Mundo de ficçãoIniciar sessãoA Mulher Mais Rica do Mundo Ela tinha tudo — exceto paz. O dinheiro lhe deu o mundo, mas roubou sua alma. Desde criança, Bianca Lemos aprendeu que amor e dinheiro eram a mesma coisa. Criada por Alberto Lemos, um homem impiedoso e obcecado pelo poder, cresceu acreditando que a felicidade podia ser comprada. Agora, adulta e herdeira de uma das maiores fortunas do planeta, Bianca é admirada por milhões. Todos a chamam de a mulher mais rica do mundo. Mas ninguém imagina o que existe por trás das colunas de mármore de sua mansão: uma mulher avarenta, solitária e assombrada pelas lições do pai. Quando segredos antigos vêm à tona — revelando o passado obscuro de Alberto e a presença enigmática de Helena, a mulher que ele nunca esqueceu —, Bianca percebe que o império que construiu pode ruir a qualquer instante. Entre o luxo e o vazio, entre a razão e o amor, ela precisará enfrentar o único inimigo que o dinheiro não pode vencer: ela mesma. ✨ Um drama intenso sobre poder, medo e redenção. Uma história sobre o preço da ambição — e a busca desesperada por amor em meio ao ouro e à solidão.
Ler maisBianca estava sentada sobre uma grande muralha de pedras, olhando para o mar ao longe. Sozinha sob um céu cor de fumaça, observava as águas tão furiosas quanto um cavalo selvagem e mais cinzentas do que a morte.
Era 1954, e, para Bianca, o tempo ainda não significava nada — apenas os dias que se repetiam na mesma espera.
As gaivotas soltavam gritos agudos, rodopiando no vento impiedoso; mergulhavam sobre as cristas tempestuosas das ondas e voltavam a subir. Embora fosse apenas meio-dia de uma tarde fria de julho, o ar era cortante. Não havia outro som além do troar do oceano, do chamado das aves e do vento que revolvia as massas de algas murchas ao longe.
Lufadas fortes balançavam os cabelos da menina, mas ela não se movia, encolhida sobre a pedra. Estava à espera. Não sentia as mãos frias, os pés gelados dentro das velhas botas abotoadas, nem os joelhos dormentes cobertos por meias finas. O tempo passava.
Aos nove anos, Bianca aguardava com uma paciência vasta demais para uma criança, e seus olhos não se desviavam do mar.
A boa distância atrás dela havia uma velha casa de madeira, marcada pelo vento, com as tábuas corroídas e envergadas. Solitária, sem vizinhos, mergulhada em pobreza profunda.
Dentro dela, Esther e Lúcia — duas mulheres de meia-idade, com poucos anos de diferença — aqueciam-se junto a um fogo fumacento de lenha úmida, na sala de estar. Uma única lâmpada iluminava o longo e estreito cômodo, miseravelmente mobiliado, tão pobre quanto toda a casa.
As duas tremiam. A mais velha, Esther, estava sentada de frente para o fogo, os ombros magros cobertos por um xale. Seu rosto carregava uma expressão de sagacidade e desilusão, com um toque de humor azedo nas linhas da boca fina.
A mais nova tinha um físico rechonchudo, cabelos lisos e amarelados, rosto redondo e expressão inteligente, com traços bem-humorados.
— Eu não me importo! — disse Lúcia, pondo a chaleira no fogo. — Vou tomar um chá para me aquecer um pouco! Tome uma xícara comigo, Esther, e não reclame do desperdício. Estou farta de tudo isso.
— Se está farta, por que não vai embora, Lúcia? — perguntou Esther.
Lúcia foi até a janela e olhou para a menina imóvel sobre a muralha. — Por causa de Bia, e você sabe disso.
— Essa fedelha não é nada para você — retrucou Esther, balançando-se e rindo internamente. — Se eu estivesse no seu lugar, não ficava aqui por causa dela. De modo nenhum. Mas prometi à mãe dessa miserável que ficaria. — Suspirou melancolicamente.
