Aurora
Minhas mãos estavam suadas. Tão trêmulas que por um momento pensei que não conseguiria girar a maçaneta. Mas o fiz, lentamente, como se cada centímetro significasse uma escolha entre viver ou morrer.
O corredor estava mergulhado num silêncio estranho, cortante. O tipo de silêncio que precede uma tempestade. Ou um ataque.
Meu coração batia tão alto no meu peito que podia jurar que preenchia toda a casa.
Talvez eles tenham ido embora, pensei. Talvez fosse alarme falso.
Idiota.
Dei um passo. Depois outro. E então corri. Corri como se minha vida — e a do meu bebê — dependessem disso. Porque, no fundo, eu sabia que dependia.
Cheguei ao quarto do bebê arfando, ajoelhando-me ao lado do berço com as mãos trêmulas. A luz suave do abajur iluminava o ambiente, e por um segundo, a inocência daquele espaço contrastava brutalmente com o caos do que estava por vir.
Segui as instruções de Giovanni, abrindo a caixa falsa de fraldas. Estava lá. Uma Glock preta, pesada, fria. Um lembrete de quem