Após a morte trágica de sua esposa no parto, Eduardo Ferraz, um CEO poderoso e implacável, se vê diante do maior desafio de sua vida: criar sozinho o filho recém-nascido que ele acredita ser o responsável por sua perda. Enterrado em trabalho, ele não consegue se conectar com o bebê, nem lidar com a dor. Desesperado, Eduardo contrata uma babá para ajudá-lo temporariamente, sem imaginar que Sofia Carvalho, uma mulher doce, forte e determinada, será muito mais do que uma cuidadora. Sofia entra na mansão silenciosa carregando suas próprias feridas, mas aos poucos conquista o bebê... e começa a derreter as defesas do pai. Em meio a noites insones, mamadeiras e emoções represadas, nasce um laço proibido e irresistível. Mas o luto, os segredos e uma sombra do passado ameaçam esse novo começo. Será que o amor tem espaço onde antes só havia dor?
Ler maisEDUARDO Na manhã seguinte, recebo uma intimação judicial. A suposta Isabella entrou com um pedido de reconhecimento de identidade e requerimento de guarda compartilhada. Sofia está ao meu lado quando leio cada linha. Meus olhos correm pelas palavras como se não quisessem aceitá-las, como se a cada sílaba meu mundo desmoronasse um pouco mais. — Isso é um pesadelo — murmuro, a voz rouca, quase sem força. Sinto o calor da mão de Sofia envolvendo a minha, um gesto que deveria me acalmar, mas só evidencia o quanto estou tremendo. Minha pele fria contrasta com a firmeza tranquila dos dedos dela. — Temos que fazer um teste de DNA. Isso vai esclarecer tudo — diz ela com delicadeza, como quem tenta puxar alguém à tona de um naufrágio. Fecho os olhos por um instante, inspirando o ar pesado que parece rasgar meus pulmões. Cada palavra dela faz sentido. Mas dentro de mim, a lógica trava uma batalha desesperada contra o medo, a raiva e a incredulidade. — E se for ela? — pergunto, a voz falh
SOFIA Volto com Eduardo para casa em silêncio. Ele não diz nada durante o trajeto, apenas dirige com os olhos fixos na estrada. Quando chegamos, Enzo já está dormindo, graças à Marlene que o cobriu de carinho e histórias durante nossa ausência. Na cozinha, coloco uma xícara de chá diante dele. Ele nem se move. — Eduardo. Olha pra mim. Ele ergue os olhos, perdidos. — E se ela nunca tivesse morrido? E se tudo fosse um plano? Arregalo os olhos. Assustada com o que acabei de ouvir. Como uma mulher abandonaria o filho recém nascido e um casamento aparentemente perfeito, assim do nada? Isso é loucura! — Um plano? De quem? Por quê? — pergunto, ainda incrédula — Não sei. Mas uma mulher não reaparece depois de mais de um ano como se nada tivesse acontecido. Isso foi planejado. Calculado. — E o corpo no hospital? Os exames? O velório? — E se alguém tivesse ajudado ela a sumir? A ideia é absurda, mas nada mais parece impossível. Ele apoia o rosto nas mãos. — Isso vai destruir tudo.
SOFIA Eduardo chega no fim da tarde, visivelmente exausto. Mas quando me vê brincando com Enzo, um sorriso escapa. — Conseguiu conversar com seu pai? Ele assente e se aproxima de mim. Me puxa pela cintura, encostando a testa na minha. — Acabou. Disse a ele que não tem mais espaço pra interferências. Quero começar do zero com você, Sofia. Meu coração dispara. É tudo o que eu queria ouvir. Mas há algo que ainda me prende. — Eduardo... tem algo que preciso te contar. Ele franze o cenho, me olhando com atenção. — O que foi? — Eu recebi uma carta hoje. É do meu pai. Os olhos dele se arregalam. — Seu pai? Mas você disse que não o vê faz tempo. — Quando disse isso eu me referia ao homem que tenho registrado na minha certidão de nascimento. Eduardo me encara confuso. — Como assim? — Essa carta que recebi está foi escrita por um homem que se diz ser o meu pai biológico. — Seu pai? Que loucura é essa? Porque não me contou nada? — Porque eu não sabia que ele existia. Minha mãe s
SOFIA Eduardo volta do encontro ainda tenso, os ombros rígidos, o maxilar travado, mas algo em seu olhar denuncia a mudança. Há uma leveza ali, um brilho discreto que eu não via há muito tempo. Como se, enfim, ele tivesse deixado para trás uma parte sombria que o prendia. — O que houve? — pergunto baixinho, quando estamos a sós, como se minha voz pudesse quebrar a magia daquele momento. Ele respira fundo, se aproxima até que eu consiga sentir o calor que emana do seu corpo. — Você tinha razão — diz, com a voz grave, mas carregada de alívio. — Às vezes, tentar salvar todo mundo só nos destrói. Meu peito se aperta, e uma vontade quase desesperada de abraçá-lo me invade. Eu vejo o homem diante de mim despido de suas amarras, pronto para enfim viver. — E agora? — pergunto, a esperança vibrando nas minhas palavras. Ele sorri, um sorriso pequeno, mas verdadeiro, e seus olhos brilham de uma forma que me desmonta. — Agora... eu só quero viver o presente. Com você. Com o nosso filho.
