A manhã começou mais silenciosa que o normal, como se a casa estivesse prendendo a respiração. Talvez eu estivesse também. Depois do que Dante havia dito na noite anterior, tudo parecia diferente: meus passos, meu cuidado com as palavras, o jeito como eu inspirava quando sentia a presença dele antes mesmo de vê-lo. A mansão era grande demais para encontros constantes, mas, de algum modo, ele surgia exatamente nos momentos em que eu menos esperava — ou mais temia.
Quando cheguei à sala de brinquedos, Lorenzo estava sentado no chão, cercado por blocos de montar. Ele ergueu o rosto quando me viu e abriu um sorriso pequeno, mas cheio de confiança. A cada dia aquele sorriso parecia mais certo, mais íntimo, mais nosso.
— Bom dia, meu campeão — murmurei, sentando ao lado dele.
Ele colocou um bloco na minha mão e apontou para a torre que tentava construir. Senti o gesto como um convite e aceitei. Estávamos terminando a base da estrutura quando ouvi passos na porta. Eu não precisei virar para