Ana, uma jovem lobisomem marcada pela insegurança e pela dor da traição, cresce à sombra do luto de seu padrasto, o poderoso Rei Lycan Dominic. Mas o destino, com sua ironia cruel, revela uma verdade chocante: seu companheiro de alma é ninguém menos que o próprio Rei! Enquanto um amor proibido e avassalador floresce entre eles, Ana descobre dons elementais ancestrais, uma herança de sua mãe bruxa, que a transformam em uma força imparável. Em meio a intrigas, traições e uma guerra brutal que ameaça consumir seu reino, Ana é forçada a abraçar seu verdadeiro poder. Em um clímax de tirar o fôlego, ela se transforma em uma Lycan Elemental colossal, o presente da Deusa da Lua, capaz de virar o jogo da batalha. Será que o amor de Ana e Dominic, forjado no fogo do perigo e abençoado pelos deuses, será forte o suficiente para proteger seu reino e selar seu destino eterno? Mergulhe nesta saga de paixão, poder e superação, onde o amor mais inesperado se torna a maior arma.
Ler maisHelena
A dor é a primeira coisa que sinto ao despertar. Uma dor lancinante que pulsa em cada centímetro do meu corpo, um lembrete cruel da noite que se foi. Meus músculos gritam em protesto quando tento me mover, e sinto o gosto metálico de sangue na boca. Abro os olhos com dificuldade, a luz pálida do amanhecer filtrando-se pela janela embaçada. Meu rosto está inchado, sinto o inchaço sob meu olho esquerdo, e um corte profundo na testa sangra lentamente, manchando o travesseiro. Ele me bateu de novo. Mais forte do que nunca. Ao meu lado, na pequena cama improvisada, Ana dorme. Sua respiração é suave, inocente, e meu coração se aperta ao vê-la ali, tão pequena e vulnerável. Ela é a única razão pela qual eu ainda respiro, a única chama em meio à escuridão que se tornou minha vida. Meu peito dói, não apenas pelos golpes, mas pela culpa de não conseguir protegê-la de tudo isso. Mas hoje, tudo vai mudar. Hoje, eu fujo. A decisão é fria e inabalável. Não posso mais viver assim. Não posso permitir que Ana cresça sob a sombra do medo, testemunhando a brutalidade de seu pai. Ele é um lobisomem, sim, mas um monstro em forma humana, consumido pela possessividade e pela raiva. Eu, Helena, sou uma híbrida, filha de um lobo e de uma bruxa, e meus dons elementais, que ele tanto despreza e teme, são minha única esperança. Com um gemido abafado, me arrasto para fora da cama. Cada movimento é uma tortura, mas a imagem do rosto adormecido de Ana me dá forças. Eu a pego no colo, envolvendo-a em um cobertor fino. Ela é tão leve, tão frágil. Seus pequenos dedos se agarram à minha camisa, e eu beijo sua testa, sentindo o cheiro doce de bebê que, por um instante, me faz esquecer a dor. Preciso ser rápida, silenciosa. Ele ainda está dormindo, provavelmente exausto de sua fúria noturna. O cheiro dele, um misto de suor, álcool e raiva, ainda impregna o ar do pequeno chalé. Meus sentidos lupinos estão aguçados, captando cada rangido da madeira, cada sopro de vento lá fora. Chego à porta, meus dedos tremendo ao puxar a maçaneta. O ar frio da manhã me atinge, revigorante, mas também um lembrete da liberdade que estou prestes a buscar. Dou um último olhar para trás, para o inferno que estou deixando, e então, com Ana apertada contra meu peito, corro para a floresta. A floresta é minha aliada. As árvores se erguem como sentinelas, seus galhos entrelaçados formando um teto protetor. Eu me movo entre elas, meus pés mal tocando o chão, impulsionada pela adrenalina e pela necessidade de distância. Sinto a energia borbulhar em minhas veias, meus dons elementais respondendo ao meu desespero. "Vento", sussurro, e uma brisa suave surge, apagando minhas pegadas na terra úmida, levando meu cheiro