Mundo ficciónIniciar sesiónPara salvar a vida da irmã caçula gravemente doente, Elena está disposta a atravessar a fronteira entre a inocência e o pecado. Endividada, sem alternativas e desesperada diante dos custos de um tratamento inacessível, ela toma uma decisão impensável: leiloar sua virgindade ao homem que oferecer mais. O que deveria ser apenas uma transação fria logo se transforma em um jogo perigoso quando o vencedor do leilão não é um desconhecido qualquer, mas Damian Cavallari, um bilionário implacável, marcado pelo passado e acostumado a controlar tudo e todos. O que começa como um contrato e obrigação se torna uma prisão de desejo, poder e descobertas. Ela se entregou por necessidade. Ele a comprou por desejo! Entre noites proibidas e segredos revelados, Elena descobrirá que vender o corpo é fácil… difícil é entregar o coração a quem nunca acreditou no amor. No fim, ela terá que escolher entre salvar a irmã ou salvar a si mesma da sedução devastadora de um homem que nunca deveria desejar.
Leer másQual é o seu valor?
Elena Rossi
No salão principal, onde lustres derramavam ouro falso sobre a pele de quem passava, eu observava outras mulheres sendo exibidas como quadros. Números, não nomes. Mãos levantadas, cifras subindo. Tudo parecia distante, como se eu assistisse de fora do meu próprio corpo, presa em uma vitrine de carne e silêncio.
Chamaram meu número.
— Lote vinte e sete.
Subi no palco. A luz me atingiu de frente, ofuscando minha visão por um segundo. Depois, firmei o olhar e ergui o queixo, procurando um ponto fixo para não vacilar e encontrei ele.
Na primeira fila, um homem que parecia comandar o ambiente sem precisar mover um músculo. Usava um terno preto impecável, um olhar frio, concentrado. O tipo de presença que altera o ar, que faz o mundo ao redor se calar. Os olhos dele, de um cinza cortante, encontraram os meus e o tempo parou.
Senti o corpo fraquejar.
Já tinha ouvido falar de homens como aquele. Mas a forma como ele me olhava não era simples curiosidade. Era como se ele me analisasse, me avaliasse. Como se estivesse tentando descobrir onde eu quebraria primeiro.
De repente a voz do leiloeiro me fez sair do transe.
— Lote vinte e sete. Elena Rossi. Lance inicial: quinhentos mil euros.
Meu nome ecoou como um estalo me fazendo o ar faltar. A luz dos lustres zombava de mim, e o som seco do martelo marcou o início de uma guerra silenciosa.
Então as vozes começaram.
— Quinhentos e cinquenta.
— Seiscentos.
— Setecentos.
Cada cifra era uma lâmina cravada na minha pele, na minha alma. Mas havia algo que ninguém ali sabia, era que eu não estava vendendo apenas meu corpo, estava vendendo tudo o que ainda restava de mim, meu corpo, minha alma e a única inocência que eu tinha.
Eu estava vendendo a minha virgindade.
E eu seria capaz de fazer tudo por ela. Minha irmãzinha que naquele momento, lutava no hospital contra algo grande demais para alguém tão pequena.
Sem mim… sem dinheiro… ela morreria.
E se um sacrifício precisava ser feito, que fosse o meu.
Eu ofereceria meu sangue, minha pele e minha alma inteira se isso significasse dar a ela mais uma chance de viver.
Mantive meus olhos nele. No homem sentado na primeira fila. Ele não falava, não se movia, não fazia anotações, nem levantava placa. Aquela frieza me irritava e, ao mesmo tempo, me puxava para mais perto dele, mesmo quando eu queria fugir. Porque, no fundo, eu sabia que homens como ele aprendem a dissecar o medo dos outros com precisão cirúrgica. Eles não precisam tocar para saber onde você quebra, basta olhar.
O leiloeiro continuou, excitado com o ritmo.
— Um milhão! — alguém gritou, embriagado de poder.
