— Eu, alfa Caspian Roy, rejeito você, Gaia Carter Veranis, como minha companheira. Eu nunca serei companheiro de uma maldita bruxa. — Disse Caspian tomado de fúria, suas garras penetraram o braço de Gaia. Que gemeu de dor. — Prefiro morrer sozinho a ter uma companheira da sua laia. — Disse e a empurra com nojo. Gaia caiu devastada. Diante do olhar de toda a alcateia Crescente, o coração de Gaia é destroçado. Uma loba, rejeitada publicamente pelo seu companheiro de alma, deveria definhar e implorar pela morte, tamanha era a dor de uma rejeição. Mas Gaia era uma híbrida, metade lobo e bruxa. Então reuniu toda sua força e partiu, com sua alma destruída. Sete anos depois, Alfa Caspian, o lobo que a tanto fez sofrer, volta pedindo ajuda para salvar sua alcateia. — Parece que o grande Caspian que jurou que não precisaria de uma bruxa repugnante e que preferia a morte. Agora necessita de uma bruxa desesperadamente. — sussurra Gaia debochada.
Ler maisPOV GAIA.
Senti minha loba, Minerva, se agitar de repente. Então, farejei o ar e aquele cheiro maravilhoso entrou em minhas narinas. Olhei em volta, procurando o dono daquele aroma, e vi Caspian, Alfa da alcateia Crescente: lindo e imponente. Ele é meu companheiro? Meu primeiro amor por 13 anos é meu companheiro? Estou tão feliz que até me sinto tonta! Esse certamente é o melhor presente que ganhei de 25 anos.
— Companheira — pronunciou com sua voz grave e rouca, que eu amava, olhando em minha direção.
Meu coração errou uma batida. Meu tão sonhado companheiro está aqui; eu o encontrei. Sorri, feliz. Ele se aproximou rápido de mim, puxou-me pela cintura e afundou o nariz na curva do meu pescoço. Mas, afastou a cabeça como se houvesse se assustado.O olhar dele mudou havia dor e fúria. O sorriso desapareceu. Seu semblante havia se tornado frio, distante, cruel. Alfa Caspian deu um rosnado feroz. Fiquei sem entender o que estava acontecendo. Então, aquelas palavras saíram de sua boca, me destruindo: — Eu, Alfa Caspian Roy, rejeito você, Gaia Carter Veranis, como minha companheira. Eu nunca serei companheiro de uma maldita bruxa — disse Caspian, tomado de fúria. Suas garras penetraram meus braços e senti meu sangue quente escorrer. Soltei um gemido de dor. — Prefiro morrer sozinho a ter uma companheira da sua laia — disse e me empurrou com nojo.Caí, destruída, sentindo meu coração destroçado e a dor da rejeição se espalhando. Meu mundo parou no instante em que ouvi suas palavras. Foi como se uma lâmina rasgasse minha alma de dentro para fora, deixando somente dor, humilhação e um vazio esmagador onde antes havia esperança. Mesmo com as pernas fraquejando, recusei-me a permanecer no chão ou implorar. Levantei-me; minhas lágrimas silenciosas denunciavam o que tentava esconder.
Minerva uivou em desespero, e eu virei e corri. Cada passo era um golpe, cada fôlego, uma facada. Esforcei-me para fugir antes que minhas emoções me consumissem. Ouvi, atrás de mim, o caos irromper em gritos e movimentos desordenados.Acordei arfando, o peito subindo e descendo como se eu tivesse corrido por milhas. O pesadelo voltou. De novo. Estou lá outra vez — naquele maldito momento que insiste em se repetir, sempre na véspera da data. Sete anos se passaram, mas a ferida ainda sangra como se tivesse sido aberta ontem.
Meu corpo sente antes que minha mente desperte. É instintivo. A rejeição me envolve como um manto gélido. A humilhação queima sob a pele. A raiva, ácida, se arrasta pelas veias. Tudo retorna num vendaval cruel, devastando qualquer ilusão de paz. Meu corpo está tenso, coberto por suor. Os olhos ardem, a respiração falha. Anos se passaram, mas ainda sonho com aquele dia. Agora, não é só dor — é ódio, raiva ardente. E uma sede de vingança.Por que não o transformei em pedra? Por que não o fiz impotente para sempre? Poderia tê-lo acabado ali mesmo. Mas naquele tempo, eu era jovem demais, estava tomada pela dor, sem clareza. Ainda não entendia e nem dominava o poder que tenho agora.
