Um amor proibido que desafia o passado e ameaça destruir o futuro. Sergio Vance, um magnata poderoso e implacável de quarenta e sete anos, conhece por acaso a encantadora doutora Hellen Bennett, uma jovem pediatra de vinte e quatro anos que ilumina os corredores do hospital com sua dedicação e beleza singular. A atração entre os dois é imediata e avassaladora, uma faísca que rapidamente se transforma em uma chama intensa e incontrolável. Sob o olhar deslumbrado de sua afilhada, Sergio se vê cativado pela doçura e força de Hellen, encontrando nela uma luz que há muito tempo não sentia em sua vida. Hellen, por sua vez, se permite mergulhar de cabeça nessa paixão arrebatadora, acreditando ter encontrado em Sergio o amor capaz de curar suas feridas passadas. No entanto, o que nenhum dos dois desconfia é que Hellen guarda um segredo profundamente enterrado em seu coração – um segredo ligado à família Thorne, a família de seu falecido marido. Quando a verdade finalmente vier à tona, revelando identidades ocultas e um doloroso passado que ambos pensavam ter superado, esse amor intenso será colocado à prova. Será forte o suficiente para sobreviver à revelação de que estão ligados por uma tragédia? Ou a descoberta destruirá para sempre a frágil felicidade que construíram? Uma história de amor proibido, segredos familiares e a luta entre a redenção e o perdão.
Ler maisA chuva fina caía sobre o cemitério, lavando as lápides e as minhas lágrimas. Encostei-me friamente no caixão de carvalho, meu vestido preto grudando no corpo pelo vento úmido. Estava totalmente imersa em minha dor, cheia de lembranças boas, risos suaves e palavras dele em meu ouvido.
— Acho que ela terá o seu rostinho com formato de coração... esse rosto lindo que você tem, minha princesa. — E como você sabe que é ela? — Eu não sei, eu só sinto que é. Toquei em minha barriga plana e disse: — Acho que os homens sempre querem uma menina como filha só pra ficar mimando e estragando elas. Nós mulheres, por outro lado, gostamos da ideia de meninos porque são tão doces e companheiros... e lógico, protetores. — Isso é verdade. E se fosse um menino, com certeza iria ser um superprotetor seu... mais que eu. — Eeee, então melhor mesmo que seja menina, porque uma dose dupla de você ninguém aguenta — eu disse, brincando. Ele sorriu e me abraçou. — Não aguenta não? E eu só confirmei, sorrindo, enquanto ele me enchia de beijos. E naquele momento, sob aquela chuva fina, olhando para o caixão do meu marido que estava sendo guiado pelos condutores até onde seria sepultado, sorri entre lágrimas. Sim, porque no velório dele estava somente eu. Bem, aqui em Dallas não tínhamos parentes ou amigos; sou órfã, fui criada em um orfanato. E Peter, há pouco mais de um ano, rompeu com seus pais. Ainda mais depois do que aconteceu comigo, seria impossível ele continuar tendo contato com eles... Ainda estava mergulhada nessas lembranças quando, de repente, fui interrompida por uma presença que me deixou sem ação. Recuei alguns passos atrás, meu rosto empalidecendo de choque. — S-Sylvia? A mulher à minha frente sorriu, com um gesto amargo e triunfante. — Sim, querida. A própria. “Meu Deus, o que essa mulher está fazendo aqui?” pensei deseperada. Sylvia Thorne avançou, seu olhar um veneno puro, cercada por um séquito de pessoas bem-vestidas que me fitavam com desdém. Engoli em seco, porém mantendo o olhar perguntei: — O que faz aqui Sylvia? Não me diga que você veio… Sua voz cortou o ar, alta e afiada, antes que eu pudesse continuar. — O que você acha? — ela cuspiu, se virando para o grupo. — Que eu, como mãe, não tenho direito de enterrar meu próprio filho? Garanto que tenho muito mais que você! Sua voz aumentou ainda mais, para que todos ali ouvissem, como se tudo fosse um palco e as pessoas ali fossem sua plateia. — Além disso, preciso protegê-lo disso também, na hora de sua morte! — Di... disso o quê? — balbuciei, me afastando instintivamente quando percebi dois homens enormes se aproximando de mim sob um olhar ordenador de Sylvia. — De você! Protegê-lo de você, na hora do seu adeus final, sua assassina! Saia daqui agora! Fiquei estática. O murmúrio de apoio ao redor foi como uma facada. Senti o chão ceder. — Está louca, Sylvia? Você não pode fazer isso! Me expulsar do enterro do meu próprio marido! — É claro que posso! Tenho todo o direito; sou a mãe dele! Agora, saia imediatamente daqui, sua assassina! Deixe meu filho em paz, pelo menos neste momento! — Ela gritou, histérica, para os homens. — Silas! Cain! Tirem essa