Eu mantive o queixo firme, as mãos soltas ao lado do corpo, mas por dentro, tremia. O coração batia em descompasso, mas eu não podia me permitir vacilar. Havia algo maior me empurrando para frente e não havia outra saída.
— Um milhão e cem! — respondeu outro, batendo o copo na mesa.
O público murmurou. Havia tensão, expectativa.
Respirei fundo. Meu peito subia e descia devagar, tentando esconder o desespero que me assolava por completo. Mas o medo tem cheiro e o meu, se espalhava doce e perigoso.
As cifras começaram a ultrapassar o limite do absurdo. E a cada lance eu sentia o meu estômago revirar. Me sentia nua, mesmo vestida. Cada olhar que me atravessava era mais pesado do que o ouro prometido por minha entrega.
Ele permanecia na primeira fila. Imóvel, como se o mundo inteiro girasse em torno da própria presença. O homem enigmático, de olhar firme e insondável, que parecia capaz de despir certezas sem precisar tocar.
Quando nossos olhos se encontraram, o tempo se contraiu e tudo ao redor desapareceu.
Havia apenas ele e eu.
Aquele olhar me atravessou como uma sentença. Não havia ternura ali, nem piedade, tampouco desejo evidente. Era algo diferente, um estudo silencioso, um interesse frio, como se estivesse num meio de uma partida de xadrez prestes a dar o lance final.
Tentei desviar, mas não consegui. Algo naquele homem me puxava para dentro de um espaço que eu não queria habitar, um lugar feito de medo e curiosidade, de repulsa e de uma estranha atração que eu não conseguia compreender.
Meu coração batia rápido, descompassado, denunciando tudo o que eu tentava esconder: o pavor de estar ali à mercê de homens como ele, e a inquietante sensação de que, por algum motivo que eu não compreendia, eu queria entender o que havia por trás daquele olhar.
Por um instante, pensei que ele fosse falar, mas ele apenas inclinou levemente a cabeça, como quem reconhece algo que os outros não veem.
Não precisou sorrir, nem mover um músculo. O poder dele estava no silêncio e o silêncio, naquele momento, me pertencia também.
Era um duelo mudo.
O dele, de domínio e o meu de desespero.
Foi então que ele se moveu. Num movimento leve, calculado, como quem decide o destino de um país. Ele levantou a mão e o meu preço deixou de ser um segredo
— Cinco milhões.
O mundo congelou. O leiloeiro engasgou antes de repetir:
— C-cinco milhões de euros... temos um lance de cinco milhões!
As conversas cessaram. Alguém riu nervoso, outro largou a placa sobre a mesa, mas ninguém ousou cobrir.
Eu fiquei ali, parada e olhei para ele, atordoada. Mas dentro de mim apenas uma pergunta surgia:
Por quê?
Ele se recostou na cadeira, sem sorrir e apenas continuou me observando. Os olhos dele eram como uma promessa e uma ameaça.
O martelo desceu com um som seco e definitivo.
— Vendida ao senhor Damian Cavallari.
O golpe atravessou meu corpo como uma sentença. Um arrepio subiu pela minha pele, e o coração doeu, não de medo, mas de entendimento. Algo dentro de mim sabia, com a precisão de uma profecia, que nada seria igual depois daquele som seco do martelo.
O silêncio que se seguiu foi quase reverente, como se até o ar aguardasse a reação dele. O leiloeiro ajeitou o microfone, empolgado, e anunciou com empolgação:
—
Senhor Damian Cavallari, por favor, confirme e analise a sua aquisição.A palavra aquisição queimou na minha pele.
Damian levantou os olhos para mim sem mover um único músculo além do necessário. Nenhuma emoção, celebração ou pressa. Ele inclinou levemente a cabeça, um gesto mínimo, quase imperceptível, mas carregado de algo que eu não soube interpretar. Havia um brilho curioso ali, sim, mas não era vaidade, nem vitória, era interesse. Um interesse frio, lento, venenoso, que avançava como fumaça sob a superfície.