para longe, confundindo qualquer rastro que ele possa seguir. Eu a sinto, a energia do ar, uma extensão da minha própria vontade. Mas ele é um lobisomem, e seus sentidos são aguçados. O som de um rosnado distante me faz gelar o sangue. Ele acordou. Ele está me seguindo. Corro mais rápido, a dor em meu corpo sendo ignorada. Ana começa a choramingar, e eu a embalo, sussurrando palavras de conforto. "Está tudo bem, meu amor. A mamãe está aqui." Sinto a presença dele se aproximar, o cheiro de sua fúria me atingindo. Ele é rápido. Demais. "Helena! Sua vadia! Volte aqui!", sua voz rasga o ar, cheia de ódio. Eu me viro por um instante, e o vejo. Sua forma lupina, um lobo grande e cinzento, correndo em minha direção, seus olhos vermelhos brilhando com uma fúria assassina. Eu não tenho tempo para me transformar. "Terra!", eu grito, estendendo a mão. O chão sob meus pés treme, e raízes grossas e espinhos afiados brotam da terra, formando uma barreira improvisada entre nós. Ele colide com ela, uivando de dor, mas não para. Ele é implacável. Ele salta sobre a barreira, e eu sinto um golpe brutal em minhas costas, me jogando para o chão. Ana escorrega de meus braços, e eu a agarro desesperadamente antes que ela caia. Ele está sobre mim, seus dentes à mostra, e eu sinto suas garras rasgando minha pele. Mais dor. Mais sangue. "Você não vai fugir de mim!", ele rosna, seu hálito quente em meu rosto. Mas eu sou mais do que mostrei pra ele. Eu sou uma híbrida. Eu sou uma bruxa. "Fogo!", eu grito, e uma pequena chama surge em minha palma, atingindo seu rosto. Ele uiva, recuando, seus olhos arregalados de surpresa e dor. É a minha chance. Com um último esforço, eu o empurro para longe, me levantando com dificuldade. Ana em meus braços, eu corro novamente, sentindo o sangue escorrer pelas minhas costas, mas a liberdade é meu único objetivo. Ele não me segue mais. Eu o deixei para trás, ferido, mas vivo. Por enquanto. Corro por horas, sem olhar para trás, até que meus pulmões ardem e minhas pernas ameaçam ceder. A floresta se torna minha aliada, me escondendo, me protegendo. Eu uso meus dons para desviar o cheiro, para camuflar minha presença. A exaustão me consome, mas a cada passo, eu me lembro de Ana, do futuro que eu quero para ela. Dois dias. Dois dias de fuga incessante, de fome, de sede, de dor. Ana chora de vez em quando, e eu a amamento, sussurrando promessas de um futuro melhor. Meu corpo está coberto de hematomas e arranhões, minhas roupas estão rasgadas, mas eu não paro. Eu não posso parar. Então, no terceiro dia, eu a vejo. Uma estrutura imponente, majestosa, que se ergue acima das árvores. O Castelo Lycan. O lar do Rei Dominic. A lenda diz que ele é um Rei justo e poderoso, um protetor de seu povo. É minha última esperança. Reúno as últimas forças que me restam. Meus passos são lentos, pesados, mas eu continuo. O sol da tarde brilha sobre as torres do castelo, e eu sinto uma pontada de esperança em meu peito. Quando chego aos portões, minhas pernas cedem, e eu caio de joelhos, Ana ainda em meus braços. Estou exausta, à beira do desmaio. Guardas Lycan, altos e imponentes, se aproximam, suas expressões sérias. Eles me olham com curiosidade e um pouco de desconfiança. "Quem é você?", um deles pergunta, sua voz grave. Eu levanto a cabeça, meus olhos fixos neles. "Por favor... eu preciso de ajuda. Meu nome é Helena. E esta é minha filha, Ana. Estamos fugindo... do meu marido. Ele é um monstro." Antes que eles possam responder, uma figura imponente surge atrás deles. Um homem alto, com cabelos negros densos e olhos dourados que parecem penetrar minha alma. É o Rei Lycan. Dominic. Ele se aproxima, sua aura de poder me envolvendo, mas