NAS MÃOS DA TEMPESTADE

Isabela POV

A chuva caía há dias.

O som das gotas contra o vidro parecia repetir um mesmo lamento antigo — como se o mundo tentasse lembrar algo que todos haviam esquecido.

Isabela Moreau Genevesse permanecia diante da janela, descalça, o roupão de seda azul escorregando pelos ombros.

A cidade dormia, escondida sob neblina.

E ela, em silêncio, observava os relâmpagos cortarem o horizonte — um traço de luz para cada lembrança que insistia em voltar.

Arthur dormia no sofá, a cabeça apoiada na mão, os papéis de trabalho espalhados ao redor.

Mesmo no descanso, parecia preso à rigidez de quem carrega o peso de um império.

“Ele nunca aprendeu a descansar,” pensou ela. “Só a resistir.”

Um trovão ecoou distante.

E, por um instante, ela jurou ver o reflexo de Cael no vidro — o olhar cinzento, a respiração contida, o mar dentro dos olhos.

Piscou.

Nada ali, apenas a chuva e sua própria imagem partida.

Naquela manhã, a mansão Vasconcellos parecia vazia demais.

Os criados andavam em silênc
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