— Sinto muito, minha Lua. Você pode fazer comigo o que quiser; eu mereço. Mas juro ante todos os deuses que nunca te trai, nem me zombei de você! — pronuncia-se submissa diante dela —. Eu te amo, minha Lua. Eu te amo. — EU PROÍBO QUE ME AME, LOBO! EU PROÍBO! —gritou Ísis, furiosa, repetindo o que Jacking lhe dissera quando ela confessou seu amor. Sem hesitar, lançou-lhe outra poderosa descarga de energia. Mat se estatelou contra a parede com um gemido sufocado e caiu inerte ao chão. — PARE, ÍSIS! VOCÊ VAI MATÁ-LO E A NÓS COM ELE! —ouviu o grito assustado de Ast ressoando em sua mente, e por um momento, a voz de sua loba conseguiu atravessar a neblina de sua fúria. Ísis parou abruptamente, lutando contra o turbilhão de emoções que a arrastava. Saiu batendo a porta, sabendo que se ficasse, só mataria, e o choro de Ast em sua cabeça estava a destruindo. Em sua mente, deixou Jacking ferido, jogado no chão, sangrando por todas as feridas que lhe infligira, e sentiu-se vazia. Enquanto corria pelo corredor, a raiva se transformou em uma maré de dor e confusão. Sabia que precisava se acalmar, mas o caos que desencadeara mal começava a se assentar em sua alma. Atrás dela, a imagem de Mat, caído e ferido, se gravava em sua mente. A luta entre o ódio e o amor a deixava exausta, e sentiu que, além de todas as traições, seu coração ainda lutava para encontrar um caminho para a redenção. Ísis estava tão furiosa, mas tão furiosa, que a ira borbulhante a consumia por dentro. Sabia que precisava fazer algo com aquela tempestade de emoções, ou então, iria explodir.
Ler maisDepois da revelação de nossa Lua Suprema, nossa matilha está envolta em um caos. Jacking continua inconsciente. A barreira protetora da matilha foi destruída pela Lua Suprema. Teka-her também está gravemente ferida. Os ataques dos desterrados de Isfet e do alfa Nicolás aumentaram.
Bennu, junto de Merytnert, que assumiu temporariamente o cargo de alfa da matilha, mantém a defesa. Amet busca desesperadamente uma maneira de fazer o Alfa Supremo reagir. A Lua se recusa a falar com todos. Permanece trancada, junto a seus pais, em uma das cavernas medicinais. Descobrimos que podemos fazer Mat assumir o controle do Alfa Supremo. Embora corremos o risco de que Jacking desapareça para sempre, o que seria um enorme perigo para todos. O animal perderia a razão e se tornaria uma besta selvagem. Mas temos que arriscar. Sofremos baixas demais. Devemos trasladar nossas matilhas. — Amet, já decidiu a localização para onde nos trasladaremos? — pergunta Merytnert. — Meryt, tenho várias localizações onde não existem matilhas, mas quero consultar com você — explico imediatamente. — Diga, entre os dois escolheremos a melhor — está impaciente. — Acho que sempre vivemos perto das montanhas nevadas e das florestas. Precisamos de ambos. O Monte Everest, no Nepal, seria minha primeira opção. A parte sul dá para o mar, e a população humana fica bem longe. Eu inspecionei e não habita ninguém — explico seriamente. — Que outras você tem? — pergunta nervosa —. Não me convence, precisamos também de planícies. — Então Pyramiden, na Noruega, será a melhor opção. É uma área que quase não foi pisada por humanos. É muito desolada. É extensa, pois era uma cidade mineradora, mas foi abandonada. Tem uma grande montanha em forma de pirâmide, na qual poderíamos instalar nossa matilha. O que não tem são grandes extensões de vegetação nem muita flora. Continuo explicando que El Labrador, na península do Canadá, seria outra boa opção, embora o clima seja sempre muito frio. Possui grandes extensões de terrenos desabitados, e as populações, tanto humanas quanto de lobos, estão a uma grande distância. Neste momento, seria um bom lugar para esconder a matilha. Também poderíamos fazê-lo nos Alpes, na ilha de Bornéu, na Malásia, ou nos Andes, na América do Sul. — Prefiro algo que nos afaste o suficiente de todo o mundo, de difícil acesso — insistiu ela. — Então El Labrador, no Canadá? — É a mais desolada e afastada de tudo. Ela concorda. Precisamos nos proteger enquanto o Alfa desperta. Não digo nada; deixo que ela continue falando, mas me preocupa uma coisa: — Merytnert, quando você vai visitar a Lua Suprema? — pergunto diretamente. — Não sei, Amet. Não acho que consiga