O café da manhã na mansão Valverde tinha uma formalidade peculiar, quase coreografada. Tudo parecia preparado horas antes: a mesa impecavelmente posta, o aroma de café preenchendo discretamente o ambiente e um silêncio tão organizado que chegava a ser intimidador. A única coisa que destoava daquela estética perfeita era, inevitavelmente, eu. E Lorenzo, claro — mas o jeito doce dele fazia qualquer deslize parecer natural. Já eu… bom, eu ainda estava tentando parecer menos desastrada diante da porcelana fina. Aproximei-me da mesa acompanhando Lorenzo, que caminhava de mãos dadas comigo com uma confiança recente e preciosa. Helena estava ali, aguardando como sempre, séria porém atenta, a governanta que sabia de tudo antes de qualquer um. — Bom dia, senhor Lorenzo — cumprimentou ela, com suavidade rara para sua postura rígida. Em seguida, voltou-se para mim. — Bom dia, senhorita Souza. — Bom dia, Helena — respondi, tentando não esbarrar em nada ao redor. Ela observou Lorenzo por algun
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