ele! Não! Ele teve filhos com Domenica. Se você tentar com outra pessoa? -Nikolai se aproxima dela.-Sai de perto. Tem mutias pessoas em volta nos observando. Podemos tentar com certeza. Mas por agora o que fazemos?-Minta. Diz que está gravida mesmo sem estar. Neste meio tempo você tenta lev&aacu
“Quando vejo Nádia entrando me sinto a pior pessoa do mundo. A mulher mais imperfeita, jogada de escanteio enquanto as pessoas seguiam a sua vida. Minha vida simplesmente parou quando descobri que estava grávida, estagnei, não fiz mais nada para sair desta inércia que no momento está minha vida. Nádia está ainda mais linda do que quando a vi pela última vez. Valentim me disse que ela não estaria aqui, e somente por isso aceitei vir, quando ele se levantou da mesa para falar que tinha uma surpresa, achei que meus filhos entrariam pela porta. O que não aconteceu, ele fez tudo de propósito, chamou sua mulher apenas para me humilhar, me mostrar o quão baixa eu sou em relação a ela, estou no meu pior momento da vida. Sem meus filhos e com a minha autoestima no pé. Dou uma breve olhada para mim, calça jeans surrada, uma camiseta simples. No reflexo dos talheres posso ver minhas olheiras gritando, chamando por sono. Nádia pelo contrário, está com um belo vestido colado ao seu corpo. A sensaç
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