Eles eram dois vampiros machucados pelo passado. O desejo de ambos era ter uma vida tranquila e solidária.Mas o destino tinha outros planos. Theodoro Castro,ou apenas Theo,é um vampiro de 138 anos, transformado aos 28 durante o caos da Primeira Guerra Mundial. Desde então, sua existência solitária teve um único propósito: encontrar seu criador. Mas tudo muda quando surge uma nova razão para viver,sua filha, Ayla. Camily Russo era uma adolescente comum, até se apaixonar pela pessoa errada. Transformada em vampira por seu ex-namorado Marco, há mais de seis anos ela vive fugindo dele e de si mesma. Abandonou sua família para protegê-los, aprendeu a controlar sua sede com esforço e vive nas sombras, tentando sobreviver em um mundo que ela nunca escolheu. Tudo muda quando seus caminhos se cruzam. Theo é tudo o que Camily sempre sonhou,e muito mais. Para ele, ela é um desejo incontrolável, uma conexão que vai além da eternidade. O amor entre os dois nasce intenso, irresistível... e perigoso. Mas há um segredo do passado,algo que liga Theo e Camily de uma forma que nenhum dos dois imagina e ameaça separar o que o destino uniu. Será que o amor deles é forte o suficiente para resistir? Ou certas verdades são capazes de destruir até o que parece eterno? Obs: Livro 2 — Família Esposito Castro
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Falar sobre isso ainda é muito difícil. Já se passaram 110 anos desde o dia em que eu morri pela primeira vez. Ser filho de um soldado americano significava seguir o mesmo caminho. Não era exatamente uma escolha. Era a Primeira Guerra Mundial,todos éramos forçados a lutar, defender, atacar… sobreviver. Naquela época, me chamavam de tolo por tentar ajudar os outros. Por ver bondade onde ninguém mais via. Eu era motivo de piada por fazer o certo, enquanto o mundo ao meu redor afundava no caos. Hoje entendo a forma deles de pensar. Eles tinham por quem lutar. E eu? Só tinha a mim mesmo. Morri com um tiro no peito enquanto tentava salvar uma senhora ferida. Fui deixado para morrer no meio da noite escura. Não sei quem apertou o gatilho,talvez tenha sido até um soldado aliado. Mas o que sei é que, três dias depois, acordei. Meu corpo ainda coberto de sangue seco. A garganta em brasa. Seca. Uma sede incontrolável. Achei que precisava de água… até ver o corpo da senhora ao meu lado, o sangue que escorreu de sua boca até o pescoço. E foi aí que entendi: não era água que meu corpo pedia. Demorei anos para controlar a sede. Durante um tempo, cada inimigo morto parecia um alívio. Uma pequena vingança. Uma guerra só minha. Que, para o meu país, era um favor. Mas tudo mudou quando minha busca começou: encontrar Arthur Russo. Meu criador. O desgraçado que me transformou em um monstro… e me abandonou. Durante essa caçada, conheci Demetri Esposito. Salvei sua vida quando ele lutava contra um clã inteiro de vampiros. Em troca, ele usou os recursos de seu avô,o Rei Alberto Esposito,para me ajudar. Mas mesmo assim, nenhum sinal de Arthur. Era como se tivesse evaporado. Foi nessa jornada que conheci meus verdadeiros pais: Pietro Castro e Maria Eduarda. Eles não me viram como um monstro. Me acolheram. Me ensinaram a caçar animais, e apenas animais. Com eles, aprendi a controlar a besta. Eles já tinham cinco filhos: Noah, o mais velho; Ethan, a sombra do irmão; e os trigêmeos superpoderosos Rodrigo, Colin e April. Desde o primeiro momento, fui cativado por April. A conexão entre nós é inexplicável. Como se já fôssemos irmãos em outra vida. O que, sinceramente, não me surpreenderia. Com o tempo, nossa família cresceu ainda mais. Vieram Antonella, Gael… uma casa