E eu, mesmo tremendo por dentro, não baixei os olhos. Não porque eu fosse corajosa, mas porque, se eu desabasse ali, Sophia perderia a única chance que tinha.
Por mais que eu tentasse parecer forte, minha fragilidade estava exposta, crua, latejante, e claro que ele percebeu. Homens como Damian são treinados para enxergar rachaduras, não que estejam dispostos a consertá-las, mas para saber o momento certo de usá-las.
Ele se levantou, com a precisão medida de quem toma decisões irrevogáveis. Caminhou até mim com um olhar que me avaliou como uma lâmina fria, não com desejo, mas como se analisasse algo valioso. Era um olhar frio, clínico quase cruel. Mas mesmo por trás de algo tão sombrio, eu consegui perceber algo escondido, um detalhe sutil, uma fagulha enigmática, silenciosa, que parecia perguntar até onde eu resistiria antes de quebrar.
Naquela noite, não foi apenas o meu corpo que foi leiloado. Foi tudo o que me restava de dignidade, de escolha, de destino.
Mas eu precisava ser forte. Porque a vida da minha irmã dependia desse sacrifício e por Sophia, eu suportaria o inferno inteiro.
O martelo ainda vibrava no ar quando entendi a verdade amarga:
Damian Cavallari não comprou a minha pele. Ele comprou o meu silêncio. E, talvez, comprou também o direito de me destruir no tempo dele.
Damian CavalariQuando Elena desapareceu atrás da porta lateral, guiada pela mão firme de Lara, algo dentro de mim se partiu ou se calou. Não sei qual dos dois.Só sei que cessou.O mundo ao meu redor continuou existindo: música, risadas, o tilintar de taças, conversas de pessoas sem importâncias que fingiam elegância para mascarar vazio. Tudo segue igual, mas para mim o salão ficou pequeno.Pequeno demais para acomodar a raiva fria que subia como uma maré sombria dentro de mim.Respirei fundo uma vez, duas mas não adiantou.A lembrança do olhar daqueles homens percorreu minha mente como uma faca cega. A forma como encararam Elena. Como mediram suas curvas. Como sussurraram comentários, achando que estavam em um mercado de luxo e não diante de um ser humano.Apenas eu tinha o direito de olhar para ela dessa maneira. Somente eu. Meu maxilar travou. E então, devagar, virei a cabeça em direção ao homem que iniciou aquela cadeia de insolências.Ele segurava a taça com a mão tensa. Tenta
Elena RossiO ar ao redor parecia mais denso depois da resposta de Damian. Aquela frase ainda vibrava no salão como o som abafado de um trovão. O homem robusto que se chamava Bianchi, não disse mais nada, mas seu sorriso desapareceu como se alguém o tivesse apagado com a mão.Damian manteve a postura tranquila, enquanto sua mão ainda permanecia firme na minha cintura, e o corpo alinhado ao meu como se mandasse no espaço ao redor. Não era afeição. Era uma posse disfarçada de cuidado.Antes que o silêncio se desfizesse, duas figuras se aproximaram. Pareciam empresários, jovens demais para serem subestimados, velhos demais para serem imprudentes.O primeiro deles sorriu quando seus olhos pousaram em mim. Era um sorriso apreciativo, calculado, perigoso.— Cavallari… — disse ele, inclinando levemente a cabeça — devo admitir que esta noite você surpreendeu o salão. A senhorita é… deslumbrante.Senti o calor subir ao rosto, mas antes que eu pudesse agradecer ou me encolher, Damian falou:— E