E quando poderia imaginar que, justo naquele dia, quando completei 25 anos e finalmente encontrei meu companheiro, minha parte bruxa resolveria despertar. No momento mais inoportuno. E eu não esperava que Caspian, me rejeitaria por isso? Por ser o que sempre fui, uma híbrida. Mas, jamais deixarei que alguém me destrua outra vez.
Levanto da cama de um salto, rangendo os dentes, e caminho em direção ao banheiro. Meu aniversário de rejeição é amanhã, e, como sempre, meu subconsciente me obriga a reviver aquele inferno. Mas um dia isso vai mudar; vou conseguir apagar essa cicatriz incômoda. Um dia, farei Alfa Caspian sentir na pele o que é ser quebrado. E eu me deliciarei em sua agonia.
Sou Gaia Carter Veranis. Híbrida de lobo e bruxa. Sou poderosa. Não posso me permitir sofrer por causa daquele alfa maldito. Um dia, ele vai pagar por tudo que me fez sofrer. Em sete anos, me transformei. Deixei a loba ferida para trás e me tornei uma farmacêutica renomada — conhecida não só pelos remédios que preparo, mas pelas fórmulas que o mundo comum não entende.Minha rotina começa bem cedo. No canto mais reservado do meu laboratório, um caldeirão de aço negro repousa ao lado de tubos de ensaio, almofarizes e frascos rotulados à mão. Códigos químicos se misturam a runas antigas. Cada manhã, reviso os ingredientes com precisão quase ritual: folhas secas de verbena, pó de ossos de salamandra, essência de lavanda, raiz de mandrágora, e às vezes, uma gota do meu próprio sangue — o toque final para feitiços de proteção e mais poderosos e complicado, mas evito usar, pois magia de sangue é perigosa.
Recebo pacientes que a medicina tradicional já desistiu. Gente com dores que não aparecem em exames. Espíritos quebrados, corpos amaldiçoados. Eu escuto, examino, e prescrevo — às vezes cápsulas manipuladas, às vezes encantamentos sussurrados à meia-noite. Curo os males do corpo e da alma. Mas infelizmente ainda não consegui curar a mim mesma.— Preciso me distrair para esquecer esse maldito pesadelo — falei, entrando no banheiro.
— De novo o pesadelo? — perguntou Minerva, minha loba, preocupada. — É sempre assim quando aquela maldita data se aproxima — falei, enquanto ligava o chuveiro. Às vezes, acho que deveria sair do Canadá e voltar para Salem. Assim, ficaria o mais longe possível daquele infeliz. Mas minha vida e trabalho estão todos aqui. Não vou deixar Caspian me tirar mais nada. Hoje, vivo na cidade de Halifax, que fica bem longe dele, que vive em Ottawa, a quilômetros de distância daqui. Assim, nunca tive o desprazer de encontrá-lo, graças à minha deusa, Lua e ao grande Merlin.— Precisamos de um namorado, ou de um lobo, ou bruxo para podermos nos divertir — disse Minerva, rindo, chamando minha atenção.
— Você sabe que não quero saber de namorado ou de companheiro, depois do que aquele maldito me fez. Mas sair é uma boa ideia. Quem sabe, mais tarde, podemos sair com Cibele para jantar e dançar — falei, enquanto me lavava. Minerva se calou. Esse era um assunto delicado entre nós. Minerva quer um novo companheiro, já eu, nem pensar. Mas voltando à minha amiga…
Cibele entrou na minha vida quando tudo parecia desmoronar. Nos conhecemos na época em que vim treinar com meu bisavô Adam — uma fase confusa, cheia de descobertas, e também de dores que eu ainda não sabia nomear. Ela era somente uma estranha no início, outra aprendiz de magia, sobrinha da minha bisavó Lysandra, companheira de vovô Adam… mas logo Cibele se tornou minha âncora.
Ela é uma bruxa talentosa, de riso fácil e olhos que parecem sempre enxergar além da superfície, Cibele foi mais que uma amiga. Foi um alicerce. Depois da rejeição — quando tudo em mim parecia ter se partido em mil pedaços — foi ela quem me ajudou a juntar cada um deles. Não com palavras doces, mas com presença firme.Foi ela quem me arrancou do chão do banheiro, quando não queria mais viver, me olhou nos olhos e disse que eu ainda tinha meu poder, minha família e ela, que minha história não terminaria naquele abandono.
Hoje, somos sócias na farmácia de manipulação e na casa de ervas que abrimos juntas na cidade. Unimos nossos talentos — o dela com as ervas e os encantamentos sutis, o meu com ervas, fórmulas complexas, feitiços mais profundos, maldições e magia negra. Saí do banheiro e fui me vestir. O trabalho me esperava e tinha muito a fazer.
