Giovanni
A garoa fina batia preguiçosa no telhado da varanda quando eu me joguei na cadeira de madeira, o prato vazio abandonado na mesinha ao lado. Cruzei as mãos atrás da cabeça, observando a névoa cinzenta que parecia engolir o quintal.
Aurora estava ao meu lado, enrolada em um cobertor xadrez, os cabelos desgrenhados da noite mal dormida, a pele ainda marcada de sonolência e — diabos — eu nunca tinha visto alguém tão bonita sem fazer absolutamente nada para isso.
Ela espreguiçou-se como um gato, e por um instante eu achei que ela ia voltar para dentro, para o calor da casa.
Mas não.
Do nada, Aurora jogou o cobertor de lado, levantou e — sem aviso — correu para a chuva.
Pisquei, atônito, vendo-a atravessar o quintal molhado com os braços abertos, como se estivesse desafiando o céu inteiro.
Por um instante, eu não consegui me mover.
Ela girava devagar, a camisola leve colando-se ao corpo com a umidade, os cabelos se tornando rios negros descendo pelas costas.
Cada gota de chuva pare