O vento parecia sussurrar segredos antigos, empurrando nuvens pesadas pelo céu. Bianca não piscava. Do alto da muralha, observava cada ondulação do mar como se procurasse por um sinal — qualquer sinal — que indicasse que ele viria.
Ela não sabia ao certo se aquele dia seria o dia. Na verdade, ninguém lhe prometera nada. Mas, desde que completara nove anos, cultivava a crença de que, a cada mês, seu pai poderia aparecer.
Ele chegaria de terno impecável, com o cheiro forte de seu perfume caro, desceria de um carro preto brilhante e a chamaria pelo apelido que raramente usava. Ela correria até ele, e ele a levantaria no ar. Pelo menos, era assim que acontecia nos sonhos.
Na realidade, fazia mais de seis meses que Alberto Lemos não punha os pés naquele casebre. As babás lhe diziam que ele estava “ocupado demais com negócios importantes”.
Mas Bianca sabia: o pai vivia cercado de gente elegante, luzes e festas que ela só via nas fotos de revista. Ela, por outro lado, estava ali — sentada sobre pedras frias, com o vento chicoteando o rosto.
Foi então que uma onda mais alta se ergueu, rugindo contra a muralha. O jato de espuma subiu com violência e atingiu a pedra onde ela estava sentada. Por um segundo, Bianca escorregou. O coração disparou, os braços se agitaram no ar. O mundo pareceu sumir num branco de sal e vento.
Um puxão a trouxe de volta: Lúcia, ofegante, agarrava o braço da menina com força. — Você enlouqueceu? — gritou, quase em pranto. — Quer se matar aí? Bianca arregalou os olhos, mas não chorou. Apenas olhou de novo para o mar. — Ele pode vir hoje — murmurou.
Lúcia fechou os olhos, encostando a testa no ombro da menina, tomada pela mistura de raiva e compaixão. — Meu anjo… às vezes, a gente espera por coisas que não vêm. Não porque a gente não mereça, mas porque o mundo nem sempre se importa.
Bianca franziu a testa, como quem não compreendia totalmente.
— Mas ele é meu pai.
No horizonte, apenas o mar revolto respondia, cuspindo espuma branca que desaparecia na escuridão das pedras.
Bianca continuou ali até que o sol começou a se afogar atrás das nuvens. Quando finalmente desceu da muralha, seus olhos estavam mais frios que o vento que cortava a praia.
Ao entrar na sala aquecida pelo fogo fumacento, Bianca se deixou envolver pelo cheiro úmido da lenha queimada. Sentou-se num banquinho baixo, abraçando os joelhos, ainda com o olhar distante.
Enquanto Lúcia colocava uma xícara de chá diante dela, o calor do líquido nas mãos pequenas trouxe à tona uma lembrança, vívida como se tivesse acontecido no dia anterior.
Era uma tarde clara de primavera. O jardim da antiga casa do pai estava salpicado de margaridas brancas, e Bianca, com apenas seis anos, corria pela grama tentando alcançar um balão vermelho que teimava em escapar.
De repente, mãos firmes a levantaram do chão, e ela soltou uma gargalhada pura, daquelas que enchem o ar como música. — Peguei você, passarinho! — disse Alberto, com um raro sorriso nos lábios. Ele girou a filha no ar, e o perfume de seu terno misturou-se ao cheiro adocicado das flores.
Naquele momento, não havia mais mundo, negócios, nem telefones tocando. Apenas os olhos dele, claros e atentos, refletindo o sol de fim de tarde. — Papai… você vai ficar pra sempre comigo? — perguntou Bianca, segurando seu rosto com as mãos pequenas.
Ele hesitou e depois riu, beijando-lhe a testa. — Sempre que puder, minha pequena. Sempre que puder.
