Eles eram dois vampiros machucados pelo passado. O desejo de ambos era ter uma vida tranquila e solidária.Mas o destino tinha outros planos. Theodoro Castro,ou apenas Theo,é um vampiro de 138 anos, transformado aos 28 durante o caos da Primeira Guerra Mundial. Desde então, sua existência solitária teve um único propósito: encontrar seu criador. Mas tudo muda quando surge uma nova razão para viver,sua filha, Ayla. Camily Russo era uma adolescente comum, até se apaixonar pela pessoa errada. Transformada em vampira por seu ex-namorado Marco, há mais de seis anos ela vive fugindo dele e de si mesma. Abandonou sua família para protegê-los, aprendeu a controlar sua sede com esforço e vive nas sombras, tentando sobreviver em um mundo que ela nunca escolheu. Tudo muda quando seus caminhos se cruzam. Theo é tudo o que Camily sempre sonhou,e muito mais. Para ele, ela é um desejo incontrolável, uma conexão que vai além da eternidade. O amor entre os dois nasce intenso, irresistível... e perigoso. Mas há um segredo do passado,algo que liga Theo e Camily de uma forma que nenhum dos dois imagina e ameaça separar o que o destino uniu. Será que o amor deles é forte o suficiente para resistir? Ou certas verdades são capazes de destruir até o que parece eterno?
Ler maisCAMILYAbrir aquela porta foi como assinar a sentença de morte dos meus planos de manter distância de Theo. Vi meu autocontrole desmoronar na mesma hora.Merda. Merda. Merda.— O que você está fazendo aqui?! — perguntei entre dentes, varrendo o corredor com os olhos.Antes que ele respondesse, agarrei o colarinho da sua camisa e o puxei para dentro da sala, trancando a porta com um estalo seco.— Você enlouqueceu de vez, Theo? Eu trabalho aqui! Você não pode simplesmente aparecer assim! — comecei a andar de um lado pro outro, com minhas mãos na cabeça, tentando raciocinar. — Como você entrou? Alguém te viu? Se a diretora ou um dos meninos te encontrar aqui, eu tô fodida! F-O-D-I-D-A!— Que meninos? — ele perguntou, com aquela voz baixa, quase um rosnado.Aquilo me fez parar no mesmo instante.— Sério que você tá preocupado com isso agora? Com ciúme?! Eu tô tentando não ser demitida, Theo. Não esquece que nem todo mundo é rico ou mora em uma mansão de revista. — cuspi, irritada.— Como
THEOProcurei por ela em cada esquina de Nova York. Nada. Nenhum sinal de Camily. Minha última cartada? A escola. Talvez ela more por perto… ou talvez eu devesse engolir meu orgulho e ligar pra Annabel, implorando pelo endereço.“Não, Theo, tá maluco? Espera até amanhã, você tem reunião na escola com a professora favorita da Ayla, seu idiota.”Minha consciência grita, quase debochada. Pelo menos uma parte de mim ainda tem juízo, porque o resto… se perdeu. Perdi a razão, a lógica e o controle no instante em que a vi dançar daquele jeito.Ela dançou pra mim.Pra mim.Respiro fundo e desisto, por ora. Volto até a boate, indo direto pra sala do Matteo. Dou duas batidas na porta. Ele já sabe que sou eu.— Que cara é essa? — ele pergunta, franzindo a testa.Eu sei. Se alguma coisa acontecer comigo enquanto estou com ele, April mata ele sem pensar duas vezes. Talvez não literalmente… mas um dente, com certeza, ele perde.— Nada demais. — respondo, tentando não explodir por dentro.— Fala log
CAMILYA noite estava perfeita.Claro que Stefano e Caitano não conseguiram se conter: logo no início já arrumaram briga com uma gangue de motoqueiros do Texas que pareciam estar procurando por alguém. Já Annabel, sonhadora incurável, parava em cada teatro pelo caminho, se imaginando cantando no palco, sob os holofotes. Se eu fosse humana, meu braço já teria caído de tanto puxar ela pra longe dessas paradas teatrais.Depois de sermos expulsos do primeiro bar,por conta da briga, fomos parar num bar de karaokê. Annabel e Caitano soltaram a voz com todas as músicas da Ariana Grande que conseguiram lembrar. Claro que minha amiga me arrastou pra cantar com ela a nossa música favorita em italiano. Meu coração apertou. A saudade da Itália bateu forte. Era o meu lugar. Minha vida humana toda. Tudo que deixei para trás por culpa do desgraçado do Marco.— Ei, minha deusa do submundo, tira essa cara de velório. Hoje é noite de festa. — Stefano me entregou uma cerveja com seu sorriso maroto.— St