cheia, barulhenta, amorosa. Mas minha busca por Arthur nunca cessou. E foi então que conheci Aurora Russo. Sua trisaneta. Aurora… era luz. Inteligente, doce, gentil. E humana. Eu não podia contar o que era, mas o amor falou mais alto. Começamos a namorar. Quando ela me disse que estava grávida, foi o momento mais feliz da minha existência. Nossa menina, Ayla, crescia dentro dela normalmente… até o terceiro mês. Foi quando o lado vampiro se manifestou. Aurora começou a definhar de dentro para fora. Lutou com todas as forças até nossa bebê nascer.Ayla nasceu em 27 de agosto, há sete anos atrás. Minha luz, minha razão de viver. Mas para ela vir ao mundo, Aurora teve que partir. Minha família me ajudou em tudo. Os trigêmeos, com 14 anos, cuidavam da sobrinha quando eu precisava caçar. April e Ayla são inseparáveis. Um grude adorável. Não as culpo,também sou o grude da minha irmã caçula e da minha filha. Hoje é o primeiro dia de aula da minha princesinha. Na nova escola: a Academia Esposito, onde vampiros, bruxas e lobisomens estudam juntos. Uma ideia péssima, na minha opinião. — Vamos, papai! Ou vou me atrasar! — grita Ayla lá de baixo. — Ainda acho uma péssima ideia. Quem junta três espécies debaixo do mesmo teto? Obviamente, a casa inteira escuta. Numa casa de vampiros, privacidade não existe. — Para de drama, papai. A tia April disse que vai ser bom pra mim,pra Mavi e pra as gêmeas. Vamos aprender a controlar nosso outro lado. Desço em um segundo. Ayla está linda com o uniforme da escola: saia xadrez vermelha escura, camisa branca, gravata vermelha e um mini blazer que parece ter sido feito para ela. — Ayla, não está esquecendo nada, querida? — minha mãe entra com uma caixinha. Minha filha corre pro espelho enorme que tem na sala de estar, e se olha dos pés a cabeça. — Não que eu saiba, vovó! Ela ri e abre a caixa. Lá está o broche dourado, com uma pedra vermelha brilhante. O nome da escola acima, o nome dela abaixo. Mas há algo mais: April encantou os broches. Para Proteção. Ela jamais deixaria as meninas desprotegidas. — Ai, quase esqueci! Obrigada, vovó Duda! — Ayla enche a avó de beijos. — Você sabia que o da Mavi, da Gigi e da Soso são verdes porque elas são lobas? — Claro que sabia, meu amor. Agora vão antes que se atrasem.— mamãe da um beijo na bochecha de Ayla — Theo busca sua irmã e as meninas. — Ué, elas não vão com o Gabriel? — pergunto, estranhando. Meu cunhado é literalmente o carrapato da minha irmã. — Os quadrigêmeos estão gripados. Gabriel ficou com eles. Seu pai está lá examinando os coitadinhos. Vou levar um chazinho depois, pra ver se eles melhoram mais rápido— diz mamãe, com aquela expressão preocupada. — Depois passo lá pra ver eles também. — Vamo, papai! — grita Ayla. — Tô indo, minha impaciente. No carro, Ayla mal consegue ficar quieta um minuto. Pegamos April e as meninas e seguimos para a escola. — Irmão, tá tudo bem? — April pergunta, olhando mim. Ela sempre sabe que tem algo de errado. Ela sempre sabe. Faço um sinal indicando as meninas. Fofoqueira do jeito que é. Ela lança uma magia para bloquear o som. — Hoje é o aniversário da Aurora. Ela faria 30 anos — murmuro. — Theo… Eu sei o quanto você a amava. Mas você precisa parar de se culpar. Você merece ser feliz. Ela sempre diz isso. E eu sempre acho que não. Ter uma família como a minha, uma irmã como ela, uma filha como Ayla… já é mais do que mereço. Não respondo. Ela sente minha dor. Nem precisa usar o dom de escutar pensamentos pra saber o que estou pensando.Desfaz a magia, e o carro volta a ser um caos sonoro de meninas animadas. A escola está uma loucura. Crianças correm, pais correndo