O “sempre que puder” ecoava na mente de Bianca como uma promessa quebrada. Nos anos seguintes, os dias assim se tornaram cada vez mais raros, até desaparecerem.
A voz de Esther a trouxe de volta à sala: — Bia, o pão está pronto. Coma enquanto está quente.
Bianca piscou, afastando a lembrança como quem fecha a tampa de uma caixa preciosa. Não queria que as babás percebessem que, por dentro, algo doía.
No fundo, porém, sabia que cada ida à muralha era apenas para reviver aquela tarde de primavera — e esperar, talvez, que ela acontecesse de novo.
Bianca permanecia sentada, mexendo devagar a colher no chá, como se o calor que subia da xícara fosse suficiente para afastar o frio que se agarrava a seus ossos. O olhar perdido indicava que, mesmo presente, ela estava longe dali.
Esther, sentada na poltrona gasta junto ao fogo, observava-a em silêncio por alguns instantes, até que se inclinou para Lúcia, falando baixo: — Você sabe tão bem quanto eu o quanto essa menina sofre.
Lúcia suspirou, mantendo os olhos fixos na chaleira. — Sei… e é por isso que continuo aqui. Não porque precise, nem porque você me peça, mas porque não consigo abandoná-la.
Esther soltou um riso curto, sem humor. — Eu, pelo menos, tenho uma razão clara. Prometi à mãe dela que cuidaria de Bianca até o fim da minha vida.
— E está cumprindo — disse Lúcia, encarando a velha com firmeza. — Mas você sabe tão bem quanto eu que a promessa não protege o coração dessa menina.
Esther desviou o olhar para o fogo. — O problema é que ela ainda acredita que o pai vai voltar para buscá-la. Mas Alberto… aquele homem despreza a própria filha.
Lúcia estreitou os olhos. — Você acha que é por causa da aparência dela?
Esther assentiu lentamente. — Não acho. Sei. Alberto sempre foi vaidoso, obcecado por beleza e status. Bianca não herdou os traços delicados da mãe, e isso, para ele, é um fardo. Prefere fingir que ela não existe.
Lúcia balançou a cabeça, com um suspiro pesado. — Enquanto isso, ele vive como um príncipe na casa da irmã, lá na capital. Uma mansão cheia de criados, festas, carro novo na garagem… e o filho dela, aquele garoto mimado, recebe todo o cuidado e carinho que Bia nunca teve.
— É. — Esther apertou o xale sobre os ombros. — Para Alberto, aquele menino é o verdadeiro herdeiro.
O silêncio que se seguiu foi quebrado apenas pelo estalar da lenha úmida no fogão.
Do outro lado da sala, Bianca levantou os olhos por um instante, como se tivesse captado algo do tom grave das duas, mas não disse nada. Voltou a olhar para o chá, tentando convencer a si mesma de que, quando o pai chegasse, todas aquelas palavras seriam mentira.
A noite caiu sobre o casebre como um cobertor pesado. O vento soprava pelas frestas das janelas, fazendo a luz da lâmpada do quarto vacilar. No pequeno cômodo, Bianca estava sentada na cama, os pés descalços recolhidos sob o vestido de dormir, enquanto rabiscava algo num caderno gasto.
Lúcia entrou devagar, trazendo uma manta de lã nas mãos. — Está na hora de dormir, minha flor — disse com suavidade.
— Já vou… — respondeu Bianca, sem levantar a cabeça. Ela passava o lápis com cuidado, como se cada traço fosse importante demais para ser apressado.
Lúcia se aproximou e se sentou na beira da cama. Olhou por cima do ombro da menina e viu um desenho simples: um homem alto, de terno, sorrindo, segurando a mão de uma garotinha.
O coração de Lúcia apertou. — É o seu pai? — perguntou baixinho.
Bianca assentiu, sem encarar. — É… só que, no desenho, ele veio me buscar.
