Gabriela Monteiro — POV
A sala do conselho era feita de silêncio e vidro.
Gabriela Monteiro estava sentada no centro, o corpo rígido, o rosto iluminado apenas pelo reflexo das telas suspensas.
À sua volta, as cinco siglas ancestrais giravam em torno de si como planetas de um sistema que ela mesma ajudara a manter em órbita: M, G, R, V e M.
As vozes começaram a ecoar uma a uma — sem rostos, sem nomes.
Apenas timbres, modulados pela distorção digital.
A presença invisível dos Anciãos das Famílias Fundadoras.
“Relate o ocorrido, Monteiro.”
“Instabilidade no Projeto Sigma,” respondeu Gabriela, voz firme.
“Instabilidade é inaceitável.”
“O Érebo é volátil por natureza. Não se controla o espelho, apenas se negocia com ele.”
“Negociação implica fraqueza.”
A palavra fraqueza ficou pairando no ar como veneno.
Gabriela cerrou os punhos sob a mesa.
“O espelho precisa ser completado. O ciclo das linhagens se encerra neste século. Você prometeu controle total.”
“E entreguei progresso.