não de forma ameaçadora. Há uma curiosidade em seus olhos, uma faísca que eu reconheço. Ele me observa, seus olhos percorrendo meu corpo ferido, e depois se fixam em Ana, que dorme tranquilamente em meus braços. "Helena", ele diz, sua voz profunda e calma. "Eu sou o Rei Dominic. O que aconteceu com você?" Eu sinto a sinceridade em sua voz, a preocupação em seus olhos. E, pela primeira vez em muito tempo, sinto uma pontada de esperança real. "Eu... eu fugi", sussurro, as lágrimas voltando aos meus olhos. "Ele me batia. Ele queria Ana. Eu usei meus dons para escapar. Eu corri por dois dias... sem parar." Ele se ajoelha diante de mim, seus olhos dourados fixos nos meus. Ele estende a mão, e eu hesito por um instante, mas a necessidade de ajuda é maior que o medo. Ele toca meu rosto, seus dedos grandes e quentes acariciando minha bochecha, e eu sinto um choque elétrico percorrer meu corpo. Não é um choque de dor, mas de algo... diferente. Uma faísca. "Você está segura agora, Helena", ele diz, sua voz suave, mas carregada de uma autoridade que me faz acreditar. "Você e sua filha. Bem-vindas ao meu castelo. Vocês estão protegidas." Naquele momento, com Ana em meus braços e o Rei Lycan diante de mim, eu sinto que a Deusa da Lua finalmente me abençoou. Eu havia encontrado um refúgio. E talvez, apenas talvez, algo mais.Os anos, para nós, Lycans imortais, eram como as folhas de um livro vasto e sem fim. Sete anos haviam se passado desde o nascimento de nossos gêmeos, e a paisagem da nossa família e do nosso reino havia se expandido e florescido ainda mais. Embora o tempo fluísse de forma diferente para nós, o passar dos anos era marcado pelas risadas e pelo crescimento de nossos filhos. Helena e Thalia, as primeiras a chegar, agora tinham treze anos, e a alegria da sua primeira transformação em Lycan havia inundado o castelo.Eu me lembro daquele dia como se fosse ontem. O brilho da lua cheia, a ansiedade misturada com o orgulho em seus olhos. Dominic e eu estávamos ao lado delas, guiando-as enquanto seus corpos se esticavam, seus ossos estalavam e suas formas lupinas emergiam pela primeira vez. Helena, uma Lycan elegante e forte com uma pelagem escura, e Thalia, ágil e graciosa, com uma pelagem mais clara, ambas com os olhos brilhantes de seus pais. Era um testemunho do poder da Deusa da Lua e da no
Os anos voaram como as brisas mais leves da floresta, e o castelo de Lycans, que um dia fora um bastião de guerra e estratégias, agora ressoava com a alegre cacofonia de vozes infantis e risadas. Helena e Thalia cresceram rapidamente, e cada fase de seu desenvolvimento era um milagre que Dominic e eu observávamos com corações transbordando de amor.Aos seis anos, as gêmeas eram a imagem da energia e da curiosidade. Helena, com seus cabelos escuros como os de Dominic e meus olhos prateados, era mais focada e determinada. Já demonstrava um controle incipiente sobre a terra, capaz de fazer pequenas flores brotarem no chão ou de sentir as vibrações do solo. Ela passava horas no jardim, conversando com as plantas, um pequeno sorriso satisfeito em seus lábios quando uma semente teimosa finalmente brotava.Thalia, com meus cabelos claros e os olhos dourados de seu pai, era a personificação do vento. Imprevisível e cheia de vida, ela exibia um domínio sobre o ar. Não era incomum encontrá-la n