Lúcia respirou fundo, procurando as palavras certas. — Você sabe… às vezes, a vida não é como a gente quer. Mas isso não significa que você não seja especial, Bia.
A menina virou-se para ela com um olhar sério demais para sua idade. — Se eu fosse bonita como a mamãe, ele viria?
Lúcia engoliu em seco e passou a mão pelos cabelos da menina. — Ah, minha flor… você já é bonita. Mas nem todo mundo sabe ver a beleza que importa de verdade.
Bianca não respondeu. Fechou o caderno, entregou-o a Lúcia e se enfiou debaixo da manta. Lúcia a beijou na testa e sussurrou: — Boa noite, passarinho. Sonha com coisas bonitas.
Enquanto apagava a luz, ouviu o suspiro longo da menina, que parecia mais um pedaço de tristeza escapando no escuro.
Fechou a porta com cuidado, tentando não deixar entrar o vento frio do corredor.
O silêncio tomou conta, quebrado apenas pelo assobio insistente que passava pelas frestas das janelas e pelo estalar da madeira velha.
Deitada, Bianca mantinha os olhos abertos, fitando o teto escuro. Cada ruído que o vento trazia parecia se transformar em passos, como se a qualquer momento a porta fosse se abrir e uma voz familiar chamasse seu nome.
Mas ninguém veio.
Abraçou o próprio corpo, sentindo o calor escapar devagar, e fechou os olhos com força, como se isso fosse o bastante para fazer o dia seguinte chegar mais rápido.
No escuro, sussurrou para si mesma, quase sem voz: — Amanhã ele vem… amanhã ele vem…
E, com essa promessa frágil, deixou-se levar pelo sono.
O dia ainda clareava pelas grandes janelas da mansão, tingindo de dourado o mármore do hall. Lá fora, o sol do incio da manhã derramava-se preguiçoso sobre os jardins, mas dentro da casa já reinava a preparação apressada para a ocasião. Helena estava pronta cedo, como sempre; cada gesto dela parecia calculado para vencer o tempo.Ela surgiu radiante naquela manhã. O vestido verde turquesa cintilava a cada movimento, abraçando-lhe a silhueta com a mesma segurança com que os olhos celebravam sua presença. O decote em “V” profundo trazia a medida exata entre ousadia e elegância, moldando-se ao colo como promessa de poder contido. A cintura marcada afinava-lhe a forma, enquanto a saia ampla se abria em pregas generosas, como ondas dóceis que se desfaziam a c
O eco dos passos de Helena ainda vibrava no mármore quando o silêncio engoliu a mansão. Alberto permaneceu imóvel diante da lareira, o vinho ainda preso entre os dedos. Não havia mais risos, nem o burburinho dos convidados. Apenas o som abafado do relógio de parede, marcando cada segundo como se zombasse de sua espera.Por um instante, pensou em subir também. Subir, bater à porta, impor-se como fazia nos negócios. Mas não era o mesmo. Naquele andar de cima, não havia acionistas, nem contratos, nem cifras. Havia apenas Helena — e com ela, cada gesto de autoridade se transformava em fraqueza; cada insistência, em derrota.O copo escorregou de sua mão e repousou sobre a lareira com um estalo seco. O cristal vibrou e o tilintar agudo ecoou pelo salão, como se fosse um riso invisível. Alberto respirou fundo, pesado, e começou a andar.Cruzou o salão vazio, os pés firmes sobre o tapete persa que abafava os sons, mas não o peso que trazia no peito. Passou entre cadeiras desalinhadas, ainda m
