Summer Monteiro acreditava que sua fé a protegeria de qualquer perigo. Mas tudo muda quando ela é arrancada de sua vida e entregue às mãos de Gael Martínez, o implacável Hades, um homem cercado por poder, violência e segredos sombrios. O que começa como medo e desespero logo se transforma em um conflito perigoso entre ódio e desejo. À medida que Summer luta para sobreviver, ela descobre que o coração de Gael, tão impenetrável quanto o mundo que construiu, guarda algo que ele mesmo não sabia existir: amor. Entre redenção e escolhas que podem mudar seus destinos, Summer precisará decidir se confia em sua fé ou se entrega ao sentimento proibido que ameaça unir — ou destruir — os dois para sempre. Uma história intensa de paixão, coragem e a força de uma mulher que edifica seu lar, mesmo diante das sombras. ⚠️ Alerta de Gatilhos: Esta obra contém cenas de violência, coerção, abuso emocional e físico, além de lutas pelo poder. Recomenda-se discrição aos leitores mais sensíveis.
Leer más~ Hades ~
Mostro. Encarnação do mal. Assassino. Perigoso. É assim que me chamam os homens fracos, policiais corruptos, vítimas que tiveram tempo de falar. Mas ouvir esses títulos saindo da boca dela tem outro peso. Na voz embargada da loirinha frágil, filha daquele desgraçado, cada palavra soa como uma faca cravando fundo, não porque machuca, mas porque excita. Ela anda em círculos, no meio do porão úmido, os pés descalços sujando-se de poeira e frio. Seus olhos estão vermelhos, e o corpo, trêmulo. Ela se segura como pode — respira fundo, morde o lábio, enxuga as lágrimas com as costas da mão. Há algo na forma como ela caminha, como se carregasse mais do que medo. Como se existisse dentro dela uma centelha idiota, mas viva, de que pode sair daqui. É quase fofo. Quase. Ela não entende ainda, mas este porão é mais que um castigo, é um território marcado. Um lembrete de que ela está aqui porque desobedeceu, porque ousou me contrariar e porque tem o sangue de um homem que merecia pagar. Se eu soubesse que aquele verme tinha uma filha, talvez tivesse escolhido outra forma de fazê-lo pagar, mas o destino é um sádico ainda melhor que eu. Agora ela está aqui e, gostando ou não é minha, mesmo que não me sirva para nada. Ela se senta no canto, os joelhos contra o peito. Murmura sozinha palavras partidas, como se rezasse, seus dedos deslizam discretamente pelo cordão no pescoço. A pequena cruz de prata brilha por um instante sob a luz fraca do porão. Há algo nela que prende meu olhar, algo que escapa da lógica. Uma teimosia silenciosa, uma coragem disfarçada de desespero e a ingenuidade, achando que Deus pode salvá-la daqui. — Ele é um carcereiro... assassino... perigoso... — repete, como se estivesse tentando exorcizar o medo. É quase doce e engraçado. Me aproximo o bastante para que minha presença pese no ar. Ela para, respira fundo, mas ainda não me vê. Então, com a voz baixa e cortante como lâmina, eu quebro o silêncio: — Então é assim que me vê? A minha voz preenche o porão como uma lâmina atravessando carne. Baixa. Precisa. Fria. Ela congela, seus ombros sobem de susto e os olhos se arregalam antes mesmo de virar o rosto. A reação é instintiva, medo puro, cru, sincero. Ela gira o corpo devagar, com um tremor visível. Me encara como se estivesse diante da morte e talvez esteja. — Você... — sua voz falha. Ela recua um passo, encostando-se na parede como se isso a protegesse. — Eu o quê? — dou outro passo, encurtando a distância. Ela não responde, seus lábios se entreabrem, mas nenhuma palavra sai. É isso que eu espero. Silêncio e rendição. Mas ela me