Mundo ficciónIniciar sesiónLaena só precisava de um emprego para sobreviver. Dante só precisava de alguém para proteger seu filho. Nenhum dos dois imaginava que se tornariam a ruína um do outro. Quando Laena chega à mansão Valverde, encontra um menino silencioso, uma família destruída e um patrão que esconde mais dor do que arrogância. Ainda assim, Dante exige apenas uma regra: “Não ultrapasse a porta do meu quarto. E nunca, jamais, tente se aproximar de mim.” Mas as noites longas, os encontros inesperados no corredor e as crises do garoto aproximam os dois. E quando Dante vê seu filho falar pela primeira vez — chamando Laena — tudo muda. O desejo se torna impossível de controlar. Os toques roubados viram necessidade. E o que era proibido se torna explosivo. Mas o passado de Dante está prestes a explodir. Sua esposa não morreu como todos acreditam. E agora, alguém quer Laena fora do caminho… custe o que custar.
Leer másA manhã começou mais silenciosa que o normal, como se a casa estivesse prendendo a respiração. Talvez eu estivesse também. Depois do que Dante havia dito na noite anterior, tudo parecia diferente: meus passos, meu cuidado com as palavras, o jeito como eu inspirava quando sentia a presença dele antes mesmo de vê-lo. A mansão era grande demais para encontros constantes, mas, de algum modo, ele surgia exatamente nos momentos em que eu menos esperava — ou mais temia.Quando cheguei à sala de brinquedos, Lorenzo estava sentado no chão, cercado por blocos de montar. Ele ergueu o rosto quando me viu e abriu um sorriso pequeno, mas cheio de confiança. A cada dia aquele sorriso parecia mais certo, mais íntimo, mais nosso.— Bom dia, meu campeão — murmurei, sentando ao lado dele.Ele colocou um bloco na minha mão e apontou para a torre que tentava construir. Senti o gesto como um convite e aceitei. Estávamos terminando a base da estrutura quando ouvi passos na porta. Eu não precisei virar para
A manhã seguinte chegou com um clima diferente, quase vibrante, como se a mansão inteira soubesse que algo havia mudado — ou estava prestes a mudar. Talvez fosse só impressão minha, fruto da frase que Dante havia dito no corredor na noite anterior, ainda ecoando dentro de mim como um segredo que eu não sabia onde guardar. Não quero que você vá embora. Simples. Direto. E perigoso demais para o meu coração.Levantei-me mais cedo que o habitual, talvez para evitar cruzar com ele de imediato, talvez porque a cabeça não tinha parado um segundo durante a noite. Tomei banho, arrumei o cabelo e vesti algo simples, confortável, mas que me deixava com a estranha sensação de que estava me preparando para um encontro que não admitiríamos que era um encontro.Quando cheguei à sala de brinquedos, Lorenzo já estava acordado, brincando com um carrinho amarelo que ele empurrava com curiosidade. Ao me ver, levantou-se devagar e caminhou até mim, segurando minha mão com mais firmeza do que de costume. E
O café da manhã na mansão Valverde tinha uma formalidade peculiar, quase coreografada. Tudo parecia preparado horas antes: a mesa impecavelmente posta, o aroma de café preenchendo discretamente o ambiente e um silêncio tão organizado que chegava a ser intimidador. A única coisa que destoava daquela estética perfeita era, inevitavelmente, eu. E Lorenzo, claro — mas o jeito doce dele fazia qualquer deslize parecer natural. Já eu… bom, eu ainda estava tentando parecer menos desastrada diante da porcelana fina. Aproximei-me da mesa acompanhando Lorenzo, que caminhava de mãos dadas comigo com uma confiança recente e preciosa. Helena estava ali, aguardando como sempre, séria porém atenta, a governanta que sabia de tudo antes de qualquer um. — Bom dia, senhor Lorenzo — cumprimentou ela, com suavidade rara para sua postura rígida. Em seguida, voltou-se para mim. — Bom dia, senhorita Souza. — Bom dia, Helena — respondi, tentando não esbarrar em nada ao redor. Ela observou Lorenzo por algun
A manhã amanheceu com um brilho suave entrando pelas grandes janelas da mansão, iluminando os corredores de forma quase cinematográfica. O dia anterior tinha sido longo — entre tempestades, sustos e aproximações inesperadas —, mas naquela manhã tudo parecia mais leve. Lorenzo ainda dormia quando deixei meu quarto, então aproveitei para ajudar Helena na ala de serviço.Ela supervisava a arrumação da casa com precisão militar, e eu me ofereci para dobrar algumas toalhas. Bastou tocar na primeira pilha para uma delas escorregar do topo, cair no chão e quase derrubar o restante.Helena respirou fundo, mas sorriu.— Acontece, senhorita Souza.— Acontece comigo, a senhora quer dizer — respondi, recolhendo tudo rapidamente. — Essa casa deve estar me achando uma ameaça ao patrimônio.— Curiosamente, não. — Helena ajeitou os óculos. — O clima aqui melhorou desde que você chegou. Até o senhor Valverde parece… menos silencioso.Aquilo me pegou desprevenida.— Menos silencioso? Ele?— Não tanto n
A tempestade começou antes do amanhecer, e a mansão inteira parecia reagir ao som da chuva pesada contra as janelas. Acordei com o eco ritmado dos trovões e, por um instante, precisei lembrar que não estava no meu antigo apartamento, mas no quarto que agora fazia parte do meu trabalho, da minha rotina e, de certa forma, da minha nova vida. O silêncio dos corredores contrastava com o barulho lá fora, criando uma estranha combinação que deixava o ar mais denso do que o habitual. Vesti um moletom simples e saí do quarto, guiada pelo instinto. Eu já sabia o que encontraria, porque Lorenzo não lidava bem com tempestades. Ele acordava inquieto, vulnerável, e geralmente procurava algum tipo de conforto, ainda que não soubesse expressar isso em palavras. Bastava conhecer um pouco seu jeito para entender que a chuva interferia diretamente no seu sono. Quando virei o corredor da ala infantil, encontrei o menino parado perto da porta do próprio quarto, segurando o ursinho de pelúcia com f
A manhã começou com uma calma aparente, mas havia algo diferente no ar — como se a mansão estivesse observando cada passo meu para entender se eu realmente pertencia àquela rotina. Lorenzo já estava na sala de brinquedos, sentado no chão, concentrado em uma folha grande de papel. Ele segurava um giz azul e desenhava ondas com uma precisão que parecia vir de outro mundo. Quando me aproximei, ele ergueu os olhos apenas por um instante, suficiente para me reconhecer, antes de empurrar outro giz na minha direção, um verde-claro. Um convite silencioso.— Posso ajudar a fazer o céu? — perguntei, tomando o giz com cuidado. — Mas aviso que ele pode não ficar tão bonito quanto o seu mar.Lorenzo observou o primeiro desenho torto que fiz, e um sorriso leve apareceu no canto de sua boca. Era um sorriso pequeno, contido, mas sincero — e, vindo dele, tinha um peso que eu não conseguiria medir.— Viu só? — comentei, apontando para minha nuvem esquisita. — É tudo estratégia para você perceber o quan
Último capítulo