mulher daqui imediatamente! Ao ver os dois capangas se aproximando, seus olhos impassíveis, e a crueldade no olhar de todos aqueles que apoiavam Sylvia, não consegui mais respirar. Sem outra escolha, virei-me e fugi, deixando para trás o corpo do meu marido e qualquer vestígio de dignidade. Ao sair do cemitério, fiquei totalmente desnorteada, sem rumo. Não consegui ir embora. Fiquei parada do lado de fora, escondida atrás de um grande carvalho, observando de longe o cortejo fúnebre enquanto uma nova leva de lembranças, ainda mais dolorosas e terríveis, substituíram as memórias doces que eu guardava. “Não, querida. Não podemos fazer uma festa.” Eu o encarei, confusa. “Mas... por quê, Peter?” Naquele momento, ele se calou, e o ar pareceu sair do meu peito. “Sã... São eles, não é? Seus pais... Eles não aprovam nosso casamento?” Minha voz era pouco mais que um sussurro rouco. “Porque eu sou pobre? Porque sou órfã?” “Sim,” ele admitiu, sua voz carregada de uma dor que eu não entendia totalmente na época. “Mas eles jamais vão se meter nas nossas vidas ou nos tirar a felicidade. E a minha felicidade está é ao seu lado…” Confesso que sempre sonhei com um casamento bonito, daqueles “de véu e grinalda” como toda jovem sonha. Mas tive que engolir o choro e aceitar que seria daquele jeito simples, quase escondido. Quando Peter me abraçou e disse: “Vamos ficar longe deles. Eu vou te proteger”, eu acreditei. Eu confiei nele com toda a minha alma quando continou: “acredite meu amor, ainda vamos ser muito felizes”. E eu acreditei e confesso que durante alguns meses, ele cumpriu o que prometeu, fomos tão felizes que era impossível não perceber isso. E agora eu, uma órfã que nunca tinha tido nada, finalmente me sentia segura nos braços de Peter. Mas Sylvia Thorne jamais se contentou com isso. Ela era um furacão de veneno e manipulação. Quando descobriu onde morávamos, tornou nossa vida um inferno. Telefonemas a qualquer hora, cartas com ameaças veladas, aparecidas inesperadas na nossa porta. Peter lutou contra ela com unhas e dentes, até que a gota d'água fez ele romper relações de vez. Eu pensei que, finalmente, estaríamos livres. Que o pior tinha passado. Jamais imaginei que o verdadeiro inferno ainda estava por vir, muitos meses depois. E até hoje, meus dedos tremem e meu peito aperta quando me lembro daquele maldito dia em que… O ronco agressivo de um motor cortou o ar, arrancando-me brutalmente do abismo da memória. Um carro preto, totalmente blindado e com os vidros escurecidos, aproximava-se lentamente da entrada do cemitério. Meu coração disparou, batendo contra as costelas com tanta intensidade que quase podia ouvir. Ela tinha chamado reforços. Ou pior, era ele… o pai de Peter. Não esperei para descobrir. O instinto de sobrevivência falou mais alto. Não queria e nem conseguiria encarar esse homem nos olhos não depois do que ele me fez, por isso fugi, mergulhando no labirinto de ruas laterais, correndo sem destino, com o som dos meus próprios soluços ecoando nos meus ouvidos. Eu não era mais bem-vinda nem para dizer adeus ao homem que amei…(Narrado por Hellen) Naquela manhã, quando encontrei Sergio já me esperando, encostado naquela mureta, de camiseta regata, short de corrida e aquele olhar que sempre me devorava de longe, sorrindo... meu coração novamente deu um salto. Era sempre assim com ele. Cada mensagem dele no celular fazia meu coração acelerar. Era um bom-dia, uma piada boba, uma pergunta sobre meu plantão. Sempre me pegava sorrindo sozinha, lutando contra a atração crescente por aquele homem mais velho e misterioso. O flerte se intensificava por mensagens, e eu, embora lutasse contra a atração e o luto que ainda me perseguia, me via cedendo. Sua presença estava se tornando uma constante, um calor que lentamente substituía o frio que habitava meu peito há tanto tempo. Ficava encantada por ele, mesmo sendo um homem tão rico e conhecido. Adorava a forma como me tratava como alguém especial, único. E, mesmo sem querer admitir, meu coração começou a se abrir, frágil e cauteloso, para a possibilidade do amor. Ma
