Isabela's POV
O som da chuva contra os vidros do carro era quase reconfortante — um compasso que abafava o zunido constante dos meus pensamentos. Cada gota que escorria pela janela parecia medir o tempo que eu já havia perdido tentando entender o passado… e o tempo que agora eu estava disposta a recuperar, custasse o que custasse.
O motorista reduziu a velocidade, parando diante do restaurante L’Aube Noire. A fachada era discreta, envolta por luzes âmbar e reflexos de vidro molhado. Um local onde segredos não apenas se guardavam — eram servidos em taças de cristal.
Enviei a última mensagem no grupo criptografado:
Isabela: “Cheguei. Sala Rubi. Sem seguranças.”
Desci do carro. O salto ecoou na calçada molhada. O vento frio penetrou o tecido do sobretudo, fazendo-me sentir viva. Por um instante, lembrei da menina à beira-mar — assustada, ingênua, sem saber quem realmente era.
Mas aquela menina havia morrido.
O que restava agora era apenas a mulher que o destino havia moldado no fogo da m