me conter sem atacá-la, por causa do que fez ao meu irmão — ela se deixa cair no sofá. — Meryt, você precisa entender que é um problema do seu irmão com sua Lua — lembro-a. — Eu sei, Amet. Mas isso não dói menos! — vocifera com todas as suas forças. Merytnert não consegue conter mais sua fúria; seu peito se agita como se precisasse de uma saída imediata. A observo ir embora sem dizer nada. Há algo em seu passo apressado, uma mistura de dor e orgulho, que a faz sentir que precisa enfrentá-lo sozinha. — Está bem, quando estiver pronta, me avise — digo a ela, porque consigo ver que não está pronta. — Antoni, como está? Com esta guerra, mal a vi — pergunta para mudar de assunto. Conto que minha linda esposa já domina melhor alguns poderes. Mas, como é o Alfa Supremo quem tem que liberar sua loba. Também digo que ela passa o tempo na clínica, ajudando no que pode. — Fico feliz que ela esteja melhor. Dê um beijo dela de minha parte. Como você acha que devemos trasladar a matilha? Somos muitos! — retoma novamente o assunto da mudança com um suspiro. A noite está caindo e o ambiente está carregado de tensão. Do lado de fora, o uivar dos lobos anuncia que os vigias detectaram algo mais. A sensação de perigo constante começa a nos desgastar. É evidente que nossa posição atual é vulnerável, mas mover toda a matilha tão rápido e com tantas baixas nos deixaria desprotegidos. — Estamos tentando fazer com que Mat assuma o controle, e ele o faça, transformado em Alfa Supremo, com nossa ajuda — explico com um suspiro. A decisão sobre a mudança deve ser concretizada em breve. À medida que os dias passam, a Lua Suprema se fecha cada vez mais em seu mundo, e Jacking continua sem despertar. A matilha está desmoronando em um caos desesperado, e cada ação que tomamos é um passo em direção à sobrevivência ou à destruição. É um grande risco despertar apenas o lobo. — Mas, agora que ele tem sua Lua, ele não precisa dela? — pergunta intrigada. — Não sabemos. Vamos descobrir — respondo, muito a meu pesar. A porta se abre de repente para deixar passar, nesse momento, Horácio e Bennu, que carregam Héctor, muito ferido. Merytnert, ao vê-lo, corre para ele, aterrorizada ao ver seu esposo naquela condição. — O que aconteceu, Horácio? — pergunta Merytnert, enquanto se lembra da dor que começou a sentir há cerca de vinte minutos. Imediatamente, Bennu procede a dar o relato do que aconteceu. Explica que estavam patrulhando a área da antiga matilha Lua Nova e descobriram que o antigo Manuel estava introduzindo desterrados no território da matilha. Começaram a lutar e alguns vampiros o feriram. — Por que não o levaram rapidamente à clínica? — pergunta, enquanto examina seu esposo. — O levamos, mas o doutor Aha nos disse que você precisa curá-lo, com o poder do raio — explicam imediatamente. — Mas eu não sei fazer isso! — diz Merytnert, desesperada. Os olhos de Merytnert se enchem de lágrimas enquanto abraça o corpo de Héctor, que mal consegue se manter consciente. Sua respiração é lenta e pesada, e a palidez de sua pele indica que não há tempo a perder. Meryt o segura em seus braços, enquanto o resto aguarda em silêncio. A pressão sobre ela é palpável, mas a incredulidade invade seu olhar. — Não posso fazer isso... Nunca tentei! — repete, quase em um sussurro quebrado. — Meryt, você não tem opção — intervém Bennu, sua voz firme, mas preocupada. Horácio o apoia com um leve aceno de cabeça. — O doutor Aha sabe o que diz. O poder do raio está em você. Você só precisa confiar que seu instinto fará o restante.Me emocionei ao ouvi-lo; pude sentir a verdade do que estava dizendo. Aquela noite, embora eu não tivesse sentido, compreendi por que ele havia aparecido na minha festa de aniversário. — Não posso acreditar — sussurrei, em parte para mim mesma —. Então, foi quando você se tornou Jacking jovem e veio me beijar? — Sim, minha Lua. Você estava tão linda! Eu ficava fascinado e enlouquecido vendo como você movia seu corpo! — continuou contando a versão da nossa história —. Esperei até que você ficasse sozinha, me aproximei e peguei suas lindas cinturas. Você se grudou em mim. Foi fantástica, minha Lua, quando afundei minha cabeça no seu pescoço! Eu queria marcar você ali mesmo, mas Jacking não me deixou! — Meu lobo, se você me mordeu aquele dia, eu teria morrido — disse com seriedad