(Narrado por Sergio) Três dias. Três longos dias se passaram desde que coloquei meu plano em ação. Três dias desde que criei aquele "acaso" perfeito no parque, sabendo exatamente o horário em que ela corria, a rota que fazia, graças ao meticuloso relatório de Edward. E funcionou. Perfeitamente. Agora, depois daquele primeiro "encontro", eu me permitia encontrá-la com mais frequência ali. As nossas corridas matinais rapidamente se tornaram o ponto alto do meu dia. Eram meu escape. Uma fuga do meu mundo sombrio de negociações cortantes, de reuniões onde cada sorriso era uma facada nas costas, e da companhia gélida e venenosa de Sylvia. Era a minha transição para o mundo livre, puro e suave de Hellen. E aquele sorriso doce e inocente dela… Cristo. Era como um banho de luz. Me renova, me fazendo sentir, por alguns minutos miseráveis, que eu não era apenas o monstro que eu sabia que era. Ela me fazia querer ser a pessoa que ela via quando me olhava: apenas Sergio, o homem. Nossas
(Hellen narrando? Ele riu, um som baixo e rico que pareceu acariciar minha pele. — Adoro ouvir a verdade do que as pessoas pensam sobre mim — ele admitiu, seus olhos brilhando com diversão. — Mesmo que não seja exatamente o que eu esperava ouvir. — Bom… — respusei, tomando um gole do meu espresso para ganhar tempo, sentindo o calor subir para meu rosto novamente. — A verdade é que você me impressionou no primeiro momento em que o vi. Mas achei melhor ficar quieta. Sérgio sorriu. Não era apenas um sorriso; era um sorriso vitorioso, largo e aberto, que fez pequenas rugas aparecerem ao redor de seus olhos e o transformou, por um segundo, em um homem muito mais jovem e um pouco menos intimidante. Eu, bebendo meu espresso, o encarei, sentindo-me completamente exposta e incrivelmente viva. Nervosa, capturei meu lábio inferior entre os dentes, mordendo-o suavemente. Eu vi seus olhos escurecerem por uma fração de segundo, seguindo o movimento. O ar entre nós ficou pesado, carregado d
(Narrado por Hellen) Já estava chegando ao hospital e, enquanto saía do meu carro simples – agradecendo mentalmente ao mecânico por ter feito um bom trabalho –, encontrei a louca da Anya me esperando. Ela havia chegado mais cedo que o normal; afinal, ao que tudo indicava, o Senhor Salvatore teria uma reunião com a equipe antes do trabalho começar. Alguém ajudara com uma boa quantia para reformar a ala de oncologia pediátrica, e ela estava eufórica. Sabia, porém, que durante a reforma, muitas alas ficariam um pouco desativadas. Coisas de reforma. — Bom dia, minha amiga linda! — Bom dia, minha linda e maluca amiga! — falei, sorrindo e abraçando-a. Estava com saudades de vê-la pessoalmente. Trabalhávamos no mesmo hospital, mas, como atuávamos em alas separadas, quase não tínhamos tempo para nos ver, nem mesmo na hora da saída, visto que nossos turnos muitas vezes terminavam em horários alternados. Ela foi logo sorrindo, com aqueles olhos azuis cheios de malícia, quando me viu c
(Narrado por Sergio)Alguns dias se passaram e confesso que aquela coisinha linda e deliciosa vestida de jaleco não me saía da mente. Sou casado, mas o que poucos sabem é que meu casamento com Sylvia é só de fachada. Tentamos manter as aparências em nome de nossa parceria nos negócios e para evitar escândalos na mídia. Por causa disso, sempre mantive todos os meus casos muito bem escondidos. Bem, isso tudo eu fazia antes, quando ainda tinha algum respeito por ela como pessoa. Mas, de um tempo para cá... muitas coisas mudaram. E depois do que aconteceu, até mesmo minha antiga amizade por ela ficou totalmente abalada.Sylvia e eu comandamos um império de exportação desde que nos casamos, mas meus interesses no ramo se expandiram, estou pensando em cortar parceria.E por falar em interesses. Hoje depois de mais um dia pensado na doutorinha, percebi que meu interesse por ela também é diferente, é algo bem mais profundo. Profundo demais para ser só mais um caso. Não que acredite em amor,
(Narrado por Sergio Vance) Estava em meu escritório na sede da Vance Holdings, imerso em relatórios de aquisição há pouco mais de uma hora, quando o telefone pessoal tocou. Apenas um punhado de pessoas tem esse número. Era Mary, minha afilhada. Sua voz era um fio, cheia de um pânico que fez eu me endireitar na cadeira instantaneamente. Vou ser sincero: no mundo dos negócios, me chamam de frio, implacável, um predador. E eu sou. Mas com a minha família, com aqueles que eu amo, sou outra pessoa. Uma mudança que começou há cinco anos e que me redefine todos os dias. Mary... eu a criei como uma filha desde que seu pai, meu melhor amigo, Jack Walker, se foi. Sua morte só intensificou o meu dever ferrenho de protegê-la. — Padrinho, por favor... — ela soluçou. — Ethan está viajando a trabalho, e estou sozinha. O Liam está chorando tanto... parece estar com uma dor horrível. Preciso levá-lo à emergência, mas estou tão nervosa que não consigo nem pensar em dirigir. O senhor... poderia manda
Último capítulo