Erick's POV

Quando enviei a mensagem para Isa, não imaginava que isso pudesse desencadear uma tempestade. Nos conhecíamos desde a infância, eu sabia de seus medos, da sua força, de seu coração partido. Observá-la sofrer todos esses anos ao lado de Arthur foi insuportável. Mas agora, posso finalmente sentir um alívio no meu peito, Isabela finalmente acordou, está decidida e livre. Eu preciso ter cuidado, porque cada palavra que eu digitava pesava toneladas em meu peito. 

Em meu escritório com vista panorâmica da cidade A, o café da tarde tinha um ar mais agradável, o que me fazia sentir pequeno diante da responsabilidade que sentia. Arranha-céus refletiam sob a luz do sol poente, e a cada reflexo um lembrete da vastidão do mundo que eu e ela ainda não havíamos explorado juntos.

Sempre fora estratégico, calculista com um nível de precisão absurdo, o que o tornava no mundo dos negócios intimidante. Mas enviar aquela simples mensagem para Isabela não era estratégia - era impulso. Eu queria que ela soubesse que havia ainda alguém ao seu lado, que entendia sua dor e seu potencial. A tela do celular parecia vibrar com uma energia própria, e eu me peguei olhando para ela com a ansiedade de quem esperava um milagre. Quando finalmente recebi a resposta, meu coração disparou; cada palavra que li carregava uma mistura de dor, raiva e esperança que eu conhecia tão bem. Mas havia algo a mais ali, algo novo que eu ainda não conseguia decifrar completamente.

Enquanto isso, no luxuoso apartamento que eu chamava de lar, analisei contratos, e-mails e relatórios financeiros. Meu império crescia a cada dia, a passos largos, fruto de anos de trabalho e da herança silenciosa da minha família do país B. Mas tudo parecia insignificante diante do turbilhão emocional que Isabela causava em mim. O pensamento de sua dor me consumia tanto quanto a necessidade de proteger meu legado.  Decidi que precisava vê-la pessoalmente, descobrir o que se passava em sua mente, e talvez finalmente oferecer um ombro em que pudesse se apoiar - sem interferir demais, mas sem deixar que se perdesse sozinha. 

Quando cheguei ao café onde havíamos combinado, o cenário era perfeito para um encontro inesperado: mesas de madeira de lei, luminárias de cristal moderno, paredes decoradas com fotografias de arquitetos famosos, que combinavam com as janelas grandes e com o jardim na parte de fora. Isabela estava lá, sozinha, olhando pela janela com os olhos marejados. Não sabia se devia me aproximar de imediato ou se devia esperar que ela notasse a minha presença. A tensão no ar era quase palpável, e eu senti cada músculo do meu corpo pronto para reagir a qualquer gesto dela. Finalmente, ela se virou, e nossos olhares se encontraram. Um silêncio pesado pairou, cheio de palavras não ditas e emoções contidas.

-Erick... - sua voz estava firme, mas com um tremor sutil.

-Isabela, eu precisava falar com você. - minha resposta foi calma, mas carregada de urgência. - Eu sei o que você passou, e quero que saiba que você não está sozinha.

Ela desviou o olhar, e senti a mistura de raiva e vulnerabilidade que sempre me encantou. Cada detalhe de sua postura, cada gesto, me lembrava o porquê eu a amava desde sempre, mesmo sem ela que ela soubesse. Mas havia também uma barreira invisível, uma linha tênue entre confiança e desconfiança que eu teria que atravessar com muito cuidado.

- Não sei se quero alguém ao meu lado agora - disse ela, a voz firme, mas os olhos denunciando a dor. - Preciso descobrir quem realmente sou antes de me permitir confiar em alguém.,

Meu coração apertou. Eu a compreendia. Mas o destino, de forma implacável, parecia ter planos próprios. Um estranho observava de longe, e eu tive a sensação de que algo a mais estava prestes a acontecer - algo que mudaria nossa vida para sempre. O telefone de Isabela vibrou, e antes que eu pudesse reagir, ela leu a mensagem, e seus olhos se arregalaram. Um cliffhanger que não sabíamos que nos aguardava estava à espreita.