Mat balançou a cabeça lentamente, seu olhar perdido no teto do quarto, como se as memórias ainda o aprisionassem. — Não, minha Lua. Nem Jacking nem eu. Ele não confiava em si mesmo para proteger outra pessoa, não depois do que aconteceu. E eu... — Mat fez uma pausa, como se reunir as palavras lhe custasse mais do que desejava —. Eu sentia que não o merecia, que meu erro havia condenado meu humano a uma vida de solidão, e por isso eu deveria carregar a mesma penitência. O peso de sua confissão caiu sobre mim como uma onda de emoções. Não era apenas uma questão de sobreviver e se proteger, mas de auto-punição, de culpa e de feridas que não conseguiam cicatrizar com o tempo. — Mat... — tentei dizer algo, mas as palavras morreram na minha garganta. O que eu poderia dizer que aliviaria o que ele e Jacking v
Mat assentiu levemente, confirmando meu temor. Seus olhos se sombrearam, deixando transparecer um traço claro de dor e raiva. — Sim, minha Lua. Ela me encontrou. Tentou nos sequestrar, mas sua família lutou bravamente e conseguimos escapar. Ela nos perseguiu por toda parte até nos encontrar novamente — continuou Mat com pesadez, como se pronunciar as palavras lhe custasse —. Conseguiu matar os pais de Jacking, e acreditávamos que Mert também. Ao encontrar os corpos incendiados, acho que ela pensou que eu havia morrido. Ao que parece, não sabia da existência de Mert e assumiu que éramos nós. Mas eu sabia que era só uma questão de tempo até que voltasse a nos encontrar. — Então, quer dizer que, por culpa daquela bruxa, os pais de Jacking morreram? — perguntei, começando a entender as dimensões de tudo o que eles dois viveram e so
Para completar suas palavras, Mat me olhou fixamente em silêncio, como se não pudesse acreditar no que eu estava dizendo. — Minha Lua, há pouco você me disse que eu não deveria ter tomado a justiça em minhas próprias mãos — me lembrou Mat, mantendo-se firme enquanto me olhava diretamente nos olhos —. A traição tem um preço, minha Lua. E os deuses... eles não viram sua deslealdade a tempo. Mas no momento em que me revelaram a verdade, toda a escuridão que eu manipulava e as almas que havia utilizado... eu não consegui manter a calma. Não pensei: tinha colocado tudo nela! Meu poder, meu coração, minha devoção. Ela transformou tudo isso em algo corrupto. Meus olhos se encheram de lágrimas. Era demais imaginar ele enfrentando um castigo tão severo que havia transformado sua alma completamente.
Mat exalou um suspiro pesado, como se liberasse de um peso invisível antes de pronunciar palavras que estavam destinadas a mudar tudo. — Por sua essência, minha Lua — respondeu imediatamente —. Ela pode tomar qualquer forma, mas sua essência nunca muda. — Uau, meu lobo, você tem que me ensinar a reconhecer sua essência, para que eu não seja enganada! — me apressei a pedir. Ele assentiu de imediato —. O que você fez quando percebeu que tudo era verdade, meu lobo?“Cego de raiva, me afastei e planejei minha vingança. Espiei cada um de seus movimentos e aprendi todos os seus planos. Fiz com que ela parecesse a traidora diante de seus próprios seguidores. Os incitei a se levantarem contra ela. A enganava contando-lhes meus planos inventados, para fazê-la parecer ainda mais mentirosa diante de seus seguidores.”— Por que você n&
Mat resfolegou e enterrou o nariz em meu pescoço, absorvendo meu cheiro. Eu o abracei forte, mas queria saber sua história. Ao se separar, continuou:“Uma belíssima jovem estava se banhando na cachoeira. Vestia apenas uma túnica que deixava à mostra seus seios abundantes e redondos, sua cintura acentuada que se abria para um quadril exuberante. Com movimentos suaves, penteava seu longo cabelo negro enquanto cantava, com os olhos fechados, uma linda melodia. Fiquei encantado por ela. Esperei que ela se vestisse para me aproximar. Ela me olhou com muito medo, mas eu a tranquilizei.”— Meu lobo, você ficou olhando para ela nua? — perguntei com malícia, não conseguindo conter o riso ao ver como ele ficava nervoso —. Mas que pervertido você era, meu lobo! K, k, k! — Não, minha Lua, não foi assim! — protestou imediatamente. Eu ri
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