surpreende. Respira fundo, mesmo tremendo, e segura meu olhar. Uma idiota corajosa ou apenas inconsciente do perigo. — Porque matou meu pai? — ela pergunta. Baixo, firme o suficiente para irritar. Dou uma risada seca. Ela não entende, ainda tenta buscar lógica onde só existe caos. — Porque foi preciso e divertido. Ela engole em seco sem desviar o olhar e é nesse instante que eu percebo que ela ainda tem esperança. Vou arrancar isso dela devagar. A decisão arde sob a pele, já fiz isso antes com outras. Com aquelas que também choraram, que também gritaram, que também resistiram antes de ceder. Mas ela é diferente, ainda não sei se é pela forma como desafia com o olhar mesmo tremendo, ou por aquele silêncio cheio de perguntas que não faz. — Você viu o que não deveria ver, Mia Béla... — minha voz sai arrastada, venenosa — ...e agora me pertence e vai aprender a me temer. Dou mais um passo. Ela recua, quase tropeçando. Mas não tira os olhos dos meus. — E quando aprender... — abaixo a voz, roçando a sombra da ameaça em cada palavra — vai implorar para que eu não vá embora. Ela engole em seco, e por um segundo vejo a centelha vacilar. É o começo de sua queda e eu vou adorar assistir.~ Summer ~Cinco anos se passaram desde aquele primeiro aniversário de Lucas e Alice. Cinco anos desde que começamos a construir nossa família, passo a passo, tropeço a tropeço, sempre juntos. Agora, enquanto observo a luz suave da manhã entrar pela nossa casa, sinto meu coração cheio de gratidão e amor.Lucas e Alice estão correndo pelo jardim, cheios de energia, rindo e brincando de esconde-esconde. Eles já falam perfeitamente, contam histórias e discutem pequenas aventuras do dia a dia com uma alegria contagiante. Cada sorriso deles é um lembrete de tudo que conquistamos juntos.— Mamãe, olha! Eu encontrei o Lucas! — grita Alice, correndo em minha direção, com os cabelos ao vento.— Eu vou te pegar, Alice! — responde Lucas, rindo, enquanto corre para se esconder atrás de um arbusto.Eu rio e observo a cena, sentindo um amor que não cabe no peito. E então sinto um movimento diferente dentro de mim: um pequeno empurrão, um sinal da nova vida que está crescendo. Meu ventre já mostra q
~ Gael ~O sol da manhã entra pela janela, iluminando a sala de estar e refletindo nos olhinhos curiosos de Lucas e Alice. Eles estão sentados no tapete, pequenos e cheios de energia, tentando alcançar brinquedos espalhados ao redor. Hoje é especial: vamos tentar ensinar os primeiros passos.— Estão prontos, meus pequenos exploradores? — pergunto, ajoelhado na frente deles, segurando Lucas pelas mãozinhas.Alice observa cada gesto, seus olhinhos brilhando de expectativa, e Lucas balança os bracinhos, impaciente para se levantar. Summer está atrás deles, pronta para amparar cada tropeço, e Elza sorri do sofá, observando a cena com ternura e orgulho.— Gael… lembra de ter ensinado o Hades a andar? — ela brinca, provocando um leve sorriso no meu rosto — Acho que você está começando de novo, mas de um jeito muito melhor.— Hades não existirá aqui — respondo, com um leve tom de humor, mas o coração dispara ao pensar no passado — Aqui só existe Gael. E esses pequenos vão aprender comigo.Col