Quando deixaram o escritório envidraçado, Alberto e Helena caminharam lado a lado até a Mercedes. O silêncio entre os dois era mais eloquente que qualquer palavra. No banco traseiro, o carro deslizava pelas ruas geladas de Toronto, mas dentro dele o ar parecia sufocante.Helena mantinha a postura impecável, o rosto sereno como uma máscara. Alberto, rígido ao lado, não via as ruas; via apenas a sombra dela refletida no vidro. Sentia-se prisioneiro do próprio desejo — derrotado e, ainda assim, incapaz de afastar-se.Naquela noite, Helena organizara um jantar íntimo em sua mansão. Não para comemorar o contrato, mas para reafirmar sua posição: senhora do próprio destino, mesmo que o preço fosse um pacto.O salão brilhava sob lustres dourados. Taças cintilavam, e as conversas de banqueiros, advogados e esposas de políticos formavam um coro de vozes medidas, risos contidos. Helena reinava entre eles com naturalidade. O vestido de seda azul deslizava sobre o corpo como se tivesse sido tecido
A manhã chegou pesada, carregada de um silêncio desconfortável.Alberto desceu primeiro. Estava de terno cinza escuro, de corte italiano, assentava-se sobre seus ombros largos com a precisão de uma armadura feita sob medida. A gravata preta, lisa, estava perfeitamente ajustada ao colarinho branco, sem um único vinco fora do lugar. O rosto marcado por olheiras, mas o olhar ainda duro. Sentou-se à mesa, abriu o jornal sem realmente ler e esperou.Helena entrou minutos depois. Com um vestido azul-marinho, de tecido pesado e bem estruturado, moldava-se ao corpo sem exageros. O corte reto, até os joelhos, passava sobriedade; as mangas curtas e o decote quadrado revelavam apenas o suficiente para não destoar da rigidez da manhã. Na cintura, uma faixa discreta afinava a silhueta, reforçando a imagem de controle absoluto. Os cabelos estavam presos em um coque francês impecável, cada fio em seu lugar. O penteado revelava a nuca delicada e alongava o rosto, emoldurando-o com sobriedade. Ela tra
— Não pretendo me casar com você. — respondeu seca.— O que você está dizendo? — a voz dele vacilou entre raiva e espanto.Ela não desviou os olhos.— Você entende muito bem, Alberto. Eu não posso viver a sua vida, e nem você pode viver a minha. Por isso o acordo. Compreende o meu sacrifício? Se eu me casasse com outro, teria mais que quarenta milhões por ano, e também teria filhos, seria bem-vista na sociedade. Estou disposta a abrir mão de tudo isso… por você.Ele permaneceu imóvel, como se o chão tivesse cedido sob seus pés. O silêncio que se seguiu era tão denso que se podia ouvir apenas a respiração pesada dele.— Então é isso… — murmurou, quase para si. — Você me propõe um contrato. Um preço para não desaparecer da minha vida.— Um preço para mantermos o que temos. — corrigiu Helena, firme. — Sem ilusões, sem falsas promessas de casamento. Apenas a verdade.Alberto passou a mão pelos cabelos, transtornado.— Você é fria como mármore. — disse, a voz carregada de amargura. — Conse
O silêncio que se instalou parecia mais cortante que qualquer palavra. Alberto permaneceu de pé, olhando-a com uma mistura de fúria e súplica, como se esperasse que ela recuasse das próprias convicções.A chama de uma das velas tremulava ao vento, projetando sombras nas paredes — sombras que pareciam repetir o mesmo movimento tenso entre os dois. Alberto sentia o peito arder, não de raiva, mas de humilhação. Nunca, em toda a sua vida, alguém o fizera sentir-se tão vulnerável.— Então é assim? — murmurou ele, a voz rouca. — Você me rejeita… mesmo sabendo que eu daria tudo para estar ao seu lado?Helena respirou fundo, apertando as mãos no colo, ainda sem coragem de fitá-lo.— Alberto… não é questão de querer ou não querer. — sua voz saiu quase um sussurro. — É questão de sobrevivência.Ela abaixou os olhos, observando o brilho das próprias joias, e pensou no quanto elas pareciam mais seguras que qualquer amor.Ele deu um passo à frente, mas deteve-se, como se uma força invisível o cont





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