Uma hora depois, já estava dirigindo para a farmácia; tinha entregas a fazer. Estacionei o automóvel e, quando saí, vi que Cibele estava chegando também. Estranhei ela estar ali tão cedo. Hoje, ela deveria abrir a casa de ervas.
— Bele, o que faz aqui? — perguntei, assim que ela se aproximou. Bele me deu um abraço bem apertado e fez carinho na minha cabeça.
— Ora, Gai, eu sei que amanhã é aquele maldito aniversário e sei que você estaria precisando da minha companhia. Então, deixei Arthur cuidando da loja. Como você está? — disse Bele. Fiquei emocionada ao ouvi-la. Minha amiga nunca se esquecia e sempre estava ali para mim.
— Estou bem, Bele, não precisava se preocupar — falei.
— Gai, você pode tentar enganar qualquer um, mas a mim, não. Sou uma bruxa, esqueceu? Sinto e vejo que sua energia está turva. Você teve aquele pesadelo de novo, certo? — perguntou, afastando-se e me olhando fixamente. Suspirei, pois não havia como mentir para Bele.
— Vamos entrar. Conversamos lá dentro — falei. Destranquei a porta e entramos na farmácia. Nos dirigíamos até a cozinha, no fundo da loja. Assim que liguei a cafeteira para fazer nosso café, Bele voltou a falar:
— Então, Gai. Está sabendo do que está acontecendo na comunidade lycan? — perguntou Bele, não tocando mais no assunto do pesadelo e eu agradeci mentalmente.
— Não — falei e esperei que ela me contasse. Cibele adora saber das fofocas. Já eu, não dou a mínima.
— Eu imaginava que você não soubesse. Então vim correndo te contar, por ser do seu interesse, já que é uma loba também — falou e pareceu preocupada.
— Achei que estivesse vindo por estar preocupada comigo — falei com um tom de deboche. — Mas me diga logo o que ficou sabendo — perguntei, um pouco apreensiva.
— Foi por ambos, amiga — disse, sorrindo, mas logo ficou séria, o que mostrou a gravidade do assunto. — Bem, estão falando, pelo meio bruxo, que uma doença está atacando os lobos, e ela está se espalhando pelas alcateias. Muitos lobos já morreram — disse Bele. Olhei e fiquei surpresa.
— Isso é impossível, Bele. Deve ser boato de alguma bruxa que odeia lobos. Nós, lycans, não ficamos doentes — falei, não acreditando no que Bele contou.
— Estou falando, Gai, é verdade. Uma alcateia inteira foi dizimada: a Lobo Selvagem. E estão falando que a doença chegou na alcateia Crescente, do seu maldito ex-companheiro — informou. Meus olhos arregalaram em choque.
POV MINERVA.Gaia havia colocado seu plano em prática. Eu sugeri esse plano, pois foi a única saída que vi naquele momento. Não poderia permitir que ela rejeitasse nosso companheiro. Eu sei que ela vai sofrer muito mais se fizer isso. E tenho esperança de que ela vá acabar apaixonada de novo por Caspian. Mas não posso só contar com isso.Então, depois de passar o dia inteiro pensando, tomei minha decisão. Sei que Gaia vai me odiar por isso… mas no amor e na guerra, precisamos tomar medidas desesperadas. Assim que Gai, adormeceu, tratei de bloqueá-la. Não queria que ela acordasse e atrapalhasse meu plano. Tomei controle do seu corpo e saí do quarto. Eu precisava conversar com Odin e Caspian.Fui até o quarto de Caspian. Abri a porta e o vi adormecido. Ele é um lindo lobo. Me aproximei da cama e, quando estiquei a mão para tocá-lo, Caspian agarrou meu braço com força e me jogou na cama, ficando sobre mim.— Gaia? — falou, surpreso, com a respiração acelerada.— Olhe de novo — falei, irr
POV GAIA.Saí do escritório, satisfeita, e caminhei pelo corredor em direção à cozinha. Suspirei. O jantar havia sido mais leve do que imaginei. A presença dos pais de Caspian sempre suavizava o ambiente, e por um momento, quase me deixei levar. Quase.Cheguei à porta da cozinha e, assim que entrei, encontrei os ômegas terminando de arrumar tudo. Elas sentiram minha presença e olharam na minha direção, ficando nervosas.— Boa noite, senhorita. Deseja alguma coisa? — perguntou a mesma ômega que servia a mesa e sempre me olhava com medo.— Sim, só quero usar o fogão para preparar um chá para o alfa — falei.Todas arregalaram os olhos.— Nós podemos fazer isso para a senhorita — disse outra, ômega, nervosa.— Não será preciso. Eu mesma faço. Será um chá com propriedades medicinais, minha especialidade — comentei, explicando.— Entendo. Ficaremos para ajudá-la — disse.— Não será preciso. Eu posso me virar sozinha. Podem se recolher para descansar. Aliás, qual o nome de vocês? — perguntei