~ Summer ~Acordo cedo, o sol entrando pela janela e iluminando cada canto da casa. Hoje não é um dia qualquer. Hoje celebramos um ano de nossas vidas transformadas. Um ano de Lucas e Alice. Um ano de risadas, choros, descobertas e amor infinito.Alice mexe os bracinhos no berço, e seus olhinhos curiosos me encaram. — Bom dia, minha pequena — digo, sorrindo, acariciando seu rosto delicadamente. Ela solta um murmúrio, e eu aperto a mãozinha dela com cuidado.Lucas, já inquieto, balança as pernas e ri, balançando as mãos em direção a mim. — Bom dia, meu pequeno explorador — digo, pegando-o no colo. Mesmo sem palavras, eles comunicam tanto com gestos, risadas e olhares. É incrível como cada movimento deles transmite amor e alegria.Gael aparece na porta, cabelo bagunçado, mas com aquele sorriso intenso que me faz suspirar. — Bom dia, minha família — ele diz, aproximando-se e beijando minha testa — Hoje é o grande dia, não é?— É sim — respondo, sorrindo — E eu quero que seja perfeito.A c
~ Summer ~O carro desliza pela estrada, e vejo o horizonte se aproximando enquanto deixamos para trás a praia. Lucas está adormecido no meu colo, respirando suavemente, e Alice dorme apoiada no peito de Summer. O silêncio dentro do carro é confortável, quase sagrado. Depois de dias intensos na viagem, sinto um misto de alívio e ansiedade ao pensar em voltar para casa.— Acho que eles aproveitaram bastante, não é? — digo, olhando para Summer, que sorri suavemente enquanto acaricia Alice.— Sem dúvidas — responde ela, olhando pelo retrovisor para os gêmeos — Mas vai ser bom voltar. A rotina, a nossa casa… nós precisamos disso também.Sorrio, concordando, mas sei que a vida que nos espera não será tão simples quanto imaginamos. A volta significa reencontrar nossa rotina, conciliar trabalho, tarefas domésticas e cuidados constantes com os gêmeos. Mas, pela primeira vez, sinto que estamos prontos para isso.Quando chegamos à nossa casa, sou tomado por uma sensação familiar de segurança. As
~ Gael ~O sol da manhã aquece minha pele enquanto empurro o carrinho de Lucas pela areia macia. Summer caminha ao meu lado, segurando Alice, e seu sorriso ilumina tudo ao redor. Nunca imaginei que poderia sentir tanta leveza, tanta liberdade. A praia está quase vazia, e o som das ondas nos envolve, criando uma sensação de eternidade.— Gael… olha a expressão deles — Summer diz, rindo enquanto aponta para Lucas, que tenta colocar as mãozinhas na água do mar. — Acho que ele vai adorar cada segundo disso.— E se ele cair na água? — pergunto, ainda desconfiado — Eu não estou pronto para ser um pai que corre atrás de um bebê na maré.— Relaxa — Summer ri, apertando minha mão — Eu estou aqui. E você também. A gente se vira.Olho para ela e sinto uma onda de gratidão. Ela sempre encontra a forma certa de equilibrar tudo: os gêmeos, a vida, meu mundo. Sorrio e acaricio os cabelos dela suavemente.— Está certa… mas só porque você disse — murmuro, olhando Lucas que já tenta colocar os pés na ág
~Summer ~Acordo com o som suave de Lucas mexendo os bracinhos e Alice emitindo pequenos murmúrios. O sol entra pela janela do chalé, iluminando a sala de estar, onde Gael e eu passamos a noite juntos, exaustos, mas felizes. Ele se vira para mim com aquele sorriso que mistura sono e amor, e não consigo evitar sorrir de volta.— Bom dia, papai — digo, acariciando o rosto dele — Pronto para mais um dia de caos?— Sempre — responde, pegando Lucas no colo com cuidado — Mas eu acho que já estou começando a entender esse negócio de ser pai.Olho para ele, sorrindo, e percebo como ele mudou. Não é mais Hades, o homem que eu conheci no passado sombrio. É Gael: presente, delicado, responsável, mas ainda com aquele olhar intenso que me faz sentir segura, protegida e amada.— Então… café da manhã? — pergunto, segurando Alice nos braços — Ou vamos esperar os pequenos decidirem o menu?— Acho que eles estão no comando — responde ele, rindo — Mas eu aceito ser subordinado por hoje.Preparamos juntos
Último capítulo