A alegria avassaladora da chegada de Helena e Thalia logo deu lugar à realidade exaustiva dos primeiros dias de maternidade. Eu havia enfrentado a guerra, a perda e a reconstrução do reino, mas nada havia me preparado para as exigências implacáveis de dois recém-nascidos. As primeiras semanas foram um borrão de noites mal dormidas, choros inconsoláveis e a luta para me adaptar a essa nova e exigente rotina.A maior dificuldade surgiu com a amamentação. Meus seios estavam doloridos e inchados, e, por mais que eu tentasse, parecia que Helena e Thalia tinham dificuldades em se pegar corretamente. As curandeiras ofereciam conselhos, mas a frustração e o cansaço às vezes me dominavam. Eu me sentia inadequada, exausta por acordar tantas vezes durante a noite para alimentar, trocar fraldas e tentar acalmar duas pequenas criaturas que pareciam ter um entendimento muito claro de meus limites. Havia momentos em que eu sentia o desespero se aproximar, o peso da responsabilidade me esmagando.Mas
Os meses que se seguiram à descoberta da gravidez foram um turbilhão de emoções, preparativos e uma profunda conexão com a vida que florescia dentro de mim. A jornada de carregar Helena e Thalia era diferente de tudo o que eu já havia experimentado. Meu corpo, antes moldado para a batalha e a manipulação elemental, agora se dedicava à criação de novas vidas, e eu sentia cada mudança com um misto de assombro e reverência.Os enjoos matinais persistiram por mais tempo do que eu esperava, e o cansaço, por vezes, era avassalador. Mas Dominic estava sempre lá, um pilar inabalável de apoio. Ele me trazia chás de ervas para acalmar o estômago, me ajudava a subir os degraus do castelo e garantia que eu tivesse tempo para descansar, mesmo com as demandas do reino. Sua atenção era constante, seus olhos dourados sempre buscando os meus para garantir que eu estava bem. Ele parecia ter um sexto sentido para as minhas necessidades, um presente de seu Lycan que me fazia sentir completamente segura e
A imagem no espelho ainda me fitava, e a pergunta "Estou grávida?" ecoava em minha mente, paralisando-me. Mal tive tempo de processar a possibilidade quando Dominic, sentindo minha quietude prolongada, entrou no banheiro. Seus olhos dourados encontraram os meus no reflexo, uma mistura de curiosidade e preocupação. Ele se aproximou, e quando estava a poucos centímetros, seu semblante mudou. Seu nariz se contorceu levemente, e seus olhos se arregalaram, um brilho de surpresa e, finalmente, de uma alegria indescritível inundando-os."Ana...", ele sussurrou, sua voz embargada, um sorriso enorme se formando em seus lábios. Ele não precisou de palavras; eu vi a realização em seu rosto. O cheiro da gravidez, sutil para mim, era inconfundível para ele. Era o cheiro de uma nova vida, da nossa vida.Minhas pernas tremeram, e ele me segurou firmemente antes que eu pudesse cair. Meus olhos se encheram de lágrimas, não de tristeza, mas de uma felicidade tão avassaladora que me deixou sem ar. "É...
A era de paz e prosperidade que havíamos inaugurado não significava a ausência total de desafios. Pelo contrário, a vida no reino Lycan, como em qualquer grande comunidade, era um fluxo constante de pequenas disputas e problemas sociais que exigiam nossa atenção. Mas agora, Dominic e eu os enfrentávamos com uma sabedoria conjunta, nossa parceria mais forte do que nunca. Não eram ameaças externas de vida ou morte, mas os dilemas cotidianos que testavam nossa paciência e nossa capacidade de empatia.Disputas sobre terras, conflitos de alcateias sobre recursos ou até mesmo pequenos desentendimentos entre famílias eram levados ao nosso conselho. Eu usava minha intuição e minha recém-adquirida sabedoria para mediar, muitas vezes encontrando soluções que ninguém havia considerado. Minha capacidade de "sentir" a verdade e de compreender os diferentes pontos de vista me tornava uma juíza justa e compassiva. Dominic, com sua experiência de séculos, complementava minhas percepções com pragmatis
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