a namorada do papai

Meus olhos voltavam para a porta várias vezes, mas João não aparecia.

— Tá procurando alguém, filha? — perguntou meu pai, com um olhar curioso.

— Não, pai — menti, tentando disfarçar.

O telefone dele tocou, e ele saiu pela porta para atender.

— Acha que ele não vem? — perguntou Letícia, se aproximando.

— Tô achando que não… Só de imaginar que ele não vai comparecer ao meu aniversário já me deixa triste.

Mas então, ele apareceu. João entrou pela porta, lindo como sempre. Fui até ele, o coração acelerado.

— Você está muito linda, meu amor — disse ele, com um sorriso gentil.

— Obrigada, amor.

Ele me abraçou de forma amigável, mas logo se afastou.

— Desculpa… tem muitas pessoas aqui.

— Sim — respondi, tentando esconder a decepção.

Olhei para meu pai, que entrava de mãos dadas com a mesma mulher que eu tinha visto na casa do João. Franzi o cenho.

— O que meu pai está fazendo com ela?

João olhou, tão surpreso quanto eu.

— Não sei.

Eles se aproximaram, e meu pai me deu um sorriso de orelha a orelha.

— Filha, essa é a Paula, minha namorada.

— Sua o quê?

— Sua o quê? — João e eu dissemos ao mesmo tempo.

— Namorada. Estamos saindo já tem alguns meses.

— É um prazer te conhecer, Érica — disse ela, estendendo a mão.

— O prazer é todo meu — respondi, apertando sua mão com firmeza.

Meu pai olhou para minha mão e franziu a testa.

— Que anel é esse?

— Ele é muito lindo — disse Paula, olhando para mim e depois para João.

— Quem te deu?

Engoli em seco. Um nó se formou na minha garganta.

— É…

— Fui eu que dei — disse Letícia, entrando na conversa.

— Vocês agora estão trocando anéis de compromisso?

— Sim. Foi algo para simbolizar nossa amizade — explicou Letícia.

— E cadê o seu?

Ela sorriu timidamente.

— Esqueci em casa.

— Entendi… Achei até que minha filha estava namorando escondido de mim.

— Ah, pai…

— Tá bom. Deixa eu só falar com o João. Vamos lá, João.

— Sim — respondeu ele, seguindo meu pai.

Letícia foi até o rapaz da bebida, que estava fazendo bagunça, e eu ri com o jeito mandona dela.

— Ele não é homem pra você — disse Paula, se aproximando.

— Ele quem?

— Quem te deu esse anel?

— Mas foi a Letícia que me deu.

— Tudo bem. Acho que vamos nos ver mais algumas vezes. Quero muito ser sua amiga.

— Tudo bem. E como conheceu meu pai?

— Tem pouco tempo, mas ele é um homem perfeito.

— Sim, ele é.

Nós duas olhamos para meu pai e João, que conversavam e trocavam sorrisos.

— Ele parece gostar de você — disse Paula.

— Não… que isso. Ele é apenas um sócio do meu pai.

— Hum… Mas eu estava falando do seu pai.

— Ah, entendi.

Meu pai voltou e me chamou com urgência.

— Vem, filha. Preciso que conheça umas pessoas.

Ele me puxou pelo braço, e eu fui com ele, tentando entender tudo o que estava acontecendo.

— Pegando a filha do chefe, que coisa — Ana provocou, com aquele tom venenoso que eu já conhecia bem.

— Deixa de ser louca — João respondeu, tentando manter a calma.

— Eu percebi a aliança. Mesmos gostos para joias… deveria ter mudado — ela continuou, com um sorriso sarcástico.

— Vai à merda. Tá com ele pra se vingar de mim?

— Antes era. Mas agora tá mais divertido.

— Fica longe dela.

— Não se preocupe. Gostei dela. Mimada, mas é uma boa pessoa. Por isso mesmo não vou contar nada ao pai dela… mas vou fazer ela enxergar quem você realmente é.

Olhei para João, e ele percebeu meu olhar.

— Tenta. Ela me conhece. Não precisa de você pra saber quem eu sou.

— Ela sabe da sua filha? Já contou que sua filha poderia ser a irmãzinha caçula dela? Ops… esqueci, ela já é.

— Me deixa em paz. E essa é a última vez que eu vou falar: não mexa com ela.

João se afastou, e eu o vi sair pela porta.

— Filha? — meu pai chamou.

— Ah, oi pai. Olá, senhora e senhor Cooper — cumprimentei, tentando disfarçar a inquietação.

— Olá, pequena Érica. Você está enorme, nem parece mais com aquela menininha — disse Vivian, sorrindo.

— Sim, não deve mais se lembrar da gente. A última vez que vimos você, tinha apenas cinco anos — completou Diego.

— Sim… obrigada pela presença — respondi, com um sorriso educado.

Enquanto eles conversavam com meu pai, me afastei discretamente e fui atrás de João. Encontrei-o parado, olhando para o nada. Puxei-o para o beco ao lado da boate.

— O que está fazendo, amor? Deveria estar lá dentro recebendo seus convidados — ele disse, surpreso.

— Eu sei… mas senti que você ficou incomodado depois que viu aquela mulher com o papai. Tá com ciúmes?

— Não. Nunca. Desculpa se te causei essa impressão.

— João…

— Eu juro.

Ele se aproximou, me encostando na parede com delicadeza.

— A única pessoa que me arrancaria ciúmes seria você. Fora isso, não.

— Entendi. Eu estou cada dia mais apaixonada por você.

— E eu por você.

Seus lábios encontraram os meus num beijo quente e molhado. Ele apertou minha cintura, me puxando para mais perto. Um gemido escapou de mim, involuntário.

— João…

Ele se afastou um pouco, mas não muito. Olhou nos meus olhos.

— Você é tão linda, meu amor.

— Obrigada, lindo.

Ele me beijou mais uma vez e se afastou.

— Te prometo que não tenho olhos pra ninguém além de você.

— Tudo bem. Só não mente pra mim, tudo bem?

— Sim. Agora vai lá, seu pai deve estar te procurando.

— Você não vem?

— Daqui a pouco eu vou, amor.

Voltei para dentro. Antes de entrar, ouvi João murmurar:

— Ana, você não perde por esperar.

Meu pai se aproximou, curioso.

— Estava onde?

— Ah, pai… fui tomar um pouco de ar.

— Vem.

Ele me puxou para o meio das pessoas e mandou desligar o som.

— Pai, o que está fazendo?

— Um discurso pra minha pequena.

Ele bateu no copo com o anel, e todos se viraram para mim. Encontrei os olhos de João, que sorriu.

— Querida, hoje, com o coração cheio de emoções, olho pra você, agora com 21 anos, e vejo não só a menina que você foi, mas a mulher incrível que se tornou.

— Pai…

— Durante esses anos, foi um privilégio poder proporcionar a você tudo o que esteve ao meu alcance. Alguns diriam que mimar é um excesso, mas, pra mim, foi uma forma de demonstrar o quanto eu te amo.

— Eu também te amo, papai.

— Vi você crescer com liberdade pra sonhar, explorar e ser exatamente quem queria ser. E, mesmo que tenha exagerado nas concessões, cada gesto foi uma prova do meu desejo de ver você feliz.

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