POV CASPIAN.Continuei andando pelo escritório, tentando conter a minha raiva. Odin, estava inquieto e raivoso, rosnando sem parar.— Que maldito infeliz, faria uma coisa tão monstruosa assim? — Perguntou Odin com fúria e querendo sair. Não o respondi, pois estava tentando controlar minha raiva e a dele.— Mata-lobo? Isso é crime! — exclamei, cerrando os punhos. — Quem faria isso com os nossos? Quem seria capaz de tamanha crueldade? — Questionei furioso.— Alguém com total acesso ao hospital e nenhuma empatia por vidas inocentes — respondeu Gaia, firme. — Aron é o meu principal suspeito. E ele está tentando sumir com as provas. Mas fui mais rápida e coletei o que era preciso. Assim pude descobrir o que matou meus pacientes. — Contou.Gaia, tirou algumas folhas de papel de seu bolso e os colocou sobre a mesa de centro. Me aproximei, peguei, abri e vi os relatórios impressos com as análises e imagens das substâncias. Estavam detalhados, técnicos… inquestionáveis. Olhei em sua direção co
POV CASPIAN.Cheguei em casa e encontrei a escolta de Gaia conversando no jardim. Quando me viram, se endireitaram, tensos, e se curvaram em sinal de respeito.— Alfa — falaram em uníssono.— Onde está a senhorita Gaia? — questionei.— A senhorita está na edícula, senhor — respondeu um deles.— Se ela está na edícula, o que fazem aqui? Não deveriam estar lá com ela? — perguntei friamente.— A senhorita nos dispensou, Alfa — respondeu o outro, nervoso.— Já que foram dispensados, o que fazem aqui conversando? Deveriam ir para casa — falei. Eles se curvaram e saíram praticamente correndo, sumindo da minha vista. Agora meu jardim virou ponto de encontro de marmanjo. Entrei em casa e não encontrei meus pais, o que era um milagre, porque eles estão sempre por perto.Meus pais têm a casa deles, mas vivem mais aqui do que lá. Gostam de controlar minha vida. Como não conseguem, preferem ficar por perto. Fui direto para meu quarto me banhar — esse dia foi longo e cansativo. Não vejo a hora de
POV GAIA.— Eu não lhe devo explicações, doutor Aron. — Respondi friamente. Aron me olhou com ódio.— Sou o médico-chefe deste hospital. Como ousa falar comigo dessa maneira? — Rebateu, bufando. Arqueei minha sobrancelha e coloquei minha mão livre na cintura.— Isso não me importa em nada. Mas vou alimentar sua curiosidade: fui examinar meus pacientes que continuam vivos. E, respondendo à sua segunda pergunta, esses rapazes estão aqui para impedir que eu taque fogo em quem me irritar. Seu alfa achou melhor colocar uma escolta para proteger seus crescentes. — Completei, debochada. Aron engoliu em seco e recuou um passo.— Meu alfa sabe o que é melhor para nós. — Retrucou, se recompondo e passando por mim.— A propósito, doutor, os corpos dos lobos foram enviados para o necrotério, para perícia. — Comuniquei, me virando, e vi Aron parar bruscamente e se virar, visivelmente assustado.— O quê? Com ordem de quem? — Perguntou, nervoso. Mais uma prova de que está envolvido.— Do beta da alc
POV GAIA.Continuei colhendo amostras dos corpos, tentando manter meu foco. O silêncio no ambiente era pesado, quase sufocante. Eu precisava coletar o máximo de amostras possível, logo elas estariam deteriorando, por estarem em local inapropriado. Aron foi muito esperto em colocar os corpos aqui, assim as provas vão se perder. Mas eu sou uma bruxa e tenho meios de conseguir descobrir a verdade. Senti Octávio se aproximar e observei de relance seus olhos atentos e sérios. Ele estava tão envolvido quanto eu. Algo me chamou a atenção nesse momento.— Está vendo isso? — apontei para uma mancha escura no pescoço do terceiro corpo, puxando o lençol um pouco mais. Octávio se curvou para olhar melhor e assentiu, o semblante endurecendo.— Parece uma queimadura… mas não aparenta ter sido causada por calor. Há algo químico nisso — murmurou, franzindo o cenho. Eu fiquei surpresa com sua perspicácia. Octávio não era um lobo desinformado. Ele estava certo no seu raciocínio.— Eu sabia que tinha al
Último capítulo