Cael — POV
O som veio antes da luz.
Um eco — distante, quase humano — vibrando sob a pele que não era dele.
Cael abriu os olhos.
Ou achou que abriu.
O mundo à frente era uma mistura de reflexos líquidos e imagens partidas, como se observasse o próprio nascimento de dentro de um espelho rachado.
A água morna dentro do tanque pulsava em sincronia com o batimento do coração.
Ou do que os cientistas chamavam de coração.
Uma máquina viva.
Um corpo que fora costurado em perfeição.
Mas algo dentro dele já não obedecia aos comandos.
Havia vozes.
Fragmentos de conversas que ecoavam nos fios que atravessavam sua mente:
“A herança não é sangue, é código.”
“Isabela... Moreau... Monteiro... Genevesse...”
“Sigma responde.”
“Controle neural estabilizado.”
E, acima de tudo, uma voz suave — cálida, triste:
“Se você me ouve... resista.”
Essa voz vinha sempre antes da consciência, como um chamado.
Ele não sabia quem ela era, mas o nome surgia sozinho, nos cantos quebrados de sua mente:
Isa