A ligação terminou e, do outro lado, eu sabia que meu pai estava furioso. Ele bateu com força na mesa, como sempre fazia quando algo o tirava do controle.
  — Parece que eu já estava sentindo — disse ele, com os olhos cheios de raiva.
  — Eles foram atrás dela? — perguntou Lucas.
  — Sim. Filhos da puta… Eu vou matar qualquer um que tentar fazer com minha filha o que fizeram com a mãe dela.
  — Calma — tentou Lucas.
  — Vou ligar pro João.
  Meu pai pegou o celular e ligou. João atendeu depois de algumas chamadas.
  — Aconteceu alguma coisa?
  — Sim. Tentaram matar a Érica.
  — Como ela está?
  — Bem. Mas preciso saber se você já fez o que eu mandei.
  — Sim. Terminamos até rápido demais.
  — Te encontro aqui à noite.
  João desligou e olhou para Luan.
  — Eles tentaram — disse ele, com os olhos ardendo de fúria.
  — Sério?
  — Sim. Eu vou matar um por um se for pra salvar ela.
  — Acabamos aqui. O que você vai fazer?
  — Prometi que veria minha filha.
  — Não faz isso.
  — Vou sim. E ela vai deixar eu entrar.
  João entrou no carro com Luan e saiu em alta velocidade.
  Enquanto isso, eu estava no carro com Henry, a caminho da boate onde meu pai nos esperava. Assim que chegamos, corri até ele e o abracei com força.
  — Papai… nunca tive tanto medo de morrer quanto tive hoje.
  — Desculpa, meu amor — disse ele, apertando-me contra o peito.
  Ele olhou para Henry com gratidão.
  — Obrigado, Henry. Tô te devendo uma. Lucas, leva ele até o doutor. Já está esperando no escritório.
  Henry foi com Lucas, e eu o segurei pelo braço antes que ele saísse.
  — Você está bem mesmo?
  — Sim — respondeu ele, com um sorriso cansado.
  O abracei apertado, e ele retribuiu com gentileza.
  Meu pai me levou até o quarto da boate. Me deitei na cama, com a cabeça apoiada na perna dele.
  — Filha… você não acha melhor desistirmos desse aniversário e fazermos algo mais simples em casa?
  — Não, pai. A Lê me deu todo o apoio. Não vamos desistir agora.
  — O que você ia comprar no shopping?
  — Fui buscar o vestido que encomendei.
  — Eu vou mandar alguém pegar.
  — Obrigada, pai.
  Fechei os olhos e, finalmente, caí num sono profundo.
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  Enquanto isso, João chegou à casa da ex-mulher. Bateu na porta com firmeza.
  — O que você está fazendo aqui? — Ana apareceu, com o rosto tenso.
  — Quero ver minha filha.
  — Papai! — Jana correu até ele e o abraçou com força.
  — Vai lá, Luan. Faz as malas dela.
  — Tudo bem, senhor.
  — Você não vai levá-la — disse Ana, firme.
  — Quem vai me impedir?
  Dois seguranças apareceram atrás dela. João riu com ironia.
  — Seguranças?
  — Sim. E isso é só o começo da noite. Tem muito mais.
  — O que tem na noite?
  — Você vai ver. Então larga minha filha e cai fora.
  — Quando aconteceu isso?
  — Quando você me traiu, seu filho da puta.
  — Eu não te traí, Ana. Já estávamos separados. Só estávamos casados no papel.
  — E eu fui a única que tentou levar o casamento adiante. Foi só uma qualquer que apareceu e você desistiu.
  — Ana, não se faça de vítima. Não me fode.
  — Vai fazer o quê? Foi só tocar na safada que estava com você e ficou nervoso?
  — Não chame ela de puta. Nem de safada.
  — Percebi. Entra, Jana.
  — Eu quero ficar com meu pai!
  — Entra agora. Não vou falar de novo.
  — Não desconte nela.
  João se abaixou e olhou nos olhos da filha.
  — Vai lá, meu amor. Papai te jura que vai te levar com ele.
  — Pai..
  Ana puxou Jana com força, e João a segurou pelo braço, apertando com raiva.
  — Não trate minha filha dessa maneira na minha frente, ou eu passo por cima desses seguranças e mato você — ele rosnou.
  — Tá doendo, solta meu braço — ela reclamou, tentando se soltar.
  — Vamos, João, não perca a cabeça agora, não na frente da Jana — disse Luan, tentando acalmar a situação.
  Jana olhou para o pai assustada, e ele soltou o braço de Ana com relutância.
  — Você e sua mãe estão fazendo uma de bravas, mas eu não vou me segurar mais, Paula — disse ele, com os olhos em chamas.
  — Prefiro que me chame de Ana e deixe minha mãe fora disso — ela respondeu, rindo com deboche.
  João saiu pela porta e foi direto para o carro.
  — Não deixa ela entrar na sua cabeça. É tudo o que ela mais quer — disse Luan, entrando atrás dele.
  — Eu sei… mas já estou perdendo a cabeça — respondeu João, com os olhos fixos no volante.
  O tempo passou. Acordei com o quarto já escuro. O vestido estava pendurado no cabide, exatamente como imaginei. Caminhei até ele e toquei no tecido com carinho.
  — Perfeito — murmurei.
  Tomei um banho demorado, tentando acalmar o coração, e comecei a me vestir. Quando cheguei ao local da festa, meu pai, a Lê e meus dindos já estavam lá. Letícia correu até mim e me envolveu num abraço apertado.
  — Feliz aniversário, miga!
  — Obrigada, meu amor — respondi, retribuindo com ainda mais força.
  — Feliz aniversário, meu amor — disse Lucas, sorrindo.
  — Obrigada, dindo.
  — Feliz aniversário, dinda! — disse Thainá, animada.
  — Obrigada, dinda — respondi, abraçando os dois com carinho.
  Eles me entregaram o presente, e eu continuei andando pela festa, cumprimentando os convidados — a maioria deles amigos e sócios do meu pai.