17

Aurora

O cheiro de queimado foi a primeira coisa que senti ao sair do quarto.

Espreguicei-me lentamente, os músculos doloridos depois da noite inquieta. Estava ainda de camisola, os pés descalços deslizando sobre o assoalho frio enquanto eu seguia o aroma suspeito.

Na cozinha, Giovanni estava uma visão.

Uma visão desastrosa.

Ele se inclinava sobre o fogão, segurando uma frigideira como se fosse uma arma prestes a explodir, enquanto uma fina fumaça cinza subia lentamente, preenchendo o ambiente.

— O que você está fazendo? — perguntei, cruzando os braços na porta, a voz rouca da manhã.

Ele virou o rosto para mim, exibindo uma expressão de pura concentração... misturada com um leve desespero.

— Café da manhã — respondeu com a maior naturalidade do mundo, como se o que estivesse produzindo fosse perfeitamente comestível.

Franzi o nariz, me aproximando para ver o conteúdo da frigideira.

Era — ou tinha sido — ovos.

Talvez.

Não era mais possível identificar com precisão.

— Isso deveria ser.
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