Algum tempo depois SOFIA Nunca pensei que o som da chuva pudesse ser tão acolhedor. O vidro da varanda está coberto de gotículas, o cheiro de café recém-passado invade o ambiente, e Enzo brinca tranquilamente com seus blocos de montar. Há semanas não me sinto assim... em paz. — Posso? — a voz de Eduardo surge atrás de mim, suave. Assinto com a cabeça e ele se senta ao meu lado, trazendo duas xícaras. Ele ainda está de moletom, cabelo meio bagunçado, e isso o torna ainda mais irresistível. Tão diferente do CEO impecável que vi no meu primeiro dia. — Dormiu bem? — ele pergunta. — Melhor do que em meses. Você? — Eu também. Sua presença tem feito isso com a casa. Sorrio, sentindo o calor subir pelas bochechas. — E com você? — Principalmente comigo. Nossos olhos se encontram. Tem algo ali... uma tensão doce, quase tímida, quase inevitável. E então, sem que eu possa controlar, ele toca minha mão. O calor da pele dele me acalma e excita ao mesmo tempo. — Posso te levar pra sair?
SOFIA Enzo adormece no meu colo enquanto o noticiário da noite sussurra alguma manchete que eu não consigo acompanhar. Estou exausta, mas mais tranquila. Desde que Rafael foi levado, Eduardo não desgrudou de mim. Ele colocou seguranças na casa, aumentou a vigilância e deixou bem claro que nada mais vai me machucar. Mas o que mais me desarma é a maneira como ele me olha. Não com pena. Nem com expectativa. Ele simplesmente... me vê. Levanto com cuidado e coloco Enzo no berço portátil montado ao lado do sofá. Quando me viro, Eduardo está na porta da sala, com duas taças de vinho e um olhar indecifrável. — Achei que merecêssemos um momento de paz. Sorrio, mesmo com o cansaço pesando nos ombros. Aceito a taça. — E eu achei que você não bebia durante a semana. — Hoje é uma exceção. Sentamos no sofá. Um silêncio confortável nos envolve. E pela primeira vez desde que Rafael reapareceu, meu corpo relaxa. — Posso te perguntar uma coisa? — ele diz, virando-se levemente para mim. — Cl
SOFIACom Enzo nos meus braços, tranquilo, de fralda trocada e barriguinha cheia, deixo meu corpo relaxar por um instante. Mas é só fechar os olhos que ele vem. Eduardo. O nome dele pulsa na minha mente como uma batida suave, mas constante. Consigo sentir o toque dos seus lábios nos meus, como se ainda estivesse acontecendo. Macios, firmes, intensos. Um beijo que mexeu comigo de um jeito que eu não esperava, que eu nem queria... mas desejei com cada parte de mim.Minha vida nunca foi fácil. Carrego cicatrizes que ninguém vê, lembranças que ainda doem, escolhas que me moldaram. Sempre precisei ser forte, manter o controle, seguir em frente mesmo com o coração aos pedaços. E agora, justo agora, me encontro envolvida por algo que não consigo explicar. Me vejo apaixonada — sim, apaixonada — por um homem que representa tudo o que eu sempre mantive à distância: poder, frieza, controle. Mas Eduardo... ele não é só isso. Por trás da armadura dele, eu vejo dor. Eu vejo solidão. Eu vejo um pai
EDUARDOO beijo da noite passada ainda está grudado na minha pele como uma tatuagem invisível. Tentei dormir, mas minha mente não desligou. Pensei em Sofia, em Enzo, em tudo o que estou sentindo e no que ainda não sei como nomear.Ao beijar Sofia, senti como se o chão tivesse sumido sob os meus pés. Foi como ser invadido por algo forte, inesperado, impossível de controlar. O toque dos lábios dela nos meus não foi apenas físico — foi como se ela tivesse alcançado um lugar dentro de mim que eu nem sabia que existia. Aquele beijo não foi só um momento de desejo. Foi uma quebra de todas as minhas defesas, um convite silencioso para algo mais profundo.Mesmo agora, tantas horas depois, ainda sinto o gosto dela. O beijo ficou grudado em mim como uma marca invisível que queima por dentro. Tentei dormir, mas minha mente não desligou nem por um segundo. Revivi a cena várias vezes, cada detalhe, cada respiração, o jeito como ela suspirou contra minha boca. Me vi preso naquele instante, como se
SOFIA O toque suave da manhã entra pelas cortinas do quarto. Enzo resmunga baixinho no berço, e eu me levanto num impulso automático. Ele já é parte da minha rotina, do meu instinto, do meu coração. Depois de trocar sua fralda e cantar baixinho enquanto ele mama a mamadeira, o coloco no tapetinho de atividades e observo seus olhinhos explorando o mundo. A forma como ele me olha, com tanta inocência... me faz querer protegê-lo de tudo. Inclusive de mim mesma. Desço as escadas com ele no colo, e Eduardo já está na cozinha, com a manga da camisa dobrada até os cotovelos e duas xícaras de café fumegante sobre a bancada. — Bom dia — ele diz, sorrindo ao ver Enzo nos meus braços. — Ele dormiu bem? — Dormiu. Acordou só uma vez. — E você? Pego a xícara que ele empurra na minha direção. — Tô bem. Pensativa... mas bem. Ele dá um gole no café e me encara como se pudesse ver o que se passa dentro de mim. — Sofia, ontem... quando aquele cara apareceu... eu vi medo nos seus olhos. E eu nã