Elena RossiO corredor que levava até o salão principal parecia mais longo do que antes, iluminado por luzes baixas que criavam sombras dançantes nas paredes de madeira escura. Os passos de Damian eram firmes, silenciosos, quase felinos. Os meus… bem, os meus pareciam esquecer o próprio ritmo.O som dos saltos contra o piso ecoava de forma irregular, denunciando a tensão que percorria minhas pernas.Damian não me tocava além do necessário, mas então sua mão deslizou lentamente pelas minhas costas nuas, um toque discreto, calculado, quente o bastante para incendiar cada nervo que encontrou. Era apenas um gesto, nada mais… e ainda assim parecia comandar minha respiração, como se meu corpo reconhecesse a ordem antes mesmo de eu entender o que estava acontecendo.A cada metro, o ar ficava mais denso, mais rico e poderoso. Quando chegamos à porta dupla de vidro fosco, dois homens abriram-no em silêncio e então eu o vi o salão.O salão se abria diante de mim como um mar de luz dourada. Er
Elena RossiOs dedos dele encostaram na base do meu pescoço, frios e controlados. Nenhum gesto foi demorado, nenhum movimento, acidental. Mesmo assim, o simples contato pareceu acender algo embaixo da minha pele, uma corrente que subiu pela espinha e me fez prender o ar sem perceber.Ele ajustou a joia com lentidão, o polegar roçando de leve a curva do meu pescoço, apenas o suficiente para provar um ponto que eu não entendia.— Está tremendo. — disse com a voz baixa, próxima o bastante para que eu sentisse o calor das palavras roçarem minha nuca.Fechei os olhos. — Está frio. — menti, sentindo a minha respiração falhar.Senti o fecho se encaixar, um clique suave, metálico e logo o peso da joia desceu, repousando sobre a pele exposta do meu peito. O toque dele cessou, mas o corpo ainda reagia como se não soubesse o que fazer sem aquele breve contato.Ele não se afastou.Pude sentir a presença dele logo atrás, imóvel, respirando com calma. As mãos, embora não me tocassem, ainda cercava
Elena RossiEu não sei quanto tempo dormi. Talvez uma hora, talvez nenhuma.O balanço do mar me embalava num quase-transe, mas a mente não descansava. As vozes voltavam em fragmentos, Lara, o contrato, as regras, Sophia no hospital e o nome dele repetindo dentro da minha cabeça como uma maldição: Damian Cavallari.Quando um som suave de três batidas discretas na porta, me arrancou da cama, o coração disparou.Levantei devagar, ainda com o corpo pesado. A luz dourada da tarde filtrava-se pelas cortinas de linho, banhando o quarto numa calma mentirosa.Abri a porta.Um homem de terno escuro, provavelmente um dos seguranças do iate, estava parado ali. O rosto impassível, os olhos baixos, sem me encarar diretamente. Nas mãos, segurava uma caixa preta, envolta por uma fita de cetim vermelha.— Entrega para a senhorita Rossi. — disse apenas.Assenti, sem entender.Peguei a caixa. O peso era leve, o perfume que saía dela, inebriante, notas de lírios e âmbar, delicadas e provocantes. Antes q
Elena RossiO som dos saltos de Lara ecoava no corredor como um metrônomo de controle. Cada passo dela era firme, enquanto os meus pareciam tropeçar no próprio medo. O ar dentro do iate tinha um cheiro difícil de descrever, uma mistura de couro, uísque e maresia.Eu me sentia fora do meu corpo, como se apenas o som dos saltos me mantivesse em movimento. A cada curva do corredor, minha mente tentava fugir para outro lugar, qualquer lugar onde a respiração não doesse tanto.Mas o medo tinha forma, e ele andava atrás de mim.— Por aqui. — disse Lara, cortando meus pensamentos.Ela abriu uma porta e fez sinal para que eu entrasse. O quarto era deslumbrante e isso, por algum motivo, me fez sentir pior.As paredes eram revestidas de madeira clara, as janelas panorâmicas se abriam para um mar escuro e infinito. No centro, uma cama enorme, coberta por lençóis de linho branco que pareciam novos demais para serem tocados. Um vaso de lírios descansava na mesa de cabeceira, exalando um perfume do





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