Luana Monteiro — POV
O som da chuva vinha de longe, como um murmúrio do mundo que ela estava prestes a deixar.
Luana Monteiro observava o reflexo da própria imagem no vidro escurecido do terminal principal.
As luzes da Base Monteiro piscavam em intervalos erráticos — o mesmo padrão que marcava o colapso de um império.
O Érebo havia falado.
Gabriela havia caído.
E a filha obediente que ela moldara já não existia.
Bruna ajustava os cabos sobre a mesa, dedos ágeis dançando sobre hologramas e códigos.
— A auditoria do sistema está cega, mas não por muito tempo — murmurou. — Temo que os Kovalenko já tenham interceptado parte do backup.
— Melhor eles do que os Anciãos — respondeu Luana. — As sombras são mais discretas que os deuses.
Henrick entrou, a jaqueta encharcada da chuva que penetrava até os subníveis.
— Consegui o veículo, mas há drones no perímetro. Precisamos sair em dez minutos.
Luana assentiu, fria.
A calma que emanava dela era o tipo de serenidade que precede o caos — a