de atrás, lobos adolescentes se empurram em brigas idiotas. — E você ainda acha que essa escola é uma boa ideia? — pergunto, cético. — É só o primeiro dia, Theo — diz April, encantada. — Amanhã vai ter lobo mijando em planta, outros cheirando suas bundas, e um terceiro mastigando a perna de alguém. — Esqueceu que eu também sou loba? Já me viu fazendo xixi em alguma planta da nossa mãe? — Não… mas já te vi fazer cocô no ombro do teu guardião. — Vai te ferrar, Theodoro! Eu só tinha cinco meses! A fralda vazou! Eu rio. Forte. Como há tempos não ria. Ayla e as meninas se divertem vendo o caos. Até que Annabel surge na entrada, acompanhada de uma mulher jovem e impressionante. Annabel diz algo, e a mulher dá um passo à frente. Sua voz ecoa: — Parem! Todos param. — Sejam bem-vindos à Academia Esposito! Eu sou Annabel Esposito, a diretora desta escola. Espero que todos nós, tenhamos um ótimo ano letivo.— diz Annabel, com um sorriso alegre e irritantemente contagiante. Ela nos vê e corre como se ainda fosse uma criança. — Prima! Theo insuportável! Minhas princesinhas lindas! — ela nos abraça com entusiasmo. Mas minha atenção se prende apenas a uma pessoa. A mulher de cabelos roxos, esvoaçantes. Jovem. Claramente muito poderosa. E, de algum modo, que eu não sei explicar… perigosa.⸻TheoVer o sol nascer ao lado dela todos os dias pelo resto da minha existência… Fácil. Fácil demais de me acostumar.O sol no horizonte, a vista magnifica da cidade e os pássaros voando a todo vapor. Tudo é lindo, mas absolutamente nada é mais bonito do que o rosto dela iluminado por essa luz.Seus olhos brilham, seu sorriso surge suave… e o cabelo castanho, com aquelas mechas roxas, parece a visão mais maravilhosa que já vi na vida.Linda. Perfeita. Minha.Assim que está sendo nossa primeira manhã juntos,como namorados. Como casal. Como oficialmente um “nós”— Vai ficar me encarando até quando, Theodoro? — pergunta sem nem me olhar, com aquele tom debochado que me desarma por dentro… e por fora também.Sorrio.— Pra sempre parece pouco.Ela gira o rosto, arqueia uma sobrancelha e me olha como se eu tivesse acabado de soltar a maior breguice da história da humanidade.— Nossa… que brega, Theo! — ri, jogando a cabeça pra trás. E que risada maravilhosa…— Brega nada, namorada. Você
CamilyConhecer a família do Theo… foi como destrancar uma parte dele que até então eu só imaginava.Ele é carinhoso porque é cercado do amor imenso da mãe, daquelas que abraçam até com o olhar.É responsável porque desde que entrou para família viu o pai equilibrar com maestria a vida no hospital e a vida em casa, como se carregar o mundo nas costas fosse a coisa mais natural do mundo.É protetor porque aprendeu que amar não é só dizer, é cuidar, é defender, é estar… aconteça o que acontecer.Eles são assim. Uma força só. Um pelo outro. Sempre.Claro que brigam,até com uma intensidade cômica, mas se algo ameaça um deles, todos se tornam muralhas.“Família é isso”, me disse minha sogra,dona Maria Eduarda, com aquele sorriso que conforta até a alma.É estranho… usar palavras como “namorado”… “sogra”… Mas não sei, aqui tudo parece tão certo, tão… meu.— No que tá pensando, mocinha? — uma voz rouca, carismática, arranca minha mente do transe.Quando viro, quase tropeço nas próprias perna
