"Ela só queria liberdade. Eles… queriam controle. Entre traumas, desejos e obsessões… Nice se vê no meio de um triângulo amoroso com dois irmãos bilionários, marcados por um passado de ciúmes e manipulação. Quando a fuga se torna sua única saída, ela encontra apoio em dois novos amigos… Alex e Bruno… Homens que, ao invés de posse, lhe oferecem proteção e cuidado. Mas, entre a cura e o caos… Nice precisará escolher: Lutar por si mesma… Ou… ceder mais uma vez aos laços… Que insistem em prendê-la."
Leer másNice ajustou os óculos sobre o nariz com um gesto automático enquanto os dedos percorriam o teclado do notebook com precisão cirúrgica. Sentada na sua mesa de sempre, perto da grande janela de vidro da confeitaria, ela parecia alheia ao movimento ao redor. As conversas, os risos, o cheiro de café e açúcar... nada daquilo existia para ela.
Na tela, mais uma revisão da tese de doutorado. Mais uma tentativa de lapidar a conclusão que insistia em parecer incompleta.
Ela deu um gole no cappuccino novo da casa — sabor chocolate com toque de avelã — e, no momento em que o líquido quente e cremoso envolveu sua boca, ela fechou os olhos e soltou um leve gemido de prazer, quase involuntário. Baixo, rápido... mas ainda assim, audível para quem estivesse atento.
— “Delicioso...” — murmurou, abrindo os olhos e olhando para a atendente com um sorriso genuíno.
Do outro lado do balcão, Sebastian Moreau parou de digitar no celular. Ele estava apenas de passagem. Nunca tinha pisado naquela confeitaria antes. Só entrou porque precisava de café, e porque seu humor naquela manhã estava mais ácido que de costume.
Mas foi impossível não perceber a mulher da mesa da janela.
Cabelos castanhos presos em um coque baixo e despretensioso, algumas mechas escapando e emoldurando o rosto de traços delicados. Os olhos castanhos escuros, escondidos atrás dos óculos de armação fina, varriam a tela do notebook com foco quase obsessivo.
Ela tinha uma beleza discreta, natural... Corpo esguio, com curvas sutis, mas bem definidas para alguém de estatura médica - cerca de 1,63m. Havia algo nela, algo que Sebastian não conseguia definir, mas que prendeu a atenção dele como poucas coisas faziam ultimamente.
Ela estava sozinha. Concentrada. Alheia ao mundo... E ao mesmo tempo, aquele som de prazer ao experimentar o café, Sebastian fechou os olhos por um segundo. A imagem dela se repetia como um eco e se esse som fosse devido a ele e não o café.
Ele não precisava de novas distrações. Estava ali por acaso. Mas... talvez... ela servisse a um propósito prático.
Pegou o café que o atendente estendeu, respirou fundo e, com passos calculados, caminhou até a mesa dela.
— “Com licença.”
Nice levantou os olhos devagar. O homem à sua frente era difícil de ignorar, o tom de voz era firme, grave, com um sotaque difícil de definir. Alto, facilmente com mais de 1,85m, ombros largos, postura impecável, cabelos escuros perfeitamente penteados, com um corte que deixava o rosto ainda mais anguloso. Os olhos de um castanho quase preto, intensos, observadores, como se pudessem dissecar cada camada de quem estivesse à frente.
O terno casual, a postura ereta... Ele exalava poder, presença.
Ela mediu o estranho de cima a baixo com um olhar rápido e educado, mas já preparada para recusar qualquer tentativa de conversa.
— “Pois não?” — ela resondeu, com edução, mas deixando claro que estava ocupada.
Sebastian sorriu de canto. Sabia reconhecer uma muralha emocional de longe. Ele mesmo era mestre em construí-las. Mas também sabia, como derrubá-las.
— “Perdoe a intromissão... Eu só... estava ali no balcão e vi sua expressão ao provar a sua bebida. Fiquei curioso. É realmente tão bom assim?”
Nice arqueou uma sobrancelha.
— “Recomendo. Se estiver precisando de um momento de prazer genuíno, claro.”
Foi uma resposta direta, quase cortante, mas com um toque de humor sutil. Sebastian inclinou a cabeça, como quem reconhece um adversário à altura.
— “Bom saber... Eu estava mesmo precisando de algo fora da rotina.”
Ela voltou os olhos para o notebook, encerrando o assunto com um silêncio educado. Mas Sebastian, não foi embora.
Ele permaneceu de pé ao lado da mesa por alguns segundos. Observou a forma como ela digitava. O foco. A energia que ela tentava esconder. E com um sorriso discreto nos lábios, completou:
— “Meu nome é Sebastian.”
Ela não levantou os olhos.
— “Nice.” — respondeu apenas, como quem dá o mínimo necessário para encerrar a interação.
Ele sorriu ainda mais. Tinha o nome dela agora. E mais importante, tinha um novo interesse.
E quando Sebastian Moreau se interessava, nada permanecia o mesmo por muito tempo.