THEODesde que a vi esta tarde, não consigo tirá-la da cabeça. A forma como controlou a situação com aquele dom poderoso, sua expressão séria em contraste com aquele rosto delicado… E aquele cheiro. Laranja com hortelã. Tudo nela, mexeu comigo de um jeito que nem sei explicar.E, por mais estranho que pareça… me lembra alguém. Familiar. Perigosamente familiar.Mas o que está acontecendo comigo? Por que ela ocupa meus pensamentos dessa forma?— Papai, você tá me ouvindo? — Ayla me chama, me puxando de volta à realidade.— Claro, meu docinho. Só me distraí por um segundo. Mas, pelo que escutei, seu dia foi incrível, certo? — tento retomar a conversa, fingindo naturalidade. Mesmo ainda com ela,a mulher dos cabelos roxos,estampada nos meus pensamentos.Nem com Aurora isso aconteceu. Nunca assim. Nunca desse jeito.—Sim. Minha professora Cami tem meu selo de aprovação de MELHOR PROFESSORA DO UNIVERSO!! — ela grita animada, me fazendo rirAyla não simpatiza com ninguém facilmente, gostar de
CAMILYNosso primeiro dia de aula foi menos caótico do que eu imaginava. Minha turminha do primeiro ano é encantadora. E preciso dizer: Sofia, Giovanna e Ayla são simplesmente incríveis. Não possuem o dom da hipnose como alguns, mas têm algo ainda mais poderoso. Nossa presença, nosso cheiro, nossa energia, tudo em nós pode ser hipnótico para os humanos. No caso dos lobos, até o olhar carrega esse poder. E essas três… ah, essas três vão dominar qualquer um que quiserem.— Alguém sabe me dizer qual é o principal segredo para hipnotizar uma pessoa?Ayla levanta a mão, com aquele brilho nos olhos que só quem nasceu especial tem.— Sim, Ayla?— Normalmente… é a pessoa querer. Minha tia diz que humanos só podem ser hipnotizados se quiserem ser.Antes que eu pudesse elogiar, Sofia interrompe, continuando a linha de raciocínio da prima:— Mas ela também diz que há brechas. Principalmente pra nós.— Se usamos nossa beleza, nosso cheiro, nossa convicção… conseguimos qualquer coisa deles — acres
CAMILYA minha vida inteira foi uma eterna comparação.“Você devia ser como sua irmã.”“Aurora vai ser médica um dia. E você? Vai acabar como uma qualquer.”“Se eu soubesse que você ia fazer isso, nem tinha te emprestado o dinheiro…”Foi ouvindo essas frases que deixei de ser a sombra da minha irmã perfeita para virar o que minha família chamava de vergonha. Passei a viver nas ruas com meus amigos até tarde da noite, cortei meu cabelo comprido na metade e pintei mechas roxas só pra provocar. Fiz uma tatuagem,“Viver é ser livre, livre pra viver”,gravada em cima de uma caveira com rosas vermelhas. A caveira era só pra irritar minha mãe.Foi nesse estúdio de tatuagem que conheci Marco. Ele parecia perfeito. Me levava pras melhores festas, me buscava na escola, fazia todas morrerem de inveja. Ele era lindo. Perigoso. Viciante.Mas depois de um ano, tudo mudou.Ele conseguiu o que queria: minha virgindade.Depois disso, eu virei babá pra ganhar uns trocados pra nós dois, enquanto ele passa
Theo Falar sobre isso ainda é muito difícil. Já se passaram 110 anos desde o dia em que eu morri pela primeira vez. Ser filho de um soldado americano significava seguir o mesmo caminho. Não era exatamente uma escolha. Era a Primeira Guerra Mundial,todos éramos forçados a lutar, defender, atacar… sobreviver. Naquela época, me chamavam de tolo por tentar ajudar os outros. Por ver bondade onde ninguém mais via. Eu era motivo de piada por fazer o certo, enquanto o mundo ao meu redor afundava no caos. Hoje entendo a forma deles de pensar. Eles tinham por quem lutar. E eu? Só tinha a mim mesmo. Morri com um tiro no peito enquanto tentava salvar uma senhora ferida. Fui deixado para morrer no meio da noite escura. Não sei quem apertou o gatilho,talvez tenha sido até um soldado aliado. Mas o que sei é que, três dias depois, acordei. Meu corpo ainda coberto de sangue seco. A garganta em brasa. Seca. Uma sede incontrolável. Achei que precisava de água… até ver o corpo da senhora ao meu l