TheoContar essa tragédia da minha família para Camily foi como arrancar uma parte de mim. Relembrar a dor, a fúria pela traição de Kimberly, a ira impiedosa da minha irmã… foi devastador.Mas eu precisava. Precisava compartilhar tudo isso com ela.Se eu quero a Camily por completo, preciso ser inteiro para ela também. Não posso continuar me escondendo atrás da dor ou da covardia.Chega. É hora de ser o homem que ela merece,não o homem solitário que a vida me forçou a ser.Olho para os olhos dela. Cheios de preocupação. Não só por mim, mas por todos ao meu redor. Camily tem o coração mais puro que já conheci. Ela é a mulher certa.Talvez certa demais para mim.Mas, dessa vez, vou ser egoísta.Ela não vai mais embora sem mim.E eu nunca mais vou ficar sozinho enquanto ela estiver comigo.— Vamos? — pergunto, com um sorriso firme e decidido.— Pra onde? Eu… eu não tenho mais onde ficar, Theo. Estraguei tudo com a Annabel — diz ela, cabisbaixa.— Você vai comigo. Minha família está toda
CamilyHoras. Já faz horas que estou revirando esses livros malditos da origem dos vampiros,procurando alguma pista sobre o que posso fazer.Qualquer coisa que me ajude a calar essa necessidade idiota que a April tem pelo meu homem.Pode soar como loucura. Insegurança. Ou possessividade pura.Mas não é.É medo.É a certeza de que posso perdê-lo, e isso me rasga por dentro.Por que tudo na minha vida precisa ser assim?Sendo filha, sempre fui a sombra da minha irmã perfeita.Sendo amiga, a comparação viva com Luana, a rica e perfeita.E como namorada… sempre humilhada por não ser a Marcela.Sempre há alguém melhor, mais digna, mais amável.Com Theodoro… não.Com ele, ninguém vai me comparar.Muito menos ser comparada novamente com a irmãzinha adotiva. Assim como foi com Marco.Ninguém vai tirar Theo de mim.Ninguém.Fecho o livro com força. Inútil. Todos eles.Pego minha bolsa procurando minha garrafinha de sangue.Vazia.Como assim… vazia?!O desespero me consome como uma maré negra.F
Theo Passar esses dias longe da Camily só serviu para me deixar mais estressado. O silêncio entre nós me dilacera mais do que qualquer guerra que já enfrentei. Mas o pior… o pior é não ter com quem conversar sobre isso.Quem estou tentando enganar?Não poder contar pra April é o que realmente está me matando.As únicas pessoas que sabem,se é que isso conta como “saber”,são o idiota do meu tio, que me condena por manter segredos, e meus primos… que dariam tudo pra tirar a mulher que eu gosto de mim.— Ótimo, Theo. Nem pra ter amigos você presta — murmuro para mim mesmo, sentindo a culpa pulsar no peito.Nesse exato momento, a porta se escancara sem batida nenhuma. Sem aviso. Apenas… entra.Minha irmã.— Algum problema, irmãozão? Que história é essa de “não ter amigos”? Eu sou o quê, seu idiota? — Seff entra com aquele tom brincalhão, mas a mágoa em sua voz é um soco direto no meu estômago.— Não é isso, minha princesinha… só quis dizer que não tenho nenhum amigo homem pra tomar uma ce
CamilyOito anos atrás— Marco, onde você estava? Passei o dia inteiro te ligando! — minha voz sai trêmula, desesperada. Nem fui trabalhar. Saí feito louca, achando que ele podia estar preso… ou no hospital.— Relaxa, Camily. Eu tava com a Marcelinha. Nada demais. Ela me ligou de madrugada com um problema na lâmpada, e depois me levou numa festa na casa de uma amiga, como forma de agradecimento. — Ele fala como se tivesse ido na padaria.— Você tava com a Marcela? — sinto o estômago revirar. De todas as pessoas no mundo… justo ela?— Sim. Algum problema? Ela é minha irmã. Tava precisando de mim. Esse é o meu papel de irmão mais velho.— Sua irmã?! Então aquele papel de irmão protetor incluía levar ela pra sua cama cinco meses atrás também? Vocês são irmãos, seu nojento!— Vai se ferrar, Camily. A gente nem é irmão de sangue. Ela é só filha da minha madrasta. E, se quer saber, ela é muito melhor que você. Se não fosse pela vaca da mãe dela, eu estaria com ela agora. E não preso com alg
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