Quando Sebastian foi buscar Nice para irem, ela estava com o coração acelerado. Sebastian tinha dito que seria só um jantar casual com seu irmão e a namorada, algo leve, descontraído. Que poderiam ou não passar a noite ali, mas, que tinha um quarto para eles preparado se precisasse, caso eles bebessem e quiserem relaxar e descansar.Ela usava um vestido de verão, leve e solto, mas que ainda assim marcava as curvas discretas do corpo. Cabelos soltos, maquiagem suave, queria estar bonita, mas sem parecer que fosse para um evento formal.Sebastian a cumprimentou com um sorriso carinhoso e um beijo.— “Relaxa… só um jantar entre amigos, não é você que vai estar sendo testada lembra. ”Ela sorriu, confortável na presença dele como sempre. Quando chegaram a casa na piscina parecia grande demais, intensa demais para ela, logo Sebastian providenciou um copo de vinho para ambos.Na sala, ela foi apresentada a Bárbara, a atual de Vinicius. Loira, alta, com um corpo de capa de revista e um sorri
A “Casa da Piscina”, como os irmãos Moreau a chamavam, era um lugar reservado, longe da cidade e longe de olhares curiosos.Moderna, ampla, com arquitetura minimalista, paredes de vidro e uma piscina central iluminada por leds.O local tinha sido cenário de muitas noites de teste. Muitas mulheres, muitos jogos e muitas decepções para Vinicius.Sebastian entrou no salão principal, observando a arrumação. Toalhas dobradas nas espreguiçadeiras, garrafas de vinho já separadas, som ambiente pronto, tudo perfeito, como sempre.Vinicius apareceu, jogando a chave do carro no balcão da cozinha.— “A Bárbara já confirmou. Disse que está animada pra conhecer o ‘famoso retiro secreto dos irmãos Moreau’.”Sebastian soltou um suspiro, esfregando o rosto, o que ele estava fazendo, não queria mais isso, só que não podia trair seu irmão, era culpa dele que precisavam agir assim.— “Perfeito.”Vinicius se virou para ele, com aquele sorriso provocador que parecia crescer sempre que o irmão ficava descon
Os dias seguintes foram uma mistura de rotina e fuga emocional, Nice voltou à sua rotina puxada: academia e doutorado pela manhã, escritório à tarde, luta às terças, dança às quartas. Mas havia uma diferença agora.Sebastian estava mais presente do que nunca.Eles começaram a se encontrar com mais frequência, jantares rápidos durante a semana, algumas vezes ele a pegava no escritório no final do expediente, outras aparecia na saída da academia só para acompanhá-la até em casa. As noites de sábado, antes solitárias, passaram a ser na casa dele.Jantares cozinhados por ele, conversas no sofá e, inevitavelmente a cama.Nice aprendeu rápido, com ele, cada toque era uma descoberta. Cada beijo, uma lição e o corpo dela respondia como se sempre tivesse pertencido a ele, tinham muita tensão sexual e parecia que nunca enjoavam de explorar o corpo um do outro.Mas, o que ela não sabia era que Vinicius observava tudo de longe, o irmão mais novo estava cada vez mais inquieto, desde o dia que levo
Nice ainda estava sentada na cama quando ouviu o som da porta da frente sendo aberta, o coração acelerou, passos firmes pelo corredor e então, Sebastian Moreau surgiu na porta do quarto.Camisa social azul escura, calça de alfaiataria, o rosto como sempre inexpressivo, mas os olhos, os olhos denunciavam uma preocupação, um alerta que ela nunca tinha visto antes nele. Por alguns segundos, ele a encarou em silêncio.— “Você está bem?”A voz dele saiu baixa, controlada, mas havia um tom grave por trás, algo entre preocupação e raiva contida.Nice assentiu devagar.— “Sim… só com dor de cabeça.”— “Precisa de água? Analgésico? Posso te trazer algo.”Ela sorriu, fraca.— “Acho que já causei trabalho o suficiente pra você.”Ele suspirou, agachando-se na frente dela, ficando na altura dos olhos dela.— “Você nunca dá trabalho.”O tom dele foi calmo, mas com firmeza suficiente pra deixar claro que ele falava sério.Antes que ela pudesse responder, Vinicius apareceu na porta, recostado no bate
Nice acordou com uma dor de cabeça latejante e uma sensação estranha de secura na garganta. Por alguns segundos, manteve os olhos fechados, tentando organizar os pensamentos.O cheiro, o ambiente, não era o quarto dela. O lençol era de algodão egípcio, a cama espaçosa, o ambiente minimalista e sóbrio, as paredes em tons de cinza, o abajur moderno e o cheiro amadeirado tão característico... Sebastian.Ela abriu os olhos de repente, o coração disparando, a última coisa de que se lembrava era estar no evento, bebendo aquele maldito coquetel, depois de ter tomado vinho e após o coquetel, depois tudo era um borrão.Ao se sentar, sentiu a cabeça girar de leve, levou a mão à testa e respirou fundo, foi só então que notou a presença no canto do quarto, Vinicius.Sentado em uma poltrona, cabelos bagunçados, a mesma roupa da noite anterior, mas sem o paletó. As mangas da camisa dobradas até os cotovelos, o olhar perdido e as olheiras denunciando que não tinha dormido nada. Assim que percebeu qu
O evento seguia com o mesmo ritmo de sempre: discursos entediantes, networking forçado, sorrisos plásticos. Nice já estava cansada daquilo tudo, a cabeça latejava, talvez pela iluminação, talvez pelo vinho que tinha tomado em jejum.Depois da breve conversa com Vinicius, ela tinha feito questão de evitá-lo pelo restante da noite, voltou para perto de Paul, conversou com alguns parceiros de escritório e, por fim, aceitou a taça de uma bebida colorida que um garçom lhe ofereceu, um coquetel de frutas ou pelo menos parecia ser.Poucos minutos depois, o mundo começou a girar.Nice tentou focar no rosto de Paul, que falava com ela sobre algum novo cliente, mas, a visão embaçou, as palavras dele começaram a parecer distantes, como se ele estivesse falando debaixo d’água. Ela encostou a mão na testa.— “Está tudo bem?” — Paul perguntou, visivelmente preocupado.— “Acho que… bebi algo… estranho, ou como não estou acostumada misturar, algo não fez bem” — a voz dela saiu fraca, arrastada.Paul
Último capítulo